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Polaco Doido

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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Dinheiro da CIA para FHC

25 de Julho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Surrupiado do tribuna da Internet

Sebastião Nery

“Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap”.

Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro “Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível”, da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O “inverno do ano de 1969″ era fevereiro de 69.

***
FUNDAÇÃO FORD

Há menos de 60 dias daquele fevereiro de 69, em 13 de dezembro de 68  a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas.

E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares. Era muito dinheiro, naquela época, com o dólar supervalorizado.

***
AGENTE DA CIA

Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro “Dependência e desenvolvimento na América Latina”, em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos.

Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma “personalidade internacional” e passou a dar “aulas” e fazer “conferências” em universidades norte-americanas e européias.

Era “um homem da Fundação Ford”. E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.

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QUEM PAGOU

Em 2008, chegou às livrarias brasileiras um livro interessantíssimo, indispensável, que tira a máscara da Fundação Ford e, com ela, a de Fernando Henrique e muita gente mais: “Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura”, da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editado no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro).

Quem “pagava a conta” era a CIA, quem pagou os 145 mil dólares (e os outros) entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique foi a CIA. Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas:

“Consistente e fascinante” (“The Washington Post”). “Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA” (“Spectator”). “Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente” (“The Times”).

***
MILHÕES DE DÓLARES

1 – “A Fundação Farfield era uma fundação da CIA… As fundações autênticas, como a Ford, a Rockefeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos… permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas” (pág. 153).

2 – “O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça…” (pág. 152). “A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria” (pág. 443).

3 – “A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares… Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos… com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos” (pág. 147).

***
FHC FACINHO

4 – “Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante” (pág. 123).

5 – “Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil” (pág. 119).

6 – “A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana” (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho.



Como escolher sua religião

21 de Julho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Sorrateiramente surrupiado do imperdível Com Texto Livre

 

 

 



O maior cabo eleitoral da história

17 de Julho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 

Jesus, o personagem principal da mitologia cristã era um cara bastante experto.

Certa vez, quando perguntado sobre a licitude do pagamento de impostos ao imperador romano não titubeou e soltou a celebre frase:

“Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21)

Apesar dos ensinamentos cristãos já fazerem parte da cultura ocidental desde sempre, parece que muitos dos que se intitulam seguidores do Cristo, na verdade não seguem seus ensinamentos. Ou são burros ou hipócritas ou simplesmente oportunistas.

E aqui, Polaco, doido, completamente tapado e sem nenhuma pretensão de ser levado a sério, apesar de assumidamente ateu, tenho a absoluta certeza de que religião e política são coisas distintas e não deveriam se misturar, sob o risco de sofrermos graves conseqüências com isso.

É claro que o leitor ainda lembra das aulinhas de história, durante a idade média na Europa? As cruzadas, os reis regidos pelo papa, a regressão da sociedade, da ciência e da filosofia; sem contar nas perseguições descabidas contra todos aqueles que eram considerados descrentes.

Pois é, é justamente isso que ocorre quando a religião exerce o poder sobre o estado. Afinal nenhuma religião é democrática são todas elas absolutistas.

Será que é isso que você, mais todos aqueles que crêem em um ser superior, realmente desejam para o futuro?

Infelizmente caminhamos a passos largos para a criação de um estado predominantemente teocrático. Se não vejamos:

Dos 30 partidos políticos brasileiros, pelo menos seis são ligados a instituições religiosas ou então baseados nas doutrinas destas.

  • PTC (Partido Trabalhista Cristão) – Antigo PRN que nos deu Fernando Collor presidente do Brasil em 1989.
  • PSDC (Partido Social Democrata Cristão) – Legenda de centro-direita inspirada nos valores humanísticos do cristianismo e no testemunho do evangelho. Para lembrar, cante mentalmente com o Polaco: ♪♫ei, ei, Eimael… um democrata cristão♫♪
  • PSC (Partido Social Cristão) – A denominação “Social Cristão” vem de seus partidários que acreditam que o cristianismo, mais do que uma religião, é um estado de espírito que não segrega e não exclui, além de servir de base para que pessoas tomem decisões de forma racional. (um exemplo de como a legenda não segrega nem exclui e é extremamente racional, pode ser comprovado no vídeo logo abaixo)
  • PHS (Partido Humanista da Solidariedade) – em seu estatuto: Art. 3ª § I: permanente reverência a Deus, cuja proteção e orientação deverão ser invocadas na abertura e encerramento de todas as reuniões.
  • PRB (Partido Republicano Brasileiro) – braço político da Igreja Universal do Reino de Deus do Pastor Edir Macedo.
  • PEN (Partido Ecológico Nacional) – seguindo o exemplo do PRB é o braço político da Igreja Assembléia de Deus. No Art. 3º de seu estatuto, segundo o qual a base do partido são, “os conceitos da Social Democracia Cristã”.

Para pensar na cama antes de trocar aquelas idéias com Morfeu:

“Sempre que a moralidade baseia-se na teologia, sempre que o correto torna-se dependente da autoridade divina, as coisas mais imorais, injustas e infames podem ser justificadas e estabelecidas.” (Feuerbach)

Além disso, temos por esta terra de palmeiras e sabiás, a formação de verdadeiras quadrilhas bancadas religiosas nas casas legislativas espalhadas pelo país. São incontáveis senadores, deputados e vereadores eleitos para defender os interesses de suas religiões e seus deuses e não de toda a sociedade e dos partidos aos quais representam e pelos quais foram eleitos.

Na câmara federal são nada menos que 74 deputados ligados diretamente a instituições religiosas espalhados pelos mais diferentes partidos.

  • 22 Assembléia de Deus,
  • 09 Igreja Batista,
  • 07 Igreja Universal,
  • 06 da Igreja Presbiteriana,
  • 06 Evangelho Quadrangular,
  • 05 Internacional da Graça,
  • 02 Maranata,
  • 17 de outras igrejas.

Não parece nada, mas se fosse um partido político seria a terceira maior bancada do congresso, perdendo apenas para o PT e o PMDB.

E a questão principal neste caso é que estes deputados não agem de acordo com os programas dos partidos legalmente constituídos e pelos quais foram eleitos, mas sim, pelas orientações religiosas que professam. (fonte)

Trata-se de uma bancada bastante poderosa e que consegue travar a tomada de decisões muito importantes para toda sociedade.

Como foi na legislatura passada com a quase proibição das pesquisas com células tronco e na atual legislatura, com as discussões sobre criminalização da homofobia, a não discussão sobre o direito ao aborto e mais recentemente, a tentativa de taxar a homossexualidade não com algo natural e sim como um desvio de personalidade, uma doença.

Mas é lógico que não se pode culpar o cidadão comum, o eleitor. Ele não percebe que está colaborando para criação de uma ditadura religiosa quando escolhe seu candidato na urna. Claro, o cidadão comum ainda vota na pessoa e não nas idéias e ideologias que o partido deste candidato representam.

Daí, com este filão eleitoral religioso, fica fácil para os candidatos se apresentarem como idôneos, moralistas e tementes a deus, ganhando assim, o voto e consequentemente o mandato de seus eleitores. Uma lástima.

Curitiba pode servir como exemplo.

Em novembro de 2002 o vereador Pastor Valdemir Soares (PRB) da Igreja Universal, Propôs a instituição da marcha para Jesus na cidade, com o seguinte texto:

Art. 1º. Fica instituído, no município de Curitiba, a Marcha para Jesus que se realizará, anualmente, no 3º sábado do mês de maio.

Art. 2º. O Poder Executivo dará todo apoio e estrutura necessários para a realização da Marcha, colocando à disposição dos organizadores pessoal necessário e suficiente para que o evento se realize da melhor forma possível.

Em 31 de março de 2005, o então prefeito e atual governador do estado, Carlos Alberto Richa, promulgou a lei que inclui a Marcha para Jesus no calendário oficial do município.

E está desde então, institucionalizada a folia religiosa na cidade de muito pinhão!

Só para dar uma pequena noção, só em 2012 a vereadora Noêmia Rocha (PMDB) da Igreja Assembléia de Deus, destinou a bagatela de R$ 48.000,00 em emendas orçamentárias para a realização da marcha.

Quanto será que mais verbas em emendas no orçamento do município os outros vereadores da bancada evangélica também destinaram para a realização do evento?

Mas tá, vá lá que a tal Marcha para Jesus fosse mesmo um evento dedicado ao protagonista dos evangelhos e do cristianismo, eu nem ficaria puto, muito menos, subiria nas tamancas.

Infelizmente, na tal marcha, a última coisa a ser lembrada é a pessoa homenageada.

A marcha serve somente a três propósitos:

  • Divulgar os nomes de pessoas e igrejas patrocinadoras e responsáveis pela marcha;
  • Apresentar cantores e bandinhas gospel com seus respectivos empresários e gravadoras do gênero que, montados nos trios elétricos, animam a festa;
  • E principalmente, apresentar mais e mais candidatos ligados às igrejas para as próximas eleições.

E não é?

Se você, que se é evangélico, muito pouco provavelmente está lendo este blog sujo, mas se, por acaso, já participou da tal marcha, sabe que não estou faltando com a verdade. Sabe que  é bem isso mesmo.

Ainda não acredita? então dê uma olhada em outro texto muito mais confiável: http://mariadapenhaneles.blogspot.com.br/2012/07/marcha-que-nunca-foi-para-jesus.html

 

Polaco Doido



As visões do Polaco de Obaluaê

15 de Julho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 

Em tempos de esperanças pré-eleitorais o Polaco, doido, cético, mas sempre amparado pelo benefício da dúvida, resolveu consultar seu orixá favorito em busca de previsões para lá de pertinentes sobre o pleito do próximo outubro.

Achei que seria difícil o contato, mas bastou um simples email para que em seguida o grande orixá retornasse um SMS no meu novíssimo Nókia DDCSS (Discagem Direta para os Céus e Seres Sobrenaturais)

Atotô Obaluaê!

“Sei que a cabeçinha do polaco está cheia de esperança de mudanças, mas pelo andar das coisas, por enquanto, tudo tende a ficar como está e pior, existem sérias tendências de mudanças para pior.

O candidato Feiurinha, Sasha das Araucárias1, cujo único atributo é ser filho de um famoso apresentador de TV, não tem plano de governo, não tem alianças, não tem tempo de TV e nem jogo de cintura para chegar ao fim da campanha. Seus atuais eleitores serão facilmente cooptados pela turma do atual prefeito e, antes mesmo de sete de outubro, vai integrar a turma dos apoiadores de Ducci babá e os quarenta…

Gargamel que antes a todos seduzia, fez um péssimo negócio ao se aliar com seus antigos inimigos. Não existem argumentos plausíveis que expliquem esta mudança repentina para o lado vermelho da força e ele será facilmente desmascarado no primeiro debate direto entre os candidatos, a partir daí seus números irão cair consideravelmente sem retorno e no caminho certeiro para o ostracismo.

O ex-burgomestre o velho novo de novo, vai aprontar das suas, vai deixar a coisa divertida, vai por fogo nos debates, vai arrancar sorrisos e lembranças de uma boa época, mas sem apoio da grande imprensa e com a legenda dividida não passará de um ilustre figurante no embate.

A bela entre feras vem com  idéias e propostas coerentes e muita simpatia, apesar da falta de  dinheiro, estrutura, representatividade e militância, se as grandes redes a incluírem nos debates, será a grande surpresa do ano.

Os radicais, como sempre, serão meros coadjuvantes com nada além de traços radicais.

O Picolé de Chuchu leva sem fazer força, com o apoio das máquinas municipal e estadual, com quase 400 cabos eleitorais candidatos a vereador, como o exército de servidores municipais empunhando bandeiras nas esquinas, abraçado e Junto’s® com o príncipe das araucárias e monarca do Batel e principalmente, sem a interferência federal, não vai dar nem 2º turno e de quebra ainda faz mais uma vez a grande maioria dos vereadores, capitaneados desta vez por outra representante do clã Derosso.

É bem isso Polaco, enquanto os curitibanos continuarem a achar que seus umbigos é o único e verdadeiro centro do universo, nada, absolutamente nada vai mudar.

Por enquanto fique com isso, sem contar que com o atual estado da saúde pública no municipio fico realmente bastante atarefado quando apareço por estas bandas.

Saravá!”

Polaco Doido

1 O apelido foi alterado para Sacha das araucárias visto que tiririca era extremamente ofensivo ao deputado paulista e principalmente a toda classe de artistas circenses brasileiros.

Esta é uma obra de ficção que não tem o interesse de ofender a nenhuma crença ou quem quer que seja.



Revelada gravíssima sabotagem dos EUA contra Brasil com aval de FHC e morte de um Brasileiro

10 de Julho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Surrupiado do Gilson Sampaio

Telegramas revelam intenções de veto e ações dos EUA contra o desenvolvimento tecnológico brasileiro com interesses de diversos agentes que ocupam ou ocuparam o poder em ambos os países

Os telegramas da diplomacia dos EUA revelados pelo Wikileaks revelaram que a Casa Branca toma ações concretas para impedir, dificultar e sabotar o desenvolvimento tecnológico brasileiro em duas áreas estratégicas: energia nuclear e tecnologia espacial. Em ambos os casos, observa-se o papel anti-nacional da grande mídia brasileira, bem como escancara-se, também sem surpresa, a função desempenhada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, colhido em uma exuberante sintonia com os interesses estratégicos do Departamento de Estado dos EUA, ao tempo em que exibe problemática posição em relação à independência tecnológica brasileira. Segue o artigo do jornalista Beto Almeida.

O primeiro dos telegramas divulgados, datado de 2009, conta que o governo dos EUA pressionou autoridades ucranianas para emperrar o desenvolvimento do projeto conjunto Brasil-Ucrânia de implantação da plataforma de lançamento dos foguetes Cyclone-4 – de fabricação ucraniana – no Centro de Lançamentos de Alcântara , no Maranhão.

Veto imperial

O telegrama do diplomata americano no Brasil, Clifford Sobel, enviado aos EUA em fevereiro daquele ano, relata que os representantes ucranianos, através de sua embaixada no Brasil, fizeram gestões para que o governo americano revisse a posição de boicote ao uso de Alcântara para o lançamento de qualquer satélite fabricado nos EUA. A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que os EUA “não quer” nenhuma transferência de tecnologia espacial para o Brasil.

“Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil”, diz um trecho do telegrama.

Em outra parte do documento, o representante americano é ainda mais explícito com Lokomov: “Embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil”.

Guinada na política externa

O Acordo de Salvaguardas Brasil-EUA (TSA) foi firmado em 2000 por Fernando Henrique Cardoso, mas foi rejeitado pelo Senado Brasileiro após a chegada de Lula ao Planalto e a guinada registrada na política externa brasileira, a mesma que muito contribuiu para enterrar a ALCA. Na sua rejeição o parlamento brasileiro considerou que seus termos constituíam uma “afronta à Soberania Nacional”. Pelo documento, o Brasil cederia áreas de Alcântara para uso exclusivo dos EUA sem permitir nenhum acesso de brasileiros. Além da ocupação da área e da proibição de qualquer engenheiro ou técnico brasileiro nas áreas de lançamento, o tratado previa inspeções americanas à base sem aviso prévio.

Os telegramas diplomáticos divulgados pelo Wikileaks falam do veto norte-americano ao desenvolvimento de tecnologia brasileira para foguetes, bem como indicam a cândida esperança mantida ainda pela Casa Branca, de que o TSA seja, finalmente, implementado como pretendia o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas, não apenas a Casa Branca e o antigo mandatário esforçaram-se pela grave limitação do Programa Espacial Brasileiro, pois neste esforço algumas ONGs, normalmente financiadas por programas internacionais dirigidos por mentalidade colonizadora, atuaram para travar o indispensável salto tecnológico brasileiro para entrar no seleto e fechadíssimo clube dos países com capacidade para a exploração econômica do espaço sideral e para o lançamento de satélites.

Junte-se a eles, a mídia nacional que não destacou a gravíssima confissão de sabotagem norte-americana contra o Brasil, provavelmente porque tal atitude contraria sua linha editorial historicamente refratária aos esforços nacionais para a conquista de independência tecnológica, em qualquer área que seja. Especialmente naquelas em que mais desagradam as metrópoles.

Bomba! Bomba!

O outro telegrama da diplomacia norte-americana divulgado pelo Wikileaks e que também revela intenções de veto e ações contra o desenvolvimento tecnológico brasileiro veio a tona de forma torta pela Revista Veja, e fala da preocupação gringa sobre o trabalho de um físico brasileiro, o cearense Dalton Girão Barroso, do Instituto Militar de Engenharia, do Exército. Giráo publicou um livro com simulações por ele mesmo desenvolvidas, que teriam decifrado os mecanismos da mais potente bomba nuclear dos EUA, a W87, cuja tecnologia é guardada a 7 chaves.

A primeira suspeita revelada nos telegramas diplomáticos era de espionagem. E também, face à precisão dos cálculos de Girão, de que haveria no Brasil um programa nuclear secreto, contrariando, segundo a ótica dos EUA, endossada pela revista, o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, firmado pelo Brasil em 1998, Tal como o Acordo de Salvaguardas Brasil-EUA, sobre o uso da Base de Alcântara, o TNP foi firmado por Fernando Henrique. Baseado apenas em uma imperial desconfiança de que as fórmulas usadas pelo cientista brasileiro poderiam ser utilizadas por terroristas , os EUA, pressionaram a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que exigiu explicações do governo Brasil , chegando mesmo a propor o recolhimento-censura do livro “A física dos explosivos nucleares”. Exigência considerada pelas autoridades militares brasileiras como “intromissão indevida da AIEA em atividades acadêmicas de uma instituição subordinada ao Exército Brasileiro”.

Como é conhecido, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, vocalizando posição do setor militar contrária a ingerências indevidas, opõe-se a assinatura do protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, que daria à AIEA, controlada pelas potências nucleares, o direito de acesso irrestrito às instalações nucleares brasileiras. Acesso que não permitem às suas próprias instalações, mesmo sendo claro o descumprimento, há anos, de uma meta central do TNP, que não determina apenas a não proliferação, mas também o desarmamento nuclear dos países que estão armados, o que não está ocorrendo.

Desarmamento unilateral

A revista publica providencial declaração do físico José Goldemberg, obviamente, em sustentação à sua linha editorial de desarmamento unilateral e de renúncia ao desenvolvimento tecnológico nuclear soberano, tal como vem sendo alcançado por outros países, entre eles Israel, jamais alvo de sanções por parte da AIEA ou da ONU, como se faz contra o Irã. Segundo Goldemberg, que já foi secretário de ciência e tecnologia, é quase impossível que o Brasil não tenha em andamento algum projeto que poderia ser facilmente direcionado para a produção de uma bomba atômica. Tudo o que os EUA querem ouvir para reforçar a linha de vetos e constrangimentos tecnológicos ao Brasil, como mostram os telegramas divulgados pelo Wikileaks. Por outro lado, tudo o que os EUA querem esconder do mundo é a proposta que Mahmud Ajmadinejad , presidente do Irà, apresentou à Assembléia Geral da ONU, para que fosse levada a debate e implementação: “Energia nuclear para todos, armas nucleares para ninguém”. Até agora, rigorosamente sonegada à opinião pública mundial.

Intervencionismo crescente

O semanário também publica franca e reveladora declaração do ex-presidente Cardoso : “Não havendo inimigos externos nuclearizados, nem o Brasil pretendendo assumir uma política regional belicosa, para que a bomba?” Com o tesouro energético que possui no fundo do mar, ou na biodiversidade, com os minerais estratégicos abundantes que possui no subsolo e diante do crescimento dos orçamentos bélicos das grandes potências, seguido do intervencionismo imperial em várias partes do mundo, desconhecendo leis ou fronteiras, a declaração do ex-presidente é, digamos, de um candura formidável.

São conhecidas as sintonias entre a política externa da década anterior e a linha editorial da grande mídia em sustentação às diretrizes emanadas pela Casa Branca. Por isso esses pólos midiáticos do unilateralismo em processo de desencanto e crise se encontram tão embaraçados diante da nova política externa brasileira que adquire, a cada dia, forte dose de justeza e razoabilidade quanto mais telegramas da diplomacia imperial como os acima mencionados são divulgados pelo Wikileaks.