Ir para o conteúdo

redecastorphoto

Tela cheia Sugerir um artigo

Blog

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

O jogo de xadrez de Marina e Eduardo Campos

8 de Outubro de 2013, 6:58, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

Coluna Econômica - 08/10/2013

 

O jogo politico eleitoral tem tantas nuances que é impossível prever todos seus desdobramentos.


Tome-se o episódio da aliança Eduardo Campos e Marina Silva. Dependendo da forma como se enxerga, o grande derrotado é Aécio Neves. Dependendo da forma, não é.


Nas hostes de Aécio há clareza sobre dois momentos do jogo: o imediato e o futuro.

Os competidores de Dilma enfrentam dois grandes desafios: o primeiro, é garantir se haverá segundo turno; o segundo, definir quem irá para o segundo turno com Dilma.

 

***


A aliança Campos-Marina resolve o primeiro movimento. Entra os aecistas foi batizado de lance 2 x 1 -– um movimento resolvendo dois problemas de imediato.

 

O primeiro grande desafio do PSDB, agora, é garantir o segundo turno. E o segundo turno só estaria um pouco mais garantido com a presença eleitoral de Marina Silva e Eduardo Campos.


Segundo fontes próximas a Aécio, o partido chegou a tomar assinaturas para viabilizar a Rede. Considerava-se que, sem Marina, não haveria segundo turno.

 

***

 

O segundo desafio era viabilizar o próprio Eduardo Campos. Devido à proximidade de Lula com ele, temia-se que, chegando próximo à eleição e Campos não conseguindo deslanchar, Lula encontraria uma saída honrosa para ele.

 

Agora, os dois candidatos entram na disputa, reforçando a aposta no segundo turno.

***

Aí se entra no segundo tempo do jogo: Campos e Marina crescerão tanto a ponto de desbancar Aécio como líder da oposição?


A cautela mineira não permite avançar em avaliações. No meio do fato, observam, não há como separar torcida da análise fria. Pode ser que enfraqueça Aécio, pode ser que não.


***


Do lado de Lula a leitura é quase similar. Sem Campos e Marina dificilmente haveria segundo turno. Com ambos em uma chapa, poderão tirar a liderança da oposição de Aécio. Do mesmo modo que a aliança agradou os estrategistas de Aécio, pode não ter agradado aos de Lula.


Ontem, a assessoria de imprensa de Lula publicou desmentido à afirmação de um blog da velha mídia, que tenha considerado desastroso para Dilma o casamento de Campos com Marina.


***


De qualquer modo, ainda é muito cedo para qualquer avaliação mais profunda. Quem sabe, não arrisca. Como observa José Dirceu em seu blog, refletindo o mal estar geral – da situação e da oposição – com a entrevista do marqueteiro do PT à revista Época, tratando os adversários como “anões”.


“Daí a impropriedade, para se dizer o mínimo, de certas avaliações, que cheiram bravata, de que a eleição está ganha ou que a aliança muda tudo. Um pouco de humildade e realismo. Toda eleição depende da eleição. Pode parecer o óbvio, mas os últimos meses provam como a conjuntura politica e econômica muda, como questões internacionais e mesmo fatos políticos ou econômicos internos podem mudar o rumo de uma eleição”, escreveu ele.


***


O jogo mal começou.


A melhor parte do jogo será a discussão sobre o desenho de país que cada uma apresenta, os pontos de convergência e, especialmente, as novas propostas.

O país chega ao fim de um ciclo que começa com a estabilidade da economia e com a criação de um potente mercado de massas. Essa fase se completou.

Agora há que se pensar no novo tempo.


 

Os 10 posts mais comentados no blog Luis Nassif Online nesta segunda-feira (7):

1.      O pecado que Delfim Netto nunca conseguirá expiar
Em 1980, Delfim convenceu Figueiredo da necessidade de crescer; gerou a mais grave crise externa da história.

2.      O entusiasmo de Eduardo Campos com a chapa com Marina

3.      A conversa fiada de Jabor sobre Marina Silva

4.      Articuladores de Dilma avaliam aliança entre Campos e Marina

5.      Instituto Lula diz que declarações sobre Campos e Marina, atribuídas ao ex-presidente, são "fantasiosas"

6.      Espionagem faz governo rever política de adoção de software livre

7.      STF deve absolver Dirceu da acusação de formação quadrilha, prevê Barbosa

8.      A teoria das janelas quebradas na segurança pública

9.      Gay assumido, boxeador luta por título mundial

10. Protesto quer reunir um milhão de pessoas no Rio de Janeiro


Email: luisnassif@ig.com.br

Blog: www.luisnassif.com.br

Portal: www.luisnassif.com

​ 

 

 

 

 

"Todos os direitos reservados, sendo proibida
​ ​
a reprodução total ou parcial por meio impresso"

 


Visite o BLOG  ​e confira outras crônicas​

 



Uma aula de concepção partidária

8 de Outubro de 2013, 5:07, por Bertoni - 0sem comentários ainda

VEREADORES: ELEITORES VOTARAM NA ESQUERDA!

Antonio Barbosa Filho

HAIA (Países-Baixos) - Há um paradoxo entre a formação atual da Câmara Municipal de Taubaté, os partidos que representam os vereadores, e a intenção de voto dos mais de 200 mil eleitores que se expressaram nas urnas em 2012. Alguém mentiu para alguém, pois uma população considerada conservadora foi induzida a eleger pelo menos oito vereadores, num total de 19, que integram partidos de esquerda ou centro-esquerda.

Apesar de vivermos tempos de grande cinismo na Política municipal, ainda existe um conceito chamado "fidelidade partidária" que obriga os filiados a obedecerem ou, ao menos, serem coerentes com os Programas da agremiação que lhe concedeu a legenda de candidato. Não é honesto um cidadão pedir votos por um Partido, usando o número que a Justiça Eleitoral atribui a cada partido, escondendo do eleitor os princípios pelos quais deverá pautar sua conduta depois de eleito. Se o eleitor vota em alguém sem conhecer sua ideologia partidária, está sendo vítima de um estelionato: delega sua representação a alguém que poderá votar contra os objetivos daquele partido escolhido.

Quem vota num Socialista, quer ver políticas que defendam, ainda que num horizonte distante - mas sempre presente - princípios Socialistas. O mesmo vale para quem vota num democrata-cristão, num conservador, num verde, num liberal, etc. No Brasil não existe, pelo menos por enquanto, o candidato avulso, ou o partido do "eu-sòzinho", ou seja, ninguém pode candidatar-se sem estar filiado e comprometido com um programa partidário.

Assim, basta uma verificação superficial para vermos que oito dos 19 vereadores pertencem e pediram votos em nome de partidos que têm cores socialistas, comunistas, trabalhistas e ambientalistas. É um choque para quem acompanha os votos, discursos e condutas desses vereadores: alguns, evidentemente, estão traindo algum princípio programático ideológico.

Por exemplo, temos três vereadores do PSB - Partido Socialista Brasileiro: Graça, Joffre e Vidal. O que manda o Programa do PSB a todos os seus filiados? Está lá no Programa: "Socialista é a sociedade que aboliu a propriedade privada capitalista dos meios de produção, os quais passam a ser propriedade cooperativa ou coletiva dos criadores das riquezas, os trabalhadores". Documentos aprovados em congressos do PSB pregam também a conduta que seus deputados, vereadores e ocupantes de cargos no Executivo adotavam nos tempos heróicos da criação do partido (que nasceu em 1945, filho da Esquerda Democrática): "combatiam aumentos indevidos em seus salários. Tinham grande preocupação com o trato do dinheiro e bens públicos"...

Logicamente, o Código de Ética do PSB prevê punições a quem desobedecer ao Programa. E ainda no seu 9o Congresso Nacional, em 2005, o PSB decidiu: "O PSB reafirma a governabilidade e busca cabal apuração de toda e qualquer irregularidade ou desvio de conduta no poder público".

Temos também, pela primeira vez, um vereador filiado ao histórico PC do B, o Partido Comunista do Brasil. Nosso comunista na Câmara é o vereador Carbonne. Ele certamente conhece o item 2 do seu Programa: "O objetivo essencial deste Programa é a transição do capitalismo ao socialismo nas condições do Brasil e do mundo contemporâneo. (...) Com pertinácia, reformas e renovações, ao modo de cada um, China, Vietnã, Cuba, República Democrática da Coréia e Laos tiveram capacidade para resistir e manter hasteada a bandeira do Socialismo".

O PC do B de Carbonne nos ensina ainda sobre o Capitalismo: "Depois de 300 anos de existência, é um sistema esgotado historicamente, embora ainda dominante política e ideologicamente. (...) "A Humanidade sob seu domínio tem padecido enormemente. Em vez da paz, a guerra; em vez das liberdades, as ameaças constantes à democracia. Condena milhões à fome e ao desemprego".

Ainda o PC do B, para entendermos melhor os compromissos de seus membros e representantes, afirma que (o partido) "organização política da vanguarda da classe operária e do povo trabalhador, apoiada na teoria revolucionária marxista-leninista - empenha-se em conjunto com outras organizações e lideranças políticas avançadas, pela vitória do empreendimento revolucionário".

O vereador "Neneca" integra o PDT - Partido Democrático Trabalhista, fundado pelo saudoso governador Leonel Brizola, um grande brasileiro. É o único partido brasileiro que pertence à Internacional Socialista. O item 7 dos seus "Compromissos" é "a recuperação pelo povo brasileiro de todas as concessões feitas a grupos e interesses estrangeiros., lesivas ao nosso patrimônio, à economia nacional e atentatória à nossa própria soberania". E um de seus dirigentes máximos, citado no sítio oficial do PDT, diz que "aquele que se define como Trabalhista será, necessariamente, um idealista, e seu ideal é o Socialismo".

Já o PV, que tem na Câmara o vereador Jeferson Campos, "identifica-se com o ideário de esquerda no compromisso com as aspirações da grande maioria trabalhadora da população e na solidariedade com todos os setores excluídos, oprimidos e discriminados. (...) Mas não segue os cânones da esquerda tradicional, da mesma forma com que questiona a hegemonia neoliberal, duas vertentes do paradigma produtivista do século 20".

Temos ainda a atuante vereadora Pollyana, do PPS, partido que substituiu o quase secular Partido Comunista Brasileiro. Foi o partido de Luis Carlos Prestes, e um dos mais perseguidos pela ditadura civil-militar de 64-85. Embora nunca tenha apoiado a luta armada, teve seus quadros quase dizimados pela repressão da ditadura, e outros dirigentes mantidos no exílio por muitos anos. Comandado pelo neo-liberal Roberto Freire, o partido ainda se diz de esquerda.

Portanto, Taubaté tem uma boa parte de sua Câmara de Vereadores atrelada, pelo menos programaticamente, às bandeiras socialistas ou progressistas. Aliás, os dois vereadores do PT (Salvador e Vera) seguem ao máximo de suas possibilidades as diretrizes gerais do seu partido. Não me refiro ao PSDB, que seria um partido social-democrata de padrão europeu, não fosse a sua inclinação recente à direita mais extremada, especialmente pela nefasta influência de Fernando Henrique e José Serra. O PP é o partido de Maluf, e tem um vereador, Miranda, que está entre o apoio ao governo Dilma ao nível federal (tem até ministros) e o apoio incondicional ao prefeito cassado Juninho Ortiz.

Nunca é demais cobrar alguma coerência dos nossos vereadores. A menos que eles mudem os programas de seus partidos, ou embarquem de vez no PSDB dos Ortizes, boa parte deles está sendo infiel aos seus Programas, e, portanto, ao eleitor enganado que os elegeu.



Lejeune Mirhan: Proletariado ou Classe Trabalhadora?

7 de Outubro de 2013, 15:41, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

 

 

Tenho ouvido de forma generalizada dentro e fora das fileiras partidárias, o termo “classe trabalhadora”. Muitas vezes penso que os marxistas-leninistas perdemos esta batalha. E nada me convence que usa-se o termo “classe trabalhadora” por ele ser mais compreensível para as massas do que o termo “proletariado”.

 

Por Lejeune Mirhan [*]

 

Os comunistas conviveram 15 anos seguidos em uma central sindical de ideologia social-democrata. Ouvir petistas e cutistas usarem e abusarem dessa terminologia posso compreender. Mas os comunistas? De meu ponto de vista tanto nossos sindicalistas quanto nossos dirigentes partidários que usam essa terminologia ambos erram em profundidade.

 

Nosso Partido, em seu artigo 1º dos estatutos deixa claro que somos o Partido da classe operária e das massas trabalhadoras e “vanguarda consciente do proletariado”. Mas, deixemos os aspectos estatutários e formais de lado. Interessa-nos a teoria de marxista na forma como foi formulada.

 

Marx não nos deixou uma definição precisa sobre classe social. No entanto, nunca lhe passou pela cabeça que “todos os que trabalham pertenceriam à classe”. Quando ele menciona de forma clara a existência de uma classe que está chamada a levar adiante o processo revolucionário que porá fim ao sistema capitalista, ele se dirigia a um tipo especial de trabalhador.

 

Quando falamos que Marx sofreu influência de Smith é verdade. No entanto, ele despreza os aspectos idealistas da teoria econômica desse economista inglês. Quando Smith diz que “todo trabalho produz riqueza”, Marx diz que não é verdade. Nem todo trabalho produz riqueza. Só um tipo de trabalho é capaz disso: o trabalho “produtivo”. Na concepção marxista, esse sim um trabalho que acumula, que produz “mais-valia” ou “mais-valor”.

 

Dito de outra forma: nem todo trabalho enriquece os proprietários dos meios de produção. Uma costureira quando faz um vestido para si não enriquece a si própria com seu trabalho. Mesmo quando faz e vende para ganhar dinheiro com isso, mas sem tomar trabalho de terceiros, é trabalhadora de si própria e explora a si própria como exemplifica Marx (o capítulo onde muitos exemplos esclarecedores podem ser obtidos em “Produtividade do capital. Trabalho produtivo e improdutivo”, no Livro IV d’O Capital, Editora Bertrand do Brasil, páginas 384-406).

 

Para os marxistas é claro que o trabalho improdutivo é aquele que não agrega valor, não faz acumular capital para os burgueses capitalistas, estes sim pertencentes a outra classe social que vivem do lucro e são proprietários do capital. Marx estabelece uma identidade entre classe com fonte de renda. Capitalistas vivem do lucro e proletários do seu salário (Livro 3 d’O Capital).

 

No entanto, é preciso combinar um outro fator determinante para integrar a classe, pois não basta receber salário: é preciso enriquecer outrem com sua força de trabalho. Uma pessoa que tem uma empregada mensalista em sua casa não torna nem ela proletária, nem o seu empregador um membro da “burguesia capitalista”. A fonte de renda com que o empregador paga o salário da empregada é seu salário. E o trabalho dela não o enriquece todos os meses. Ao contrário. O seu gasto está na esfera das despesas e ele na prática fica sempre “mais pobre” com o gasto mensal e nunca mais rico.

 

Já ouvi muitas vezes que desempregados são proletários. Ora, a condição de um trabalhador “ser” proletário é produzir riqueza. Mas, desempregado, como ele faria a proeza de produzí-la? Quem não trabalha não pode produzir riqueza alguma. Temos ainda o trabalhador rural, camponês, dono de sua terra, pequenas glebas, agricultura familiar etc. A terra é seu próprio instrumento de trabalho e sua força de trabalho não acumula riqueza para nenhum burguês. Simples assim. Por fim, os servidores públicos. Basta que perguntemos a que classe social o seu trabalho enriquece? Podem ser assalariados, mesmo terem jornadas estafantes, receberem pouco, mas isso jamais os tornarão trabalhadores produtivos, produtores de “mais-valor”.

 

A generalidade com que sindicalistas e dirigentes partidários usam o termo “classe trabalhadora” é impressionante. Chega a ser smithiniana essa concepção. Pertenceriam à “classe” todos os que trabalham e são assalariados. Um erro crasso, neste caso, tanto para sindicalistas, em especial dirigentes de centrais sindicais, quanto para dirigentes partidários.

 

Quando um dirigente de central sindical fala genericamente “classe trabalhadora”, ele erra na verdade porque ele deve se dirigir a todos os trabalhadores e não somente “à classe”. E erram mais profundamente nossos dirigentes partidários que usam “classe trabalhadora”, porque estes sim devem se dirigir não a todos trabalhadores, mas à classe do proletariado. Vejam este discurso: “a classe trabalhadora brasileira é atualmente explorada e trabalha demais”. Que erro teria se escrevêssemos: “os trabalhadores brasileiros são explorados e trabalham demais”. A segunda frase é absolutamente precisa, pois todos trabalham demais e são explorados. Não só os “que pertencem à classe”.

 

É claro que nosso Partido deve estar de braços abertos a todos os trabalhadores, sejam eles proletários ou não proletários, trabalhadores produtivos ou improdutivos. No entanto, a prioridade absoluta do Partido do Proletariado deve ser a classe, aqueles operários produtivos e proletários do setor de serviços, como metalúrgicos; químicos; trabalhadores da alimentação; construção civil; têxteis; urbanitários; condutores; trabalhadores em comunicação; trabalhadores em saúde (privada); trabalhadores em hotelaria; trabalhadores em telecomunicação; trabalhadores em educação (privada); trabalhadores em bares e restaurantes.

 

As contradições centrais nas relações de trabalho seguem cada dia mais claras, visíveis. A produção é coletiva e a apropriação do lucro do trabalho é privada. Foi a forma como Marx mostrou as contradições do sistema capitalista.

 

Se o PCdoB acredita nisso – e não tenho dúvida que continua a acreditar – é preciso que alteremos nossa ação política e sindical e cresçamos de forma vigorosa e consistente no proletariado brasileiro. Que voltemos a usar de forma orgulhosa e com todo o convencimento, o termo “proletário” e não mais “classe trabalhadora”. Estou seguro que isso não é apenas uma questão semântica ou “de facilitar a comunicação com as massas” (sic).

 

[*]Lejeune Mirhan é membro do Comitê Municipal do PCdoB de Campinas.



MILICANALHAS: “Quando os DÓLARES falam mais alto”

6 de Outubro de 2013, 6:56, por Castor Filho - 0sem comentários ainda
Jango e seu "amigo" MILICANALHA Amaury Kruel

Publicado em 03/10/2013 por [*] Mário Augusto Jakobskind

 

Engana-se quem pensa que já se conhecem todos os fatos relacionados com o golpe civil militar de 1964 que derrubou o Presidente constitucional João Goulart. Nos últimos meses, graças ao trabalho das Comissões da Verdade, sejam estaduais ou a Nacional, muito fato novo vem sendo divulgado.

 

Mas um fato desta semana, protagonizado por João Vicente Goulart, ao ouvir uma denúncia do então Major do Exército, Erimá Pinheiro Moreira, poderá mudar o entendimento de muita gente sobre a ocorrência mais negativa da história recente brasileira. O alerta tem endereço certo, ou seja, aqueles que ainda imaginam terem os golpistas civis e militares agido por idealismo ou algo do gênero.

 

O Major farmacêutico em questão, hoje anistiado como Coronel, servia em São Paulo em 31 de março de 1964 sob as ordens do então comandante IIº Exército, General Amaury Kruel (foto com Jango). Na manhã daquele dia, Kruel dizia em alto e bom som que resistiria aos golpistas, mas em pouco tempo mudou de posição. E qual foi o motivo de o general, que era amigo do Presidente Jango Goulart, ter mudado de posição assim tão de repente, não mais que de repente?

 

Mineiro de Alvinópolis, Erimá Moreira, hoje com 94 anos, e há muito com o fato ocorrido naquele dia trágico atravessado na garganta, decidiu contar em detalhes o que aconteceu. O militar, que era também proprietário de um laboratório farmacêutico e posteriormente convidado a assumir a direção de um hospital, foi procurado por Kruel no hospital. Naquele encontro, o general garantiu ao major que Jango não seria derrubado e que o IIº Exército garantiria a vida do Presidente da República.

 

Pois bem, as 2 da tarde Erimá foi procurado por um emissário de Kruel de nome Ascoli de Oliveira dizendo que o general queria se reunir com um pessoal fora das dependências do IIº Exército. Erimá indicou então o espaço do laboratório localizado na esquina da Avenida Aclimação, local que hoje é a sede de uma escola particular de São Paulo. Pouco tempo depois apareceu o próprio comandante do IIº Exército, que antes de se dirigir a uma sala onde receberia os visitantes pediu ao então major que aguardasse a chegada do grupo.

 

Erimá Moreira ficou aguardando até que apareceram quatro pessoas, um deles o presidente interino da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), de nome Raphael de Souza Noschese, este já conhecido do major. Três dos visitantes carregavam duas maletas grandes cada um. Erimá, por questão de segurança, porque temia que pudessem estar carregando explosivos ou armas, mandou abrir as maletas e viu uma grande quantidade de notas de dólares. Terminada a reunião foi pedida que a equipe do major levasse as maletas até o porta-malas do carro de Amaury Kruel, o que foi feito.

 

De manhã cedo, por volta das 6,30 da manhã, Erimá Moreira conta que mais ou menos uma hora e meia depois da chegada no laboratório ligou o rádio de pilha para ouvir o discurso do comandante do IIº Exército. Moreira disse que levou um susto quando ouviu Kruel dizer que:

 

(...) se o Presidente da República não demitisse os comunistas do governo ficaria ao lado da “revolução”.

 

Erimá Moreira então associou o que tinha acontecido no dia anterior com a mudança de postura do Kruel e falou para si mesmo:

 

(...) pelo amor de Deus será que ajudei o Kruel a derrubar o Presidente da República?

 

Ainda ouvindo o discurso de Kruel, conta Erimá, chegaram uns praças para avisar que tinha uma reunião marcada com o general no QG do IIº Exército.

 

Na reunião, vários militares, alguns comandantes de unidades, eram perguntados se apoiavam Kruel.

 

(...) eu não aceitei e pedi para ser transferido.

 

Indignado, Erimá Moreira dirigiu-se a um coronel do staff do comandante do IIº Exército para perguntar se o general Kruel não tinha recebido todo aquele dinheiro para garantir a vida do Presidente:

 

Me transfiram daqui, que com o Kruel no comando eu não fico.

 

Aí então – prossegue Erimá Moreira – me colocaram de férias para eu esfriar a cabeça. Na volta das férias, depois de um mês, fiquei sabendo pelo jornal que o Kruel havia me cassado.

 

A partir de então o Major e a família passaram maus momentos com os vizinhos dizendo à minha mulher que era casada com um comunista.

 

Naquela época, quem fosse preso ou cassado era considerado comunista.

 

Algum tempo depois contei esta história que estou contando agora ao General Carlos Luis Guedes, meu amigo desde quando servimos em unidades militares em São João del Rey. Fiz um relatório por escrito e com firma reconhecida. O General Guedes tirou xerox e levou o relato para a mesa do Kruel. Em menos de 24 horas o Kruel pediu para ira para a Reserva. Fiquei sabendo que com o milhão de dólares que recebeu do governo dos Estados Unidos comprou duas fazendas na Bahia.

 

Ao finalizar o relato, o hoje Coronel Erimá Moreira mostrou-se aliviado e ao ser perguntado se autorizava a divulgação desse depoimento, ele respondeu que:

 

(...) não tem problema nenhum.

 

Nesse sentido, sugerimos aos editores de todas as mídias que procurem o Coronel Erimá Pinheiro Moreira para ouvir dele próprio o que foi contado neste espaço.

 

Sugerimos em especial aos editores de O Globo, periódico que recentemente fez uma autocrítica por ter apoiado o golpe de 64, que elaborem matéria com o militar que reside em São Paulo.

___________________________


[*] Mário Augusto Jakobskind é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE.



O ​C​onteúdo ​N​acional no ​P​ré-​S​al

2 de Outubro de 2013, 12:14, por Castor Filho - 0sem comentários ainda

Coluna Econômica - 02/10/2013

 

O sistema de produção em águas profundas obrigará as indústrias nacionais a inovações na área de materiais, nanotecnologia que se irrigarão para diversos outros setores, podendo revitalizar parque industrial defasado tecnologicamente.

Recentemente, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) fez um levantamento de capacitação industrial e tecnológica do parque industrial brasileiro. Observou, logicamente, um mercado em plena explosão, conforme explicou o professor da UFRJ Adilson de Oliveira, mas pouco dinâmico no ramo das inovações tecnológicas..

Segundo Adilson, se a empresa brasileira sentar nas tecnologias atuais, será açambarcado por fornecedores de fora.

***

O seminário “Como ser um fornecedor da cadeia do petróleo”, do projeto Brasilianas, identificou as causas dessa inação.


A primeira, a política de preços de combustíveis, trazendo incertezas de que os planos de investimento da Petrobras serão cumpridas no prazo certo. Algumas empresas apostaram e saíram na frente. Acabaram ficando em dificuldades.

***

Há um segundo problema. Desde a crise externa dos anos 90, a montagem das plataformas e navios são terceirizadas para os chamados “epecistas”- escritórios especializados. Para impedir que trouxessem seus próprios fornecedores, a ANP (Agência Nacional de Petróleo) definiu o chamado conteúdo nacional – um mínimo a ser adquirido no país.

***

Até a sétima rodada de licitação de petróleo, em 2005, entravam nessa conta até obras de engenharia, terraplanagem etc. Depois disso, a ANP passou a analisar as peças industriais individualmente.

Mas permaneceram outras distorções.

A prova do conteúdo nacional era dada pelas notas fiscais de máquinas vendidas através do Finame (linha de crédito do BNDES para venda de máquinas nacionais). Nessas notas, as máquinas saíam como se fossem 100% brasileiras, mesmo que tivessem apenas 60% de conteúdo nacional.

Hoje existem empresas especializadas em avaliar o conteúdo nacional. Pelo ritmo de produção, efeitos positivos serão sentidos só dentro de alguns anos.


Permanecem outras distorções.


O que eles fazem é pegar os insumos externos, calcular o percentual sobre o preço final do produto. A diferença passa a ser considerada conteúdo nacional. Ocorre que no preço final do produto entram o lucro da empresa, os tributos, os juros pagos.


Digamos uma empresa cujo custo de produção seja 100. E tenha 40 de insumos importados. O conteúdo nacional será, portanto, de 60%. Mas sobre o custo final acrescentam-se, digamos, 40% de impostos, 8% de juros e 15% de lucro. No total, o preço final irá para 173. Os 40 de insumos importados passam a representar apenas 23% do preço final. E o conteúdo nacional considerado cai de 40 para 23.


***


Além disso, as “epecistas” acabam manobrando para as peças mais sensíveis serem adquiridas no exterior. E a produção brasileira é penalizada pelo Repetro, que criou regimes especiais de isenção para uma série de produtos. Os importados chegam com a isenção do Imposto de Importação – que é federal. Mas os nacionais continuam pagando ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que é estadual. Cria uma desvantagem invencível.


Um grande desafio seria investir na montagem de empresas de projeto nacionais e recuperar o comando do poder de compra.


Email: luisnassif@ig.com.br

Blog: www.luisnassif.com.br

Portal: www.luisnassif.com

 

"Todos os direitos reservados, sendo proibida
​ ​
a reprodução total ou parcial por meio impresso"


Visite o BLOG  
e confira outras crônicas​