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Burgos Cãogrino

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Líderes do Brics anunciam banco comum e posições políticas globais

16 de Julho de 2014, 9:02, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics) assinaram acordos que classificaram de “históricos”, na tarde desta terça-feira (15), em Fortaleza (CE). Os chefes de Estado e de Governo discursaram sobre alternativas ao sistema internacional, sobre questões atuais de nível global e o fortalecimento do Brics, sublinhando posições importantes para a política internacional, pontuadas na Declaração e Plano de Ação de Fortaleza.

Por Moara Crivelente

A presidenta Dilma Rousseff abriu a sessão plenária após a assinatura de quatro acordos importantes pelos líderes, pelos ministros da Fazenda e pelos presidentes dos Bancos Centrais dos cinco países: o Memorando de Entendimento para Cooperação entre as Agências Seguradoras de Crédito a Exportação dos Brics; o Acordo para Cooperação sobre Inovação dos Bancos de Desenvolvimento; o Tratado para Estabelecimento de um Arranjo Contingente de Reservas do Brics (CRA, na sigla em inglês); e o esperado Acordo sobre o Novo Banco de Desenvolvimento. 

Em seu discurso, Dilma saudou os participantes e, em especial, o povo e o governo do estado do Ceará, que acolheram a reunião, enfatizando a relevância do Nordeste, “com uma população ativa e trabalhadora,” estados com grandes reservas minerais, infraestrutura em expansão, mercado consumidor em crescimento e maior segurança hídrica.

Para a presidenta, “o Brics ganha intensidade política e reforça seu papel no cenário internacional,” o que fica plasmado em medidas para o aperfeiçoamento da arquitetura financeira global e nas prioridades do documento resultante da reunião entre os líderes, a Declaração e Plano de Ação de Fortaleza, fundado no mote da 6ª Cúpula: Crescimento inclusivo: Soluções Sustentáveis. “Nossos países estão decididos a construir uma parceria produtiva com consequências positivas para a situação mundial, a fim de enfrentar os grandes desafios,” disse Dilma.

Os líderes incluíram nos debates a cooperação no setor da ciência e tecnologia, no comercial, econômico e financeiro, no cultural e político e na formulação de alternativas para o sistema internacional com a promoção de posições propositivas e que fortaleçam a democracia internacional. Além disso, a conectividade aérea e marítima e o combate ao crime organizado internacional – narcotráfico e terrorismo – foram sublinhados.

Dilma apontou a situação econômica e financeira mundial ainda “em modesta recuperação, enquanto parte da humanidade está mergulhada numa recessão,” que empobrece e atinge direitos sociais. “Nessa conjuntura, nossos países devem se manifestar, atuar (...). Por suas populações, dimensões, peso das economias e pelas influências que exercem, não podemos ficar alheios ao que ocorre no cenário internacional,” pontuou Dilma. “Os Brics são essenciais para a prosperidade do planeta, responsáveis pela mitigação dos efeitos da crise.” 

Além disso, enfatizou a presidenta, “nossos países têm incentivado e atuado em mecanismos de integração econômica e de governança regionais,” o que explica o encontro realizado com líderes africanos quando a 5ª Cúpula ocorreu em Durban, na África do Sul, e o que se realiza nesta quarta-feira (16), em Brasília, com líderes da América do Sul. 

Os líderes estrangeiros ainda elogiaram o Brasil pela organização da Copa do Mundo 2014 e pela recepção bem-sucedida deste grande e importante evento internacional. O presidente sul-africano Jacob Zuma enfatizou: “O Brasil mostrou que um país em desenvolvimento, do sul, pode hospedar um evento como este, de forma bem sucedida.”


Assim como Dilma, que explicou o debate tido entre os chefes de Estado e Governo sobre questões atuais, desde as mudanças necessárias para um sistema internacional verdadeiramente representativo e democrático, o presidente Vladimir Putin falou do papel da Rússia e da China no Conselho de Segurança, um órgão que já não representa a realidade mundial nem favorece a busca pelo multilateralismo. A situação na Síria, na Ucrânia, no Iraque e na Palestina, ocupada e bombardeada por Israel, também foram discutidas com atenção. Entre os consensos esclarecidos estão a reafirmação de que os conflitos devem ser resolvidos através do diálogo, com base na busca por soluções sustentáveis, que dependem do engajamento de todos os envolvidos e a atuação da comunidade internacional. 

Os líderes apresentaram um consenso sobre a promoção de uma política internacional assentada na “multipolaridade transparente, democrático e eficaz”, como caracterizado por Dilma, esforço em que se insere a promoção das reformas abranges de todo o sistema internacional, em que predominam hegemonias centralizadoras. “As principais instituições de governança têm perdido representatividade e eficácia ao não se adequarem ao contexto atual”, disse a presidenta, apontando que o Conselho de Segurança não apresenta respostas, o que aprofunda a erosão da sua legitimidade e relevância. 

Dilma pontuou, porém, que o Brics não deve ser confundido “com um exercício de poder hegemônico ou de dominação, nem como contraposição” a outros países, mas como um esforço “por um sistema que queremos sempre mais justo e igualitário.”

Cooperação financeira, econômica e de desenvolvimento

O Novo Banco de Desenvolvimento garantirá o financiamento de infraestrutura nos países em desenvolvimento, com um capital inicial autorizado de US$ 100 bilhões e um capital subscrito inicial de US$ 50 bilhões, informou Dilma, igualmente distribuído entre os membros fundadores dos Brics. A primeira direção do quadro de governadores será da Rússia e a do quadro de diretores será do Brasil, enquanto o primeiro presidente será a Índia – uma vez que foram os indianos quem sugeriram, há dois anos, a criação do banco – e o primeiro escritório regional será na África do Sul, enquanto a sede será em Xangai.

Já o Arranjo Contingente de Reservas (CRA) “atesta a maturidade da cooperação entre nossos países, ao estabelecer um fundo que apoiará a economia dos Brics em caso de pressões nas balanças de pagamento, também complementando os mecanismos de crédito existentes no mundo,” disse Dilma.

O acordo para o estabelecimento do banco e das reservas reflete, para a presidenta, uma resposta às necessidades dos países do Brics e do mundo em desenvolvimento. Como apontou Dilma, o PIB desses cinco países, em termos de paridade de poder de compra, representa mais de 20% do mundial, enquanto a sua representação somada, no FMI, é de apenas 11%, o que demonstra a necessidade de reforma da instituição. Para Dilma, os Brics buscam amplificar os “resultados de políticas públicas que contemplam a prosperidade das nossas economias e de nossos povos.”


“Estamos crescendo de modo verdadeiramente inclusivo. O Brasil conduzirá o Plano de Ação de Fortaleza, como presidente de turno do Brics, em coordenação com outras nações, especialmente em nossas regiões,” disse a presidenta. “Temos um desafio à altura das expectativas de nossas sociedades: é nossa obrigação e responsabilidade buscar resultados que tenham um impacto real nas vidas dos nossos povos.” 

Para o presidente Putin, as cúpulas têm decorrido com sucessos. “Trabalhamos conjuntamente para resolver uma das questões mais relevantes da modernidade. Atingimos vários resultados importantes desde a última cúpula, atingimos nossos objetivos de curto prazo, como o banco para desenvolvimento, que vai assentar as bases para grandes mudanças macroeconômicas. Uma cooperação mais estreita entre os países dos Brics vai nos permitir realizar planos grandiosos de desenvolvimento.”

A Rússia preparou uma estratégia de cooperação internacional, com um grupo de trabalho permanente e um “mapa da rota” com vários projetos, “desde alta tecnologia até a área humanitária,” disse Putin, enfatizando na necessidade de maior associação energética dos Brics e em um banco internacional de combustível. Os países do Brics também são fonte de 36% dos recursos mundiais de matéria-prima, mercado em que deve haver cooperação. 

Os líderes do bloco enfatizaram a necessidade de crescimento econômico sustentável com reformas para um desenvolvimento inclusivo e políticas macroeconômicas sociais, redes de segurança sólidas e a promoção de crescimento quantitativo em equilíbrio com o qualitativo. O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou: “Devemos fazer uma evolução importante em relação ao CRA e para promover melhores resultados da nossa cooperação, trazendo benefícios mais tangíveis a nossas populações.”

O presidente da África do Sul Jacob Zuma pontuou também os desafios da desigualdade, do desemprego e da pobreza ainda enfrentados, mas saudou o fortalecimento dos laços de cooperação entre os países para produzir resultados tangíveis e impactos nas vidas das pessoas, para aumentar as oportunidades de comércio e para avançar em novos caminhos e melhorar as capacidades.

“A África é a região que cresce mais rápido e oferece muitas oportunidades que o Brics precisa aproveitar. Hospedamos a última cúpula; vamos transmitir os resultados deste importante encontro aos nossos povos, na África do Sul e no continente. Vamos tentar apressar os processos parlamentares para ratificar os acordos assinados aqui, o mais rápido possível”, disse Zuma.

Paz, governança global e intercâmbios culturais

O presidente Zuma também mencionou a posição dos países do Brics sobre questões prementes. “Estamos muito preocupados pelo recente escalar da violência e da insegurança, com grande perda de vidas, entre Palestina e Israel. Os Brics devem continuar a apoiar uma iniciativa urgente para trazer de volta a esta crise política uma solução negociada. Concordamos que a solução de dois Estados, de Palestina e Israel, vivendo em paz, lado a lado, é a única forma para estabilizar o Oriente Médio.”

Já Putin ressaltou a importância de maiores “contatos humanitários” entre associações juvenis, culturais e parlamentares, mencionando a proposta de criação de uma universidade virtual dos Brics, também pontuada pelo primeiro-ministro indiano e pelo presidente sul-africano em seus discursos. Putin prometeu ainda que, como próxima presidente do Brics, a Rússia se empenhará por ampliar a presença do agrupamento “na solução dos problemas mundiais.”

O recém-eleito premiê da Índia, Modi disse que a cúpula acontece em um momento crucial, de grandes desafios, mas que a cooperação entre os países do Brics continua crescendo, com esforços para “restaurar um clima de paz e estabilidade”. Para ele, os Brics devem desempenhar “um papel proativo ao modelar um discurso global de desenvolvimento”, para manter o foco em eliminar a pobreza e promover a segurança alimentar, com reformas profundas a instituições como o FMI e o Conselho de Segurança, descentralizando a discussão e levando-a à população, principalmente à juventude, incentivando a inovação e promovendo maiores contatos culturais e educacionais. “Nosso bem maior está no aprofundamento dos nossos lados”, disse o premiê.

No mesmo sentido, o presidente chinês enfatizou que os países do Brics estão “comprometidos com promover o crescimento e a governança internacional. Há cinco anos a cooperação floresceu em diversas áreas, trazendo benefícios aos nossos povos e elevando nossa cooperação. Nesses anos, temos realizado esforços conjuntos e nada disso foi impedido por montanhas ou mares entre nós.” Para Xi, a cooperação entre os Brics é um processo histórico permanente que precisa ser impulsionado. “Buscamos uma parceria mais sólida; precisamos manter o espírito da abertura, inclusive na cooperação econômica, para melhorar a economia mundial; precisamos incorporar o espírito da inclusão, aprendizagens e benefícios mútuos entre modelos de desenvolvimento em prol da democracia em termos internacionais.”

Depois da sessão plenária, Dilma ainda deu uma entrevista coletiva em que voltou a explicar, com mais detalhes, os acordos assinados nesta terça-feira e os objetivos gerais dos países do Brics, assim como a sua posição a respeito de questões pontuais, como a espionagem e a governança da Internet. A presidenta manteve o tom otimista sobre um agrupamento de alternativas construtivas, com a promoção de uma política de cooperação que busca fortalecer a democracia e a multipolaridade, com desenvolvimento e inclusão social como pontos focais.


Fonte: Vermelho



Dívida com faculdade é pesadelo nos EUA

13 de Julho de 2014, 20:14, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Por Cláudia Trevisan

O sonho da casa própria não frequenta o imaginário de Michael Persley. Aos 31 anos, ele é um dos 39 milhões de americanos que contraíram empréstimos para bancar a universidade, o tipo de financiamento que mais cresceu nos Estados Unidos na última década. Hoje, o débito estudantil supera o de cartões de créditos e os gastos com a compra de carros e é apontado como um dos fatores que seguram o ritmo de crescimento do mundo. Endividados, muitos jovens adiam o momento de criar uma família ou abandonar repúblicas para mergulhar na vida adulta, com impacto negativo sobre o mercado imobiliário.

O índice de criação de novos lares despencou depois da crise de 2008 e se mantém abaixo da média histórica, refletindo a fraca recuperação da renda, o desemprego persistente e a dívida recorde dos que concluem o ensino superior. Com o aumento das anuidades e do número de pessoas que frequentam universidades, os empréstimos a estudantes mais do que quadruplicaram entre 2004 e 2013, atingindo US$ 1,11 trilhão no primeiro trimestre de 2014. O valor só é inferior aos US$ 8,69 trilhões para o pagamento de hipotecas.

No mesmo período, o endividamento total das famílias teve expansão de 40%, para US$ 11,65 trilhões. Há dez anos, os americanos tinham US$ 690 bilhões pendurados no cartão de crédito, quase três vezes mais que os US$ 260 bilhões que possuíam em empréstimos estudantis.

Durante a crise, o único tipo de débito que cresceu foi o contraído para pagamento de universidades, que atualmente equivale a quase o dobro da dívida com cartões e a quase quatro vezes o valor devido pela aquisição de veículos. Dados oficiais indicam que 71% dos estudantes americanos saem da universidade endividados.

Persley terminará sua pós-graduação em dezembro com um débito próximo de US$ 100 mil (R$ 222 mil), dos quais US$ 35 mil custearam seu curso de Ciência Política na Universidade de Illinois, em Chicago. Quando entrou na faculdade, em 2007, a anuidade era de US$ 20 mil, valor que sua família não tinha como pagar.

“A menos que você tenha pais com muito dinheiro, não há como evitar os empréstimos estudantis”, disse o estudante ao Estado. Seu pai é leiteiro e sua mãe trabalha em uma livraria. Juntos, eles ganham cerca de US$ 40 mil (R$ 89 mil) por ano, com os quais tiveram de sustentar seis filhos.

A meio ano de concluir seus estudos, Persley não consegue vislumbrar uma existência sem dívida. “Parece que é parte da vida, como amor, amigos e família. Se tiver sorte e encontrar um bom emprego, talvez consiga pagar o débito em 10 ou 20 anos.” Só depois disso é que ele poderá pensar na possibilidade de comprar um casa, afirmou.

O impacto negativo do endividamento dos jovens sobre o mercado imobiliário está entre as preocupações do governo e do Federal Reserve (Fed, o banco central) em relação ao futuro da economia do país. A venda de imóveis residenciais cresceu abaixo do esperado em meses recentes, apesar de as estatísticas mostrarem redução do desemprego e reação da atividade econômica. No quarto trimestre de 2013, o índice de propriedade de casas atingiu o nível mais baixo em 18 anos, com 65,1%.

Além de não contraírem hipotecas, muitos dos estudantes ou ex-estudantes endividados continuam a viver em repúblicas, o que deprime o número de formação de novas residências, com impacto negativo para outros setores da economia. Persley divide um apartamento com quatro pessoas em Washington e não sabe quando será capaz de morar sozinho.

Pendurado

Lex Sonne, de 32 anos, também mora com amigos. Com graduação em Inglês e pós em Escrita Criativa, ele contraiu uma dívida de US$ 70 mil em empréstimos estudantis, cujo pagamento vem adiando desde 2008, quando saiu da universidade. Pelos seus cálculos, o débito está próximo de US$ 80 mil e ele não tem a menor ideia de como vai pagá-lo. Tanto Persley quanto Sonne têm dívidas superiores às da maioria das 39 milhões de pessoas que obtiveram créditos para o ensino superior. Segundo dados oficiais, o valor médio dos débitos é de US$ 29,4 mil.

A maioria dos financiamentos é garantida pelo governo federal. Nesses casos, os estudantes só começam a pagar o débito depois de se formarem. Em tese, a primeira parcela deve ser desembolsada em até um ano do fim da universidade. Mas, se o devedor não tem bens nem um salário pago de maneira formal por um empregador, as opções do credor para recuperar o dinheiro são limitadas. Esse é o caso de Sonne, que não é dono de imóveis e trabalha como freelancer.


Fonte: Yahoo
Imagens: Google



A Voz da Maioria Silenciada

13 de Julho de 2014, 10:24, por Desconhecido - 0sem comentários ainda






Fonte: DocVerdade



Uma obra de arte subversiva

9 de Julho de 2014, 11:33, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Você mesmo é o Professor,
o aluno,
Você é o Mestre,
Você é o guru,
Você é o líder,
Você é Tudo

Jiddu Krishnamurti

Apenas a Verdade é revolucionária

A renúncia e a resignação são a fonte da sua desgraça
A mulher e as crianças são as principais vítimas deste Sistema de Escravidão:
Foram simplesmente reduzidas a mercadoria.


O Poder não é para ser conquistado, é para ser destruído!





A servidão moderna é um livro e um documentário de 52 minutos produzidos de maneira completamente independente; o livro (e o DVD contido) é distribuído gratuitamente em certos lugares alternativos na França e na América latina. O texto foi escrito na Jamaica em outubro de 2007 e o documentário foi finalizado na Colômbia em maio de 2009. Ele existe nas versões francesa, inglesa e espanhola. O filme foi elaborado a partir de imagens desviadas, essencialmente oriundas de filmes de ficção e de documentários.

  O objetivo principal deste filme é de por em dia a condição do escravo moderno dentro do sistema totalitário mercante e de evidenciar as formas de mistificação que ocultam esta condição subserviente. Ele foi feito com o único objetivo de ATACAR DE FRENTE A ORGANIZAÇÂO DOMINANTE DO MUNDO. Não devemos deixar que o inimigo nos vença, as antigas discussões de capela no campo revolucionário devem, com toda nossa ajuda, deixar lugar à unidade de ação. Deve-se duvidar de tudo, até mesmo da dúvida.

"Toda verdade passa por três estágios.
No primeiro, ela é ridicularizada.
No segundo, é rejeitada com violência.
No terceiro, é aceita como evidente por si própria."

Schopenhauer










Estados Unidos, longe da independência energética

8 de Julho de 2014, 23:47, por Desconhecido - 0sem comentários ainda





Por ATILIO A. BORON*

Tal como vários na América Latina vêm dizendo há ao menos dois anos, uma matéria do jornalista especializado Louis Sahagun, publicada em 20 de maio por Los Angeles times (http://www.latimes.com/business/la-fi-oil-20140521-story.html) afirma que “em 2011 uma empresa independente contratada por Washington (trata-se de uma consultora de engenharia, Intek, com sede na Virgínia) fez uma errônea estimativa do petróleo tecnicamente recuperável da maior jazida de xisto betuminoso do país, localizada em Monterrey, Califórnia, que continha aproximadamente dois terços das reservas de petróleo de xisto da nação.

Segundo aquela estimativa, poderia se obter uns 13,7 bilhões de barris de petróleo. No entanto, um relatório recente assegura que a quantidade não é maior do que 600 milhões de barris, ou seja, uma quantidade 96% menor do que esperado (e que, como ressalta a publicação especializada Business Insider, equivale às reservas totais de petróleo da Bolívia). “Essa errônea estimativa de 2011” – segue dizendo o diário – “havia sido qualificada como a esperança para reduzir a necessidade do país em relação às importações de petróleo do estrangeiro”.

A quantidade que agora informa a EIA (Agência de Informações de Energia dos Estados Unidos, dependente do Departamento de Energia do governo federal) é insignificante se levar em conta que “só poderia cobrir as necessidades energéticas dos Estados Unidos correspondentes a 33 dias”.

Para dizer o mínimo: toda essa história foi uma fantasia estatística, fruto do desespero de Washington para conseguir sua tão esperada independência energética combinada com a fenomenal inaptidão de quem elaborou as estimativas iniciais e, por que não, os interesses corruptos de alguns grandes consórcios da indústria – conivente com as construtoras de outrora – interessados em facilitar a realização das operações especulativas no mercado petroleiro mundial. A independência energética dos Estados Unidos, que muitos acreditavam estar na esquina, atuou como um freio sobre o preço do petróleo, fez possíveis aquisições baratas de ativos petroleiros no exterior, desvalorizados diante das perspectivas abertas pelo relatório citado e se prestou a todo tipo de especulação. Mas agora a festa acabou. Assim como declara J. David Hughes, um geólogo porta-voz do Post Carbon Institute, o xisto de Monterrey “sempre foi um mito lendário cuja importância foi inflada pela indústria petroleira – nunca existiu”.


A íntima relação que o capitalismo atual estabeleceu entre petróleo, política e guerra permite extrair quatro conclusões preliminares.

Primeiro, que a dependência energética dos Estados Unidos continuará sendo muito elevada, e talvez crescente em função da evolução da demanda doméstica, e que isto reforçará as tendências belicistas do império para tratar de assegurar a obtenção do petróleo que necessita por qualquer meio, a qualquer preço e em qualquer lugar. Não esquecer que desde o século vinte as intervenções militares dos Estados Unidos em três países tiveram como causas fundamentais o petróleo e as presentes ameaças à “segurança nacional” plantada por governos que não estavam dispostos a sacrificar a autodeterminação nacional.



Segundo, que os planos para destruir a OPEP – um objetivo altamente acariciado por Washington desde 1973 – a partir do auto-abastecimento petroleiro – terão de ser arquivados por muito tempo, talvez definitivamente, o que constitui um duríssimo golpe para a política exterior dos Estados Unidos. A destruição da OPEP não era só um projeto econômico, mas também político, dirigido a disciplinar os desobedientes produtores de petróleo e, especialmente, a Venezuela, cujo protagonismo no relançamento da OPEP foi decisivo no começo deste século.



Em terceiro lugar, dado o exposto, a Casa Branca redobrará sua ofensiva sediciosa sobre a Venezuela bolivariana, reforçando o apoio logístico, financeiro, organizacional e midiático aos peões em suas terras que são apresentados pela imprensa do império como uma “oposição pacífica”, quando na realidade são mercenários cuja missão é semear o caos, quebrar a ordem constitucional e provocar a queda do governo bolivariano. Fato significativo: das várias centenas de arruaceiros presos pelas autoridades, apenas 20% são estudantes, e uma proporção semelhante é formada por estrangeiros, alguns dos quais não falam castelhano. Tendo em vista as notícias publicadas pelo Los Angeles Times, é previsto um aumento da pressão desestabilizadora orquestrada por Washington.

Em quarto lugar, que as declarações enfáticas de Obama e Kerry no sentido de fornecer petróleo e gás a Ucrânia para facilitar que este país seja absorvido pela OTAN e pela União Europeia tem reduzido as intimidações sem nenhum efeito prático. Infelizmente para Washington, o petróleo e o gás se encontram cada vez mais frequentemente nos países que não estão dispostos a se ajoelhar às ordens da Casa Branca. Portanto, suas manobras econômicas operadas na Ucrânia são frágeis e distantes enquanto o petróleo e o gás permanecer nas proximidades e forem abundantes na Rússia.



*Atilio Boron é cientista político.

Traduzido por Daniela Mouro

Fonte: Correio da Cidadania
Imagens: Google




Parlamento do MERCOSUL declara total apoio à Argentina na luta contra os fundos abutres

8 de Julho de 2014, 14:23, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Esta nova Sessão teve como assunto excludente a disputa judicial que têm a Republica Argentina com os detentores de títulos de dívida soberana desse país, pendente de reestruturação (hold-outs).

A respeito desse tema, devemos recordar os esforços que vêm realizando a República Argentina para honrar os compromissos adquiridos desde a reestruturação de sua dívida soberana nos anos de 2005 e 2010, chegando a um acordo com mais de 92% dos credores.

No entanto, a Corte Suprema dos Estados Unidos decidiu não reverter a decisão do juiz de Nova York Thomas Griesa, situação que obriga à República Argentina a cancelar a totalidade do que lhes é demandado pelos fundos abutres, ao mesmo tempo que paga aos detentores de bonos que ingressaram no câmbio da dívida externa.

Essa decisão da justiça norte-americana põe em risco, não só a resolução cooperativa de crises de dívida soberana dos Estados, senão que condiciona severamente a estabilidade e o desenvolvimento social e econômico da República Argentina.

Neste sentido, o Parlamentar brasileiro Roberto Requião iniciou seu discurso se perguntando, “que vale mais? os fundos abutres ou a soberania de uma nação?”. Com essa pergunta, Requião fez um relatório da história das pressões e as atividades dos fundos especulativos na região nos últimos 15 anos.
 
Roberto Requião

Segundo o parlamentar, “a porcentagem de 0,45% credores são fundos abutres, e são estritamente bilionários que iniciam esta guerra contra a Argentina”.

Requião recordou que o ex-presidente Néstor Kirchner, não tomou as recomendações do FMI que sempre beneficiam aos especuladores. Preferiu o caminho de refinanciar a dívida.

O parlamentar assinalou o amplo apoio que recebeu por parte dos organismos internacionais como são OEA; CELA; CEPAL; BANCO DO SUL; MERCOSUL; UNASUL; PARLAMENTO ANDINO e o PARLAMENTO Do MERCOSUL. Requião finalizou dizendo, “Somos todos argentinos nestes momentos, defender a Argentina é defender a todos nós”.
 
Alberto Couriel

Em seu turno, o parlamentar uruguaio Alberto Couriel disse que a situação que vive hoje a Argentina pode ser vivida amanhã por qualquer outro país da região ou do mundo, por isso consideramos indispensável dar nosso apoio à Argentina”.

Couriel prossegue dizendo que “nós estamos denunciando faz tempo o capitalismo financeiro, onde o financeiro predomina sobre o produtivo, onde os credores financeiros pressionam pessoas e nações para conseguir benefícios, devemos defender a Argentina porque é nos defendermos a nós mesmos”.

“A unidade latino-americana é fundamental na hora de enfrentar estes credores especulativos”, sentenciou Couriel.

Saúl Ortega

Saúl Ortega, parlamentar da Venezuela, indicou que “estamos em presença daquilo que mostra que a justiça norte-americana não é justa e livre e estamos frente a um ato de imoralidade. Por trás desta ação, se ocultam interesses de gerar situações de instabilidade social e econômica na Argentina, essa é a ingerência que os EUA aplicam na região. Por isto é que expressamos nosso apoio ao povo e ao governo argentino”.

Adolfo Mendonza

O parlamentar Adolfo Mendoza, da Bolívia, expressou que “por trás desta situação que está passando na Argentina, é um vil e canalha saqueio, isso é o que há por trás dos fundos abutres. Devemos construir a agenda da pátria grande, com pactos que nos permitam avançar em eixos comuns em termos da defesa de nossas políticas econômicas, sociais e de segurança regional”.
“Neste sentido, nossa solidariedade com o povo argentino frente a este descaro”, pronunciou Mendoza.


Por sua parte, o parlamentar argentino Guillermo Carmona, um dos impulsores da proposta de Declaração, expressou que a “Argentina tem expressado em palavras da própria presidenta a firme vontade de cumprir com suas obrigações frente a seus credores sempre que não seja afetada severamente a estabilidade e o desenvolvimento social e econômico” Carmona finalizou sua exposição dizendo que “desde a Delegação Argentina destacamos e agradecemos a solidariedade de todas as delegações que estão representadas no Parlamento do MERCOSUL, que demonstra não somente a preocupação por um tema que afeta toda nossa região senão também uma inusitada e cada vez mais firme irmandade com o povo e o governo argentino em uma situação tão delicada como esta”.

Finalmente, o Secretário de Relações Econômicas Internacionais do Ministério de Relações Exteriores e Culto da Argentina, Embaixador Carlos Bianco, agradeceu ao Parlamento do MERCOSUL pelo apoio ao povo e o governo argentino.

Logo das exposições dos parlamentares, o Parlamento do MERCOSUL aprovou por unanimidade o apoio a República Argentina. No texto da declaração, o Parlamento do MERCOSUL expressa “Sua solidariedade com o povo e governo da República Argentina e seu apoio à consecução de uma solução que não comprometa o amplo processo de reestruturação da sua dívida soberana, rejeitando o comportamento de agentes especulativos que põem em risco os acordos alcançados entre devedores e credores, afetando a estabilidade financeira global”.

Ademais, se recomenda ao Conselho do Mercado Comum (CMC) que “aprove a Declaração adotada no âmbito do Parlamento do MERCOSUL (PARLASUL) e que inste às Presidentas e Presidentes dos Estados Partes do Mercosul a liderar o processo de discussão das dívidas externas soberanas nas esferas competentes a nível mundial”, finaliza a Declaração.


Fonte: Diálogos do Sul
Imagens: Google




Evo Morales descarta debate com políticos neoliberais

7 de Julho de 2014, 11:27, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




O presidente da Bolívia, Evo Morales, descartou neste domingo (6) qualquer possibilidade de debater programas governamentais com políticos que privatizaram no passado os recursos naturais e as empresas estratégicas do Estado.

Morales questionou a autoridade e moral dos políticos que o convocaram o debate, porque entregaram as empresas do Estado quando eram autoridades em períodos neoliberais.

"Que autoridade, que moral têm para debater comigo? Eles privatizaram e deram de presente as empresas do Estado e recursos naturais às multinacionais. Que debatam com sua avó e com os que escaparam para fora da Bolívia, eu não tenho nada que debater com estes senhores", remarcou.

As declarações de Morales no departamento de Santa Cruz foram emitidas em alusão ao pedido de um debate com o líder indígena por parte do empresário e candidato presidencial Samuel Doria.

Recordou que devido à privatização do gás natural em períodos neoliberais, o Estado boliviano recebia em 2005 apenas 300 milhões de dólares de renda petroleira.

Agora, graças à nacionalização dos hidrocarbonetos, em maio de 2006, a Bolívia se beneficiará neste ano com 6 bilhões de dólares de renda petroleira.

"Esse modelo chamado neoliberal, com esse modelo quanto temos perdido, com as privatizações quanto nos roubaram e agora ainda se atrevem a dizer vou debater", questionou.

Morales sublinhou que o debate deve ser instalado com os movimentos sociais, cuja luta preservou os recursos do país e impulsionou a nacionalização dos hidrocarbonetos.



Fonte: Prensa Latina, Vermelho
Imagens: Google





Dez anos de cotas na universidade: o que mudou?

1 de Julho de 2014, 13:42, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Por Igor Carvalho

Em 1997, apenas 2,2% de pardos e 1,8% de negros, entre 18 e 24 anos cursavam ou tinham concluído um curso de graduação no Brasil. O baixo índice indicava que algo precisava ser feito. "Pessoas estavam impedidas de estudar em nosso país por sua cor de pele ou condição social. Se fazia necessário, na época, uma medida que pudesse abrir caminho para a inclusão de negros e pobres nas universidades”, lembra a pesquisadora e doutora em Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Teresa Olinda Caminha Bezerra.


A solução encontrada para que se diminuísse o déficit histórico de presença de negros e pobres nas universidades brasileiras foi a adoção de ações afirmativas por meio de reservas de vagas, que ficaram conhecidas como cotas. Porém, por todo o país, houve resistências à sua implementação.

Em 2003, a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul começou a usar fotos enviadas por estudantes para decidir quais poderiam ter acesso às vagas, que foram determinadas por uma lei aprovada pela assembleia legislativa daquele estado. O "fenótipo” exigido era composto por "lábios grossos, nariz chato e cabelo pixaim”. A ação gerou protestos de movimentos negros. Ainda na Uems, em 2004, o professor de Física Adriano Manoel dos Santos se tornou réu em um processo na Justiça do estado por racismo. Ele teria dito, na sala de aula, que a universidade deveria "nivelar por cima, e não por baixo” o ensino, fazendo alusão aos cotistas presentes na sala, entre eles o estudante Carlos Lopes dos Santos, responsável pela ação judicial.

No Rio de Janeiro, em 2004, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) anunciou que rejeitaria uma possível política de cotas. O conselho de ensino da instituição, formado por professores, alunos e funcionários rejeitou a ação afirmativa. E o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná entrou, em 2004, com um recurso na Justiça pedindo que a Universidade Federal do Paraná (UFPR) não adotasse o sistema de cotas em seu vestibular. O Judiciário paranaense freou a prática entendendo que a reserva de cotas afrontava "o princípio constitucional de isonomia e reforça práticas sociais discriminatórias.”

Já em 2012, quando a Universidade de Brasília (UnB) já havia completado oito anos de distribuição de vagas pelo sistema de cotas, o Partido Democratas (DEM) entrou com recurso no Superior Tribunal Federal contra a medida, alegando, inclusive "racismo”.

Mas a resistência às cotas não se dava somente no âmbito de conselhos das instituições ou do Judiciário, e muitas vezes se dava por meio de atitudes racistas. Durante um torneio esportivo envolvendo faculdades de Direito, em 2005, torcidas adversárias se referiam à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) como "Congo”, por sua diversidade racial. A alcunha foi adotada pelos alunos da instituição carioca, e até hoje o país africano é símbolo de suas equipes.

Após algumas universidades estaduais e federais aderirem a sistemas de cotas, os números apresentados no começo da matéria começaram a apresentar melhoras. Subiu de 2,2% para 11% a porcentagem de pardos que cursam ou concluíram um curso superior no Brasil; e de 1,8% para 8,8% de negros. Os números são do Ministério da Educação (MEC), em levantamento de 2013. Parte dos movimentos negros questiona os números, considerados "tímidos”. "Não podemos nos conformar com esses dados, são baixos ainda. Há avanços, mas estão muito longe de significar os resultados que buscamos”, afirma Douglas Belchior, do conselho geral da UneAfro e da Frente Pró Cotas Raciais.

Uerj, o motor propulsor

Em 2013, foram completados 10 anos da primeira experiência brasileira com cotas. A Uerj autorizou, no vestibular de 2002, que Pretos, Pardos e Indígenas (PPI) autodeclarados solicitassem suas vagas por meio do sistema e a distribuição das matrículas ficou assim: 20% para negros, 20% para alunos de escola pública e 5% para portadores de necessidades especiais. Em 2007, o governador Sérgio Cabral determinou que no percentual de 5% deveriam ser inseridos os filhos de policiais, bombeiros e agentes penitenciários mortos.

De 2003 a 2012, já ingressaram na Uerj, pelo sistema de cotas, 8.759 estudantes. Destes, 4.146 são negros autodeclarados, outros 4.484 usaram o critério de renda, enquanto 129 pelo percentual de portadores de deficiência, índios. "O desempenho da UERJ é excelente. Os cotistas derrubaram o mito de que o nível cairia nos cursos, o desempenho deles é ótimo”, elogia Teresa Olinda Caminha Bezerra, que produziu, em parceria com o professor de Administração Pública, também da UFF, Cláudio Gurgel, o artigo "A política pública de cotas nas universidades, desempenho acadêmico e inclusão social”, de agosto de 2011.

Neste estudo, Teresa e Gurgel ajudam a derrubar um dos mitos do discurso anti-cotas. Dos 32 cursos oferecidos pela UERJ, seis são analisados no artigo, todos da turma ingressante no ano de 2006, e apontam para uma equivalência de notas no desempenho entre cotistas e não-cotistas, que contrapõe os valores alcançados no vestibular. No curso de Administração, os cotistas tiveram uma média de 30,48 pontos no vestibular, contra 56,02 dos não cotistas, quase o dobro de diferença. Porém, o desempenho durante o curso mostra um crescimento no rendimento dos cotistas, que chegam à média de 8,077 contra 8,044 dos não cotistas.


A superação demonstrada pelos alunos cotistas é considerada "espetacular” por Teresa. "Eles rompem barreiras como preconceito e o histórico de ensino precário, mostrando que esse mito do ‘nível’ é apenas isso, um mito, sem qualquer base cientifica que se justifique.” Outro preceito desmentido no estudo é o da evasão (ver tabela abaixo), o que configuraria um "fracasso escolar”, nas palavras de Teresa e Gurgel. Nos seis cursos avaliados, a evasão de não cotistas é sempre maior.

 

Hoje, 10 anos depois da experiência da Uerj, 32 das 38 universidades estaduais já adotaram modelos de ações afirmativas. No princípio, leis estaduais obrigavam as instituições a oferecem cotas, caminho seguido por 16 delas. Porém, com o passar do tempo, a outra metade das adesões foi espontânea, se dando por meio de resoluções dos conselhos universitários.

Alckmin e as "ilhas do privilégio branco”

Entre as 32 instituições que tem ações afirmativas há uma divisão importante. Enquanto 30 delas se utilizam do modelo de cotas para a inclusão de negros, alunos de escolas públicas e portadores de deficiência, somente a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) optaram pelo sistema de bônus.

O formato é criticado por especialistas e movimentos sociais. "O bônus é horrível porque não reserva vagas, não estabelece uma condição para que o estudante negro possa acessá-las. As alternativas que foram colocadas, do College até a atual bonificação são ineficazes, elas não reconhecem o elemento racial como fundamental para a garantia do direito ao acesso às universidades”, explica Douglas Belchior.

"Os números que eles [USP e Unicamp] mostram são autoexplicativos, é uma política equivocada. Política pública tem que ser pragmática, se ela não produz resultado, não deu certo. O bônus você pode regular para fazer diferença, mas nessas universidades não querem que se faça a diferença”, afirma o cientista político do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Uerj e coordenador do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (Gemaa) João Feres Júnior.

Na USP, a bonificação oferecida à alunos PPI é de apenas 5% na média. Porém, o estudante só terá acesso ao benefício se for aprovado na primeira fase do vestibular. O sistema funciona desde 2006, quando foi criado o Programa de Inclusão Social (Inclusp). Números divulgados pela USP mostram que desde 2006 o índice de ingressantes na universidade por meio do Inclusp variou entre 24% e 29%, sendo que o maior índice foi alcançado em 2009. Em 2012, último ano com dados compilados, o índice ficou em 28%.

Porém, a instituição paulista não desmembra os dados, impossibilitando que se saiba quantos negros e pardos conseguiram entrar na universidade. "A USP tenta mascarar os números, aliás os números falam o que você quiser. Os 28% apresentados pela USP são uma mentira apresentados assim. 28% quem? Quantos são negros? Em quais cursos eles ingressaram?”, pergunta Silvio de Almeida, presidente do Instituto Luiz Gama. Em matéria de junho de 2012, o jornal O Estado de S. Paulo revela que, em 2011, dos 26% de aprovados pelo Inclusp, apenas 2,8% eram negros e 10,6%, pardos, totalizando 1.409 alunos, entre os 90 mil da universidade.

Na Unicamp, o sistema de bonificação oferece 20 pontos ao candidato que se autodeclarar PPI e mais 60 para os que pedem acesso por ter baixa renda. Porém, a média de nota da universidade de Campinas é de 500 pontos, chegando a 700 pontos em cursos como o de Medicina. O resultado da política de inclusão da Unicamp é um índice baixo de negros, pardos ou índios que acessaram a universidade. Desde 2003, quando o modelo foi adotado, o percentual variou entre o mínimo de 10,7% no primeiro ano e o máximo de 16% em 2005. No ano de 2013, apenas 13,2% de PPIs entraram na Unicamp.

A culpa para o fraco desempenho é do governo paulista, para Douglas Belchior. "Em São Paulo, há um interesse político, que vem de cima, de manter a USP e a Unicamp como ilhas do privilégio branco. A tropa conservadora do [governador Geraldo] Alckmin tem maioria absoluta na Alesp, onde não se consegue instalar nem mesmo uma CPI sobre o cartel do Metrô, que é um escândalo absurdo. Nas universidades, os conselhos são dominados por educadores ligados ao PSDB e ao Alckmin.” A terceira estadual de São Paulo, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) reservou pela primeira vez, em dezembro de 2013, vagas para cotistas. Foram apenas 391 vagas para negros, pardos e indígenas, do total de 7.259 disponíveis.

A Frente Pró-Cotas Raciais, de São Paulo, iniciou uma campanha com o objetivo de conseguir 200 mil assinaturas para que um Projeto de Lei de iniciativa popular seja encaminhado e votado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). No documento, o movimento pede que o estado separe 25% das vagas disponíveis nas universidades.

Sudeste inclui menos

Geraldo Alckmin (PSDB), tentou, em 2013, aprovar o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), projeto que foi massacrado por parlamentares e ativistas, que o consideravam racista, sendo derrotado nos conselhos universitários. O Pimesp propunha que os alunos aprovados no vestibular, na modalidade cotas, passassem a integrar um colégio comunitário que teria o intuito de nivelar os alunos considerados, pelo estado, mais "fracos”. Eram os chamados "colleges”.

Segundo o estudo "As políticas de ação afirmativa nas universidades estaduais”, de novembro de 2013, do Gemaa, coordenado por João Feres Júnior, a inércia paulista coopera para que a região Sudeste (16,7%) seja a que menos inclui no país, contra 40,2% do Centro-Oeste, 32,6% do Nordeste, 29% do Sul e 26,6% do Norte. "São Paulo tem estaduais gigantes que não incluem. O Rio de Janeiro tem uma estadual eficiente e que é pioneira, mas é pequena. Minas Gerais tem um sistema "vagabundo”. Voltando para São Paulo, a USP não funciona, a Unicamp também e a Unesp nunca gerou vagas. O Alckmin nunca criou uma regulamentação decente. O Sudeste, mesmo nas federais, quando aprovada a lei (leia abaixo), foi muito resistente em aceitá-la”, afirma Feres Júnior.

Silvio de Almeida lamenta que Alckmin não siga o mesmo prumo da maioria das universidades estaduais do país. "Ao se colocar numa postura de resistências às políticas de inclusão, que já se provaram eficientes, o governo paulista se coloca de maneira totalmente contrária aos interesses de uma parcela significativa de São Paulo.”

Lei obriga adesão de política de cotas nas federais

No segundo semestre de 2004, a Universidade de Brasília (UnB) foi a primeira instituição de ensino superior federal a adotar o modelo de cotas raciais como política de ação afirmativa. À época, se reservou 20% das vagas para quem se autodeclarasse como PPI.

Somente em 2012 foi aprovada a Lei 12.711, determinando que as universidades federais devem destinar 50% de suas matrículas para estudantes autodeclarados negros, pardos, indígenas – conforme definições usadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE-, de baixa renda, com rendimentos igual ou inferior a 1,5 salário mínimo per capita, e que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. O número de cotas para negros, pardos e indígenas é estipulado conforme a proporção dessa população em cada estado, segundo último Censo do IBGE, em 2010.

Dados apresentados pelo Gemma em seu estudo "O impacto da Lei 12.711 sobre as universidades federais”, de novembro de 2013, indica um crescimento no número de estudantes negros as universidades comandadas pela União. "Em 2003, pretos representavam 5,9% dos alunos e pardos 28,3%, em 2010 esses números aumentaram para 8,72% e 32,08%, respectivamente”, aponta o documento.

Antes da lei ser aprovada, 18 das 58 universidades federais do país ainda resistiam em aplicar alguma política de cotas ou bônus. Desde o vestibular de 2013, por força da legislação, todas as instituições já aderiram, ampliando o número disponível de vagas para cotistas de 140 mil para 188 mil. Silvio de Almeida, assim como a Frente Pró-Cotas Raciais, entende que a lei federal precisa ser revista, ampliando o número de vagas para cotistas. "Se vamos levar em consideração o percentual da população paulista de negros para estabelecer a quantidade de vagas, isso tem que ser feito em cima dos 100% das vagas, e não dos 50%, porque não seremos, no caso de São Paulo, 34,6% de negros na universidade, mas sim metade desse número. As demais vagas, continuarão nas mesmas mãos.”

O argumento é reforçado por Feres Junior, do Gemaa. "A Lei federal de cotas foi muito difícil de aprovar, acho que politicamente é difícil que os movimentos sociais consigam modificar esse percentual agora. Porém, eles tem razão, da forma como está, você tem um teto baixo. É claro que existem negros entrando pela ampla concorrência, mas ainda é um número tímido.”


Fonte: Adital
Imagens: Adital, Google








Relógio do Legislativo boliviano passa a girar no sentido anti-horário

27 de Junho de 2014, 11:34, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



O relógio do prédio do Legislativo em La Paz foi alterado para reforçar cultura nacional da Bolívia 
(Foto: AP Photo/Juan Karita)


Objetivo é reforçar que a Bolívia é uma nação do sul e não do norte.

Mudança foi feita na última sexta, quando começou o inverno no sul.

O relógio da fachada do edifício do Legislativo boliviano, em La Paz, foi alterado na meia-noite da última sexta-feira e passou a girar no sentido anti-horário, para reforçar que a Bolívia é uma nação do sul e não do norte, segundo afirmaram nesta terça-feira (24) ministro das Relações Exteriores, David Choquehuanca, e o presidente do Senado, Eugenio Rojas.

A numeração do relógio também foi invertida, surpreendendo quem passava pela rua e provocando o ceticismo da imprensa e nas redes sociais.


David Choquehuanca
"Não temos que complicar, simplesmente nos conscientizar que vivemos no sul. Não estamos no norte", disse Choquehuanca, que insistiu que a iniciativa, longe de pretender "causar algo a alguém", pretende revalorizar a cultura nacional.

"Quem disse que o relógio tem que girar desse lado sempre? Por que sempre temos que obedecer, por que não podemos ser criativos?", questionou o ministro boliviano.

O relógio foi invertido na últimas sexta, quando começou o inverno no hemisfério sul, explicou Rojas.

Choquehuanca revelou que na recente celebração da Cúpula dos países do G77 e a China, na Bolívia, quase todas as delegações receberam um relógio de mesa com estas características, em forma de mapa boliviano e que incluía o território litorâneo que o país perdeu em uma guerra contra o Chile em 1879.


O chanceler boliviano admitiu que a ideia não é absolutamente original porque ele ganhou um relógio de pulso com essas características em Londres, mas ressaltou que essa foi uma criação vinculada à identidade do sul.

As autoridades bolivianas devem trabalhar para aumentar essa consciência, mas não impor nenhuma mudança para as pessoas, porque o relógio anti-horário representa "uma sacudida no cérebro".

Segundo o ministro, a iniciativa está no contexto de outros avanços do reconhecimento da cultura andina, como o uso da bandeira indígena whipala, hoje um símbolo nacional reconhecido na Constituição.

Choquehuanca também citou a folha de coca, protegida pela Carta Magna, as campanhas a favor da Madre Tierra, ou Pachamama, e a revalorização da quinoa.

O chanceler boliviano ressaltou a necessidade de uma mudança de mentalidade para entender essas propostas e de estimular o funcionamento dos dois hemisférios do cérebro para entender "os relógios do sul".


Fonte: EFE
Imagens: EFE, Google




União Europeia aposta em parcerias público-privadas de guerra

26 de Junho de 2014, 21:48, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



O maná dos negócios de guerra decididos por governos e subcontratados a grupos privados cresce exponencialmente na África depois dos “bons resultados”, segundo os interessados, obtidos no Iraque e no Afeganistão. A União Europeia é uma das entidades mais ativas na criação de parcerias público-privadas de morte. 

Por Sylvie Moreira, de Paris, e Pilar Camacho, de Bruxelas para o Jornalistas sem Fronteiras

O Serviço de Ação Externa da União Europeia (SAE), ainda dirigido pela baronesa Catherine Ashton - mas que pode vir a ser tutelado pelo ministro polaco dos Negócios Estrangeiros Sikorski, um dos artífices do golpe de Estado na Ucrânia - abriu o leilão para renovação dos serviços de proteção da delegação da União Europeia em Trípoli, na Líbia.


Os serviços de proteção da delegação, tornados indispensáveis devido à situação de guerra e desmantelamento da Líbia, de que a União Europeia é uma das entidades responsáveis, têm vindo a ser desempenhados pela Argus Security Project, uma empresa privada registrada em Chipre, mas que foi fundada em 1997 na Hungria e cujos negócios floresceram com as situações de guerra nas Bálcãs.



A Argus tem “um gabinete de ligação” com a União Europeia em Bruxelas, desenvolveu uma filial na Líbia e tem missões em curso designadamente no Iêmen e no Sudão do Sul, onde “colabora com tropas internacionais”. O Sudão do Sul é o mais recente “redesenho de fronteiras” determinado pela comunidade internacional para supostamente resolver uma guerra que continua a ser travada em pleno.


Além da Argus concorrem para a proteção da delegação da União Europeia em Trípoli a canadense GardaWorld e a francesa Amarante. A GardaWorld ganhou anteriormente o “concurso” para proteção da EUBAM, a Missão da União Europeia para a Assistência de Fronteiras na Líbia, mas o processo foi contestado em recurso pela Argus. 


Sobre a “transparência e ética de tais processos”, diz-se em Bruxelas no interior do próprio Serviço de Ação Externa, “basta ver que o Conselho Europeu foi obrigado a acionar o Gabinete Anti Fraude devido a casos de desaparecimentos de armamentos nestes ambientes”. 

“Em março deste ano”, revela a mesma fonte, “foram roubadas cerca de 20 caixas de armas e munições no aeroporto de Trípoli que tinham a GardaWorld como destino. Na circunstância a empresa afirmou que se viu obrigada a comprar armas a uma concorrente britânica para desempenhar a missão de proteção da EUBAM”. A empresa parceira da GardaWorl na Líbia é a Safety International, registrada no Kuwaiy.



Para “apoiar” os cerca de mil soldados que tem vindo a instalar na República Centro Africana, a União Europeia escolheu o grupo francês EDA (Economat des Armes), de propriedade estatal mas que, por sua vez, recorre também aos serviços do grupo privado Ecolog, com registro nos Emirados Árabes Unidos (EAU). A escolha desta parceiro está a ser igualmente contestada por outros que se apresentaram a concurso como o norte-americano Supreme Group e o francês Losberger.



“Estes grupos não estão muito convencidos quanto à transparência dos resultados, porque a EDA já tem uma outra parceria com a Ecolog para ‘apoiar’ também as ‘forças de manutenção de paz’ da ONU no Mali”, explica Louis Lampard, pacifista canadense que se dedica a investigar os aspectos globais da privatização da guerra.

“As francesas Aden e Sodexho estão revoltadas com a ligação da EDA à Ecolog, tanto mais que consideram o Mali como uma zona preferencial de intervenção da França”, declara Lampard

Além da União Europeia, praticamente todas as instituições internacionais como as Nações Unidas, a NATO, a União Africana, além do caso amplamente conhecido do Pentágono, subcontratam empresas de segurança e de logística nas guerras de intervenção que vão realizando sejam sob a capa de “missões humanitárias”, sejam “outros disfarces”, afirma o investigador canadense.

Citou o caso do grupo francês de telecomunicações Thales, que neste momento transfere as suas torres de comunicações, alugadas à NATO no Afeganistão, para a República Centro-Africana, agora ao serviço da EUFOR, a Força de Reação Rápida da União Europeia.




“O grupo Thales também já está presente no Mali, ao lado da France Expertise Internationale, para apoiar as forças da Minusma, um corpo de intervenção de fato da Otan embora sob as cores das Nações Unidas, como já aconteceu anteriormente nos Bálcãs”, afirma Louis Lampard. 

“A mistura de interesses, de cumplicidades públicas e privadas e de dinheiros, tudo isto à volta de uma florescente indústria global de morte, é impressionante e creio estar ainda numa fase quase embrionária, a de eliminar gradualmente conceitos de soberania, de ética, dignidade militar e até de concorrência empresarial, cada vez mais considerados ‘anacrônicos’ e incompatíveis com o mercado livre”, considera Lampard.



Cita, como “um caso exemplar”, o que acontece na República Centro Africana, onde a NATO e a União Europeia recorrem à empresa privada francesa Gallice Security para treinar forças públicas policiais e de choque, em parceria com as Nações Unidas. O financiamento dessas operações é sustentado pelo homem de negócios Laurent Fouchet, com atividades mineiras no Congo e proprietário da Niel Telecom, com sede no Luxemburgo e que se dedica a gerir as telecomunicações “nos países emergentes e também na República Centro Africana”. A sede principal dos negócios de Fouchet é o Mônaco.



“Estão nascendo verdadeiras parcerias público privadas para exportação de guerra”, observa Louis Lampard. Exemplifica o caso da empresa privada de segurança francesa Geos, que no Afeganistão protege as torres de comunicações Thales alugadas pela Otan e que “na República Centro Africana desempenha funções de manutenção e logística para a Força de Intervenção Rápida da União Europeia, enquanto os militares deste destacamento têm como missão proteger as antenas de satélites e os materiais de telecomunicações instalados pela Geos”.



Fonte: Jornalistas sem Fronteiras, Vermelho
Imagens: Google