A Al-Qard al-Hassan, que, segundo os Estados Unidos (EUA), é utilizada pelo Hezbollah, apoiado pelo Irã, para gerir as suas finanças, tem mais de 30 filiais em todo o Líbano.
Por Redação, com RTP – de Beirute
O Exército israelense fez ataques aéreos no Líbano, no domingo à noite, contra os escritórios de uma empresa acusada de financiar o Hezbollah, depois de ter bombardeado posições do movimento pró-iraniano em todo o país.
Agência libanesa informou que foram 11 ataques à Al-Qard al-HassanÀ agência libanesa de notícias Ani noticiou 11 ataques israelenses, que visaram sobretudo “sucursais da Al-Qard al-Hassan” nos subúrbios do sul de Beirute, e um contra o mesmo grupo no leste do Líbano, após os apelos israelenses à população para que se retirasse da área em torno dos escritórios da organização.
A Al-Qard al-Hassan, que, segundo os Estados Unidos (EUA), é utilizada pelo Hezbollah, apoiado pelo Irã, para gerir as suas finanças, tem mais de 30 filiais em todo o Líbano, incluindo 15 em zonas densamente povoadas do Centro de Beirute e dos seus subúrbios. A instituição financeira “Al-Qard al-Hassan está envolvida no financiamento das operações terroristas do Hezbollah”, declarou o porta-voz do Exército israelense ao público de língua árabe, Avichay Adraee, na rede social X.
À agência inglesa de notícias Reuters informou que, um edifício situado no bairro de Chiyah, nos subúrbios do sul de Beirute, ficou reduzido a escombros, e as poucas pessoas que se encontravam na região fugiram antes da explosão, não tendo havido vítimas.
Durante a noite, Israel atacou também locais em Beirute, no sul do Líbano e no vale de Bekaa.
Por seu lado, a força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Líbano acusou o Exército israelense de ter destruído “deliberadamente” uma “torre de observação” das forças de paz no sul do país. Horas antes, o Exército de Israel anunciou que tinha como alvo um “centro de comando” do Hezbollah perto da capital e fez ataques aéreos em dezenas de localidades no sul.
Uma fonte de segurança libanesa também relatou um “ataque” no domingo à noite perto do Aeroporto Internacional de Beirute, que faz fronteira com os subúrbios do sul.
Depois de um ano de confrontos fronteiriços com o Hezbollah e de ter enfraquecido o Hamas em Gaza, o Exército israelense deslocou o essencial de suas operações para o Líbano, onde desde 23 de setembro tem realizado ataques intensivos contra o movimento islâmico e, desde 30 de setembro, uma ofensiva terrestre no sul do país.
Mais de 50 localidades foram bombardeadas no domingo nessa região fronteiriça com Israel. Segundo à agência Ani, o Exército israelense dinamitava casas em aldeias da região.
O Exército libanês, que não participa do conflito, anunciou a morte de três soldados em ataque no sul do país.
Em visita às tropas no norte de Israel, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou que o Exército estava destruindo o Hezbollah “em todas as aldeias ao longo da fronteira”.
Israel afirma que pretende neutralizar o movimento xiita para permitir que cerca de 60 mil habitantes do norte de Israel, deslocados pelos constantes disparos de foguetes, regressem às suas casas.
O Hezbollah reivindicou a responsabilidade por novos ataques contra três bases militares perto de Haifa e Safed, no norte de Israel, bem como contra as tropas israelenses no sul do Líbano. Afirmou também ter abatido um drone israelense, sem especificar o local exato.
Ao menos 1.470 pessoas foram mortas no Líbano desde 23 de setembro, segundo contagem da agência francesa de notícias AFP baseada em dados oficiais e, em meados de outubro, a ONU contabilizou cerca de 70 mortos. No sábado, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o movimento xiita libanês de tentar assassiná-lo, depois de um ataque com um drone ter atingido sua residência privada em Cesareia, uma cidade costeira no centro de Israel, na sua ausência.
O Hezbollah não reivindicou a responsabilidade pelo ataque, mas a missão iraniana junto à ONU afirmou que ele estava por trás do ataque.
Enviado dos EUA
O enviado dos Estados Unidos, Amos Hochstein, vai manter conversações com as autoridades libanesas em Beirute nesta segunda-feira, sobre as condições para um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, apoiado pelo Irã, disseram duas fontes à Reuters.
Hochstein deverá se encontrar nesta segunda-feira com o primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, e com o presidente do Parlamento, Nabih Berri.
Enquanto Hochstein deve pressionar pela calma após um ano de combates durante os quais Israel matou os líderes do Hezbollah no Líbano e do Hamas em Gaza, os EUA deixaram claro que mostrarão apoio inabalável a Israel, apesar do aumento do número de mortos.
Berri disse à emissora Al-Arabiya no fim de semana que a visita de Hochstein era “a última oportunidade antes das eleições norte-americanas” para alcançar uma trégua e que rejeitaria quaisquer alterações à resolução 1.701 das Nações Unidas, que pôs fim ao último conflito sangrento entre o Hezbollah e Israel em 2006.
Os militares norte-americanos enviaram a Israel o seu avançado sistema antimíssil que está “a postos”, afirmou o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, durante visita a Kiev.
Austin não quis dizer se o sistema Terminal High Altitude Area Defense, ou THAAD, estava operacional. “Temos a capacidade de colocá-lo em funcionamento muito rapidamente e estamos cumprindo nossas expectativas”.
Condições de Tel Aviv
Israel teria enviado aos Estados Unidos um documento com as condições para uma solução diplomática que ponha fim à guerra no Líbano.
Israel exigiu que suas forças sejam autorizadas a participar da “aplicação ativa da lei” para garantir que o Hezbollah não se rearme e reconstrua as infraestruturas militares perto da fronteira, informou o site de notícias norte norte-americano Axios, citando um funcionário israelense.
Israel também quer que sua força aérea tenha liberdade de operação no espaço aéreo libanês, acrescentou o relatório. Um funcionário dos EUA revelou ao Axios que era altamente improvável que o Líbano e a comunidade internacional concordassem com as condições de Israel.
Ofensiva na Faixa de Gaza
Ao mesmo tempo em que faz ataques diários contra o sul do Líbano, o Exército israelense intensifica a ofensiva na Faixa de Gaza contra o Hamas, cujo líder, Yahya Sinouar, foi morto na quarta-feira.
No domingo, o Exército israelense anunciou que estava fazendo no “norte, centro e sul”. No mesmo dia, as famílias perdiam familiares no ataque a Beit Lahia no hospital Kamal Adwan, um dos principais da região.
Israel afirmou ter visado um “alvo” do Hamas e garantiu às autoridades de Gaza que o número de mortos “não corresponde” às informações de que dispõe.
Antes desse ataque, a Defesa Civil tinha indicado “mais de 400 mortos” no norte de Gaza desde o início da ofensiva lançada pelo Exército israelense no dia 6 de outubro no setor de Jabalya.
O Hamas, que está no poder em Gaza desde 2007, afirmou que vai continuar a lutar apesar da morte de Yahya Sinouar, considerado o cérebro do ataque sem precedentes contra Israel em 7 de outubro de 2023 que desencadeou a guerra.