Tipologia de mangás
10 de Abril de 2014, 7:58 - sem comentários ainda
Para começar vale mostrar a diferença entre Mangá e Anime. Manga é o nome dado às histórias em quadrinhos japonesas e a palavra surgiu da junção man (involuntário) e gá (imagem).[1] O anime possui suas características, mas basicamente é um desenho animado, mesmo em relação aos quadrinhos americanos. É possível um mangá virar anime, mas nunca ocorre o oposto. Partindo disso, existe uma classificação quanto ao foco temático e público- todo o resto são subclassificações ou características de algum tipo. Abaixo estão elas:
Echii: Conceito próximo ao de Hentai, mas fica na indecência sem mostrar cenas de sexo só fazendo menção a elas.[2] Exemplos: 1 Love 9, Aiki, Aiki-S, Allumage etc...[3]
Gekiga: Voltado para o público adulto com roteiro e traço densos. Geralmente aborda tramas psicológicas, corrupção, guerras, arma, sangue, máfia, etc... Nesse sentido os combates não são o foco, podem estar incluídos mas estão subjacentes ao tema principal, sendo o oposto do Shounen. Exemplos: Vagabond, Lobo solitário[4], Psycho Pass etc..
Hentai: É voltado ao sexo. Pode estar incluindo em algum contexto maior, mas o objetivo desse tipo é o sexo. A palavra “Hentai” significa anormal. [5] No oriente significa metamorfose, pornografia ou perversão e nesse sentido não é usado para se referir a atividade sexual “normal” ou qualquer entretenimento de sexo explicito, mas no Japão se alguém é chamado de “Hentai” quer dizer tarado ou pervertido sem conotação suja e doentia.[6]
Josei: Voltado ao público feminino e gira em torno de problemas familiares, relacionamentos complicados e dilemas profissionais possuindo traços realistas.[7] Exemplos: Anata ga Watashi to Kurashitara, Chihayafuru, Deep Love - Reina no Unme, Hapi Mari etc...[8]
Kodomo: Voltado ao público infantil e com enredo simples, histórias engraçadas e animadas com temas infantis recheadas com lições e ensinamentos. Exemplos: Doraemon, Pokemon, Astro Boy etc...[9]
Seinen: Conceito próximo ao de Josei, mas para homens e por isso aborda temas mais voltados com violência, tramas psicológicos, sangue, armas, etc...[10] A diferença maior entre o Gekiga é não ser voltado a idéia, e sim ao contexto personagens, combate etc... e difere do Shounen por conter mais sangue e mortes. Exemplos: Zero one, Afro Samurai, All Rounder Meguru. Assassin's Creed 4 Black Flag - Kakusei,[11] Gantz etc...
Shoujo: É voltado para garotas jovens mesclando dramas amorosos, romances colegiais com algum tipo de aventura mágica.[12] Pode ser também de conteúdo histórico, ficção cientifica ou terror e seus personagens normalmente são do público alvo.[13] Se divide em Shoujo-ai e Mahou shoujo. O primeiro se refere a um romance entre personagens femininos e o segundo por garotas com poderes mágicos.[14] Exemplos: Sailor Moon,[15],Fushig, Card Captor Sakura etc...[16]
Shonen: É direcionado a jovens do sexo masculino, mas pode interessar a qualquer gênero. Todos os que se incluem nesse tipo possuem algum tipo de herói que deve enfrentar um desafio ou derrotar o vilão, e o foco é necessariamente o herói nessa conquista. Podem existir elementos subjacentes a isso, mas o foco é o herói em sua superação. Entre os exemplos estão os clássicos: Dragonball Z, Naruto, One piece, Super campeões, Inazuma Eleven, Cavaleiros do zodíaco, yuyuhakusho etc...[17]
Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.
Escrito por: Rafael Pisani
Observação: No servidor anterior foi postado no dia 02/12/2013 as 13:03. Nesse servidor houveram as seguintes alterações:
- Substituição de todos os termos “mangas” por “mangás”
Referencias:
Disponível em: http://animemania-am.blogspot.com.br/2011/03/tipos-de-mangas.html Táis / http://animemania-am.blogspot.com.br . Data de acesso: 30 de novembro de 2013
Disponível em: http://br.mangahost.com/mangas/ecchi mangahost/ http://br.mangahost.com . Data de acesso: 30 de novembro de 2013
Disponível em: http://br.mangahost.com/mangas/josei mangahost/ http://br.mangahost.com . Data de acesso: 30 de novembro de 2013
Disponível em: http://br.mangahost.com/mangas/seinen . mangahost / http://br.mangahost.com . Data de acesso: 30 de novembro de 2013
Disponível em: http://deathnoteportugal.forum-livre.com/t63-tipos-de-manga Administrador / http://deathnoteportugal.forum-livre.com . Data de acesso: 30 de novembro de 2013
Disponível em: http://deh-aquino.blogspot.com.br/2011/12/tipos-de-mangas.html deh-aquino / http://deh-aquino.blogspot.com.br . Data de acesso: 30 de novembro de 2013
Disponível em: http://mangasjbc.uol.com.br/o-que-e-manga/ mangasjbc / http://mangasjbc.uol.com.br . Data de acesso: 30 de novembro de 2013
Disponível em: http://www.alunos.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=599 alunosdiaadia / http://www.alunos.diaadia.pr.gov.br . Data de acesso: 30 de novembro de 2013
[1] Fonte até esse ponto: http://mangasjbc.uol.com.br/o-que-e-manga/
[2] Fonte do tipo Echii: http://deh-aquino.blogspot.com.br/2011/12/tipos-de-mangas.html
[3] Fonte desses exemplos: http://br.mangahost.com/mangas/ecchi
[4] Fonte de Gekiga: http://animemania-am.blogspot.com.br/2011/03/tipos-de-mangas.html
[5] Fonte de Hentai até esse ponto: http://animemania-am.blogspot.com.br/2011/03/tipos-de-mangas.html
[6] Fonte de Hentai até esse trecho: http://deathnoteportugal.forum-livre.com/t63-tipos-de-manga
[7] Fonte de Josei até esse trecho: http://www.alunos.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=599
[8] Fonte dos exemplos de Josei: http://br.mangahost.com/mangas/josei
[9] Fonte de Kodomo: http://animemania-am.blogspot.com.br/2011/03/tipos-de-mangas.html
[10] Fonte de Seinen até esse ponto: http://www.alunos.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=599
[11] Fonte dos exemplos de Seinen: http://br.mangahost.com/mangas/seinen
[12] Fonte de Shoujo até esse ponto: http://animemania-am.blogspot.com.br/2011/03/tipos-de-mangas.html
[13] Fonte de Shoujo até esse ponto: http://deathnoteportugal.forum-livre.com/t63-tipos-de-manga
[14] Fonte de Shoujo até esse ponto: http://deh-aquino.blogspot.com.br/2011/12/tipos-de-mangas.html
[15] Fonte desse exemplo de Shoujo: http://animemania-am.blogspot.com.br/2011/03/tipos-de-mangas.html
[16] Fonte desses exemplos de Shoujo: http://animemania-am.blogspot.com.br/2011/03/tipos-de-mangas.html
[17] Fonte de Shounen: http://deathnoteportugal.forum-livre.com/t63-tipos-de-manga
O complexo de Selton
9 de Abril de 2014, 20:33 - sem comentários ainda
Selton era um vendedor de alarmes
Selton tinha dinheiro
Selton era capitalista
Selton tinha medo
Selton quase não saía
Selton tinha medo de bandido
Certo dia, um sábio encontrou Selton
Este lhe perguntou
Qual é o seu medo?
Selton lhe disse que tinha medo de bandido
O sábio lhe perguntou
Você quer que acabem os bandidos?
Selton riu
Chorou
Virou
Vazou
Selton era um vendedor de alarmes
Selton era capitalista
Selton queria dinheiro
Selton tinha medo
Selton não sabia
Se queria que acabassem os bandidos.
Se assim fosse,
Quem compraria alarmes?
Observação: Pelo atraso na postagem a próxima irá ocorrer na quarta feira (04/12/2013).
Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.
Escrito por: Matheus Franckevicius
Observação: No servidor anterior foi postado no dia 29/11/2013 as 8:23.
Análise de filme: As sessões
9 de Abril de 2014, 20:30 - sem comentários ainda
Introdução
O filme aborda aspectos da vida do deficiente quanto ao seu interior, a visão da sociedade sobre ele incluindo nisso os preconceitos, a dependência do outro, o ato sexual como forma de terapia, a influencia da religião na vida das pessoas e o pensamento religioso com suas limitações. São aspectos que vão se transparecendo aos poucos em cada cena com grande riqueza de detalhes mostrando como é deturpada a visão da sexualidade dos deficientes e o limite do “amor” dos pais a seus filhos, trazendo também uma questão política, afinal o pólio já é uma doença rara. O filme conta a história de Mark, um homem que vive em um pulmão de ferro por ter póliomielite, doença a qual pegou aos 6 anos. “(link para assistir ao filme http://www.assistirfilmes3d.com.br/2013/02/filme-as-sessoes-legendado.html abaixo o filme será descrito, portanto é aconselhável vê-lo antes.)[1]
Desenvolvimento do filme
Sua rotina é ficar no pulmão de ferro durante 20 horas, podendo sair por 4 junto a um respirador. O circulo social inicial de Mark são o padre e sua cuidadora. Na realidade, a única pessoa a de fato conversar com ele, e vê-lo além do pólio é o Padre Brendan, sendo que a visão predominante que tinha da vida era de lado ao ver sua janela de dentro do pulmão de ferro, além de ser poeta. Aos poucos, em suas sessões para confessar os dois vão ficando mais íntimos e vão criando uma relação pessoal. Em uma das conversas Mark diz a ele que quer mostrar a sua cuidadora que ele não depende mais dela que ela dele e por isso ele a despede. A outra contratada era uma moça jovem e bonita, a qual dava muito carinho a ele e o fez se apaixonar por ela, no entanto quando ele declarou isso ela prontamente o abandonou e o fato dele declarar seu amor para ela lhe causou sentimento de culpa religioso. Por fim contrata uma terceira cuidadora a qual consegue ficar com ele até o fim de sua vida, junto a um outro aonde cada um cuida de Mark O´Brien em turnos diferentes. Chega uma hora em que um dilema moral aparece- Mark quer fazer sexo. Ele tem 38 anos e nunca chegou perto, mas antes mesmo de correr atrás do ato tem de enfrentar seu pudor religioso e isso afeta o padre Bendran. Ele é colocado diante de um dilema entre seguir o que sua formação afirma, isto é, sexo só para reprodução e ver a necessidade de um homem deficiente, acima de tudo um ser humano. O padre decide ajuda-lo a fazer sexo e por fim aprova seu ato, quando então Mark vai procurar um médico que o indica uma “terapeuta sexual”, mas ainda resta muito sentimento de culpa. Para tentar compreender um pouco a sexualidade em deficientes, decide fazer um artigo sobre a sexualidade nesse sentido e conhece vários deficientes com uma vida sexual normal. Quando Mark leva isso ao padre ele questiona qual a diferença entre uma “terapeuta sexual” e uma prostituta, e a resposta vem quando a primeira sessão é iniciada. Cheryl Cohen, a terapeuta explica por telefone que faria exercícios de consciência corporal, e isso deixa Mark um pouco nervoso. Na primeira sessão ela explica ser diferente de uma prostituta porque a primeira sempre quer que o cliente volte, ela quer fazê-lo ter consciência da própria sexualidade. A partir daí a religião começa a mostrar seu papel ambíguo.
Ao mesmo tempo em que Mark sustentou toda sua vida com crenças, agora a religião se mostra como algo limitador fazendo o sujeito se culpar todo o tempo por algo natural, a sexualidade, e no fim no fator sexual talvez a religião tenha sido um maior aprisionador que a própria doença. Na primeira sessão Cheryl tenta descobrir os pontos sensíveis em seu corpo e ele fica maravilhado por pela primeira vez na vida estar nu ao lado de uma mulher. Durante as sessões os fantasmas de Mark vão aparecendo, como o fato de se culpar desde os 6 anos por ter pego poliomielite e de seus pais terem largado a própria vida para dá-lo uma e no fim os dois alcançam o objetivo final da terapia, a penetração total, sendo Cheryl a responsável por liberta-lo de seus fantasmas. Incrível é que esse caso foi o primeiro a fazê-la se envolver na vida pessoal afetando inclusive sua família. Ao fim do filme Mark e Brendan se tornam mais amigos que padre e fiel e Cheryl se sente emocionalmente marcado por ele, inclusive indo a seu funeral.
Conclusão
Percebe-se grande ênfase na sexualidade dos deficientes, sendo o resto detalhes importantes, mas ainda assim detalhes. O filme explora o conflito sexualidade, religião e preconceito relativo aos deficientes. Sabe-se atualmente que a poliomielite ou paralisia infantil é uma doença rara, afinal foi erradicada das Américas em 1994, região ocidental do pacifico em 2000 e na Europa em 2002, persistindo focos na África e sudeste Asiático segundo a OMG (organização mundial de saúde).[2]Ainda assim, o filme poderia tratar de outras deficiências e o tema poderia ser o mesmo. O preconceito nesse sentido é relativo a suposta falta ou excesso de sexualidade e/ou atraência, dificultando o prazer no sexo e reprodução- entre outros.[3] É quase absurdo pensar que o sujeito vai exceder ou perder a sua sexualidade só por ter nascido ou se tornado deficiente em algum momento da vida. Há uma possibilidade de ocorrer uma perda no ato sexual em si, mas o sujeito perder a sexualidade é algo que não ocorre pois a sexualidade vai além do ato sexual. No entanto, vários são os fatores que podem fazer o sujeito “perder” ou exceder a própria sexualidade, e a deficiência, não por si só, e sim junto as relações é só um dos elementos capazes de fazer isso. O mesmo pode ocorrer com um emprego, vestimenta, classe ou casta, família etc... enfim, não é por ter se tornado ou nascido deficiente que o sujeito vai perder ou exceder a sexualidade, apenas será diferente das pessoas ditas normais. Pelo preconceito em vista da comparação com pessoas normais o sujeito acaba se tornando não atraente, mas não por perder seus atributos, e sim as pessoas deixarem de enxergá-los. Tudo isso pode ter conseqüências no aproveitamento da pessoa quanto ao sexo, talvez por torna-lo aversivo e imoral. Agora quanto ao fator reprodução nada impede o sujeito para tal, a não ser que a deficiência se relacione a isso. Um dos mitos existentes é o de que a síndrome de down aflora a sexualidade, e é parcialmente falso. Não é que seja aflorada, na verdade pessoas com essa síndrome tem a sexualidade como a de qualquer um, só não possuem a autocensura.[4] O filme mostra que devemos tratar o deficiente alem da própria deficiência inclusive no fator sexualidade, afinal o que existe ali é uma sexualidade diferente, nem pior nem melhor. Por fim vale deixar a pergunta: quantos de nós, pessoas ditas normais tratam a sexualidade dos deficientes, e o próprio deficiente alem de sua deficiência ?
Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.
Escrito por: Rafael Pisani
Observação: No servidor anterior foi postado no dia 25/11/2013 a 11:57 e atualizado no mesmo dia as 21:56 com as seguintes alterações: título passou de “Análise de filme As sessões” para “Análise de filme: As sessões” e adição do trecho “(link para assistir ao filme http://www.assistirfilmes3d.com.br/2013/02/filme-as-sessoes-legendado.html abaixo o filme será descrito, portanto é aconselhável vê-lo antes.)” ao fim da introdução. Nesse servidor houveram as seguintes alterações:
1. Alteração da palavra “Africa” para “África” no seguinte trecho “Sabe-se atualmente que a poliomielite ou paralisia infantil é uma doença rara, afinal foi erradicada das Américas em 1994, região ocidental do pacifico em 2000 e na Europa em 2002, persistindo focos na África e sudeste Asiático segundo a OMG (organização mundial de saúde)”
2. Alteração da palavra “E” para “É” no inicio seguinte trecho “E quase absurdo pensar que o sujeito vai exceder ou perder a sua sexualidade só por ter nascido ou se tornado deficiente em algum momento da vida.”
Referencias bibliográficas:
Isabela Benseñor. "HowStuffWorks - Como funciona a poliomielite". Publicado em 30 de julho de 2008 (atualizado em 04 de agosto de 2008) http://saude.hsw.uol.com.br/poliomielite5.htm (24 de novembro de 2013)
Disponível em: http://saudedown.blogspot.com.br/2009/11/entrevista-para-conhecermos-melhor-o.html
. Gorete / http://saudedown.blogspot.com.br . Data de acesso: 24 de novembro de 2013
Disponível em: http://www.bengalalegal.com/desfazendo-mitos
. Ana Cláudia Bortolozzi Maia e Paulo Rennes Marçal Ribeiro / www.bengalalegal.com . Data de acesso: 24 de novembro de 2013
[1] Esse trecho entre parenteses e o : no titulo foi uma atualização feita no dia da postagem as 21:57
[2] Fonte dos dados: http://saude.hsw.uol.com.br/poliomielite5.htm
[3] Fonte desde “Basicamente” até esse ponto: http://www.bengalalegal.com/desfazendo-mitos
[4] Fonte da sexualidade em Syndrome de Down: http://saudedown.blogspot.com.br/2009/1
Ressureição
9 de Abril de 2014, 20:25 - sem comentários ainda
Este foi um trabalho de faculdade, no qual tivemos que criar um final alternativo para o poema de João Cabral de Melo Neto, chamado Morte e Vida Severina. Apesar de considerar a literatura algo imutável, achei interessante esse desafio e usei da influência de um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, o espetacular João Guimarães Rosa. A influência dele é clara, está presente em citações e um de seus personagens. Espero que gostem. Grato.
Na capital
Esperava encontrar vida normal
Mas o que viu foi sofrimento
E o mesmo mal
Nos manguezais
Homens misturados no barro
Precários cacos
Dormindo em barracos
Isso lhe bastou
E o desespero veio a calhar
E no mesmo rio que lhe havia despontado antes
Ele quis se afogar
Porém alguém chegou primeiro
Havia ali um garoto
A margem da água grossa e carnal
Pronto para o salto final
Cumprindo sua sina
De vida Severina
- Ei, meninim? O que está fazendo? (S)
- Meu nome é Diadorim e esse é meu fim. (D)
- Não faça isso, deixe isso pra mim. (S)
- Mas meu destino se fez assim. Minha vida, minha sina. (D)
- O que dizer do meu? Por onde andei, a morte abracei. (S)
- O trágico não vem a conta-gotas, retirante. (D)
- Você está na flor da idade, como uma rosa. (S)
- De rosa minha vida não tem nada. Estou criando coragem e vou pular. (D)
- Coragem vem do estômago, Diadorim, tudo mais é desespero. (S)
- Coragem pra mim é o que a vida quer da gente,
Quando esquenta e afrouxa,
Sossega e desinquieta. (D)
- Você não sabe o que está fazendo, Diadorim. (S)
- Retirante, o nosso espírito é cavalo que escolhe estrada, quando ruma para tristeza e morte, vai não vendo o que é bonito e bom. (D)
Diadorim pulou no rio
Severino pulou para lhe salvar
A morte estava por toda parte
Mas a daquele jovem ele podia evitar
Que o destino escolhe estrada, não se pode duvidar
Severino tinha a sina e não sabia nadar
Mas da própria morte ele havia desistido
Queria salvar o garoto
E contemplar a beleza da vida pela primeira vez em sua travessia
Travessia aquela que passava sob seus olhos
Juntamente com todas as lembranças de sua vida Severina
Era a morte, dessa vez para abraçar sua própria carne
Mas outra coisa o abraçou
Era Diadorim
Seu corpo foi sendo levado para a borda
Severino ganhou uma nova chance
Diadorim não foi visto mais
Fino, estranho, inacabado
É sempre o destino da gente
Severino se pergunta
Se ainda vale a pena se matar
Após presenciar o nascimento de sua própria vida
Ele se convence
A morte não compensa
Ainda que seja uma vida como a dele
Severina
Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.
Escrito por: Matheus Franckevicius
Observação: No servidor anterior foi postado no dia 21/11/2013 as 22:03.
Orientar não é instruir, pedir não é dar ordem
9 de Abril de 2014, 20:21 - sem comentários ainda
Esse é um assunto curioso, até mesmo complexo de se pensar. Para elucidar esse tema é nítido pensar na educação como uma forma de manter a estrutura social. Um filósofo interessante é Michel Foulcault na questão educativa. Primeiramente o campo ideológico. Os telejornais são utilizados como meio de informação política, junto com jornais impressos e pelo rádio. Simultaneamente, existem distrações como programas de entretenimento. Dentro disso estão novelas, filmes, reality shows como Big Brother, programas de competição como “Show do milhão”, “Mega senha”, programas de culinária como “Mais você”, e vários outros. É feito todo um esforço para educar a massa segundo a ideologia dominante fazendo-a entender a posição que deve ficar e o que pode fazer. Especificamente falando, a liberdade é fazer aquilo que se pode, o que a lei permite, ou ainda pior, é ser livre para fazer aquilo que deve fazer. O êxito foi obtido e um exemplo é a sociedade moderna. Dessa forma as pessoas permitem que o sistema perpetue sua existência até os tempos atuais onde indivíduos diferenciados são chamados de loucos e, por saírem da linha recebem a punição. A punição é um mecanismo secundário aparecendo quando a educação falha. O termo “educação” nesse sentido pode se equivaler a adestramento, então assim como adestramos cães, os pais adestram os filhos. Na sociedade moderna, quando a educação através da mídia, moral, escolas e faculdades falham em fazer com que o indivíduo se torne cidadão e aceite a ordem das coisas como é- ou ao menos não concorde e não tente muda-la- a repressão se torna necessária para a não ocorrência do caos na ordem, portanto, é uma sociedade muito mais disciplinadora do que repressora. [1]Nisso entraMarx, aonde a ideologia dominante são as idéias da classe dominante, aonde de tudo é feito para mantê-la. Dito isso, é simples trazer tais idéias para com coisas simples do cotidiano.
Segundo o dicionário Melhoramentos Orientar significa Indicar o rumo exato de e é sinônimo de instruir, alertar. Indicar por sua vez é designar, sugerir e é sinônimo de recomendar, aconselhar. Pedir significa solicitar, requerer, exigir e reclamar. Instruir por sua vez é dar instrução, doutrinar, ensinar, ser esclarecido, informar. Doutrinar vem de doutrina que significa conjunto de princípios de um sistema religioso, político ou filosófico. Ordem significa boa disposição das coisas, cada uma no seu lugar ou maneira, modo, disposição. Assim constituem termos diferentes, mas quase igualados no cotidiano. Se orientar é indicar o rumo exato e indicar é sinônimo de sugerir, recomendar, aconselhar ao menos há uma escolha quando se é orientado a algo, enquanto a instrução visa ensinar uma doutrina especifica para que a ordem seja mantida. Pode ser usado em sentido diferente em outros contextos, mas é comum orientar tomar sentido de instrução e pedido de ordem podendo se traduzir por duas formas : a primeira como fase de educação, impor a ideologia dominante através da educação evitando-se a repressão e a linguagem como forma de manter a hierarquia e estrutura social, portanto mantendo a classe dominante no poder.
Na primeira, ao invés de o sujeito resistir a essas idéias, através de punições ele vai se conformando e assim evita sofrer na busca de algo que é considerado difícil ou até impossível. É possível dar de exemplos militantes dos movimentos sociais e sonhadores. O sonhador vai ser punido com suas falhas e decepções, o militante por também ser sonhador sofrerá o mesmo e a solução arranjada, sabendo que socialmente algumas coisas são consideradas como sem solução é: se não vai dar certo, para que sofrer? No quesito linguagem, ela representa um sentido, identidade e ideologias[2]transmitidas também através da linguagem escrita. É possível identificar de qual local a pessoa é, classe social, sua orientação sexual, ideologias morais e identitarias ou gênero através da linguagem que usa, apesar de haver uma série de preconceitos transmitidos também através da linguagem. Por ela a vontade de se manifestar contra uma lei, idéia, autoridade pode ser reduzida transmitindo a idéia de que protestos são baderna e a doutrina ideal é a obediência as autoridades ou o fato de “uma lei ser lei e pronto”. Atrás dessa linguagem que a palavra orientar se confunde com instruir e pedir com mandar. A que ponto isso tem influencia no cotidiano?
Vejamos exemplos da Universidade, Exército e trabalho. Na universidade temos “orientadores” em mestrado, doutorado, pós graduação e graduação e os alunos são “orientados” a seguir as regras da ABNT e do professor. No exército os soldados e suas várias patentes são “orientados” a seguir as ordens de seu imediato superior. No trabalho o patrão “orienta” o funcionário a fazer o que ele pede. No primeiro, segundo e terceiro caso não existe escolha, a não ser no sentido de que a escolha correta está dentro da doutrina e é premiada e a escolha fora dela é punida, ou seja, só existe uma doutrina correta - portanto na Universidade tem-se instrutor e não orientador. O caso da palavra pedir também é interessante. O General “pediu” para sentar, o chefe “pediu” ao funcionário para fazer algo, o professor “pediu” um trabalho. Em nenhum desses contextos havia a opção de negar o “pedido” sem punição, assim o “pedido” vem como uma forma amenizada de dar ordem, vindo de uma idéia de que tal sujeito está disposto a cooperar com a doutrina específica e manter a ordem, ainda que haja a falsa idéia de que é livre para escolher. Enfim: não é que essas palavras nunca sejam usadas em seus verdadeiros sentidos, mas quando tem o sentido distorcido servem para manter a hierarquia social, portanto, cuidado com as palavras: orientar não é instruir, pedir não é dar ordem.
Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.
Escrito por: Rafael Pisani
Observação: No servidor anterior foi postado no dia 18/11/2013 as 9:39. Nesse servidor foram feitas as seguintes alterações
1. Retirada do termo repetido “para educar” do seguinte trecho “É feito todo um esforço para educar para educar a massa segundo a ideologia dominante fazendo-a entender a posição que deve ficar e o que pode fazer.”
Referencias bibliográficas:
Construindo a Língua no discurso público:
Práticas e ideologias linguísticas. Celso Alvarez Cáccamo. Disponível em: http://www.udc.es/dep/lx/cac/lingpubl.html: Linguística Geral, Depto. de Filologias Galego-Portuguesa e Francesa Faculdade de Filologia Universidade da Corunha apud Publicado em Agália. Revista Internacional da Associação Galega da Língua 50 (1997), pp. 131-150. Data de acesso: 18 de novembro de 2013
Disponível em: http://ensaiosdegenero.wordpress.com/2012/08/29/linguagem-e-identidade-sistemas-de-diferencas/ .Lucas Passos/http://ensaiosdegenero.wordpress.com . Data de acesso: 18 de novembro de 2013
Disponível em: http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2013/03/sociedade-educacao-emovimentos-sociais.html .Rafael Pisani/www.verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com . Data de acesso: 18 de novembro de 2013
Disponível em: http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2013/07/o-antipartidarismo-nas-manifestacoes.html .Rafael Pisani/www.verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com . Data de acesso: 18 de novembro de 2013
Melhoramentos dicionário língua portuguesa. 2006. Primeira edição. Editora melhoramentos. 85-06-04442-1
Vigiar e punir:nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. 38.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
[1] A partir de “É feito todo um esforço para educar...” até “...é uma sociedade muito mais disciplinadora do que repressora.” foi um trecho do texto “Sociedade, educação e movimentos sociais” no seguinte link deste mesmo blog: http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2013/03/sociedade-educacao-emovimentos-sociais.html e a partir de “Dentro disso” até “vários outros” a fonte é um texto desse mesmo blog chamado “O antipartidarismo nas manifestações” no seguinte link: http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2013/07/o-antipartidarismo-nas-manifestacoes.html No entanto, a fonte desse conteúdo nos dois textos foi o livro “Vigiar e Punir” de Michel Foulcault.
[2] Fontes da linguagem como ideologia, identidade e sentido: http://www.udc.es/dep/lx/cac/lingpubl.html e http://ensaiosdegenero.wordpress.com/2012/08/29/linguagem-e-identidade-sistemas-de-diferencas/