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Rodrigo Vianna

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Donato: “na linha de frente com Haddad”

30 de Setembro de 2012, 21:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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por Rodrigo Vianna

No PT, pouca gente parece ter disposição de comprar a briga com a velha mídia – tucana e conservadora. Antônio Donato é exceção. Presidente do Diretório Municipal do PT na capital paulista, ele foi secretário de Marta na Prefeitura, e coordena a campanha de Fernando Haddad.

Donato é também candidato a vereador em São Paulo: vai tentar o terceiro mandato. Por oito anos, esteve na oposição a Serra e Kassab. E afirma: “enfim, serei vereador de situação; quero estar na linha de frente da defesa do governo Haddad.”

Essa é a terceira entrevista que publicamos, na série “Em quem votar para vereador”.

Aqui, você confere a entrevista com Gilberto Maringoni (PSOL).

E aqui, a conversa com Jamil Murad (PCdoB).

Confira abaixo a entrevista com Antônio Donato (PT).

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1) Na internet, há muitas críticas ao fato de o PT e o governo Dilma não terem coragem de travar o confronto com a velha mídia. Nessa campanha, o senhor parece ser exceção. Deu entrevista ao blog ”VioMundo’, questionando o DataFolha (“Enquanto estiver na margem de erro, eles não vão noticiar. Nós não podemos ter essa ilusão. O DataFolha, como o próprio nome diz, é da Folha. É o patrão”). O DataFolha, com Serra à frente de Haddad, está errado?

Dei aquela entrevista antes da divulgação do último Datafolha com base nas pesquisas internas da nossa campanha, que mostram números bem diferentes, e o sentimento do povo nas ruas, que não está satisfeito com a atual administração e quer mudança de rumo na cidade. Na noite de segunda-feira (24), saiu um Vox Populi com números bem parecidos com o que a gente vê nos bairros, isto é: o Haddad e o Serra empatados em 17%. A diferença é que o Haddad está em processo de crescimento, enquanto a candidatura Serra vive um gradual esvaziamento. Temos confiança de que nosso candidato estará no segundo turno, mas há setores da mídia, historicamente ligados ao Serra, que se desesperam ao vê-lo derrotado precocemente e tentam dar fôlego à sua candidatura, distorcendo notícias ou usando o julgamento do chamado “Mensalão” para tentar atrapalhar a candidatura do Haddad. Só que o povo não se deixa mais levar por tudo o que a mídia divulga, tanto é que nutre uma enorme rejeição pela candidatura do tucano.

2) A impressão é de que muitos petistas seguem mais preocupados em lutar por espaços na velha mídia do que ocupados em construir novos espaços de comunicação. Isso confere?

Sempre que possível o PT tem colocado a necessidade de o Congresso Nacional debater um novo marco regulatório dos meios de comunicação, para acabar com a concentração de diferentes mídias (jornais, revistas, rádio, TV e internet) nas mãos de poucos grupos econômicos, a importância de existir uma lei de imprensa que assegure com clareza, em qualquer veículo, o direito de resposta a todo cidadão vítima dos excessos da mídia. Mas devemos reconhecer que não temos dado ênfase suficiente para esse debate. O PT deve assumir um papel mais incisivo nessa discussão, porque sem avançarmos nessa área, a democracia não se completa no nosso país. Quando se fala em democratização da comunicação a reação dos empresários do setor é o de interditar o debate, escondendo o assunto da população ou dizendo que se trata de censura, partindo para o ataque contra o PT. Mas isso não impede, a meu ver, que se ocupe espaços na mídia para fazer o debate de ideias sobre os mais diversos temas, inclusive a questão da regulação da comunicação.

3) Por que o PT e Dilma não compram a briga com a velha midia, de forma mais clara? Medo ou estratégia política?

Devemos diferenciar o papel de cada um. Ao meu ver cabe ao PT fomentar na sociedade esse debate, articulando-se com os diversos ativistas que militam pela democratização da informação, criando as condições de mobilizaçao ampla para enfrentar os poderosos interesses da midia conservadora. O presidente Rui Falcão tem uma preoupação real com esse tema, mas devo reconhecer que esse tema ainda não ganhou o conjunto da direção partidaria, e temos iniciativas muito timidas. Sem a mobilização da sociedade pelo avanço do direito à informação, o governo fica fragilizado para pautar esse debate.

4) Até 2002, o PT era forte no chamado “voto de opinião”, na classe média. Depois do “mensalão”, o PT parece ter perdido apoio na classe média. É inexorável essa mudança?

Não acredito que seja inexorável. Nossos erros foram potencializados pela mídia conservadora como forma de fragilizar nosso governo e a figura de Lula. Precisavam nos fragilizar não pelos nossos erros e defeitos, mas sim pelas nossas virtudes. Um governo que promove a inclusão social e diminui as desigualdades é insuportavel para grandes setores da elite brasileira com seu DNA escravocrata. Enquanto a grande maioria da populaçåo se beneficiava com a atuação do governo Lula, restou apenas o velho moralismo udenista para nos combater, e é verdade que essa campanha permanente e intensa da midia conservadora produziu efeitos na classe média dos grandes centros urbanos do país. Mas o governo Dilma e governos estaduais e municipais bem sucedidos podem ir reatando laços com a classe média.

5) Qual sua principal base eleitoral na eleição para vereador?

Nasci e cresci no Campo Limpo, zona Sul, de São Paulo, região em que moro até hoje e que é onde tenho uma atuação maior. Mas tambem tenho uma atuação grande no Butantã em parceria com o Deputado Zarattini

6) Em que áreas pretende concentrar sua atuação, se conseguir o terceiro mandato na Câmara?

O meu mandato tem um perfil popular muito acentuado. Portanto a atuação no legislativo acaba sendo reflexo das lutas que levamos em cada bairrro da cidade. Nesse sentido digamos que meu mandato não se prende a um tema, e tem um caráter “generalista”. Nesses oito anos de mandato, por quatro deles estive na comissão de Transportes e outros quatro na comissão de Finanças da Câmara. São duas áreas em que eu me aprofundei e nas quais acredito que posso contribuir com a cidade. Gosto de fiscalizar a atuação do Executivo. Mas como enfim serei vereador de situação quero estar na linha de frente da defesa do governo Haddad.

7) O PT subestimou Russomano na campanha? Tucanos e petistas pareciam acreditar que Russomano não se sustentaria na liderança. Como explicar a liderança dele em todas as pesquisas?

Sempre tivemos claro, desde o ano passado, o esgotamento político e administrativo da gestão Serra/Kassab e que o paulistano anseia por mudanças. Só a mídia e o PSDB não se deram conta disto. Tanto é que os tucanos foram atrás do Serra achando que ele seria capaz de manter esse esquema de poder que paralisou a cidade, mesmo com a prefeitura tendo dinheiro em caixa. Não fez os três hospitais prometidos e nem expandiu os corredores de ônibus, deixando piorar a qualidade do transporte. Russomanno lidera as pesquisas porque a maioria da população rejeita o Serra e quer derrota-lo logo no primeiro turno. Ele acabou atraindo gente que sempre vota com o PT. Mas estamos recuperando esses votos na reta final da campanha e, no segundo turno, caso a disputa seja entre  Haddad e  Russomanno, será bem diferente. Vamos ganhar.

8) Há um cansaço com a polarização PT/PSDB?

Existe um cansaço com o PSDB. Todas as pesquisas apontam uma enorme simpatia pelo PT, nesse momento por volta de 30% na cidade de São Paulo. Quem alimenta essa polarização é o PSDB, que a usa para esconder sua falta de projeto para a cidade e a incapacidade administrativa. Veja o caso do governo estadual, onde chama a atenção a lentidão tucana para deslanchar projetos importantes, como a expansão do metrô, que cresce a passo de tartaruga.

9) Foi um erro buscar o apoio de Maluf? O que atrapalha mais na campanha: Maluf ou o chamado “mensalão”?

Nas condições do nosso sistema eleitoral, foi correta a aliança com o PP, partido que apoia o governo da presidenta Dilma. No pluripartidarismo brasileiro nenhum partido consegue governar sozinho e o PT sempre faz alianças para vencer as eleições e, depois, ter condições de governar sempre com base em um programa transparente e democraticamente debatido. O Maluf não é candidato a nada nesta eleição. E quanto ao “Mensalão”, apesar de todo barulho da mídia em torno do assunto, o que percebemos é que tem uma influência muito limitada no quadro eleitoral. O eleitor quer saber quem é o melhor candidato para resolver os problemas da sua cidade.

 10) Gostaria de uma definição sua, em uma linha, sobre os personagens abaixo…

- Getulio Vargas: deixou um legado político e administrativo que repercute até hoje

- Lula: o melhor presidente que o Brasil já teve,  mudou nosso país

- Marina Silva: sem dúvida, é uma referência na agenda ambiental, mas se perdeu na movimentação politica

- Soninha:  o velho personalismo, numa embalagem moderninha

- Otavio Frias Filho: se seu jornal é espelho do seu dono, nåo deve ser boa pessoa

- Serra: um político que tem contribuido para piorar nossa democracia

- Mario Covas: com todas as discordâncias, alguem que se deve respeitar

- Bresser Pereira: um intelectual lúcido

- Doutor Sócrates: síntese do jogador ideal – inteligente e bom de bola

- Neymar: um craque ainda em amadurecimento

- Marta Suplicy: a melhor prefeita de São Paulo;

- Maluf: passo…rs

- Russomano: personagem a ser melhor estudado…

- Erundina: uma lutadora em defesa dos mais pobres


Fonte: http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/donato-na-linha-de-frente-do-governo-haddad.html

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