Doze anos de políticas de inclusão social, sem politização, terminaram nisso: a direita criou um clima de ódio no Brasil. O PT fugiu do confronto, mas o confronto chegou.
Não tem jeito. E não é papo de “elite”, não. A baixa classe média é o setor mais propenso a aderir a esse discurso de “esfola e mata”. Nenhuma novidade. Fascismo é isso. Ódio da elite é uma coisa. Política de ódio, com base popular, é o que vimos na Itália nos anos 20. Fascismo, meus caros. Ele bate à nossa porta. E fascismo não se enfrenta só com bons argumentos. A batalha será longa. E o outro lado está mais organizado.
Em 2013, eu estava naquela passeata na Paulista, convocada pelo MPL, mas que terminou dominada pela direita fascista. Apanharam todos juntos: petistas, psolistas, comunistas, trotskistas, brizolistas, sindicalistas. Qualquer coisa que tivesse cara de esquerda.
Na campanha eleitoral, o ódio só cresceu. E isso não vai parar.
A direita quer sangue. Os próximos meses serão decisivos. Não se trata mais de defender Dilma ou PT. Tucanos e seus alados midiáticos criaram monstros. E agora eles vão agir por conta própria. Na rua.
O tempo da conciliação acabou.
Vivemos, no Brasil, a venezuelização de mão única. A direita segue o padrão venezuelano. A esquerda age como se estivesse na Suécia.
Dilma, acorda! Lula, saia da toca! Ou eles vão buscar você aí!
Confira abaixo, os detalhes da ameaça mais do que explícita a João Pedro Stédile, líder do MST.
(Rodrigo Vianna)
Em tempo: acabo de receber a informação de que Stédile será recebido nas próximas horas pelo Ministro da Justiça, para formalizar a denúncia.
O guarda municipal de Macaé, a 180 quilômetros da capital carioca, Paulo Mendonça, compartilhou em sua conta pessoal no Facebook um anúncio onde pede “Stédile vivo ou morto” com recompensa de R$ 10 mil. A imagem é acompanhada de um discurso de ódio contra os movimentos sociais, imigrantes e governos progressistas. O guarda pede ajuda dos “militares de carreiras e oficiais do nosso querido Exército” para combater o dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile.Com devaneios incoerentes o guarda coloca no mesmo grupo o povo cubano, os imigrantes haitianos, o crime organizado paulistano, os partidos políticos de esquerda e os movimentos sociais. Segundo ele, há uma “ordem do PCC [organização criminosa intitulada Primeiro Comando da Capital]” para que “cubanos e a haitianos” queimem ônibus na capital paulista no domingo (15) para desviar a atenção da manifestação contra a presidenta Dilma, e vai ainda mais longe: garante que tudo é orquestrado por João Pedro Stédile.
A perseguição a Stédile foi impulsionada, segundo o guarda, pelas amplas manifestações que o MST vem fazendo nas últimas semanas. Milhares de mulheres camponesas têm ocupado empresas multinacionais ligadas ao agronegócio em diversos estados para reivindicar direito à produção saudável e soberania alimentar.
Paulo Mendonça é enfático ao exigir um golpe militar “para defender o povo brasileiro”, o mesmo argumento usado pelos setores reacionários da sociedade durante o golpe militar de 1964 contra o presidente João Goulart. “O povo que irá às ruas [no dia 15] está disposto ao enfrentamento, está na hora de o Exército sair dos quartéis e proteger o povo pois esta é uma das obrigações do Exército, pois estamos com grupos de paramilitares cubanos e haitianos, envolvidos nos grupos do PT e MST”.
O discurso de ódio disseminado na internet contra os movimentos sociais e os partidos de esquerda vem crescendo, sempre baseado na intolerância e ignorância. É comum ver ataques desrespeitosos na página oficial do MST. No entanto, os ataques não estão só na internet, há casos de violência física e moral por cunho ideológico. Recentemente uma família teve a casa invadida em Chapecó, no interior de Santa Catarina, por ter colocado bandeiras do MST na varanda; o humorista Gregório Duvivier foi hostilizado em um restaurante por “ser petista”. Esses são apenas casos que ganharam repercussão nacional, mas há outros.
“Contra partidos e contra tudo que está aí”, esse setor reacionário não propõe e não agrega ao cenário político, apenas ataca e desqualifica. Não há argumentos sólidos contra o MST, ou outros movimentos sociais, sequer contra os partidos políticos, apenas palavras chave que são mudadas conforme a ocasião para incitar a violência. É comum que “Venezuela”, “ditadura” e “baderneiros” sejam usados na mesma frase, normalmente seguida de um pedido de golpe militar. A ignorância e a violência desenfreada deste setor é o que alavanca as manifestações de ódio. Fruto de uma manipulação constante da mídia e de páginas de origem duvidosa na internet, eles estão prontos para ir à guerra contra tudo que se pareça com organização política ou social.
The post Stédile é ameaçado de morte: Brasil já tem sua direita venezuelana appeared first on Escrevinhador.