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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Falta ​V​isão ​E​stratégica ao​ Brasil

25 de Setembro de 2013, 4:20, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

 

Coluna Econômica - 25/9/2013


Um dos grandes problemas das políticas públicas brasileira é o da falta de continuidade. Especialmente, o da falta de continuidade dos projetos estruturantes.


Há exceções, como é o caso das políticas sociais, armadas em cima de bases conceituais sólidas.


Em outras áreas, têm continuidade os projetos sob tutela de alguma organização pública específica. É o caso da diplomacia, sob a orientação do Itamaraty. Ou da política de petróleo e gás, sob o guarda-chuva da Petrobras, com seus desdobramentos na área naval. Ou ainda as Forças Armadas e seus institutos militares -  trabalhando sem uma integração maior.


Mas, de uma maneira geral, as pressões da conjuntura é que acabam determinando as prioridades do momento.


***


Tudo isso decorre da falta de think tanks, de centros de pensamento estratégicos intrinsecamente ligados ao Estado brasileiro, sem depender dos humores do governo de plantão.


Nos anos 90, apenas a Escola Superior de Guerra arriscava discutir estrategicamente o país, mas ainda dentro da visão compartimentalizada e autárquica tradicionais. Houve alguns ensaios com o Plano de Integração Competitiva, desenvolvido por Julio Mourão no BNDES e que serviu de bússola para as tentativas de abertura programada do governo Collor - atropeladas pela política cambial inaugurada com o Plano Real.


***


Depois disso, pouco se avançou. No governo Lula, o presidente incumbiu Luiz Gushiken de montar estudos prospectivos, no âmbito da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos (SAE).


Montou-se o Brasil em 3 Tempos, uma tentativa de think tank aberto, utilizando a melhor metodologia de planejamento estratégico.


Não vingou. A discussão ficou restrita a especialistas, sem jamais chegar a uma opinião pública ampliada e - pior - sem jamais se ligar ao dia a dia da administração pública.


***


Seguiu-se o período Roberto Mangabeira Unger, que adotou um outro estilo. 


Garimpava os projetos inovadores na administração pública e tratava de lhes dar publicidade. Com essa atuação, ajudou a desengavetar muitos projetos ambiciosos.


Saiu Mangabeira, interrompeu-se essa atuação.


Seguiu-se um período em que a SAE limitou-se aos estudos do IPEA - dirigidos por Márcio Pochmann, a melhor cabeça prospectiva do PT.


Depois, passou para o político fluminense Moreira Franco e, agora, com o professor da FGV Marcelo Nery.


Trata-se de um intelectual respeitado, que se tornou um dos melhores avalistas do Bolsa Família - especialmente junto ao pensamento mais conservador da FGV-Rio.


Na SAE, Nery prosseguiu em seus estudos sobre a nova classe média, os novos hábitos. São relevantes, mas não são assuntos estratégicos. No máximo, são insumos para a definição desse pensamento estratégico.


Sem ele, a visão de futuro do governo Dilma fica restrito ao pensamento de Dilma. Se ela sair amanhã, o pensamento vai com ela.


Além disso, o pensamento Dilma focaliza a logística, a educação e/ou inclusão social e a inovação. O país é mais complexo que isso. Mas não há as linhas-mestras de uma visão estratégica integrada para completar sua visão de futuro.


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A ​N​ova ​L​inguagem do ​J​ornalismo

24 de Setembro de 2013, 7:40, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

 

Coluna Econômica - 24/9/2013


No domingo fui a um evento sobre mídia alternativa, no qual um dos expositores era da chamada Mídia Ninja - a rede montada na Internet para transmissão de eventos utilizando a tecnologia do celular.


Cada vez mais reforça a convicção de que as manifestações de junho passado - as passeatas mobilizadas pelas redes sociais - serão reconhecidas futuramente como um marco na história das mídias e do chamado mercado de opinião.


***


O rapaz contou como um dos Ninja foi preso pela PM do Rio de Janeiro, acusado de atirar coquetéis Molotov na passeata, acusação endossada pelo próprio Jornal Nacional. Houve convocação geral para que manifestantes enviassem vídeos que comprovassem a inocência do Ninja. Imediatamente despencaram dezenas de e-mails com vídeos acoplados. Um advogado da OAB levou a um juiz de direito que ordenou a libertação imediata do Ninja. Na edição seguinte o JN corrigiu a notícia e chamou a atenção para o fenômeno dos agentes policiais infiltrados.


Em outro episódio, um Ninja flagrou policiais civis espancando uma moça encapuçada. Os vídeos foram levados até a delegacia e o delegado ordenou a detenção imediata dos agressores.


***


Na época, críticos das boas maneiras jornalísticas apontaram o pouco acabamento dos vídeos, em comparação com o apuro técnico das transmissões profissionais. Criticaram a linguagem tosca, a falta do lide (a abertura ou "cabeça" das matérias), a prolixidade da cobertura.


Não entenderam nada.


***


Nada contra o apuro, o acabamento, a estética das transmissões profissionais. Mas equipararam o produto notícia ao produto show e, com isso, houve uma perda da credibilidade jornalística junto a públicos mais bem informados, sem saber diferenciar a dramaturgia da notícia.


É um padrão repetitivo. Reparem em transmissões ao vivo do comportamento da torcida em jogos de futebol. A câmera fecha no repórter. Aí,  se volta para os torcedores e eles, do nada, começam a gritar o nome do seu time. Qual a diferença dos programas de auditórios, nos quais há o coordenador de público com cartazes mandando aplaudir, vaiar ou ficar quieto?


Ou o close nos olhos do entrevistado, quando se emociona.


Em uma das passeatas, um dos Ninja flagrou um técnico da Globo colocando um cartaz político contra a corrupção nas mãos de um manifestante ébrio. Foi desmascarado. Provavelmente não havia intenção política, mas apenas a de conferir à reportagem a cena que - imaginava-se - mas atrairia os telespectadores.


Em qualquer caso, há a constante manipulação dos fatos.


***


A nova linguagem não deve ser vista como mera questão de acabamento, mas de uma mudança radical na estética, no discurso e no modo de fazer jornalismo. Representa um retorno ao documentarismo de velhos tempos, nos quais o ponto central era a notícia crua, sem o chantily do roteiro prévio, dos personagens ensaiados.


***


O que aconteceu até agora é ilustrativo dos fenômenos paralelos que ocorrem na mídia, à medida em que uma nova tecnologia disruptiva - a Internet - vai se consolidando.


Há um fenômeno de criatividade extraordinário, no qual mergulham novos desenvolvedores, novos modelos de reportagem escrita e televisiva, novas formas de expressão.

 

O novo já nasceu.

 


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Porque o Bolsa Família é ​I​mportante

23 de Setembro de 2013, 9:39, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

Coluna Econômica - 23/9/2013


Já tinha alguns anos de jornalismo, o país começava a lutar pela redemocratização, fui entrevistar Abraham Lowenthal, um dos pensadores do Partido Democrata norte-americano e estudioso da América Latina.


Na época, nós, jornalistas econômicos, estávamos empenhadíssimos em convencer o meio empresarial de que a democracia era um "bom negócio". Fiz uma série de perguntas sobre a importância da democracia para a economia.


A resposta de Lowenthall me derrubou. "A democracia é importante porque é importante. Não precisa de justificativas econômicas".


***


Saindo de Macapá, depois de uma palestra para coordenadores do Sebrae de todo o país, me vali do ensinamento de Lowenthal.


Um dos temas debatidos foi o Bolsa Família.


Um dos coordenadores apontou os benefícios que o BF trouxe a inúmeras regiões estagnadas do seu estado.


Primeiro veio o novo consumo, por meio do BF e da Previdência Social. Em seguida, vieram os novos empreendimentos. Com eles, novos empregos. E a região ganhou vida própria. No país todo, a melhoria de renda gerou um mercado de consumo fantástico.


Outro coordenador tinha visão diferente. Sua percepção era a de que as mães pobres passaram a ter mais filhos, para aumentar a Bolsa; as famílias fugiram para as cidades, sobrecarregando os serviços públicos; e diminuiu a propensão de todos para o trabalho.


***


Com o BF houve redução da natalidade e da mortalidade infantil. Mesmo reduzindo a mortalidade infantil, houve redução dos filhos. Ou seja, o BF exerceu um papel civilizador, ao permitir às mães planejar, e impedindo as crianças de morrer.


As estatísticas mostram, também, número crescente de beneficiários do BF pedindo desligamento, depois de conseguir renda suficiente. Mas é óbvio que, com o BF e a Previdência, os jovens passaram a entrar mais tarde no mercado de trabalho e houve uma queda na oferta de mão de obra para empregos de baixíssima remuneração.


Os dois fatos se refletiram em toda estrutura de emprego, provocando um efeito cascata de aumento do salário real.


Já as cidades mais pobres, especialmente no Nordeste, receberam mais famílias pela relevante razão de que os caraminguás do BF deram condições a elas de permanecer na sua região, mesmo enfrentando uma das maiores secas da história. Obviamente, com a seca, procuraram as cidades.


***


Aí se entram em desdobramentos que nada têm a ver com o BF.


Um deles é o aumento do salário real, bom para o consumo, ruim para a estrutura de custos das empresas. O caminho são reformas e melhorias de gestão que signifiquem um choque de produtividade.


O segundo problema é que, nas regiões mais pobres, aumentou a renda das pessoas mas não a receita dos municípios - contribuiu para isso a imprudente política de desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).


Mais uma vez, nada tem a ver com o BF.


No final do encontro, sugeri aos ouvintes que criticassem a Fazenda, o Tesouro, a Receita, o Ministério das Cidades, mas não o Bolsa Família. Se houver um céu no serviço público, seus criadores ganharam o assento eterno.


Lembrando Lowenthall: o Bolsa Família é importante porque acabou com a fome de milhões de brasileiros. E basta.

 


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O ​P​etróleo ​C​omo ​A​lavanca da ​I​ndustrialização

20 de Setembro de 2013, 12:58, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

 

Coluna Econômica - 20/9/2013

Toda decisão econômica ou política tem prós e contra. E deve ser analisado pelo que se propõe.

Digo isso a propósito das críticas ao chamado conteúdo nacional nas plataformas marítimas e na exploração do pré-sal, especialmente à luz do leilão dos campos de Libra.

Há um dado negativo: até se completar a curva de aprendizado, o custo das plataformas será levemente maior, já que existem parâmetros máximos de preço para a substituição do importado pelo nacional.

Há um positivo: o fortalecimento das empresas, do emprego e da tecnologia nacional.

***

Todas as grandes potencias modernas – da Inglaterra do século 18 à China do século 21 – se formaram trilhando o caminho da industrialização, através de estratégias utilizando o poder de compra do Estado, ou do mercado interno, para atrair tecnologia ganhar autonomia tecnológica e consolidar a estrutura industrial do país.

***

Mais importante que isso, foi a maneira como foi moldada a política industrial em torno da exploração do petróleo.

Em 1997 a ANP (Agência Nacional de Petróleo) fez um estudo sobre experiências internacionais, visando estruturar instituições com foco no desenvolvimento da cadeia local.

Espelhada nas organizações europeias, do estudo nasceu a ONIP (Organização Nacional da Indústria do Petróleo) juntando setor público (Ministério do Desenvolvimento, ANP, Finep) e setor privado (Firjan, federações de indústria etc).

***

Em 2003, em articulação com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) foi criado o Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural) visando adensar o contato com os governos estaduais, através dos fóruns regionais.

***

Há um bom histórico de empresas de médio porte que se tornaram “epecistas” (montadoras), atuando na engeharia, no fornecimento de bens e serviços e na construção.

***

Em 2012, amadureceram projetos de arranjos produtivos locais desenvolvidos em parceria com o sistema Sebrae.

O modelo de suprimento é obrigatoriamente descentralizado e, em um país continente, aparecem novos empreendimentos em áreas historicamente sem estrutura, como é o caso das refinarias do Nordestes, a refinaria de produtos de alta qualidade no Ceará e no Maranhão. O desafio consiste em criar a inteligência de suprimento para dar sustentação a esses empreendimentos.

Em Suape, há um estaleiro com grau tecnológico 4 (no mundo, o rating é de 1 a 5), Atlantico Sul, com vocação para chegar a 5. Na Bahia, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu. No Rio, o Comperje, a 40 quilômetros da cidade.  No Rio Grande do Sul, dois estaleiros no meio do nada. Em Ipatinga, Minas Gerais, um polo metal-mecânico candidato a ser base de indústria de transformação.

***

O desafio do Sebrae foi montar APLs (Arranjos Produtivos Locais) de médias empresas. No prazo de um ano – dezembro de 2012 a dezembro próximo – irá colocar no entorno desses empreendimentos 6 empresas âncora de médio porte para serviços industriais – mecânica, caldeiraria, eletricidade, controle, mecânica e serviços auxiliares.

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Essa será a maior herança deixada pelas reservas de petróleo: a montagem de uma estrutura industrial que forme fornecedores globais e garanta emprego e desenvolvimento.

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​ Depois dos ​M​édicos, a ​H​ora da ​G​estão na ​ S​aúde

19 de Setembro de 2013, 9:09, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

 

 

Coluna Econômica - 19/9/2013


Está na hora de retomar os conceitos de gestão para a área da saúde.

O país já dispõe de tecnologia de gestão, especialistas, métodos consagrados para aplicar em toda rede pública e ajudar na rede privada.

O primeiro passo é pensar prospectivamente o setor. O Brasil está envelhecendo. Essa mudança demográfica trará impactos expressivos sobre a saúde pública. Há que se desenvolver e deflagrar políticas de prevenção.

O segundo passo é ter uma visão sistêmica do setor.

É evidente que faltam médicos, médicos são essenciais e devem ser procurados onde estiverem disponíveis, seja em Cuba ou na Espanha.

Mas é evidente, igualmente, que os problemas da saúde não se resumem à falta de médicos.

***

Qual o problema da saúde? Só se saberá se buscar dados na ponta, nos usuários do sistema.

Em toda cadeia da saúde, além do Programa Saúde da Família, os dois únicos pontos de contato com os clientes são hospitais e prontos socorros. Os problemas efetivos da saúde são aqueles que impactam diretamente o universo dos usuários da saúde.

Na ponta, percebe-se falta de médicos mas, também, falta de leitos.

Pode-se melhorar a oferta de leitos através de investimentos – com recursos escassos – ou de gestão. Esta é a questão.

***

Recentemente foi feito um trabalho em dois hospitais públicos de emergência de Maceió. Doentes se acumulavam nos corredores, morrendo sem atendimento. Naqueles hospitais, portanto, o problema era falta de leitos e de atendimento.

***

Procedeu-se inicialmente a um levantamento estatístico. Mostrou que o tempo médio de permanência de cada paciente era de 12,5 dias por doente/leito. No sul, a média é de 4 dias. Trazer o número para 4 dias significaria triplicar a oferta de leitos sem nenhum investimento adicional. Mas como reduzir o prazo sem afetar o atendimento?

O segundo passo foi identificar os fatores de atraso na liberação dos pacientes.

***

Uma das razões era o fato do doente estar pronto para ser liberado mas depender da baixa dada pelo médico. Se o médico se ausentasse do hospital na sexta-feira, a alta só era concedida na segunda.

Outro fator de atraso era na documentação interna dos hospitais. Antes de liberar, o hospital precisa levantar todas as despesas efetuadas, conferir o estoque de remédios para saber se havia pendências, em procedimentos que levavam vários dias.

Em alguns casos, não aparecia um familiar para levar o paciente embora.

Em suma, uma infinidade de pequenos problemas que, somados, levavam a uma média absurda de tempo de internação.

***

Localizado o problema, foram montados indicadores para cada uma das causas e, junto com os funcionários do hospital, montado um plano de ação para resolver os problemas, um a um.

Em seis meses, a média de internação caiu para 6,5 dias. Ou seja, dobrou-se a oferta de leitos sem despender um tostão a mais de investimento e de aumento de custos operacionais.

***

Esses modelos precisam ser expandidos para todo o país.

Primeiro, a análise dos problemas na ponta do atendimento. Depois, o mapeamento de todo o modelo de saúde até chegar nos poderes públicos municipal, estadual e federal.

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