FAO: fome aumenta no mundo e afeta 821 milhões de pessoas
11 de Setembro de 2018, 12:29Região agrícola da Guatemala, um dos países localizados no Corredor Seco da América Central, região afetada por estiagens severas. Foto: PMA/Francisco Fion
Pelo terceiro ano consecutivo, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) registrou um aumento no número de pessoas passando fome no mundo, que subiu de 815 milhões de indivíduos, em 2016, para quase 821 milhões em 2017. Segundo novo levantamento da agência da ONU e parceiros, a América Latina e o Caribe acompanharam a tendência — na região, 39,3 milhões de pessoas vivem subalimentadas, valor que representa um crescimento de 400 mil.
Divulgado nesta terça-feira (11), o relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018 revela que, em 2017, uma em cada nove pessoas no planeta foi vítima da fome.
Além dos conflitos armados e das crises econômicas, as variações do clima e fenômenos naturais extremos, como secas e enchentes, foram as principais causas do avanço da subnutrição. De acordo com a FAO, temperaturas anômalas em 2017 superaram as médias do período 2011-2016. Isso provocou mais episódios de calor extremo do que nos últimos cinco anos.
Outro problema foi a mudança no padrão de chuvas, com o início tardio ou precoce das temporadas de precipitações e sua distribuição desigual ao longo do próprio período chuvoso.
Na América Latina e no Caribe, os desafios ambientais para a produção agrícola podem ser observados no Corredor Seco da América Central, sobretudo em El Salvador, Guatemala e Honduras, uma das regiões mais afetadas pela estiagem associada ao El Niño no biênio 2015-16. A seca foi uma das piores dos últimos dez anos e provocou reduções significativas nas safras, com perdas estimadas entre 50% e 90%. Mais de 3,6 milhões de pessoas precisaram de assistência humanitária.
A agência da ONU estima que, em todo o mundo, 83% de todas as perdas e danos à agricultura foram causadas por secas em 2017. Inundações responderam por 17% desses impactos negativos sobre a produção de alimentos.
A pesquisa deste ano foi elaborado pela FAO junto com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Segundo a análise, a fome avançou na América do Sul e na maioria das regiões da África, ao passo que os índices de subalimentação da Ásia, embora continuem a diminuir, apresentaram uma desaceleração no ritmo de queda.
FAO denuncia estagnação do combate à fome na América Latina
O representante da FAO para a América Latina e o Caribe, Julio Berdegué, alertou nesta terça que, na região, “estamos parados na luta contra a fome há quatro anos”. “Em 2014, a fome afetou 38,5 milhões e, em 2017, ultrapassou os 39 milhões. Estes números são um forte e claro apelo para redobrar os esforços em todos os níveis”, enfatizou o dirigente.
Na avaliação do especialista, as oscilações da subnutrição afastam os países latino-americanos e caribenhos do cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 2, que prevê a erradicação da fome até 2030.
Além do tradicional indicador de fome relatado pelo levantamento, a análise da FAO apresenta um indicador de insegurança alimentar grave, calculado a partir de pesquisas em domicílios. Para 2017, o índice foi maior do que em 2014 em todas as partes do planeta, exceto na América do Norte e na Europa. Um aumento notável foi identificado na América Latina, onde a estatística saltou de 7,6% em 2016 para 9,8% em 2017.
Desnutrição aguda e crônica em crianças latino-americanas
Apesar dos desafios, a América Latina e o Caribe possuem uma taxa muito baixa de desnutrição aguda em crianças (1,3%), o equivalente a 700 mil meninos e meninas com menos de cinco anos de idade. A proporção está bem abaixo da média global de 7,5%. Apenas uma em cada cem crianças latino-americanas e caribenhas nessa faixa etária sofre com o problema.
O atraso no crescimento de meninas e meninos — a chamada desnutrição crônica — também diminuiu na região, caindo de 11,4% em 2012 para 9,6% em 2017. O fenômeno afeta 5,1 milhões de crianças com menos de cinco anos.
Obesidade afeta 25% dos latino-americanos e caribenhos
O relatório da FAO também avalia outra faceta dos problemas de nutrição — a obesidade. Praticamente um em cada quatro habitantes da América Latina e Caribe são considerados obesos — em 2016, a condição de saúde afetava 24,1% da população regional, um aumento de 2,4% desde 2012.
“Em 2016, havia 104,7 milhões de adultos com obesidade em nossa região. Mas houve um aumento gigantesco, de mais de 16 milhões, em apenas quatro anos. É uma epidemia que, apesar das repetidas advertências da FAO e da OPAS/OMS (a Organização Pan-Americana da Saúde, escritório regional da OMS), continua descontrolada, com enormes efeitos na saúde das pessoas e na economia dos países”, alertou Berdegué.
A América Latina e o Caribe têm o segundo maior percentual de crianças com excesso de peso no mundo (7,3%) — são 3,9 milhões de meninas e meninos com sobrepeso.
A obesidade em adultos também está piorando em nível mundial: 672 milhões de pessoas são obesas, o que equivale a mais de uma em cada oito indivíduos.
Acesse o relatório da FAO na íntegra clicando aqui.
Economista mexicano assume direção de programa de desenvolvimento da ONU na América Latina
10 de Setembro de 2018, 18:50Luis López-Calva, novo diretor regional do PNUD para a América Latina e Caribe. Foto: PNUD
O economista mexicano Luis López-Calva assumiu neste mês (4) os cargos de administrador adjunto do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e diretor regional do organismo para a América Latina e o Caribe. Especialista traz para a agência quase 30 anos de experiência em instituições de cooperação internacional, como o Banco Mundial, e também de pesquisa acadêmica com foco em mercado de trabalho, pobreza e desigualdade.
O dirigente já havia trabalhado com o PNUD, onde atuou como economista-chefe do Escritório Regional para a América Latina e o Caribe, localizado em Nova Iorque. Também no programa, codirigiu e assinou o Relatório de Desenvolvimento Mundial 2017, sobre “Governança e Direito”. No Banco Mundial, López-Calva foi gerente da área de Pobreza e Equidade para a Europa e Ásia Central.
Enquanto pesquisador, apresentou o resultado de seus estudos em instituições como a Universidade de Harvard, as Universidades da Califórnia em Berkeley e San Diego e na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O gestor tem mestrado em Economia pela Universidade de Boston e doutorado na mesma área pela Universidade Cornell.
“Sinto-me honrado por voltar ao PNUD e trabalhar para minha própria região neste momento decisivo, quando os países enfrentam novos desafios para melhorar o crescimento, a inclusão e a resiliência para alcançar seus objetivos de desenvolvimento de maneira sustentável”, disse o dirigente.
“Esse é um momento de desafios e também de oportunidades para repensar os modelos de desenvolvimento tradicionais e os arranjos institucionais para não deixar ninguém para trás até 2030. Isso é crucial para nossa região, que continua sendo muito desigual apesar dos enormes avanços dos últimos anos.”
López-Calva sucede Jessica Faieta, que assumiu o cargo de representante especial adjunta da ONU para a Colômbia e chefe adjunta da Missão de Verificação das Nações Unidas no país.
O administrador do PNUD, Achim Steiner, elogiou a nomeação do novo diretor regional. “As quase três décadas de experiência de López-Calva, trabalhando na academia, assessorando governos e ocupando postos-chave de liderança em organizações multilaterais o colocam em boa posição para orientar o trabalho do PNUD na região, apoiando os países rumo ao desenvolvimento sustentável”, afirmou.
“Sendo um líder com larga experiência na região, ele é um valioso e bem-vindo acréscimo à equipe de liderança sênior do PNUD, para que continuemos trabalhando com os países da América Latina e do Caribe para implementar os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável)”, completou Steiner.
OMS: quase 800 mil pessoas se suicidam por ano
10 de Setembro de 2018, 18:01Fita amarela é símbolo dos movimentos de conscientização sobre o suicídio. Foto: Jared Keener (CC)
Por ano, quase 800 mil pessoas em todo o mundo cometem suicídio, que é a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade. Os números foram divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na véspera do Dia de Prevenção do Suicídio, lembrado nesta segunda-feira (10). A agência da ONU também publicou um conjunto de orientações para ajudar a sociedade a impedir esse tipo de morte.
A cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no planeta. De acordo com o organismo internacional, todos os países, sejam eles ricos ou pobres, registram casos de suicídio. Mas quase 80% desses óbitos são identificados em nações de renda baixa e média, segundo dados de 2016. A maioria das ocorrências acontece em zonas rurais e agrícolas.
O envenenamento por pesticida é o método usado em 20% de todas as mortes. Outros meios comuns são o enforcamento e o uso de arma de fogo.
A OMS lembra que, nos países de renda alta, já foi reconhecido um vínculo entre suicídio e problemas de saúde mental, como depressão e transtornos de uso de álcool. Mas muitos suicídios, aponta a agência da ONU, são cometidos por impulso, em momentos de crise.
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— OPAS/OMS (@OPASOMSBrasil) 9 de setembro de 2018
O organismo internacional considera a prática do suicídio um problema de saúde pública e recomenda que países identifiquem os principais métodos que algumas pessoas usam para pôr fim à própria vida. Com isso, é possível restringir o acesso a esses meios. Outras medidas para prevenir esse tipo de morte é a implementação de políticas para limitar o consumo abusivo de álcool e drogas.
A OMS defende ainda o fornecimento de serviços de saúde mental eficazes. Governos também devem oferecer acompanhamento médico após tentativas de suicídio.
Na avaliação da agência das Nações Unidas, é necessária uma abordagem integrada, que mobilize não apenas a saúde, mas também a educação, os meios de comunicação, instituições trabalhistas e o setor agrícola.
Cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países inteiros, afirma a OMS. Em muitos países, o tema é um tabu — o que impede pessoas que tentaram se suicidar de procurar ajuda. Até hoje, apenas alguns países incluíram a prevenção do suicídio em suas prioridades de saúde e apenas 28 nações relataram ter uma estratégia nacional de prevenção.
Acesse as recomendações da OMS clicando aqui.
Adolescentes refugiados e brasileiros concluem curso profissionalizante em São Paulo
10 de Setembro de 2018, 17:04Em São Paulo, curso sobre apólices de seguro teve a participação de adolescentes refugiados e brasileiros. Foto: Instituto Techmail
Brasileiros e refugiados concluíram em São Paulo um curso profissionalizante sobre apólices e modalidades de seguro. Oferecida pelo Instituto Techmail e pela Escola Nacional de Seguros, a formação teve a participação de 26 jovens com idade de 16 a 20 anos. Entre os alunos, quatro eram refugiados da República Democrática do Congo e de Angola. Com o diploma em mãos, a turma está pronta para ingressar no mercado de trabalho.
“Além de ter mais oportunidades para conseguir emprego, o que aprendemos aqui nos ajudará muito no futuro. Também tive a oportunidade de conhecer outras pessoas, inclusive quem já atua no mercado de trabalho”, conta a congolesa Elizabeth.
Todos os formandos estavam no ensino médio ou começando a universidade. A capacitação “Amigo do Seguro” abordou os serviços de seguro para automóvel, residência, saúde e outros tipos de apólices, além de incluir aulas de português e matemática.
“Aprendi muitas coisas que não sabia, como matemática financeira, educação financeira e também sobre todos os tipos de seguro”, afirma Bernice, que também é congolesa.
Luiz Fernando Pinto de Carvalho, gestor do Instituto Techmail, ressalta que o curso não se restringe apenas a ensinar habilidades específicas. “A inserção no mercado de trabalho não é o nosso fim, que é sim, de mudar a vida dos jovens, propiciando a eles ferramentas necessárias para se manterem no mercado e darem continuidade às suas aspirações”, explicou.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) parabeniza iniciativas como essa, por garantir a integração digna de refugiados às comunidades que os acolhem. Promovendo conhecimento para a juventude, o projeto assegura o desenvolvimento de suas capacidades.
Chefes de Estado se reúnem pela 1ª vez na ONU para debater fim da tuberculose
10 de Setembro de 2018, 16:07Assembleia Geral da ONU, na sede do organismo internacional, em Nova Iorque. Foto: ONU/Manuel Elias
Pela primeira vez na história da ONU, chefes e ministros de Estado vão se reunir para definir estratégias globais contra a tuberculose. Encontro em Nova Iorque acontece em 26 de setembro. Objetivo é chegar a um consenso sobre recomendações para eliminar a doença em todo o mundo até 2030. Em 2016, 1,7 milhão de pessoas morreram por causa da infecção — 25% dos óbitos foram registrados entre indivíduos vivendo com HIV.
Um dos participantes da primeira Reunião de Alto Nível sobre tuberculose, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) realiza ao longo do mês de setembro uma campanha de conscientização sobre o tema. O organismo internacional vai abordar os riscos específicos de quem vive com HIV. Uma em cada dez ocorrências de tuberculose ocorre entre pessoas com o vírus.
Para acompanhar a mobilização online do UNAIDS, basta seguir a página brasileira do programa no Facebook, Twitter e Instagram. A iniciativa divulgará dados mundiais e nacionais, bem como informações sobre como se engajar com a resposta global à tuberculose.
A instituição da ONU também convida todas as pessoas a participarem da reunião de alto nível por meio das redes sociais, postando mensagens no Twitter e no Facebook com as hashtags #UNHLMTB (UN High-Level Meeting on TB, o nome em inglês do evento) e #EndTB (Acabe com a TB, em português). O programa incentiva que os usuários direcionem essas publicações aos chefes de Estado participantes do encontro.
O UNAIDS defende políticas de saúde que lidem de forma combinada com as epidemias de HIV e tuberculose. A eliminação de ambas as infecções como um problema de saúde pública é uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Essa agenda da ONU deve ser cumprida até 2030.
Embora seja tratável e evitável, a tuberculose foi a nona maior causa de morte em todo o mundo em 2016. Um dos meios de combater a patologia é garantir o acesso a diagnóstico e tratamento nos serviços de atenção primária. O tema é um dos tópicos que serão debatidos em Nova Iorque.
O evento reunirá chefes de Estado, parlamentares, prefeitos e governadores de localidades com altas taxas de tuberculose, além de representantes da sociedade civil, ONGs, lideranças indígenas, organizações comunitárias, fundações filantrópicas, setor privado, academia e redes de pessoas vivendo com a doença.