Não acredito em coincidências. No fim-de-semana, a Folha e O Globo pediram o “Fora, Cunha”.
Editoriais duros foram publicados pelos mesmos jornais que, antes, comemoravam a vitória do nefasto peemedebista sobre Dilma.
O que mudou?
Está na cara que hoje Cunha é um entrave para o impeachment. Gera ruído no discurso daqueles que bradam: o PT é o inventor de toda a corrupção no Brasil desde Cabral.
Então, destruamos Cunha!
A estratégia é pressioná-lo, oferecendo uma saída “honrosa”: ele deixa a presidência da Câmara, mas tucanos e demos se articulam para salvar o mandato do homem acusado de ter milhões de dólares escondidos na Suíça.
Não é à toa que Aécio faltou à mini-festação do dia 13. O “Fora, Dilma” está micado. Primeiro, é preciso sacar Cunha do poder…
Deixo claro: não estou dizendo que haja uma mente malévola que articula tudo e “manda” o Judiciário e a PF seguirem um roteiro determinado. Não é assim. Mas essas instâncias todas praticam um balé: a dança bem ensaiada dos poderosos.
A imprensa (Globo, sobretudo) rifou Cunha. Então, as instituições estão livres para avançar sobre ele. Quanto tempo Cunha ainda resistirá?
Todos agora fazem seus cálculos.
1 – A oposição (PSDB/Serra) teme que as operações da PF respinguem em Temer (inviabilizando o vice traidor como alternativa de poder). Isso já está acontecendo: o ministro Henrique Alves (próximo de Temer) também foi alvo da operação que invadiu as casas de Cunha nesta terça-feira.
Temer e o PMDB estão manchados. Haveria espaço para alguma manobra deles ainda?
Sempre há, mas essa saída de golpe parlamentar paulista (Temer no poder, com apoio de empresários de São Paulo, e sob a batuta de um super-ministro José Serra) parece estar bloqueada agora pelos desdobramentos da Operação Lava-Jato.
2 – O governo Dilma também tem seus temores. Se Cunha for afastado (por decisão do STF, ou num acordão com os tucanos), um parlamentar mais “limpo” pode assumir a presidência da Câmara. E aí o roteiro do impeachment retoma alguma viabilidade. É esse o desejo nada oculto da Globo e da Folha…
Por isso o governo tem pressa: a ideia é fazer o impeachment andar enquanto o mau cheiro que exala de Cunha domina o ambiente. Se não houver recesso, tudo pode estar concluído até fevereiro ou março.
3 – Aécio é outro que faz cálculos. Pra ele, é melhor tudo ficar como está: o governo se enfraquece, lutando contra o impeachment – que ao fim fracassa. Assim, o PMDB não ganha a presidência.
Mais à frente, em abril ou maio, o PSDB tentará de novo o golpe: dessa vez, para cassar a chapa Dilma/Temer no TSE. Nesse caso, se tudo acontecer na primeira metade do mandato de Dilma (até o fim de 2016), novas eleições deveriam ser convocadas.
Marina, a oportunista de plantão, é sócia de Aécio nesse cenário. A ela interessa que ocorram novas eleições em 2016.
Mas ninguém pode prever o que de fato vai acontecer…
Meu palpite: Dilma sobrevive agora, aproveitando-se das contradições internas da oposição tucana e do odor fétido que exala do PMDB – um cadáver insepulto e dividido em vários pedaços.
Mas isso não quer dizer que o governo e o PT recuperem sua imagem no curto prazo. Não. Viveremos uma longa crise, da qual nem PT e nem PSDB sairão fortes.
E em 2016, se Dilma não mudar a política econômica (tornando mais suave o ajuste), a crise política pode-se transformar em crise social.
Nesse caso, a pressão contra o governo não virá dos oportunistas e golpistas da oposição. Mas das ruas (falo do povão, e não dos barrigudos da Paulista e de Copacabana) – onde hoje Dilma ainda conta com um apoio razoável para resistir.
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