O ex-ministro das Relações Exteriores defende a solidariedade entre os povos. “Se há uma lição a extrair desta tragédia – a maior já enfrentada pelo Brasil há mais de um século – é o valor do entendimento e da solidariedade, ainda que movidos por interesses próprios”, disse.
O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim (PT) comentou nesta quinta-feira (19) ao Congresso em Foco o ataque do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) contra a China. O terceiro filho do presidente Jair Bolsonaro responsabilizou o país asiático pela pandemia do coronavírus.
O ex-ministro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva mencionou a iniciativa do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de se desculpar em nome do Legislativo pela fala de Eduardo.
Faço minhas as palavras do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que se desculpou publicamente em nome da Casa junto ao embaixador da China e ressaltou a importância da Parceria Estratégica”, disse Amorim.
ex-chanceler afirma ainda que a parceria com a China não começou durante o governo de Lula, mas vinha se consolidando desde a presidência do general Ernesto Geisel durante a ditadura militar nos anos 1970.
A bancada ruralista, tradicionalmente próxima de Jair Bolsonaro, manifestou nota de repúdio por causa do atrito causado pelo deputado do PSL.
“Declarações isoladas não representam o sentimento da nação ou de qualquer setor”, diz a frente, que reúne quase 300 deputados e senadores. A China é o maior parceiro comercial do Brasil, sobretudo no mercado agropecuário.
Leia a íntegra do comentário de Celso Amorim sobre o atrito diplomático:
Faço minhas as palavras do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que se desculpou publicamente em nome da Casa junto ao embaixador da China e ressaltou a importância da Parceria Estratégica
Esta, diga-se de passagem, não foi formalizada pelo Governo Lula, mas muito antes, no Governo Itamar Franco, por ocasião da visita de Jian Zemin ao Brasil, na esteira das boas relações mantidas pelo presidente Sarney.
Aliás, o sentido estratégico desse relacionamento foi percebido por Ernesto Geisel, a quem coube o reconhecimento da República Popular da China. Além das relações econômicas e comerciais, objeto de constantes referências na mídia, a China é importante parceiro na área científica e tecnológica, com destaque para a cooperação espacial.
O acordo sobre o satélite sino-brasileiro, assinado durante o governo Sarney e levado adiante por todos os presidentes, é um modelo de cooperação entre países em desenvolvimento em área de tecnologia avançada. Este é apenas um exemplo.
Deixo para os representantes do agronegócio ressaltar o peso do mercado chinês e a empresas como a Marco-polo e Weg (motores) as oportunidades de investimento na China. Finalmente, um comentário.
Se há uma lição a extrair desta tragédia- a maior já enfrentada pelo Brasil há mais de um século – é o valor do entendimento e da solidariedade, ainda que movidos por interesses próprios.
A notícia mais interessante que li nesse período sombrio (uma das poucas que dão esperança) é a da cooperação entre Israel e Palestina, cujos governantes se deram conta de que salvar vidas humanas é muito mais importante e produtivo do que cultivar inimizades, naquele caso reais. No nosso, além de tudo, são imaginárias.
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