AQUÍFERO GUARANI - Invasão gota a gota
23 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaOs EUA cada vez mais tem cercado a América do Sul com suas bases militares. indica um perigo futuro aos habitantes desse continente. Principalmente aos modadores da região do Aquífero Guarani, o maior reservatório de água doce do Mundo, localizado numa região que engloba imenso território no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.O governo dos EUA sempre bate na tecla que na tríplice fronteira há "terrorismo internacional".
Se lembrarmos que, historicamente, para quase todos os conflitos que entraram os norte-americanos, foi usado um motivo inventado, isso no mínimo deveria nos deixar de orelhas em pé.
Fonte: DocVerdade
Imagem: Google
O que os Estados Unidos podem ganhar com o golpe no Paraguai
22 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindapor Luiz Carlos Azenha
A reação de Washington ao golpe “democrático” no Paraguai será, como sempre, ambígua. Descartada a hipótese de que os estadunidenses agiram para fomentar o golpe — o que, em se tratando de América Latina, nunca pode ser descartado –, o Departamento de Estado vai nadar com a corrente, esperando com isso obter favores do atual governo de fato.
Não é pouco o que Washington pode obter: um parceiro dentro do Mercosul, o bloco econômico que se fortaleceu com o enterro da ALCA — a Área de Livre Comércio das Américas, de inspiração neoliberal. O Paraguai é o responsável pelo congelamento do ingresso da Venezuela no Mercosul, ingresso que não interessa a Washington e que interessa ao Brasil, especialmente aos estados brasileiros que têm aprofundado o comércio com os venezuelanos, no Norte e no Nordeste.
Hugo Chávez controla as maiores reservas mundiais de petróleo, maiores inclusive que as da Arábia Saudita. O petróleo pesado da faixa do Orinoco, cuja exploração antes era economicamente inviável, passa a valer a pena com o desenvolvimento de novas tecnologias e a crescente escassez de outras fontes. É uma das maiores reservas remanescentes, capaz de dar sobrevida ao mundo tocado a combustíveis fósseis.
![](http://2.bp.blogspot.com/-NmNUSiCWjl8/T-Y1BAWRE7I/AAAAAAAAFkk/juJq4uoYb_g/s1600/Apresenta%C3%A7%C3%A3o1.jpg)
Washington também pode obter condições mais favoráveis para a expansão do agronegócio no Chaco, o grande vazio do Paraguai. Uma das preocupações das empresas que atuam no agronegócio — da Monsanto à Cargill, da Bunge à Basf — é a famosa “segurança jurídica”. Ou seja, elas querem a garantia de que seus investimentos não correm risco. É óbvio que Fernando Lugo, a esquerda e os sem terra do Paraguai oferecem risco a essa associação entre o agronegócio e o capital internacional, num momento em que ela se aprofunda.
Não é por acaso que os ruralistas brasileiros, atuando no Congresso, pretendem facilitar a compra de terra por estrangeiros no Brasil. Numa recente visita ao Pará, testemunhei a estreita relação entre uma ONG estadunidense e os latifundiários locais, com o objetivo de eliminar o passivo ambiental dos proprietários de terras e, presumo, facilitar futura associação com o capital externo.
Finalmente — e não menos importante –, o Paraguai tem uma base militar “dormente” em Mariscal Estigarribia, no Chaco. Estive lá fazendo uma reportagem para a CartaCapital, em 2008. É um imenso aeroporto, construído pelo ditador Alfredo Stroessner, que à moda dos militares brasileiros queria ocupar o vazio geográfico do país. O Chaco paraguaio, para quem não sabe, foi conquistado em guerra contra a Bolívia. Há imensas porções de terra no Chaco prontas para serem incorporadas à produção de commodities.
Mais extensa que a pista de Asunción, a inoperante via cimentada do Aeroporto José María Argaña, de Mariscal Estigarribia, é maior do que a própria cidade ao seu redor. |
Cabeceira da pista 11, com o minúsculo hangar situado à esquerda. Sem vôos comerciais ou militares, apenas aeronaves particulares desembarcam no local. |
Danificado pela passagem do tempo, radar do aeroporto é apenas uma ruína em meio à vegetação chaqueña que cresce ao seu redor. |
É o neocolonialismo, agora faminto pelo controle direto ou indireto das riquezas do século 21: petróleo, terras, água doce, biodiversidade.
Um Paraguai alinhado a Washington, portanto, traz grandes vantagens potenciais a interesses políticos, econômicos, diplomáticos e militares estadunidenses.
Fonte: Vio o Mundo
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Golpe no Paraguai - Qual será o próximo país???
22 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaA crise no Paraguai e a estabilidade continental
Por Mauro Santayana
Toda unanimidade é burra, dizia o filósofo nacional Nelson Rodrigues. Toda unanimidade é suspeita, recomenda a lucidez política. A unanimidade da Câmara dos Deputados do Paraguai, em promover o processo de impeachment contra o presidente Lugo, seria fenômeno político surpreendente, mas não preocupador se não estivesse relacionado com os últimos fatos no continente.
Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner enfrenta uma greve de caminhoneiros, em tudo por tudo semelhante à que, em 1973, iniciou o processo que levaria o presidente Salvador Allende à morte e ao regime nauseabundo de Augusto Pinochet. Hoje, todos nós sabemos de onde partiu o movimento. Não partiu das estradas chilenas, mas das maquinações do Pentágono e da CIA. Uma greve de caminhoneiros paralisa o país, leva à escassez de alimentos e de combustíveis, enfim, ao caos e à anarquia. A História demonstra que as grandes tragédias políticas e militares nascem da ação de provocadores.
O Paraguai, neste momento, faz o papel do jabuti da fábula maranhense de Vitorino Freire. Ele é um bicho sem garras e sem mobilidade das patas que o faça um animal arbóreo. Não dispõe de unhas poderosas, como a preguiça, nem de habilidades acrobáticas, como os macacos. Quando encontrarmos um quelônio na forquilha é porque alguém o colocou ali.
No caso, foram o latifúndio paraguaio — não importa quem disparou as armas — e os interesses norte-americanos. Com o golpe, os ianques pretendem puxar o Paraguai para a costa do Pacífico, incluí-lo no arco que se fecha, de Washington a Santiago, sobre o Brasil. Repete-se, no Paraguai, o que já conhecemos, com a aliança dos interesses externos com o que de pior há no interior dos países que buscam a igualdade social. Isso ocorreu em 1954, contra Vargas, e, dez anos depois, com o golpe militar.
Não podemos, nem devemos, nos meter nos assuntos internos do Paraguai, mas não podemos admitir que o que ali ocorra venha a perturbar os nossos atos soberanos, entre eles os compromissos com o Mercosul e com a Unasul. Mais ainda: em consequência de uma decisão estratégica equivocada do regime militar, estamos unidos ao Paraguai pela Hidrelétrica de Itaipu. O lago e a usina, sendo de propriedade binacional, se encontram sob uma soberania compartida, o que nos autoriza e nos obriga a defender sua incolumidade e o seu funcionamento, com todos os recursos de que dispusermos.
Esse é um aspecto do problema. O outro, tão grave quanto esse, é o da miséria, naquele país e em outros, bem como em bolsões no próprio território brasileiro. Lugo pode ter, e tem, todos os defeitos, mas foi eleito pela maioria do povo paraguaio. Como costuma ocorrer na América Latina, o povo concentrou seu interesse na eleição do presidente, enquanto as oligarquias cuidaram de construir um Parlamento reacionário. Assim, ele nunca dispôs de maioria no Congresso, e não conseguiu realizar as reformas prometidas em campanha.
Lugo tem procurado, sem êxito, resolver os graves problemas da desigualdade, da qual se nutriram líderes como Morínigo e ditadores como Stroessner. Por outro lado, o Parlamento está claramente alinhado aos Estados Unidos — de tal forma que, até agora, não admitiu a entrada da Venezuela no Tratado do Mercosul.
O problema paraguaio é um teste político para a Unasul e o conjunto de nações do continente. As primeiras manifestações — entre elas, a da OEA — são as de que não devemos admitir golpes de Estado em nossos países. Estamos, a duras penas, construindo sistemas democráticos, de acordo com constituições republicanas, e eleições livres e periódicas.
Não podemos, mais uma vez, interromper esse processo a fim de satisfazer aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos, associados à ganância do sistema financeiro internacional e das corporações multinacionais, sob a bandeira do neoliberalismo.
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Blas Riquelme |
Entre os sem-terra paraguaios, que entraram na gleba, estavam antigos moradores na área, que buscavam recuperar seus lotes. Muitos deles pertencem a famílias que ali viviam há mais de cem anos, e foram desalojados depois da transferência ilegítima da propriedade para o político liberal. E há, ainda, uma ardilosa inversão da verdade.
A ação policial contra os camponeses era, e é, de interesse dos oligarcas da oposição a Lugo, mas eles dela se servem para acusar o presidente de responsável direto pelos incidentes e iniciar o processo de impeachment. É o cinismo dos tartufos, semelhante ao dos moralistas do Congresso brasileiro, de que é caso exemplar um senador de Goiás.
Quando encerrávamos estas notas, a comissão de chanceleres da Unasul, chefiada pelo brasileiro Antonio Patriota, estava embarcando para Assunção a fim de acompanhar os fatos. Notícias do Paraguai davam conta de que os chanceleres não serão bem recebidos pelos que armaram o golpe parlamentar contra Lugo, e que se apressam para tornar o fato consumado — enquanto colunas do povo afluem do interior para Assunção a fim de defenderem o que resta do mandato de Lugo.
Tudo pode ocorrer no Paraguai — e o que ali ocorrer nos afeta; obriga-nos a tomar todas as providências necessárias a fim de preservar a nossa soberania, e assegurar o respeito à democracia republicana no continente.
Fonte: Jornal do Brasil
Imagem: Google (colocadas por este blog)
Golpe no Paraguai e a luta do SENAVE contra a Monsanto
22 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
2012 - Senado do Paraguai destitui o presidente Fernando Lugo
Entre as razões apontadas pelos paralamentares que entraram com o pedido de impeachment estão a ligação de Lugo com movimentos sociais atuantes no campo e o conflito ocorrido há uma semana em uma fazenda no Nordeste do país, no qual morreram 17 pessoas. “Os acontecimentos trágicos não podem ser caractrizados como um mau desempenho do presidente”, declarou o advogado Adolfo Ferreiro, um dos que representaram Lugo em sua defesa no Senado.
Lugo é acusado de instigar a invasão de terras no país. Os deputados também o acusam de submeter as forças de segurança a ordens dos movimentos sociais. Com isso, os parlamentares dizem que o presidente é incapaz de conter uma onda de violência no país.
Fonte: jornaldamidia
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2010 - Relembrando
Em meados de agosto o Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes (Senave) do governo paraguaio iniciou uma série de ações de fiscalização e destruição de lavouras ilegais de milho transgênico no país.
A primeira ação se deu numa propriedade no estado de Alto Paraná, onde foram destruídos 44 hectares de milho transgênico de propriedade de um agricultor “brasiguaio”, a 90 km da capital Ciudad del Este. O milho, que estava em ponto de colheita, foi totalmente triturado por um rolo-faca, de modo a inviabilizar seu uso como semente. A variedade Bt+RR (tolerante a herbicida e também tóxico a lagartas) havia sido contrabandeada do Brasil.
As ações continuaram ao longo da semana, resultando na destruição de mais de 100 hectares de milho ilegal.
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Miguel Lovera |
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Alfredo Jaeggli |
No auge dos protestos, por iniciativa do senador liberal Alfredo Jaeggli, o Senado paraguaio aprovou uma declaração ao Poder Executivo instando-o “a paralisar as intervenções do Senave com relação ao milho transgênico até que se atualize a normativa atual, conforme o desenvolvimento científico do produto” (em outras palavras, “até que o governo libere definitivamente o milho transgênico”).
Do outro lado, organizações camponesas também se manifestaram, prestando apoio ao Senave, argumentando quanto aos riscos do consumo do produto e em defesa da semente nativa. Pediram ainda que se declare “emergência fitossanitária” pelo descumprimento da legislação que proíbe expressamente o milho transgênico.
Em 28 de agosto, em seguida à manifestação do Senado, Lovera foi a público declarar que o órgão prosseguiria com a fiscalização e a destruição do milho ilegal. A declaração foi feita numa coletiva de imprensa logo depois de Lovera ter-se reunido com o presidente Fernando Lugo. Segundo Lovera, o presidente apoia o trabalho realizado pelo Senave e recomendou que ele “siga cumprindo a lei”, como fez até o momento.
A legislação paraguaia permite o cultivo de algumas variedades de soja transgênica, mas não de milho. Recentemente, entretanto, o Ministério da Agricultura do país publicou uma resolução declarando ser de interesse estratégico a experimentação com sementes de milho transgênico em território paraguaio, o que aconteceria sob a supervisão do Instituto Paraguaio de Tecnologia Agrária.
Esta semana, a Aliança pela Biodiversidade na América Latina e a Rede por uma América Latina Livre de Transgênicos enviaram uma carta aberta ao ministro da agricultura paraguaio, Enzo Cardozo, expressando profunda preocupação com relação à decisão, uma vez que existe vasta informação científica demonstrando que, após a introdução destas variedades no campo, torna-se impossível deter a contaminação genética das variedades convencionais, crioulas e tradicionais de milho, uma vez que trata-se de uma espécie de polinização aberta.
Nós brasileiros conhecemos bem esta história da “criação do fato consumado” e podemos imaginar as pressões que o governo do Paraguai está sofrendo no sentido de atropelar as avaliações de biossegurança e autorizar “na marra” as variedades transgênicas de milho.
Fonte: Adital
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2010
ASSUNÇÃO, Paraguai - "Em qualquer país civilizado moderadamente se você pulverizar seus pesticidas sobre as pessoas, você basicamente irá para a cadeia", disse Miguel Lovera, chefe da agência do Paraguai aplicação agrícola. "Neste país que não era o caso. Ela ainda pode ser o caso em muitos lugares no país que podem ser de pulverização em lugares errados, nas pessoas erradas, nos animais errados - mas nós estamos lá fora, para pôr fim a esta situação ".
Lovera está debaixo de fogo para a destruição da agência de 44 hectares de milho transgénico que estavam sendo cultivadas ilegalmente. Soja transgênica é atualmente a principal exportação do país, e vastas áreas da zona rural foram derrubadas pelos proprietários estrangeiros para abrir caminho para a cultura controversa, mas até agora a soja transgênica é o único permitido para a produção.
Fonte: The esperanza projectLovera está debaixo de fogo para a destruição da agência de 44 hectares de milho transgénico que estavam sendo cultivadas ilegalmente. Soja transgênica é atualmente a principal exportação do país, e vastas áreas da zona rural foram derrubadas pelos proprietários estrangeiros para abrir caminho para a cultura controversa, mas até agora a soja transgênica é o único permitido para a produção.
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Com um território pouco maior que o estado do Mato Grosso do Sul e uma área agricultável de 850 mil hectares, o Paraguai é o maior cliente da Monsanto do Brasil e recebeu, apenas em 2011, mais de 177 mil sacas de milho em 41 processos de exportação.
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Pablo de La Fuente - Líder de Negócios da Monsanto no Paraguai |
“O Paraguai se encaminha rapidamente em direção à biotecnologia e vai ficar atrativo não só para a Monsanto, mas para todas as companhias de milho. Aumentar nossa presença hoje, com a ajuda dos híbridos brasileiros, pode ser determinante para continuarmos crescendo e ganhando participação”, explica Pablo de La Fuente, líder de Negócios da Monsanto no Paraguai. O executivo lembra que o excelente volume exportado para o país se deu por conta da qualidade do portfólio brasileiro e à semelhança com clima e solo da região do Paraná.
Com o apoio do resultado obtido com a comercialização dos produtos brasileiros, que chegam ao Paraguai por vias terrestres, o país inaugurou seu primeiro Centro de Distribuição. “Agora podemos receber as sementes em menos tempo, evitando o congestionamento do fim de ano nas alfândegas e garantindo a entrada mais rápida nas nossas lavouras”, cita de La Fuente.
Com o apoio do resultado obtido com a comercialização dos produtos brasileiros, que chegam ao Paraguai por vias terrestres, o país inaugurou seu primeiro Centro de Distribuição. “Agora podemos receber as sementes em menos tempo, evitando o congestionamento do fim de ano nas alfândegas e garantindo a entrada mais rápida nas nossas lavouras”, cita de La Fuente.
Fonte: Monsanto
Imagens: Google (colocadas por este blog)
Luciano Wexell Severo: Urge deter o golpe no Paraguai
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaÉ tensa e lamentável a situação enfrentada pelo heroico povo do Paraguai. A democracia e os avanços sociais estão sendo ameaçados pelos setores mais conservadores e retrógrados da sociedade paraguaia. Está em execução um golpe de Estado dirigido por uma minoria privilegiada, por uma elite empresarial e uma oligarquia latifundiária, que cresceu e enriqueceu durante os 35 anos da ditadura militar de Alfredo Stroessner.
Por Luciano Wexell Severo*, especial para o Vermelho
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Presidente Fernando Lugo |
Nesta quarta-feira (20), em uma sessão relâmpago, 76 dos 80 deputados paraguaios aprovaram a abertura de um processo de impeachment contra o presidente. Os “argumentos” golpistas foram apresentados nesta quinta-feira (21) e se pretende que o mandatário seja julgado e condenado nesta sexta-feira (22), até o final do dia. Quando pensamos que já vimos de tudo na América Latina surge algo novo.
Aida Robles |
A sessão parlamentar teve refinados toques de circo. Os deputados resolveram que nesta sexta (22), entre as 12h e as 17h30, se realizaria uma nova sessão. Conforme o estabelecido, o presidente Lugo teria duas horas para apresentar a sua defesa. Depois disso, os parlamentares propuseram analisar as “evidências” e anunciar o resultado. Obviamente, caso se leve a cabo este julgamento-farsa, o mandatário será destituído. Poucas vezes um parlamento de qualquer país do mundo tomou uma decisão tão importante em tão poucas horas. Isso não tem outro nome. É um golpe de Estado.
Acusação
Entre os “motivos” apresentados pelos golpistas, prevalece o assunto do enfrentamento da semana passada, em Curuguaty, que causou a morte de 11 camponeses e seis policiais, além de haver deixado 50 feridos. Na ocasião, 100 famílias tentaram ocupar terras do latifundiário Blás Riquelme, ex-senador do Partido Colorado. Houve um tiroteio e este é o pano de fundo do golpe. Um dos parlamentares chegou a culpar Fernando Lugo de “cometer os piores crimes desde a Independência". Ou o deputado foi vítima de uma impressionante falta de memória ou tem o rabo preso com a ditadura de três décadas.
O caso de Curuguaty ainda não foi totalmente esclarecido, mas dirigentes dos movimentos sociais denunciam o envolvimento de franco-atiradores, que teriam disparado contra camponeses e policiais. Seria mais uma aplicação do chamado “crime de bandeira trocada”, a mesma estratégia tantas vezes utilizada na região para justificar intervenções e golpes.
O Paraguai é o quinto exportador de óleo de soja do mundo. Se bem a insatisfação da oligarquia latifundiária com o governo Lugo venha de longa data, recentemente houve um fato novo. O Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes (Senave) não autorizou o uso comercial da semente transgênica da Monsanto no país. Neste contexto, tem ganhado destaque a figura opositora de Aldo Zuccolillo, diretor proprietário do poderoso diário ABC Color e sócio principal da Cargill do Paraguai. O empresário opera em conjunto com a União de Grêmios de Produção (UGP), insinuando-se como uma possível liderança política.
Escutar as declarações e “acusações” dos deputados golpistas paraguaios gera uma mescla de sentimentos, que vão do espanto ao nojo. Comportaram-se como legítimos papagaios de Washington, portadores de um discurso digno da Guerra Fria e porta-vozes dos interesses da classe mais poderosa. Acusam o governo de “comunista”. Não faltaram patéticas referências à “paz”, à “liberdade” e à propriedade privada. Expressam, repetidas vezes e sem qualquer pudor, um profundo ódio às ações democratizantes do atual governo em benefício das classes populares, historicamente excluídas no país mais pobre da América do Sul.
De acordo com o Partido Popular Tekojoja, a iniciativa de realizar um julgamento deixa “evidente quem esteve por trás do massacre de camponeses e de policiais. Os principais beneficiados daquela tragédia agora revelam os seus verdadeiros interesses. Estão utilizando um acontecimento lamentável para atentar contra a democracia, o presidente e o povo paraguaio”.
Resistência
Neste momento, uma missão oficial da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) está em Assunção reunida com o presidente paraguaio. Viajam os ministros de Relações Exteriores de Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Além disso, dezenas de milhares de paraguaios vindos de todas as regiões se dirigem às portas do parlamento na capital. Lugo, em cadeia nacional, afirmou que “o povo paraguaio saberá responder a esta ação de um setor egoísta que sempre concentrou privilégios e que agora não quer compartilhar os benefícios”. Finalizou dizendo que não renunciará e que saberá “honrar o compromisso assumido por meio da vontade das urnas”.
Como se sabe, Fernando Lugo é um ex-bispo católico, seguidor da Teologia da Libertação. Conta com o apoio de importantes movimentos sociais, mas sua maior debilidade parece estar no fato de não contar com uma estrutura partidária consolidada e organizada. Diversas iniciativas do governo têm sido boicotadas pelo parlamento opositor. Inclusive a entrada da Venezuela no Mercosul, amplamente vantajosa para a integração regional, está sendo trancada pelos deputados paraguaios há mais de cinco anos.
Somente a mobilização popular pode frear o golpe. Apenas para fazer referência ao período mais recente, que não se repita um golpe de Estado similar ao perpetrado sobre o presidente Manuel Zelaya, de Honduras, em 2009. E que prevaleça a vontade popular, a mobilização e a resistência, como ocorreu na tentativa frustrada de derrubar o presidente Rafael Correa, do Equador, em 2010. Ao mesmo tempo, espera-se que as Forças Armadas do Paraguai sejam dignas de suas fardas, livrem-se de uma vez por todas do fantasma da ditadura de Stroessner e se mantenham ao lado do povo. Há força suficiente para impedir o julgamento-farsa e deter o golpe.
*Luciano Wexell Severo é professor Visitante da Universidade da Integração Latino-Americana (Unila)
Fonte: Vermelho
Imagem: Google (colocadas por este blog)
Rio+20: Salvem as Florestas Temperadas
20 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Stephen Kanitz *
Mais uma vez no Rio+20 iremos ouvir o brado da devastação da Amazônia, e ninguém vai sair protestando contra o desmatamento quase total das Florestas Temperadas.
Por que ninguém exige o reflorestamento do Mid-West Americano e da Europa?
Por que os brasileiros gastam 95% do seu tempo contra o desmantamento da Amazônia e nada protestam contra o desmatamento das Florestas Temperadas?
Em 2003, escrevi o artigo abaixo: Salvem as Florestas Temperadas, e a repercussão foi quase nula.
Não fui convidado para nenhuma das 54 Conferências sobre Ecologia realizadas no Brasil de lá para cá, ninguém achou este tema importante suficiente para se discutir.
Eis o artigo de 2003, que infelizmente continua válido.
No filme A Bruxa de Blair, sucesso de bilheteria do cinema alternativo americano, há uma cena que fez meu sangue de ecologista amador brasileiro e defensor do crescimento sustentável literalmente borbulhar.
Os três estudantes do longa estão totalmente perdidos numa floresta da Nova Inglaterra e a garota começa a entrar em pânico achando que nunca mais sairia daquela selva.
Seu colega então diz algo parecido com:
"Não seja idiota, nós destruímos todas as nossas florestas temperadas.
É só andarmos mais meia hora em linha reta que logo sairemos daqui".
Ecologistas do mundo todo vivem fazendo protestos para preservar a floresta tropical brasileira, mas raramente param para refletir sobre essa corajosa crítica contida nesse filme, que fez tanto sucesso.
Se alguém se perder na Floresta Amazônica, poderá ter de andar por noventa dias até achar uma saída, tal o nível de preservação de nossa Amazônia, comparada com as demais florestas.
Então, não seria correto também discutir a reconstituição das florestas temperadas, há muito tempo dizimadas?
Na Europa e nos Estados Unidos, boa parte das florestas foram destruídas.
O "Crescente Fértil" descrito na Bíblia é hoje o Iraque da "Desert Storm".
Em contrapartida, 86% da Floresta Amazônica continua intacta.
No famoso Museu Smithsonian de Washington, vi um painel que orgulhosamente mostrava um pioneiro derrubando uma árvore para criar uma área arável e poder "suprir nossos antepassados com a comida necessária". Texto deles.
Destruíram tantas florestas temperadas para plantar comida que hoje eles têm muito mais agricultores do que o necessário, a maioria economicamente inviável.
Com a produtividade atual da agricultura, bastaria cultivar as planícies naturais que todos os países já possuem.
A destruição das florestas temperadas é uma das razões dos maciços subsídios que a Europa e os Estados Unidos dão à agricultura, razão de nossos protestos junto à OMC.
Quando negociadores do governo brasileiro reclamam desses subsídios, a resposta é que eles são necessários para manter a população no campo.
Caso contrário, os países teriam enormes espaços e terras vazias, com todo mundo vivendo nas cidades.
O erro dessa lógica política está na frase "espaços e terras vazias", uma vez que essas terras não eram "vazias" antes de as florestas temperadas serem dizimadas.
Há muito deveríamos ter colocado na agenda mundial a necessidade da reconstituição das florestas temperadas ao lado da preservação da Floresta Amazônica - o que exigiria dos países desenvolvidos a lenta substituição dos agricultores subsidiados por guardas e bombeiros florestais em constante vigilância.
Pelo menos os agricultores passariam a ser úteis, em vez de receber subsídios para nada plantarem.
Os espaços não ficariam vazios, como temem os políticos desses países. Voltariam ao equilíbrio original.
Isso teria importantes consequências econômicas para o Terceiro Mundo.
Acabaria com os enormes subsídios agrícolas e equilibraria a balança comercial de muito país em desenvolvimento.
Bjorn Lomborg, autor do The Skeptical Environmentalist, escreve na página 117 uma frase de muita coragem política:
"Que base nós (Primeiro Mundo) temos para nos indignarmos com o desmatamento das florestas tropicais, considerando o nosso desmatamento na Europa e Estados Unidos?
É uma hipocrisia aceitar que nós nos beneficiamos imensamente da destruição de enormes áreas de nossas próprias florestas mas não vamos permitir que países em desenvolvimento se beneficiem como nós o fizemos.
Se não quisermos que eles usem seus recursos naturais do jeito que nós usamos os nossos, devemos compensá-los de acordo".
Obviamente, ele foi massacrado, e por muitos brasileiros.
Da próxima vez que um amigo, um jornalista ou um diplomata estrangeiro lhe indagar sobre o que estamos fazendo com nossa Floresta Amazônica, antes de responder, pergunte-lhe o que ele está fazendo para reconstituir 85% de suas florestas temperadas.
*Stephen Kanitz é administrador por Harvard
Veja o artigo na íntegra no link da fonte
Fonte: blog.kanitz
Imagem: Burgos (Cãogrino)
Pepe Mujica: solução ambiental passa pela reavaliação econômica
20 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPara o presidente do Uruguai, Pepe Mujica, a solução do problema ambiental passa pela reavaliação do sistema econômico em que vivemos. “Toda esta tarde falou-se de desenvolvimento sustentável e de tirar grandes massas da pobreza. O que vai por nossas cabeças? O modelo de desenvolvimento de consumo das sociedades ricas. O que aconteceria a este planeta se os hindus tivessem a mesma proporção de carros que os alemães? O mundo tem hoje os elementos materiais para possibilitar que 7 ou 8 bilhões de habitantes tenham o mesmo potencial de consumo e de desperdício que as sociedades ocidentais ostentam?”
O presidente uruguaio concluiu dizendo que é preciso mudar a lógica do desenvolvimento, que hoje é governado pelo mercado. “Estamos governando a globalização ou será que é a globalização que nos governa? O problema é o mercado, o hiperconsumo. Não se trata de propor voltar ao homem das cavernas e ter um monumento ao atraso. Não podemos ser governados pelo mercado. Temos é que governar o mercado”, ressaltou Mujica.
Fonte: Vermelho
Imagem: Google
Dez fatos chocantes sobre os Estados Unidos
19 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda1 - Maior população prisional do mundo.
Elevando-se desde os anos 80, a surreal taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controle social: à medida que o negócio das prisões privadas alastra-se como uma gangrena, uma nova categoria de milionários consolida seu poder político. Os donos destas carcerárias são também, na prática, donos de escravos, que trabalham nas fábricas do interior das prisões por salários inferiores a 50 cents por hora. Este trabalho escravo é tão competitivo, que muitos municípios hoje sobrevivem financeiramente graças às suas próprias prisões, aprovando simultaneamente leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes menores como roubar chicletes. O alvo destas leis draconianas são os mais pobres, mas, sobretudo, os negros, que representando apenas 13% da população norte-americana, compõem 40% da população prisional do país.
2 - 22% das crianças americanas vive abaixo do limiar da pobreza.
Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças norte-americanas vivam sem “segurança alimentar”, ou seja, em famílias sem capacidade econômica para satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável. As estatísticas provam que estas crianças têm piores resultados escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm uma maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.
3 - Entre 1890 e 2012, os EUA invadiram ou bombardearam 149 países.
O número de países nos quais os EUA intervieram militarmente é maior do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de oito milhões de mortes causadas pelo país só no século XX. Por trás desta lista, escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, recipiente do Nobel da Paz, os EUA conduzem neste momente mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo. O mesmo presidente criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, superando de longe George W. Bush.
4 - Os EUA são o único país da OCDE que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade.
Embora estes números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos por cada empresa, é prática corrente que as mulheres norte-americanas não tenham direito a nenhum dia pago antes ou depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença maternidade. Neste aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia.
5 - 125 norte-americanos morrem todos os dias por não poderem pagar qualquer tipo de plano de saúde.
Se não tiver seguro de saúde (como 50 milhões de norte-americanos não têm), então há boas razões para temes ainda mais a ambulância e os cuidados de saúde que o governo presta. Viagens de ambulância custam em média o equivalente a 1300 reais e a estadia num hospital público mais de 500 reais por noite. Para a maioria das operações cirúrgicas (que chegam à casa das dezenas de milhar), é bom que possa pagar um seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a terra das oportunidades e, como o nome indica, terá a oportunidade de se endividar e também a oportunidade de ficar em casa, torcendo para não morrer.
6 - Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de nativos. Só entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres em reservas índias foram esterilizadas contra sua vontade pelo governo norte-americano.
Esqueçam a história do Dia de Ação de Graças com índios e colonos partilhando placidamente o mesmo peru em torno da mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições atuais à imigração ilegal, ninguém diria que os fundadores deste país foram eles mesmos imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados. Em pleno século XX, os EUA iniciaram um plano de esterilização forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num formulário escrito em idioma que não compreendiam, ameaçando-as com o corte de subsídios caso não consentissem ou, simplesmente, recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se espante, os EUA foram o primeiro país do mundo oficializar esterilizações forçadas como parte de um programa de eugenia, inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e, mais tarde, contra negros e índios.
7 - Todos os imigrantes são obrigados a jurar não ser comunistas para poder viver nos EUA.
Além de ter que jurar não ser um agente secreto nem um criminoso de guerra nazi, vão lhe perguntar se é, ou alguma vez foi membro do Partido Comunista, se tem simpatias anarquista ou se defende intelectualmente alguma organização considerada terrorista. Se responder que sim a qualquer destas perguntas, será automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco carácter moral”.
8 - O preço médio de uma licenciatura numa universidade pública é 80 mil dólares.
O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente, todos os estudantes têm dívidas astronômicas, que, acrescidas de juros, levarão, em média, 15 anos para pagar. Durante esse período, os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel prazer, sem o consentimento ou sequer o conhecimento do devedor. Num dia, deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juros e, no dia seguinte, pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juro. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes norte-americanos cresceu à marca dos 1,5 trilhões de dólares, elevando-se assustadores 500%.
9 - Os EUA são o país do mundo com mais armas: para cada dez norte-americanos, há nove armas de fogo.
Não é de se espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior coleção de armas. O que surpreende é a comparação com outras partes do mundo: no restante do planeta, há uma arma para cada dez pessoas. Nos Estados Unidos, nove para cada dez. Nos EUA podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, algo em torno de 275 milhões. Esta estatística tende a se elevar, já que os norte-americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.
10 - Há mais norte-americanos que acreditam no Diabo do que os que acreditam em Darwin.
A maioria dos norte-americanos são céticos. Pelo menos no que toca à teoria da evolução, já que apenas 40% dos norte-americanos acreditam nela. Já a existência de Satanás e do inferno soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos norte-americanos. Esta radicalidade religiosa explica as “conversas diárias” do ex-presidente Bush com Deus e mesmo os comentários do ex-pré-candidato republicano Rick Santorum, que acusou acadêmicos norte-americanos de serem controlados por Satã.
Fonte: Diário Liberdade, Blog Pé com Pé
Imagem: Google
Direto da Palestina com Sandra Guimarães
18 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaÉ óbvio que... Antoine De Saint Exupery estava certo quando disse:
"A verdadeira solidariedade começa onde não se espera nada em troca."
Direto da Palestina com Sandra Guimarães
do site Óbvio & Atual
Entrevista em 31/01/2011
O que motiva uma pessoa à abrir mão de sua faculdade de Linguistica em Paris e se dedicar ao trabalho voluntario na Palestina, região situada no Oriente Médio, numa tensa zona de conflito, a não menos de 8473 mil quilometros de distancia do Brasil, alvo de inúmeros ataques terroristas e com suas fronteiras controladas por Israel.?
Com uma população de aproximadamente 4 milhões de pessoas, não é díficil de imaginar que a Palestina sofre com sérios problemas sociais, econômicos e políticos.
Acredite ou não. Esse lugar conquistou Sandra Guimarães, que atualmente luta para melhorar a qualidade de vida das pessoas que involuntariamente são vitimas desses conflito.
A entrevista que você vai ler a seguir é um exemplo puro de solidariedade. Conheça agora a Sandra Guimarães, uma brasileira nascida em Natal (RN) que vive no exterior desde 2002 e teve sua vida completamente transformada.
@obvioeatual: Diga-nos cinco coisas que precisamos saber sobre você.
Sandra Guimarães: Tento deixar meus princípios e valores morais guiarem as escolhas que faço, dia após dia. Por isso (1) sou vegana, (2) não bebo álcool, (3) uso meu tempo e minha energia para tentar transformar o mundo em um lugar mais justo, (4) escolhi um trabalho que me desse a oportunidade de ajudar as pessoas e os animais, além de preservar o meio ambiente, e (5) me esforço para “ser a mudança que desejo ver no mundo”, como Gandhi nos aconselhou.
@obvioeatual : De estudante de linguistica em Paris, para ativista na Palestina. Quando, como e por que você decidiu seguir esse caminho?
Sandra Guimarães: Me formei em julho de 2007. Eu adorava, e ainda adoro, linguística, mas a idéia de ser professora nunca me encantou. Acabei abandonando o mestrado dois meses depois de ter começado para seguir minha verdadeira vocação: culinária vegana. Foi nesse momento que a Palestina entrou na minha vida. Cresci ouvindo falar no assunto mas nunca entendi exatamente o que acontecia nessa parte do mundo. Um dia comprei uma revista de antropologia dedicada à Palestina e tudo, desde a origem do conflito até a vida na Palestina nos dias de hoje, estava explicado de maneira clara, com muitas fotos e mapas. Quando terminei de ler a reportagem entrei em um estado de choque que durou meses. Em dezembro de 2007 decidi visitar a Palestina. Passei três semanas passeando e fazendo trabalhos voluntários. As coisas que vi aqui me marcaram tanto que percebi que seria impossível voltar para casa e continuar com a minha vida de antes. Foi então tomei a decisão mais inusitada da minha vida : me mudei para a Palestina e comecei a trabalhar como voluntária nos campos de refugiados.
@obvioeatual : Que tipo de atividade você realiza na Palestina?
Sandra Guimarães: Organizo oficinas sobre higiene buco dental para crianças nos campos de refugiados de Belém e, quando posso, levo-as ao dentista¹. Dou palestras nos centros culturais dos campos sobre saúde e nutrição, com foco na prevenção (e tratamento) do diabetes, hipertensão e obesidade. Coordeno um projeto que ajuda mães de crianças deficientes a ter uma fonte de renda e melhorar as condições de vida dessas crianças, também nos campos de refugiados². Quando vou ao Brasil procuro informar as pessoas sobre a verdadeira face da ocupação israelense na Palestina através de palestras e debates. Paralelo a isso tudo, dou aulas de culinária vegetal, ensino Francês e mantenho um blog de cozinha vegana.
@obvioeatual : Sobre o seu trabalho na Palestina, quais são os seus objetivos?
Sandra Guimarães: Eu vim morar na Palestina por dois motivos. Primeiro para mostrar solidariedade a esse povo tão sofrido. Segundo para testemunhar a realidade nesse país e contar ao maior número possível de pessoas o que está acontecendo aqui. Sei que sozinha não posso acabar com as injustiças das quais o povo palestino é vítima há mais de 60 anos, mas estou fazendo o que posso para ajudá-los. É aquela velha história do beija-flor tentando apagar sozinho o fogo na floresta: estou fazendo a minha parte. Não acabei com a ocupação, mas acredito que meu trabalho nos campos melhorou a vida de muita gente e graças às palestras que dei no Brasil várias pessoas ficaram sabendo da verdade sobre o conflito. Sei que minha contribuição é modesta, mas fazer pouco é melhor que não fazer nada.
@obvioeatual : Quais são suas maiores dificuldades?
Sandra Guimarães: A primeira coisa que me vem à mente quando penso nas dificuldades é conseguir visto para ficar aqui. Israel controla a entrada e saída de todas as pessoas (palestinos ou estrangeiros) na Palestina e viver e trabalhar aqui às vezes é uma missão impossível. A segunda maior dificuldade é a falta de apoio financeiro. Faz três anos que trabalho como voluntária e boa parte dos projetos que fiz nos campos foram financiados com meu próprio dinheiro e doações da alguns amigos próximos. Hoje sou obrigada a trabalhar menos nos campos e mais fora deles (dando aulas de culinária e francês) para poder pagar as contas. Mas talvez o pior de tudo seja esse sentimento de impotência e frustação que me acompanha permanentemente. É doloroso ver injustiças diariamente, como roubo de terras, destruição de casas, prisão de inocentes (às vezes crianças), assassinatos à sangue frio sem que nunca os assassinos sejam punidos, e não poder fazer nada. Pior ainda: ler um jornal no Brasil (ou na Europa) e descobrir que, por causa do poderoso lobby sionista, essas vítimas são descritas como os culpados da história. Isso é o mais difícil para mim.
Essa foto foi tirada por Anne Paq (annepaq.com) , durante uma outra manifestação pacifica. Os soldados israelenses lançaram tantas bombas de gás lacrimogêneo nos manifestantes e esse senhor palestino quase morre sufocado. Cheirar álcool ajuda um pouco a respirar no meio de uma nuvem de gás e como a ambulância demorou para chegar aonde estávamos (os soldados israelenses estavam atirando nas pessoas), tive que prestar os primeiros socorros a esse pobre idoso, no campo, atrás de um muro de pedras. |
Outra foto feita por Anne Paq (annepaq.com) durante uma manifestação pacífica contra a ocupação militar, na cidade palestina de Bil'in. (Você me achou na foto? Estou de óculos escuros.) As manifestações, ou todo tipo de protesto, aqui são violentamente reprimidas pelo exército israelense. Palestinos e estrangeiros caminham em cidades palestinas, armados somente de coragem, para protestar contra o roubo de suas terras pelo governo israelense. Os manifestantes são recebidos com granadas de som, bombas de gás lacrimogêneo e tiros. Centenas de pessoas foram feridas e muitas perderam a vida nessas passeatas, sem contar todos os palestinos presos por terem cometido o crime de protestar contra as injustiças das quais são vítimas. As pessoas estão cobrindo a boca e nariz para se proteger do gás lacrimogeneo, que é tão forte que pode matar (sufocamento). |
Para saber mais sobre Sandra Guimarães e sobre a Palestina, confira alguns artigos que ela já publicou na web ou então mande um email para a Sandra (noticiasdapalestina@gmail.com) para receber newsletters com informações de lá.
Fonte: Óbvio & Atual