‘Maior parte dos que estão aqui na UTI tomaram kit-Covid’, diz chefe do Incor
2 de Abril de 2021, 16:32
Por Maria Alice Prado Atuali
Covid-19: médicos avaliam efeitos colaterais do suposto "tratamento precoce" da doença Mufid Majnun on Unsplash/Veja SP
O chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19 foi propagandeado pelo presidente Jair Bolsonaro desde os primeiros meses da pandemia. Na mesma época, estudos científicos ao redor do mundo já certificavam a ineficácia de qualquer tratamento preventivo para a doença. No entanto, o “kit covid” continuou a ser difundido pelas autoridades federais brasileiras e pelo próprio Ministério da Saúde. Passadas mais de 300 mil mortes pela Covid-19 no país, médicos relatam efeitos colaterais graves em pacientes que tomaram medicamentos sem comprovação científica para o vírus, como lesão renal, arritmia cardíaca e dificuldade no tratamento de casos graves.
O “kit covid”, distribuído por secretarias municipais da Saúde pelo Brasil afora, inclui drogas como hidroxicloroquina, ivermectina, corticoides, azitromicina e anticoagulantes. “O que tem preocupado muito [os médicos] é que as pessoas estão desesperadas para tomar algum tipo de tratamento. Muitas vezes, elas não só lançam mão do ‘kit covid’, mas de várias outras coisas, como vitamina D, de anti-inflamatórios, corticoides. Não tem sido incomum a gente ver pacientes com muitos efeitos colaterais decorrentes desse tipo de medicação”, relatou o Dr. Christian Morinaga, gerente do Pronto Atendimento do Hospital Sírio-Libanês, à VEJA São Paulo.
O Dr. Carlos Carvalho, chefe de pneumologia do Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas (Faculdade de Medicina da USP), confirma a incidência de lesão em ductos na região do fígado em pacientes que fizeram uso de ivermectina, droga usada para combater verminoses. Em alguns casos, ele relata a necessidade de transplante hepático (fígado). O médico afirma que há a impressão que as infecções mais graves pela Covid-19 são notadas em pacientes que fizeram uso do “kit covid”.
“Aqui nós temos hoje 150 pacientes internados no InCor. Se eu fizer uma enquete, eu te diria que dois terços a três quartos desses pacientes que estão aqui internados, sendo a maioria deles intubados, tomaram o kit covid”, descreve o pneumologista. “Quem falou que deu o ‘kit covid’ para população e disse que o resultado foi estupendo não vivenciou o doente grave que tá aqui nas UTIs e no Hospital. A maior parte dos que estão aqui hoje tomaram”, continua. Nesta semana, o Estadão relatou que cinco pacientes entraram na fila do transplante de fígado após tomarem os medicamentos do chamado ‘tratamento precoce’.
Para os pacientes que fizeram uso da cloroquina ou hidroxicloroquina e contraíram a Covid-19, os médicos relatam alterações no ritmo cardíaco. O Dr. Christian diz que o uso indevido da ivermectina e da azitromicina pode inflamar o fígado. Nos pacientes infectados com a Covid-19 em um estágio avançado da doença, quando é necessário outras medicações para o tratamento, a inflamação e os demais efeitos colaterais prejudicam a cura da infecção. “Quanto mais órgãos vitais forem inflamados e lesados maior é a letalidade dessa doença”, explica Dr. Carlos Carvalho.
“Os casos de hepatite medicamentosa têm aumentado, mas a gente não teve notícia de nenhum caso grave, felizmente. Nestes casos, com a suspensão da medicação, houve melhora. Porém, é um quadro potencialmente grave que, num pior cenário, pode prejudicar muito o tratamento”, explica Christian sobre os casos no Sírio-Libanês. No entanto, Luiz Carneiro D’Albuquerque, chefe de transplantes de órgãos abdominais do HC-USP e professor da universidade, disse ao Estadão que dos quatro pacientes colocados na fila do transplante no HC, dois tiveram a condição de hepatite e morreram antes da operação.
Preocupações
A hidroxicloroquina é um medicamento normalmente utilizado no tratamento de lúpus, artrite reumatoide, doenças fotossensíveis e malária. A ivermectina é um vermífugo usado para combater vermes, piolhos e carrapatos. A azitromicina é um antibiótico utilizado em casos de infecção bacteriana. Nenhum deles previne a contaminação pelo coronavírus.
Outra preocupação dos médicos em relação ao “tratamento precoce” é a demora dos infectados com a Covid em procurar recursos adequados. O pneumologista do Hospital das Clínicas conta que um médico pediatra, seu colega de turma na faculdade, faleceu de coronavírus após se recusar a procurar tratamento médico para a doença, já que estava tomando o “kit covid”. Quando chegou ao hospital, estava com mais de 60% do pulmão acometido e acabou falecendo. “Mesmo pessoas com formação técnica caem às vezes nessa bobagem”, lamenta.
A azitromicina é um antibiótico que vem sendo utilizado por médicos em pacientes que possuem infecção bacteriana associada à Covid-19. E, na maioria das vezes, são pessoas que estão em uma fase avançada da doença. No entanto, a droga faz parte do kit covid para tratamento precoce do coronavírus. “Tomar azitromicina sem evidência de infecção bacteriana pode levar a indução de existência de bactérias”, explica o médico do Hospital Sírio-Libanês.
Além da infecção viral correr o risco de ser complementada por uma bactéria, o uso indevido desta medicação vai criar resistência para estes organismos, o que é um risco para toda a população. “É um antibiótico excelente que no futuro próximo não vai mais poder ser usado no tratamento de infecções, porque ele já vai estar queimado”, explica Carvalho.
Os corticoides também são utilizados em pacientes que estão na forma grave da doença. Para quem toma este remédio precocemente, sem estar nesta condição, se acabar se infectando pela Covid-19, além de propiciar a replicação de vírus, pode propiciar também uma infecção por bactérias, que vão complicar mais o quadro da pneumonia viral, informa o pneumologista. Já o uso indevido de anticoagulantes pode aumentar o risco de acidente vascular cerebral. O pneumologista alerta que tais medicamentos devem se restringir à conotação hospitalar.
“Gostaria que já existisse um tratamento. Mas não tem. A única saída é a vacina. Não tem nenhum outro tipo de tratamento. Então, paciência. Fica em casa, tome os cuidados, não contamine os outros, porque isso vai passar”, finaliza o Dr. Carlos Carvalho.
QUEM TEVE COVID DEVE SE VACINAR?
19 de Março de 2021, 11:56
Sim, indivíduos com histórico de infecção por SARS-CoV-2 devem ser vacinados. A vacinação pode ser administrada assim que o indivíduo se recupere da infecção aguda (se sintomática) e preencha os critérios para a descontinuação das precauções de isolamento. A exame sorológico pré-vacinação não é recomendado. Se a infecção for diagnosticada após o recebimento da primeira dose da vacina, a segunda dose ainda deve ser administrada.
O adiamento da vacinação por 90 dias a partir do momento da infecção também é uma opção razoável; o risco de reinfecção durante este período de tempo é baixo e o adiamento da vacinação permite que outras pessoas recebam a vacinação mais cedo. O adiamento da vacinação por 90 dias também é sugerido para indivíduos que foram tratados com anticorpos monoclonais ou plasma convalescente.
by Júlia Rocha
Fonte: Uptodate
Padaria no Gama desliga geladeira para economizar energia
11 de Março de 2021, 19:58Foto Joaquim Dantas/Blog do Arretadinho
Do Gama
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
A panificadora Aurora (antiga padaria Roma,), que fica na quadra 1 do setor Norte do Gama, estava com a geladeira que armazena frios e embutidos completamente desligada na tarde desta quinta (11).
Não se sabe ao certo há quanto tempo o equipamento estava desligado mas levando-se em conta que todas as embalagens e as prateleiras estavam em temperatura ambiente, presume-se que os produtos estavam sem refrigeração há pelo menos cinco horas.
Foto Joaquim Dantas/Blog do Arretadinho
Esta prática, caso seja confirmada, é abominável e só confirma que esse tipo de comerciante tem total desprezo pelas clientes, pela vida e pela saúde pública, cabendo a população fiscalizar esses estabelecimentos e denunciá-los as autoridades sanitárias.
Eu permaneci no local por cerca de 30 minutos, aguardando um dos responsáveis pela padaria para que pudessem dar uma explicação. Como não apareceu ninguém deixei um cartão com meu número de telefone com uma das funcionárias do caixa, com a recomendação que repassasse a um dos responsáveis pelo estabelecimento, pois eu gostaria de dar a eles o direito de apresentarem a sua versão para o fato ocorrido hoje.
Da redação do Blog do Arretadinho telefonei 3 vezes para a panificadora Aurora querendo falar com um dos responsáveis, mas fui informado todas as vezes que não havia nenhum deles presente no local. Até as 20hs de hoje não obtivemos resposta.
Desprezo pela vida, negacionismo e austeridade.
2 de Março de 2021, 9:02"Desculpe aí, pessoal, mas eu não errei nenhuma desde março do ano passado", diz o chefe de governo
esprezo pela vida, negacionismo e austeridade. As respostas de Bolsonaro ao auge da covid no Brasil
“Já temos razões mais do que suficientes para esse governo ter caído”, diz Jandira Feghali. “O plano de vacinação tem se mostrado ineficaz”, diz Talíria Petrone
Por Eduardo Maretti, da RBA
São Paulo – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta segunda-feira (1º) que o governo Bolsonaro promete entregar 140 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 nos meses de março, abril e maio. “O assunto foi tratado ontem na reunião com o presidente Bolsonaro” , escreveu nas redes sociais. “Também ficou acertado o auxílio emergencial, que deve ser de R$ 250 até junho”. Enquanto o governo protela e, ao invés de organizar, desorganiza o combate à pandemia, governadores de vários estados estão entrando em desespero ante a situação do sistema de saúde.
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), em nota, reivindicou hoje mais rigor nas medidas restritivas para evitar o “colapso nacional”. A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), já determinou ao Ministério da Saúde o custeio de unidades de terapia intensiva para pacientes de Covid-19 na Bahia, no Maranhão e em São Paulo, por recusa de Jair Bolsonaro em fazê-lo.
O caos e a situação dramática são responsabilidade direta do governo federal de Bolsonaro, seu ministro da Saúde (Eduardo Pazuello) e da Economia (Paulo Guedes), na opinião das deputadas Jandira Feghali (PCdoB-RJ e Talíria Petrone (Psol-RJ). A parlamentar comunista lembra que o Planalto gastou, até o momento, R$ 2,2 bilhões (apenas 9%) dos mais de R$ 24 bilhões em créditos autorizados por três medidas provisórias aprovadas no Congresso ainda em 2020. As verbas são destinadas a comprar e produzir vacinas contra a infecção.
“Desprezo pela vida”
“O que tem é uma brutal incompetência, negação e desprezo pela vida das pessoas desse governo”, diz Jandira. “Já temos razões mais do que suficientes para esse governo ter caído.” Para ela, o número de 140 milhões de doses anunciadas por Lira para o período até maio não é realista diante do quadro. “Deve estar falando do que o governo diz a ele, somando Fiocruz com Butantan. Mas até maio não vai ter, a não ser que compre 70 milhões da Pfizer e/ou outras. Só com Butantã e Fiocruz não dá para ter 140 milhões até maio”, alerta Jandira.
Enquanto o país chega a 255 mil óbitos, Bolsonaro continua zombando dos mortos por covid. “Desculpe aí, pessoal, não vou falar de mim, mas eu não errei nenhuma desde março do ano passado”, disse ele hoje, em referência ao inicio da pandemia.
Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o pedido de registro definitivo da vacina da Pfizer, mas o governo Bolsonaro se recusa a comprar o imunizante alegando problemas de contrato. “O governo não compra as vacinas porque não quer, e fica arrumando entraves burocráticos”, diz Jandira.
O Brasil também receberá apenas 9,1 milhões de doses do consórcio Covax Facility, aliança da Organização Mundial da Saúde (OMS). Vários países receberão mais doses do que o Brasil, como Paquistão (17 milhões de doses) e Nigéria (16 milhões).
“Negacionismo e austeridade”
“No momento mais grave da pandemia, o governo responde com negacionismo e austeridade, e o plano de vacinação recentemente apresentado por ele tem se mostrado ineficaz”, diz a líder do Psol na Câmara, Talíria Petrone (RJ). “É preciso se garantir lockdown nos estados que estiverem com lotação de seus leitos acima de 80%, 90%, junto com auxilio emergencial de R$ 600, no mínimo, no momento em que a crise econômica se atrela muito profundamente à crise sanitária.”
Além da premente aceleração do processo de compra e produção de vacinas, as deputadas defendem as medidas reivindicadas pelo Conass, como “a restrição em nível máximo nas regiões com ocupação de leitos acima de 85%”, assim como a proibição de eventos como shows, congressos, atividades religiosas e esportivas em todo o território nacional.
União ante o colapso
A gravidade da situação tem levado governadores a se unirem. Chefes de 16 executivos estaduais acusaram Bolsonaro de distorcer os valores sobre repasses para a área da Saúde. Entre outros, o governador da Bahia, Rui Costa, em entrevista, fez um apelo pelo bom senso das pessoas que não se importam com a sociedade, indo a bares e promovendo aglomerações.
“O seu direito individual é superior à dor de pais que estão perdendo seus filhos?”, questionou Costa em entrevista, interrompendo a fala pela emoção. “Gostaríamos que todas as pessoas estivessem usando máscara, mesmo aquelas que se consideram o Super-Homem, jovens… Se não é por eles, pelo menos (que seja) pela mãe, pelo pai, pelo parente, pelo vizinho. Fico me perguntando se essas pessoas sozinhas decretaram o fim da pandemia” , lamentou o governador baiano.