O Brasil amanheceu nesta quarta-feira de cinzas (26) com duas bombas: o primeiro caso confirmado de coronavírus no país e as mensagens do Bolsonaro e do Gabinete do Ódio convocando o povo às ruas no dia 15 para se manifestar contra o Congresso e a favor do presidente da República.
A reação ao vídeo apelativo que começa com Bolsonaro sendo esfaqueado e com os dizeres “ele quase morreu pelo Brasil”, provocou uma reação imediata.
O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), divulgou uma nota em que afirma: “Essa gravíssima conclamação, se realmente confirmada, revela a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato, de inequívoca hostilidade aos demais Poderes da República, traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático!!! O presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das leis da República!”.
O general Santos Cruz, twittou ontem: “IRRESPONSABILIDADE. Exército Brasileiro – instituição de Estado, defesa da pátria e garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem. Confundir o Exército com alguns assuntos temporários de governo, partidos políticos e pessoas é usar de má fé, mentir, enganar a população”.
O ex-presidente Lula disse que “Bolsonaro e o general Heleno estão provocando manifestações contra a democracia, a constituição e as instituições, em mais um gesto autoritário de quem agride a liberdade e os direitos todos os dias. É urgente que o Congresso Nacional, as instituições e a sociedade se posicionem diante de mais esse ataque para defender a democracia”.
Em nota, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também se manifestou: “A ser verdade, como parece, que o próprio presidente tuitou convocando uma manifestação contra o Congresso (a democracia) estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas. Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto de tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo”, escreveu o tucano.
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara, quer convocar uma reunião antes do fim da semana com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, além de dez líderes da oposição, para discutir o teor das mensagens de Bolsonaro contra o Congresso.
“Temos que parar Bolsonaro! Basta! As forças democráticas deste país têm que se unir agora. Já! É inadiável uma reunião de forças contra esse poder autoritário. Ou defendemos a democracia agora ou não teremos mais nada para defender em breve. Ao não encontrar soluções para o país, ao se sentir sozinho, isolado e frágil, Bolsonaro apela ao que todos temíamos: a um ato autoritário contra a própria democracia. Não dá mais. Esses absurdos, exageros e atropelos têm que parar agora”, disse ele.
Um velho ditado diz que o Brasil só começa a funcionar depois do carnaval. Este ano, começou nas primeiras horas da quarta-feira de cinzas.
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