por Nielmar de Oliveira
Os cinco principais temas em discussão nas plenárias da Cúpula dos Povos estão sendo compilados e serão sintetizados em um documento único que deverá ser encaminhado ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, em encontro nesta sexta-feira (22).
A informação foi dada à Agência Brasil pela ativista Lúcia Ortiz, uma das organizadoras da plenária final e que pertence à organização Amigos da Terra Internacional.
Durante a reunião da Cúpula dos Povos, que aconteceu paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foram realizadas cinco plenárias: Direito, Justiça Social e Ambiental; Defesa dos bens comuns contra a mercantilização; Soberania Alimentar; Energia e Industrias Extrativas.
“Nestas plenárias nós procuramos trabalhar na construção de uma outra economia e de novos paradigmas para os povos. Discutimos as causas estruturais e as falsas soluções apresentadas como salvação para as crises vividas hoje por alguns dos principais países do mundo. Discutimos também as soluções apresentadas e o que elas têm em comum”, disse Lúcia.
Ao falar sobre a mobilização da sociedade civil, traduzida na reunião das diversidades culturais, étnicas e raciais que ocorre no Aterro do Flamengo, Lúcia destacou diversas manifestações, como a marcha de milhares de pessoas pelo centro do Rio de Janeiro realizada ontem (20) em protesto contra posições constantes do documento oficial da Rio+20 e contra o novo Código Florestal.
“Mais do que isto: nós estaremos elaborando na assembleia de amanhã (22) uma declaração contextualizada das falhas do sistema internacional das Nações Unidas, que se mostrou um verdadeiro fracasso tanto em dar conta do reconhecimento das causas da degradação do meio ambiente como da apresentação de soluções concretas para o problema”.
Lúcia disse que a decisão de entregar o documento com a síntese das plenárias ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na reunião de amanhã ainda não foi tomada. “A gente tem uma reunião agendada com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-mon, mas o nosso processo não tem essa entrega como objetivo final”.
Na avaliação da ativista do Amigos da Terra Internacional, mais importante do que a entrega a Ban Ki-moon, é o destino que cada governo dará a esse documento. “Essa síntese é uma consequência do processo de articulação, mobilização e construção da luta que estamos travando. Mas, mais importante para a gente é concluir a leitura dessa síntese. O que os governantes vão fazer com o documento vai depender de cada governo. Se eles vão ouvir o povo ou continuar capturados pelos interesses das grandes corporações é uma decisão que só a eles compete”, avalia.
Lúcia Ortiz também deixou em aberto a possibilidade de que a Cúpula dos Povos opte por divulgar o documento através da imprensa, “que é quem vem de fato dando apoio e divulgando os nossos eventos”.
Edição: Fábio Massalli
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