Ir para o conteúdo

Polaco Doido

Voltar a Blog
Tela cheia Sugerir um artigo

Aceite sem questionar – Hitler era socialista e o Brasil é uma ditadura comunista!

3 de Dezembro de 2013, 15:57 , por Desconhecido - 1Um comentário | 1 person following this article.
Visualizado 194 vezes

Ontem, durante minhas regulamentares leiturinhas matinais, o título de um artigo na Gazeta do Povo me chamou atenção: “República Socialista do Brasil”.

Começa assim:

“Goebbels disse: ”Aqui eu decido quem é e quem não é judeu”.

Beria disse: “Aqui eu decido quem é e quem não é inimigo do povo”.

As frases de líderes SOCIALISTAS históricos…”

Parei por aí, fechei a página e fui para o próximo artigo.

Por que:

Já de cara ou autor do texto comete um erro grave no raciocínio, uma falácia, o Reducto at Hitlerum ou apelo ao Nazismo. O argumento em si, carrega um forte peso emocional partindo do pré-suposto de que qualquer relação com Hitler ou o nazismo é automaticamente condenada e para piorar, tenta relacionar o nazismo ao socialismo.

O autor que se utilizou deste argumento logo no inicio do texto, só pode tê-lo feito devido a sua completa ignorância da história contemporânea da humanidade ou, por puro e simples mau-caratismo intelectual, ou ainda, para tentar enganar incautos e fazê-los engrossar as fileiras dos movimentos anti-esquerda que pipocam em todo o território nacional.

Não é a primeira vez que leio ou vejo alguém tentando levar o nazismo para o lado esquerdo do espectro político, mas o mais incrível, é que essa idéia esta se popularizando de uma maneira assustadora, parece que, numa tentativa de se criminalizar ainda mais, tudo e qualquer pensamento ou atitude de viés social, típicos dos movimentos de esquerda.

Eu aqui, não tenho formação teórica suficiente para afirmar se o nazismo era um movimento de esquerda, de direita, ou uma via diferente. Eu só sei daquilo que vejo, que percebo e que absorvo.

Sou fascinado pela história e um dos assuntos que mais me prende a atenção na história são justamente as causas, o desenrolar e as conseqüências do conflito que conhecemos como Segunda Guerra Mundial.

O leitor, assim como eu, também deve ser fascinado por este período da história e nunca é demais relembrarmos alguns pontos bastante importantes sobre o caso.

Não podemos limitar qualquer discussão a respeito da II Grande Guerra apenas ao período referente ao conflito armado entre nações, 1938-1945. Este período foi apenas uma continuação da 1ª Grande Guerra (1914-1918) e nenhum destes conflitos foi motivado por algum tipo de luta sagrada do bem contra o mal. Muito pelo contrário, estavam em disputa recursos naturais, mercados consumidores e mão de obra barata.

Formalmente, o conflito só acabou 1989 com o fim do Muro de Berlin e o colapso da União Soviética. Porém, acredito que o conflito ainda continua com os principais protagonistas geopolíticos ainda disputando entre si os recursos naturais, mercados consumidores e mão de obra barata e muitas vezes, essa disputa ainda se dá pela via do conflito armado. A rendição dos países do Eixo foi apenas uma formalidade para evitar mais perda de recursos e acalmar os ânimos da opinião pública já cansada da guerra.

Os nazistas são considerados os maiores vilões da história mundial e a comunidade judaica, as maiores vítimas destes vilões. A história é escrita pelos vencedores e qualquer Zé Mané tem na ponta da língua a resposta de que os Nazistas assassinaram 6 milhões de judeus. O que poucos sabem é que estes mesmos nazistas assassinaram outros tantos milhões de civis eslavos, ciganos e homossexuais, que o exército de Hitler assassinou mais de 11 milhões de civis comunistas russos. Que russos e alemães assassinaram mais de 2,4 milhões de civis poloneses. Os japoneses dizimaram mais de 16 milhões de chineses. Que os Estados Unidos são responsáveis pela morte de mais de 2 milhões e meio de japoneses ou que, no conflito, também tombaram quase dois milhões de civis alemães, não necessariamente, nazistas.

Além disso, são inúmeros aqueles que atribuem a vitória dos aliados no conflito armado quase que exclusivamente ao esforço dos estadunidenses no conflito. É evidente que não se pode menosprezar a participação americana no teatro europeu, mas a vitória militar só se tronou possível graças ao Exercito Vermelho de Stalin na frente russa, que consumiu consideráveis recursos militares de Hitler, com isso, enfraqueceu o front ocidental e permitiu a invasão aliada na Europa. Claro também, que sem o auxílio das milícias de guerrilheiros (formadas quase que exclusivamente por comunistas) agindo nos territórios ocupados  essa invasão não teria sido possível.

Também é incoerente culpabilizar  apenas os nazistas pelas atrocidades e ideais que deram origem ao conflito. Eles não criaram nada de novo, apenas moldaram o fascismo a suas necessidades domésticas.

O Fascismo estava em moda na época. Com seus ideais nacionalistas, um estado totalitarista e suas políticas protecionistas e intervencionistas o fascismo seduziu muitas lideranças mundiais. Lembro de Francisco Franco na Espanha, Salazar em Portugal, Mussolini na Itália, o movimento integralista no Brasil e até Getúlio Vargas que por muito tempo flertou com o fascismo durante o início de sua ditadura e só passou para o lado dos Aliados depois de a Alemanha dar sinais de que não venceria a guerra e devido a forte pressão dos norte americanos.

O Fascismo não é nem de esquerda e nem de direita, poderia ser considerado um tipo de terceira via. Apesar de ter tomado para si algumas das teorias do socialismo, distorceu seus significados transformando o conflito de classes num conflito entre nações e, principalmente, num conflito de raças, um preceito incompatível até para um socialista iniciante.

O Fascismo de Mussolini, o Nazismo, o Franquismo foram regimes políticos irmãos, todos tiveram sua origem baseada no fascismo e que sobrepunham os conceitos de nação e raça aos valores individuais e foram caracterizados por governos ditatoriais, autocráticos e  centralizados. É justamente essa definição  que faz com que alguns “analistas” classifiquem o Nazismo como um regime político socialista ou esquerda.

Segundo um raciocínio rasteiro destes “analistas,” a dicotomia Direita x Esquerda pode ser definida segundo o grau de liberdades individuais de cada indivíduo dentro do regime político. Assim, classificam o Anarquismo como o regime mais a direita do espectro ideológico, logo depois do liberalismo e, na outra ponta, classificam o Comunismo como um regime de extrema esquerda, seguido de perto pelo nazismo de Adolf Hitler.

Uma análise absurda que classifica o anarquismo como extrema-direita, não leva em consideração o fato de que os anarquistas, entre outras coisas, defendem a igualdade, a liberdade ética e responsável, a soberania popular absoluta, a extinção da propriedade privada, do capitalismo e do estado.

O mais estranho é que estas liberdades individuais a que se referem, não são aquelas com que estamos já acostumados, como: o direito de ir e vir, o direito de escolher nossos representantes por meio de eleições democráticas, o direito a justiça, a saúde e educação de qualidade, etc…

Não, para eles, liberdade individual se resume ao direito de comprar, de vender, de explorar o trabalho alheio. O direito de odiar e fazer piadas com negros, nordestinos, homossexuais, deficientes, abandonados e prostitutas.

Uma liberdade que independe de regime político para que seja exercida. Sim, pois independente do regime político, se você tiver dinheiro, muito dinheiro, pode fazer qualquer coisa que desejar.

Por outro lado, se qualquer um de nós tem o direito de ir e vir, mas não tem o dinheiro da passagem, da gasolina, do pedágio, este direito não pode ser exercido. O mesmo vale para justiça, saúde, educação, etc…

Estas “liberdades individuais” pregada por aqueles que criticam de maneira tão desonesta os ideais socialistas, não se tratam “liberdades individuais”. São nada mais que liberdades individualistas, reservadas apenas para aqueles que podem pagar o preço, ou seja, para aqueles nascidos em bom berço ou que conquistaram o sucesso pessoal.

Infelizmente, o sucesso pessoal não pode ser alcançado por todos. Para cada indivíduo muito bem sucedido existem centenas, talvez milhares de fracassados, assalariados, pedintes, desempregados, sem teto, sem comida e sem esperança. O socialismo tem a missão  de amenizar o sofrimento e proporcionar chances de sucesso a estes menos favorecidos. Não aos bem sucedidos que não necessitam do apoio do estado.

Por fim, duvido muito, mas se por acaso o autor do texto da Gazeta do Povo der uma passada de olho aqui no texto do Polaco Doido, poderia responder uma questão para lá de pertinente?

Se o nazismo era mesmo um regime com raízes socialistas, por que será que os neonazistas, os herdeiros daquela ideologia, tem verdadeiro ódio e aversão a todo e qualquer movimento social, odeiam pretos, nordestinos, homossexuais e, por outro lado, expressam abertamente sua admiração por figuras que representam o conservadorismo e extrema-direita, como Olavo de Carvalho, Jair Bolsonaro, e Plínio Correia de Oliveira, o criador da TFP (Tradição, Família e Propriedade)?

Polaco Doido


Fonte: http://www.skora.com.br/?p=5398

1Um comentário

  • Liberte se minorBertoni
    3 de Dezembro de 2013, 17:55

    Matou a pau!

    Pois é, Polaco, a imbecialidade do pensamento único é bem pior do que podíamos imaginar. É zumbização de toda a Humanidade que a cada dia mais perde o que tem de mais sagrado: seu lado humano.

    Os caras conseguiram criar um batalhão de doidos, uma orda de zumbis que acreditam apenas no TER.

    Porém, não o fizeram sem a ajuda do que resta da Humanidade Progressista. Sim, nos perdemos juntos com os zumbis e caimos na armadilha da escandalização da política trubinada pelo marketing fácil que dá vitórias eleitorais.

    Precisamos assumir que somos programáticos e não programados. Que somos sujeitos da História e não objetos de manipulações de interesses vis.

    Ou qualificamos o debate e falamos com o povão, ou seremos engolidos pela orda de zumbis ávidos por novidades oferecidas pelo sistema para mantê-los na condição de zumbi.

    Se para Marx o ópio do povo era a religião, talvés para nós ele deve ser esse vício pela novidade, sempre embalada no espectro tecnológico do pós-tudo sem rumo.


Enviar um comentário

Os campos realçados são obrigatórios.

Se você é um usuário registrado, pode se identificar e ser reconhecido automaticamente.

Cancelar