Em entrevista exclusiva ao jornal britânico The Mail on Sunday, a advogada sul-africana Stella Morris, de 37 anos, revelou que ela e Assange se apaixonaram e tiveram secretamente dois filhos durante o período em que ele estava asilado na embaixada equatoriana em Londres. Stella hoje luta pela libertação do pai de seus filhos, considerado grupo de risco para contágio da Covid-19.
Julian Assange, o fundador do Wikileaks, tornou-se pai de dois filhos enquanto vivia exilado na embaixada do Equador, em Londres. Gabriel, de dois anos e seu irmão Max, de um ano, foram concebidos enquanto o pai estava tentando evitar a extradição para os Estados Unidos, onde é acusado de espionagem pelo vazamento de milhares de documentos da inteligência americana. A mãe dos meninos é a advogada sul-africana Stella Morris, de 37 anos que se apaixonou por ele enquanto ajudava na sua luta contra a extradição.
Sueca naturalizada e formada em Direito e Política em Londres, Stella Morris é fluente em sueco e espanhol. “No começo nosso relacionamento era profissional. Eu ia na embaixada todo dia e Assange se tornou um amigo. Com o tempo eu me apaixonei não por sua imagem pública, mas pela pessoa por trás disso. Ele é um companheiro generoso, gentil e amoroso. Nosso relacionamento começou no começo de 2015”.
Naquela época Assange, de 48 anos, era também procurado na Suécia, onde era acusado de estupro. Ele sempre negou as acusações sexuais, que agora foram arquivadas. Ele e Stella estão noivos desde 2017.
Quando Gabriel foi concebido, em 2016, já fazia quatro anos que Assange estava na embaixada, um prédio de tijolinhos próximo à elegante loja Harrod’s. A operação da Scotland Yard de policiamento 24 horas por dia, ostensivamente, diante da embaixada, tinha sido suspensa após um protesto público devido ao custo de anual de £13,2 milhões (cerca de R$ 85 milhões). Acreditava-se, porém, que a embaixada continuava sob constante vigilância pelos serviços de segurança dos Estados Unidos.
Imagina-se que o casal manteve tanto o relacionamento quanto a notícia dos nascimentos de seus filhos em segredo, sem nada informar aos diplomatas e oficiais equatorianos que deram refúgio a Assange. Nascido na Austrália, Assange está há um ano na prisão londrina de Belmarsh, de segurança máxima, para onde foi levado arrastado pela polícia britânica.
A revelação sobre sua família secreta emergiu semana passada em documentos judiciais a que teve acesso o jornal britânico The Mail on Sunday, que apurava a tentativa de Assange de obter liberdade sob fiança, sob a alegação de que o Covid19 se espalhava entre a população prisional britânica.
Só agora Stella Morris decidiu falar. A notícia foi uma surpresa até para os amigos de Assange, que imaginavam que ele vinha mantendo uma vida monástica desde que entrou na embaixada, em 2012.
Ao contrário, como as fotos do The Mail on Sunday mostram, ele era um pai de verdade, brincando com seu bebê sob o nariz de seus incrivelmente hostis hospedeiros equatorianos e a vigilância de 24 horas das agências de inteligência americanas.
Stella Morris está lutando para que o pai de seus filhos seja posto em liberdade pelo programa do governo britânico que prevê a libertar milhares de presos para barrar a disseminação do vírus mortal nas cadeias. Ela afirma que Assange é duplamente vulnerável porque sofre de um problema pulmonar crônico, acentuado por seus anos dentro da embaixada, e tem problemas de saúde mental que se tornaram severos como resultado do isolamento.
“Amo Julian profundamente e quero me casar com ele. Nos últimos cinco anos descobri que o amor faz as circunstâncias mais intoleráveis parecerem suportáveis”, declarou Stella, “mas agora é diferente, agora estou apavorada só de pensar que posso não vê-lo vivo de novo. Ele tem sido protetor comigo e fez o melhor que pôde para me manter longe dos pesadelos de sua vida”.
Os riscos a que Julian Assange está sujeito aumentaram após a notícia de que um preso de Belmarsh morreu contaminado pelo Covid-19. “Eu tenho vivido quieta e privadamente criando Gabriel e Max sozinha e esperando o dia que possamos viver como uma família. Agora eu tenho que falar porque eu vejo que sua vida está por um fio. A saúde frágil de Julian o coloca em sério risco, como outras pessoas vulneráveis, e acredito que ele não sobreviveria a uma infecção por coronavírus.”
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