Uma carta de repúdio assinada por cerca de 50 ícones do movimento ambientalista mundial foi divulgada na internet hoje (21), criticando as negociações da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. Representantes de organizações não governamentais brasileiras também devolveram seus crachás da Rio+20 em ato simbólico de protesto no Riocentro.
“Toda essa manifestação demonstra que os governos têm que assumir sozinhos o ônus de optar por um caminho que é o de não compromisso. É inaceitável que o texto traga a menção à sociedade civil. Quem tem que assinar embaixo são os governos que fizeram a opção pelo retrocesso”, disse Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA), em entrevista à Agência Brasil, na Cúpula dos Povos, evento da sociedade civil paralelo à conferência oficial da ONU.
Para pressionar pela retirada da menção à sociedade civil do texto da ONU, uma petição online em inglês, português e espanhol foi lançada na internet e assinada por mais de trinta instituições no Brasil. Entre elas, o Instituo Vitae Civilis, que critica “a falta de conteúdo do documento” da ONU acordado por 193 países. “Essa carta representa o Futuro Que Não Queremos”, afirmou o representante Marcelo Cardoso, fazendo menção ao nome oficial do documento.
Os ativistas também criticam o processo de participação na construção do texto da Rio+20, que classificaram como restrito, tanto por influência da ONU como do governo brasileiro, e cobraram uma “discussão mais qualificada” dos temas ambientais. Para Adriana Ramos e Marcelo Cardoso, o resultado da Rio+20 está “descolado” das reivindicações da sociedade em todo o mundo.
Já a carta divulgada pelos ativistas, em cerca de meia página, sugere que o texto da ONU traz “cômodas posições de governos”. Assinam o documento ambientalistas como Marina Silva, Fabien Cousteau (neto do defensor dos oceanos Jacques-Yves Cousteau), Raoni Metuktire e a jovem Severn Susuki, que parou a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Rio92, ao ler seu discurso pedindo pressa aos líderes em ações de defesa do meio ambiente.
“A Rio+20 passará para a história como uma conferência da ONU que ofereceu à sociedade mundial um texto marcado por graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade de recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras gerações, de direitos humanos adquiridos”, dizem os manifestantes.
Confira a carta da sociedade civil na íntegra.
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