por Rodrigo Vianna
Escrevi há alguns dias que a direita (ou seja, FHC e sua turma) piscou, e decidiu não encampar as manifestações do dia 15. Um dos motivos: Dilma está desgastada, mas um movimento brusco contra ela pode levar – no redemoinho – também os tucanos (clique aqui para entender por que o PSDB teme Lula e morre de medo das ruas).
Claro que o PSDB age com a malandragem de quem não gosta de brigar nas ruas (e prefere terceirizar o golpe). Se a ideia de derrubar Dilma colar, e for “inevitável”, aí os tucanos encampam a tese. Mas não vão correr na frente.
Pois bem, uma pesquisa no Paraná (clique aqui) mostra que há motivos mesmo para que o PSDB se assuste: o governador Richa, eleito no primeiro turno, viu sua popularidade despencar em menos de 3 meses. Enfrenta uma rebelião popular nas ruas: 3 de cada 4 paranaenses rejeitam o governo tucano. Mais que isso: no Paraná, Requião não tem medo de fazer oposição, e enfrenta Richa com as armas que possui (TV improvisada na internet, disposição para o debate permanente, ideológico, contrapondo-se à lógica privatista do PSDB paranaense).
Sim, o povo na rua não empareda só Dilma. Joga nas cordas Richa e o PSDB. E em São Paulo Alckmin pode ir junto para a lama do Cantareira… Alckmin olha para os números do Paraná e deve pensar: “Richa, não quero ser você amanhã (mas estou quase lá).”
Pior: no meio do caminho, antes da marcha golpista do dia 15, haverá a lista de Janot. A lista dos investigados deixará a nu a hipocrisia do PSDB. Entre os investigados por corrupção haverá, sim, tucanos e gente da oposição ao governo Dilma. Ficará difícil atribuir ao PT – e só ao PT – os males de toda corrupção.
Mais que isso: se o governo Dilma (em hipótese) se desmanchasse, teríamos eleição. Ok, e quem seria o nome favorito? Pouca gente duvida: chama-se Lula.
Então, o quadro é confuso dos dois lados. O PT e Dilma se desgastam. Mas os tucanos começam a ir junto porque é o sistema político que pode se esborrachar. Um quadro perigoso.
Os tresloucados do golpe estão mexendo com coisa séria. A democracia brasileira será colocada à prova nos próximos meses.
Dilma, que está calada, saberá falar na hora certa? É o que se espera.
Já não se trata de “salvar” o PT ou o lulismo. Mas de preservar o jogo democrático e o Estado-Nação – numa época em que, ao poder imperial, interessa criar estados zumbis (sem ação nem comando), como vemos no Oriente Médio (Iraque, Líbia, Síria – um vazio de poder) e no sul da Europa (Espanha, Portugal, Grécia – humilhados pelo mundo das finanças).
No Brasil, por enquanto, já há um zumbi: chama-se Richa – um tucano levado à lona pela “esperrrrteza” dos mervais, reinaldos, aécios e outros celerados que tentam jogar gasolina na fogueira.
Vejam os números do Paraná…
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da Gazeta do Povo (PR)
Passados três meses da posse no segundo mandato, a avaliação do governador Beto Richa (PSDB) despencou entre os eleitores. Conforme levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, encomendado pela Gazeta do Povo, 76% dos paranaenses desaprovam o atual governo. O número é quase 50 pontos porcentuais maior do que os que avaliavam negativamente a gestão estadual no final do primeiro mandato do tucano.
Em dezembro do ano passado, Richa já havia amargado sua pior avaliação desde 2011, segundo o Paraná Pesquisas. Na ocasião, 65% dos paranaenses aprovavam sua administração.
Tarifaço de dezembro e pacotaço de austeridade são mal avaliados
A crise financeira do estado e os recentes “pacotes de maldades” enviados à Assembleia Legislativa pelo Executivo na tentativa de reequilibrar o caixa financeiro do governo podem explicar a queda livre nos índices de aprovação.
Agora, em meio à crise financeira e política do estado, o índice caiu para quase 20% de aprovação. Em novembro de 2011, o tucano havia atingido quase 74% de aceitação entre os eleitores – os índices praticamente se inverteram desde então.
A perspectiva dos eleitores paranaenses em relação à atuação do governo do estado nos últimos meses também é negativa. Em dezembro, 46% dos entrevistados pelo instituto apontavam que Richa estava conduzindo o primeiro mandato melhor do que o esperado. Na pesquisa divulgada agora, apenas 3% fizeram a mesma avaliação, enquanto 71% dos pesquisados disseram que o governo do tucano está caminhando pior do que a expectativa.
Para quase 23% dos paranaenses, Richa está mantendo a perspectiva dos eleitores – há três meses, o índice era de 35%.
Risco de reeleição
Crise financeirae na educação explicam a queda na aprovação
Se as eleições fossem hoje, o governador Beto Richa correria sério risco de não se reeleger – ao menos no primeiro turno –, conforme aponta o levantamento encomendado pela Gazeta do Povo. Isso porque 57% dos eleitores que votaram no tucano afirmaram ao Instituto Paraná Pesquisas que mudariam de posição, ou seja, não votariam em Richa novamente.
Apenas 38% dos entrevistados disseram que manteriam o voto. No final do primeiro mandato, quase 91% dos que se autoproclamaram eleitores de Richa disseram que votariam no governador novamente e apenas 6% haviam mudado de posicionamento.
Entre os que não votaram no governador, o índice é ainda mais baixo: apenas 4% dos eleitores pesquisados escolheriam o tucano nas urnas se a eleição fosse hoje. Em dezembro, 24% dos entrevistados disseram que votariam em Richa mesmo não tendo escolhido ele há quatro anos.
(fim)
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