Negociações avançam, mas ainda faltam 62% para acordo geral na Rio+20
15 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaA delegação do Brasil, que assumiu o comando das negociações na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), vai apresentar hoje (16) um documento consolidado sobre o que foi acordado até agora entre as delegações dos 193 países que participam do evento. Já foram negociadas cerca de 38% das propostas. Porém, as divergências ainda são intensas e atingem principalmente recursos e conceitos básicos.
Desde ontem (15), os negociadores intensificaram os trabalhos, ampliando as reuniões para até as 23h. O objetivo das delegações foi adiantar ao máximo o texto preliminar a ser apresentado hoje para os brasileiros para a consolidação do documento final. Nos próximos dias 20 a 22, o material será examinado por cerca de 115 chefes de Estado e de Governo.
Ontem, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, pediu aos grupos que redobrassem os esforços para a obtenção de acordos e para o fim dos impasses até a reunião de cúpula. O apelo gerou reações, mesmo que ainda faltem 62% do documento para serem negociados, segundo o diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável, Assuntos Econômicos e Sociais da Rio+20, Nikhil Seth.
“[Ontem] as negociações estavam caminhando bem melhor do que há dois dias”, disse Seth, informando que mesmo indicando avanços nos debates, a porcentagem não reflete a disposição dos negociadores em chegar, rapidamente, a um acordo. “Muitos negociadores disseram que se sentem encorajados com o clima positivo e que certamente haverá avanços mais importantes com a provável conclusão do texto até o dia 19.”
Seth confirmou que as negociações ainda estão travadas por pontos estratégicos do debate, que não encontram consenso entre os representantes dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento. As divergências recaem principalmente sobre questões como a implementação dos compromissos com o desenvolvimento sustentável, a transferência de tecnologias e a reafirmação e o aprofundamento de metas estabelecidas há 20 anos, na Rio92.
“Havendo acordo em relação a essas questões maiores, ocorrerá acordo em torno das outras questões. Não existe um grupo especial tratando da reafirmação de compromissos da Rio92. O tema aparece em vários parágrafos do texto. Ou seja, uma vez que essas questões divergentes estejam resolvidas, resolveremos esses colchetes rapidamente”, disse Seth, mantendo o otimismo sobre os acordos.
No entanto, Seth alertou que não é mais o momento para debates minuciosos e que as negociações entraram em uma nova modalidade. O governo brasileiro vai anunciar como, no comando das negociações, vai conduzir esses debates. As reuniões dos comitês preparatórios foram encerradas ontem à noite, mas alguns grupos continuarão tentando refinar o texto para que o documento seja concluído no dia 18 e submetido à Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 19.
A economia do Desenvolvimento Sustentável, incluindo padrões sustentáveis de produção e consumo
15 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaLatinos cobram responsabilidade de países ricos
15 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaOs representantes da Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba), que reúne Venezuela, Antigua e Barbuda, Bolívia, Cuba, República Dominicana, Equador, Nicarágua, San Vicente e Granadinas, cobraram hoje (16) dos líderes políticos dos países ricos, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), maior cooperação com o desenvolvimento sustentável, investimento nas propostas em discussão e respeito aos países em desenvolvimento.
A chefe da delegação de Cuba, Anayensi Rodriguez, apelou para que os países ricos respeitem os que estão em desenvolvimento e permitam que eles também tenham voz nas discussões políticas. “[Temos] o direito ao desenvolvimento, que implica no respeito à decisão soberana dos países para escolher os caminhos de acordo com suas circunstâncias e necessidades. Isso também requer uma mudança nos padrões de produção e consumo”, disse ela.
O chefe da delegação da Bolívia, René Orellana, acrescentou ainda que a crise que atinge o sistema financeiro pode afetar a alimentação e o meio ambiente de tal maneira que leve o mundo à uma “agenda de pobreza”. “A fome e a miséria hoje já atinge 1 bilhão de pessoas famintas no mundo. Há 30 anos eram 800 milhões [nessa situação].”
Para a chefe da delegação da Venezuela, Claudia Salerno, o mundo está “repleto de crises conjunturais” e, por isso, é necessário atuar de maneira coletiva. Segundo ela, as articulações que promovam ações concretas e as definições das metas adotadas por todos nos próximos anos é fundamental na busca do equilíbrio para assegurar a qualidade de vida no planeta.
O chefe da delegação da Nicarágua, Paul Oquist Kelley, reclamou da falta de investimentos dos países desenvolvidos em questões prioritárias e disse que sem esse apoio é impossível propor metas e fixar objetivos. O chefe da delegação do Equador, Tarsicio Graniso, lembrou que a conferência deve dar respostas à sociedade e não pode decepcionar quem espera por ações.
Rio+Tóxico visita Aterro de Jardim Gramacho
15 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaUm grupo de ativistas está visitando locais da região metropolitana do Rio de Janeiro afetados por indústrias e outros empreendimentos que impactam o meio ambiente. Neste sábado (16), um ônibus saiu da sede do BNDES em direção a Duque de Caxias para conhecer o aterro controlado de Jardim Gramacho.
Debates no G20 não vão esvaziar Rio+20, diz Carvalho
15 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaO ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse hoje (16) que a decisão da presidenta Dilma Rousseff, de debater economia verde durante a reunião do G20 (que reúne as maiores economias do mundo), no México, não vai esvaziar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
Segundo ele, o objetivo da presidenta é levar as discussões da conferência para os chefes de Estado e de Governo que não estarão presentes no Rio de Janeiro.
“A presidenta não quer transferir para o G20 aquilo que vai ser resolvido aqui. O natural é que a presidenta, ao se encontrar com mais chefes de Estado que não estarão aqui, possa levar algumas das questões que são problemas aqui. O foco é aqui. O espaço de decisão é aqui. Não se trata de esvaziar a Rio+20”, disse.
A presidenta Dilma Rousseff viaja no domingo (17) para Los Cabos, no México, onde ocorre a Cúpula do G20. Dilma deve se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, além do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron. Obama, Merkel e Cameron são as principais ausências na Rio+20, cuja previsão é reunir 115 chefes de Estado e de Governo, de 20 a 22 de junho.
O secretário executivo da delegação do Brasil na Rio+20, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, reiterou ontem (15) que a presidenta vai a Los Cabos com um relato completo sobre as negociações em curso no Rio de Janeiro. A ideia é apresentar aos líderes políticos um documento final com o mínimo de controvérsias, embora as divergências, neste momento, ainda dominem os debates.