por Vitor Abdala
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse hoje (21) que o Brasil pode desempenhar um papel muito importante na construção de uma nova ordem mundial. Em entrevista concedida na tarde desta quinta-feira, no Rio de Janeiro, o líder iraniano fez várias críticas à atual ordem mundial que, segundo ele, é controlada pelos Estados Unidos e outras potências ocidentais e marcada pela “injustiça”.
“Certamente, essa conferência Rio+20 é um esforço da parte do Brasil. É claro que não é só com essa conferência que chegaremos a esse objetivo, mas esse é um dos passos que temos que dar. A sociedade brasileira é dinâmica e cultural, a população procura Justiça. Tem muitas personalidades corajosas que estão à procura da Justiça”, disse Ahmadinejad.
Segundo o presidente iraniano, o Brasil é uma liderança da América Latina que também exerce um papel mundial. Ele disse que, diante disso, pretende ampliar as relações econômicas com o Brasil. “Um ponto importante é que nossas relações estão fora da dominação dos países poderosos”, observou.
O presidente iraniano também tratou de outros assuntos na entrevista que concedeu nesta tarde. Veja:
Conflito civil na Síria
O presidente do Irã comentou a situação da Síria, que vive um conflito civil há mais de um ano. Segundo Ahmadinejad, a situação do país deve ser resolvida pelas partes envolvidas (o governo do presidente Bashar Al Assad e os rebeldes), por meio do consenso e do diálogo. Para ele, os países não deveriam intervir enviando armas para o confronto.
“Acreditamos que a Justiça e a liberdade são direitos de todos os povos. E os povos, com consenso e cooperação, têm que estabelecer a paz e a liberdade. Também queremos isso, falando com as duas partes para criar uma lógica de diálogo. Nosso problema na região é a intervenção de poderes ocidentais. Para fazer essa intervenção, estão, constantemente, fazendo as divisões dos povos, apoiando uns governos e colocando-os contra outros”, disse.
Programa nuclear do Irã
O presidente iraniano voltou a dizer que o programa nuclear tem fins pacíficos e que o Irã não quer construir uma bomba atômica. “Nós acreditamos que a energia nuclear, como outros meios energéticos, devem ser acessíveis para todas as nações, um direito de todas as nações. Mas, infelizmente, essa energia nuclear também está monopolizada por alguns”, avaliou.
Ele citou o diálogo como forma de mostrar ao mundo que o Irã quer cooperar com as negociações em torno de seu programa nuclear. Ahmadinejad, no entanto, acusou os Estados Unidos e outros países que participam das negociações de serem contra o uso da energia nuclear pelo Irã porque, segundo ele, “não querem o progresso” de seu país.
Ahmadinejad destacou, ainda, o fato de os países que querem impedir o desenvolvimento do programa nuclear iraniano serem os mesmos que têm bombas atômicas: os Estados Unidos, que assume seu arsenal nuclear, e Israel, que não nega ter armas nucleares.
Segundo Ahmadinejad, quando o Irã era um regime monárquico, países ocidentais tinham acordos nucleares com seu país. No entanto, depois da revolução islâmica, em 1979, essas nações romperam seus contratos com os iranianos, sem ressarci-los financeiramente.
Edição: Lana Cristina
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