Ir para o conteúdo
ou

Thin logo

 Voltar a Viva Marabá Carajás Brasil
Tela cheia

A barbárie no ar

17 de Outubro de 2015, 11:22 , por carlos alberto marins da silva - | No one following this article yet.
Visualizado 399 vezes

Nossa opinião (editorial do síntese em ação)

As tvs brasileiras e o estímulo à violência
Na semana que discutimos a democratização das comunicações/ vemos o quanto a rádio e a televisão brasileira são estimuladores da violência.

São exatamente 1936 violações de direitos cometidas em um mês  rádio e na tv, por apenas 30 programas. Os autores dessa façanha não são os personagens, geralmente negros e pobres, apresentados com estardalhaço diariamente pelos programas policialescos.

São os próprios apresentadores, em conluio com repórteres e produtores, além de determinadas autoridades, sob o comando dos dirigentes das emissoras que abrem espaços para essas aberrações.

A constatação está numa pesquisa realizada pela andi – comunicação e direitos, uma organização social que há 21 anos trabalha para dar visibilidade na mídia a questões relacionadas aos direitos das crianças e dos adolescentes. Entre outras ações criou o projeto "jornalista amigo das crianças” que já reconheceu com essa qualidade 392 profissionais em atuação no país.

Os chamados programas policialescos entraram na mira da andi diante das seguidas violações cometidas contra os direitos da infância e do adolescente.

Realizada a pesquisa constatou-se que as violações/ em nove categorias de direitos, vão muito além dessas faixas etárias atingindo toda a sociedade.

Exemplos não faltam:
No programa balanço geral da tv record/ uma chamada diz "pai abandona filho em estrada do rs” e o apresentador acrescenta "um pai abandonou uma criança nas margens de uma rodovia? Fez!” Sem qualquer possibilidade de defesa pelo acusado.

O estímulo à violência como forma de resolver conflitos é outra marca desses programas.

Como neste exemplo pinçado pela pesquisa na rádio barra do pirai am, programa repórter policial.

Uma pessoa acaba de ser presa pela policia e o apresentador anuncia "então,  a praga acabou de ser grampeada. Passa logo fogo num cara desse ai! (...)”

Só nesse caso são violadas cinco leis brasileiras, cinco acordos internacionais firmados pelo Brasil e um código de ética profissional.

Na verdade, de jornalismo têm pouco.

São programas de variedades, espetacularizando fatos dramáticos da vida real com tentativas até de fazer um tipo grotesco de humor.

Numa edição gaúcha do programa balanço geral, por exemplo, o apresentador Alexandre Mota ao narrar a morte de um suspeito pela policia, fingia chorar copiosamente clamando, de forma irônica, pela vinda dos defensores dos direitos humanos.

Em seguida, estimulado por uma repórter passa a sambar alegremente diante das câmeras.

Precisamos enfrentar esse discurso de ódio e violência disseminado pela grande mídia, através de uma ampla democratização das comunicações.

Sem uma comunicação democrática, não há democracia!