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luiz skora

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Blog do Skora

21 de Setembro de 2015, 20:36 , por luiz skora - | No one following this article yet.
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Só um bloguezinho despretencioso


Quem Está Matando Crianças no Brasil?

23 de Setembro de 2019, 11:39, por luiz skora

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Com 19 anos em 1990 eu prestava o Serviço Militar Obrigatório no glorioso 20° Batalhão de Infantaria Blindada em Curitiba, no bairro do Bacacheri.

Entre as várias missões que recebia, era recorrente a guarda na 5ª CJM - Circunscrição Judiciária Militar.

Eram missões na maioria das vezes bastante tranquilas, mas nem sempre.

Numa madrugada de setembro ou outubro de 1990, por volta das 5 horas da manhã, eu estava no meu posto, na porta de entrada do prédio. Um veículo, Volksvagem Voyage se aproximou, um indivíduo desembarcou pela porta do carona e se aproximou das grades da instituição militar.

Tomei uma posição defensiva, engatilhei o Fuzil FAL e ordenei que o indivíduo parasse. Gritei: "Alto lá!"

Gritei novamente quando o indivíduo não parou e então, notei que ele tinha alguma coisa em sua mão. Podia ser uma granada, uma pedra ou, até mesmo uma batata.
Com o fuzil já engatilhado, tomei posição de mira e gritei mais uma vez: "Se não se afastar eu vou atirar!"

O indivíduo não parou e arremessou o objeto que tinha nas mãos contra o prédio (depois vi que era apenas uma pedra que apenas arranhou o reboco). Então embarcou no veículo que saiu em disparada.

Nisso, chegaram meus outros companheiros de missão, cinco outros soldados e um cabo. Todos com seus fuzis engatilhados e com adrenalina nas alturas em tempo de ver o veículo Voyage sair cantando pneus em direção da Rua Fagundes Varela.

Tudo isso aconteceu muito rápido, toda ação do atentado não demorou mais do que meio minuto.

Nem eu, nem nenhum dos seis militares que estavam comigo,  disparou contra veículo usado no atentado. Nós estávamos em maior número ( 7 contra 2), nós tínhamos maior poder de fogo ( 6 fuzis FAL calibre 7.62 com 20 munições cada + 1 pistola de 9mm, contra uma única pedra) e ninguém disparou um único projétil contra os autores do atentado.

Por que?

Auditoria da 6ª circunscrição judiciária militar cjm office

Ora, éramos todos garotos de 19 anos, bombadões com os hormônios explodindo pelos poros, com um tremendo poder de fogo nas mãos e loucos para entrar em ação. Por que caralhos ninguém ousou atirar contra os autores do atentado?

A resposta é simples e resume-se numa única palavrinha: TREINAMENTO.

O prédio da 5ª CJM, se localiza no final da pista de pousos e decolagens do Aeroporto do Bacaheri. Uma região residencial. Em frente ao prédio existe (ou existia) uma pracinha, um ponto de ônibus, várias casas simples e logo ao lado, uma escola. Todos nós sabíamos que só deveríamos disparar nossas armas como último e derradeiro recurso de defesa. Qualquer disparo alí poderia facilmente atravessar a parede de alguma das residências e ferir gravemente alguém que estivesse dormindo e só por isso, ninguém atirou.

O milico, seja ele soldadinho do EB ou Policial Militar, na hora da ação, do perrengue, não pensa, age pelo instinto adquirido durante o treinamento e esse treinamento não é pouco.

A tragédia que aconteceu e acontece no Rio de Janeiro, com o assassinato da menina Ághata e de outros tantos inocentes, não deve ser atribuída ao militar que atirou contra o lotação onde a menina estava ou aos praças da Instituição Polícia Militar do RJ.

A responsabilidade é toda do comando da PM e do modelo de segurança pública adotado pelos gestores desta que são, numa análise bastante gentil, no mínimo extremamente incompetentes.

Um policial bem treinado nunca atiraria contra a população civil a não ser como último recurso, quando sua vida ou de seus companheiros estivesse ameaçada - o que não foi o caso.

"MALDITO O SOLDADO QUE APONTA SEU FUZIL CONTRA SEU PRÓPRIO POVO" ( S. Bolivar)

O que acontece no Rio de Janeiro e também em outros estados do Brasil é só o último suspiro da Instituição Polícia Militar, uma instituição que já faliu que não cumpre mais seus propósitos e que serve apenas como instrumento de terror para políticos canalhas e muito mal intencionados bem como, como instrumento estatal para dar abrigo a quadrilhas de criminosos como as milícias e os barões do tráfico e comércio de drogas.

A Polícia Militar é uma instituição falida que precisa urgentemente ser extinta e a atual política de segurança pública e de encarceramento em massa, também.



Anatomia de uma tragédia anunciada

13 de Novembro de 2018, 13:17, por luiz skora - 4444 comentários

O governo Bolsonaro se teimar com essa mesma pegada de sua equipe de transição, tende a ser uma tragédia para o Brasil todo.

Fico imaginando aqui, qual será o espanto do Presidente eleito quando, no ano que vem, ele se der conta de que não se governa um país das dimensões e complexidades sociais do Brasil, sem articulação política, sem um articulador político gabaritado. Que bravatas e ‘lives’ em redes sociais fazem muito sucesso entre a massa de alienados, mas não convencem àqueles que de fato fazem as engrenagens da economia, da indústria e da política funcionar.

Ele pode até conseguir uma maioria efêmera no congresso nos seus primeiros dias de mandato, mas essa maioria não se sustentará sem um bom articulador político. O autoritarismo do novo governo, antes mesmo de assumir, já dá sinais de que desagradará a gregos e troianos. Continuando assim, ainda antes de junho, o Brasil estará sendo governado por lobistas e saqueadores pré-apocalípticos sedentos dos lucros que virão com o armagedom.

Deste modo, para que o novo presidente consiga colocar suas promessas de campanha em prática, sua única alternativa será fechar o congresso, o STF e governar com mão de ferro. Se não o fizer, muito em breve, ou pedirá para sair ou será enxotado por aqueles mesmos que o botaram lá.

Quem viver verá.

Skora



Como nascem os bolsominions

19 de Setembro de 2018, 16:46, por luiz skora - 4747 comentários

Há tempos ando intrigado com o potencial eleitoral da candidatura Jair Bolsonaro. Como é possível que tantas pessoas reais, pessoas que conheço, as quais tenho apreço, tenham embarcado nesta insanidade coletiva ao ponto das pequisas indicarem o potencial deste candidato infame chegar ao segundo turno.

Uma candidatura como a de Bolsonaro não é uma novidade nas disputas eleitorais para a Presidência da República. O radicalismo insano e inconsequente que ele personaliza nestas eleições de 2018 é uma cópia em carbono de Levi Fidelix em 2014, 2010; de Luciano Bivar em 2006; de Eneas Carneiro em 1998, 1994, 1989. Toda elas, candidaturas sem um plano ou programa de governo claramente definido, todos eles prometendo um rompimento radical com o sistema vigente sem explicar como se dará este rompimento e, todos eles, se apresentado como os únicos capazes de salvar a nação, de libertar o país do que quer que seja. Todos estes candidatos ‘fora da caixinha’, que ao fim das apurações ficavam sempre com 0,4 ou 2% dos votos válidos apurados, ou mais ou menos, o mesmo numero de malucos que vivem e votam no Brasil.

O Tiozinho chato do churrasco

Bolsonaro é figura com experiência eleitoral, disputa e vence eleições sucessivas desde 1988. Graças a esta experiência, montou para si uma personagem, uma caricatura daquele tio chato que a gente só encontra em churrascos de família que, na mesa, esbraveja preconceito contra minorias, fala das maravilhas dos tempos da ditadura militar, implora pela adoção da pena capital e repete o mantra do “Bandido bom é bandido morto” a cada vez que ouve menção a algum crime e que, depois de tomar duas latinhas de cerveja, desaba no sofá e ronca até a hora de ir embora.

Essa personagem caricata do tio chato do churrasco de família é lugar comum nas eleições para o legislativo em todos os níveis pelo Brasil afora. É uma fórmula que dá certo, muito certo eleitoralmente. Nas eleições de 2010, por exemplo, Jair Bolsonaro foi reeleito deputado Federal pelo Rio de Janeiro conquistando 120.646 votos ou seja, 1,5% dos votos válidos para o cargo. 1,5% deve ser, mais ou menos, o percentual de ‘tios chatos do churrasco’ que vivem e votam no Rio de Janeiro.

Como parlamentar, o desempenho do presidenciável Bolsonaro, sendo insanamente gentil, é medíocre. De 1990 até 2010 (20 anos de mandato), o Parlamentar havia apresentado apenas sete projetos para apreciação de seus pares na casa, em média, um por mandato. Entre eles, tem um de 2006 em que o deputado propõe uma espécie de cota racial para o preenchimento das cadeiras nas casas legislativas ( não, não é piada, o link está aqui ) o projeto ainda está em tramitação.

Nas votações em plenário até 2010, Bolsonaro foi um típico e inexpressivo parlamentar do centão de baixo clero. Sempre votando favorável ao governo, não importando quem fosse governo, seja Collor (PRN), onde ele votou com a manada pelo impeachment; Itamar (PMDB), FHC (PSDB) ou Lula (PT).

Fora isso, o deputado utilizou-se de seu cargo para arrumar encrenca com deputadas e jornalistas do sexo feminino. Todo ano aparecia algum escândalo nos jornais onde o deputado se engalfinhava verbalmente com alguém do sexo oposto, sempre por algum motivo banal e sempre destilando muito sexismo e preconceito. Um deputado com a atitude de um agitador de Centro Acadêmico.

Governo Dilma

Bolsonaro era nada mais que um ilustre, quase desconhecido deputado até o inicio do primeiro mandato de Dilma quando, em março de 2011, o CQC, um programa de TV com bastante sucesso na época, apresentou uma entrevista cheia de polêmicas com o deputado, assim, Bolsonaro foi elevado ao status de celebridade da TV e da Internet, tudo que fosse publicado ou transmitido a respeito dele ou de alguma de suas declarações, se transformava em audiência, em viral.

Imagine que, não fosse esta entrevista para o CQC, é bem provável que Bolsonaro continuasse sendo um ilustre desconhecido para os brasileiros não residentes no Rio de Janeiro, uma espécie de Fernando Francischini, o deputado ‘Tio Chato do Churrasco’ aqui do Paraná. Marcelo Tas, em sua sede de audiência pela polêmica gratuita, pariu um monstro.

Graças a ou se aproveitando da imensa visibilidade a que foi alvo desde 2011, a produtividade parlamentar do deputado Bolsonaro explodiu. Nos últimos oito anos, apresentou mais de 600 propostas, propostas estas que são nada mais que um apanhado muito mal redigido dos desejos de tiozinhos chatos do churrasco espalhados pelo Brasil que, quase sempre, não fazem o menor sentido. Destas, o deputado conseguiu que seus pares aprovassem duas, uma delas, a polêmica lei da fosfoetanolamina, que libera o uso de um medicamento não testado e não aprovado para uso em pacientes terminais, uma irresponsabilidade sem tamanho. Aqui

Em Março de 2013, com o governo Dilma nas cordas, Dilma teve que negociar para tentar manter a governabilidade. Nestas negociações, os governistas se viram obrigados a abrir mão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Com isso, quem assumiu a comissão foi o PSC tendo como presidente, o Deputado Marco Feliciano. Bolsonaro, ainda no PP, mas se aproveitando de sua proximidade com Feliciano e o PSC, entrou na sombra da aba do deputado evangélico e se aproveitou da visibilidade da situação e da comissão para criar ainda mais polêmica. Não foram poucas polêmicas, toda semana tinha um fato novo, chocante envolvendo a truculência do deputado em algum embate contra alguma minoria, a partir de então, o deputado ficou ainda mais conhecido, estava na boca e nas rodas de conversa de todos os brasileiros e as discussões políticas passaram a ser, desde então, meras discussões das polêmicas criadas pelo deputado. Não havia mais limites para o sucesso e Bolsonaro viu nisso a possibilidade de se tornar presidente.

Até aqui, tudo bem, qualquer brasileiro gozando de plenos direitos políticos e sendo filiado a um partido, pode pleitear sua candidatura ao cargo que lhe der na telha. O que não é nada fácil de entender é como que um parlamentar com um histórico de atividade tão abaixo do medíocre, consegue conquistar a preferência de tantos eleitores, usando como argumento apenas sua capacidade de criar polêmicas.

Como é possível?

Frágil democracia

Como já sabemos, a democracia no Brasil é muito frágil, esta fragilidade não está apenas nas instituições democráticas, também está no eleitor que só se interessa ou se envolve com a política durante o processo eleitoral a cada dois anos. As discussões sobre o que está sendo decidido nos legislativos espalhados pelo país não é uma atividade cotidiana. Não se discutem os projetos, propostas, conjunturas. Tudo fica para ser decidido na última hora, na véspera da eleição e assim, o debate eleitoral fica reduzido a simplismos, as soluções mágicas mirabolantes, por mais estapafúrdias que sejam, são as que fazem mais sucesso e, lógico, os candidatos com mais visibilidade antes do período eleitoral, serão também os candidatos com maior potencial de conquistar votos.

Bolsonaro utilizou-se de sua incrível capacidade de criar polêmicas para ficar conhecido pelo Brasil e isso agora se traduz em potencial de votos, o voto pela polêmica do eleitor que não foi preparado e nem tem o interesse de entender como de fato funcionam os processos democráticos e eleitorais.

Criminalização da atividade política

Desde junho de 2013, nas redes sociais e na mídia corporativa, tem havido uma massiva campanha de desmoralização e criminalização da atividade política, todos os políticos são pintados com as cores da corrupção da desonestidade, do enriquecimento ilícito. O debate político deixou de ser uma troca de ideias, uma apresentação de propostas para serem apreciadas e se tornou um espetáculo de trocas de acusações, com a grande mídia corporativa acusando incessantemente seus adversários ‘ideológicos’, os progressistas, encabeçados pelo PT e os canais de mídia independente e progressista, acusando incansavelmente seus adversários ‘ideológicos’ os neoliberais, encabeçados pelo PSDB.

Bolsonaro, fazendo parte do centrão (PP), passou incólume pela guerra de acusações entre tucanos e petistas, seus podres só vieram à luz quando ele já aparecia como forte provável presidenciável e, para o seu eleitor, quando estas denúncias apareceram, já pareciam como denúncias de campanha eleitoral. Para este eleitor de Bolsonaro, o candidato parece ser mais honesto e menos corrupto que os outros, apesar de não sê-lo.

Operação Lava Jato

A operação Lava jato teve inicio em 2009, mas só a partir de 2014 quando foi divulgado que membros do PT e integrantes do governo Dilma estavam envolvidos nas investigações a operação ganhou força na grande mídia e esta mesma grande mídia usando da oparação lava jato quase que como pauta única, se aproveitou das investigações e vazamentos na guerra de acusações entre tucanos e petistas para acusar ainda mais os petistas. De nada importava que o maior número de beneficiados pelos esquemas descobertos pelas investigações faziam parte de partidos como o PP ou o PMDB, o importante mesmo era pintar PT como partido mais corrupto da história.

Bolsonaro apesar de ter estado sempre do lado do governo, não importa qual governo, teve sua primeira experiência na oposição justamente no primeiro governo de Dilma. Apesar também de ter sido eleito pelo PP, o partido com o maior número de envolvidos nos esquemas descobertos pela lava jato, mais uma vez saiu ileso das denúncias e investigações. Se aproveitando disso, chamou para si a responsabilidade de ser o mais anti-petista dos anti-petistas. O eleitor que tem o anti-petismo como sua principal motivação eleitoral, vê em Bolsonaro sua própria imagem, o anti-petismo, onde Bolsonaro é a antítese de Lula.

Neomacartismo

Junto com a lava jato veio também a crise na Venezuela e, logo em seguida, a campanha eleitoral nos Estados Unidos e a aberração Donald Trump que representa a negação do processo político e civilizatório, com isso, ressurgiu das cinzas uma doutrina que já tinha sido ultrapassada no distante 1989 (ano em que Bolsonaro foi eleito pela primeira vez), o Macartismo, doutrina cujo principal dogma é o medo do comunismo - um subproduto da guerra fria, criado da década de 1950 para evitar que cidadãos estadunidenses fossem seduzidos pelos benefícios do comunismo. Esta reinvenção do Macartismo veio ainda mais abrangente, pois como o perigo comunista não existe mais - ou só existe na cabeça de malucos que acreditam nas bobagens de olavo de carvalho e seus discípulos - o neomacartismo incluiu em seu dogma além dos perigos do comunismo, também os perigos do socialismo, da social-democracia e até, pasme, do estado de bem estar social. Qualquer sistema ou projeto de governo que se proponha a reduzir desigualdades sociais, a ampliar direitos dos trabalhadores, de mulheres ou de minorias é agora classificado como perigo comunista e deve ser combatido, deve ser exterminado.

Bolsonaro, apesar de ter sido um grande entusiasta da Revolução Bolivariana até meados dos anos 2000, recentemente abraçou o neomacartismo como ideal e plano de governo e, com isso, conquistou os votos dos olavetes, dos pastores da igreja de Olavo de Carvalho e de seus discípulos e seguidores.

Tucanos arrependidos

Apesar de toda blindagem da mídia corporativa e dos operadores da operação lava jato sempre ocultando denúncias e investigações que envolvessem tucanos, a situação tornou-se insustentável. Depois do golpe/impeachment de 2016, arquitetado pelos tucanos chefiados por Aécio Neves em conluio com a banda podre do (P)MDB, chefiada por Eduardo Cunha, ficou claro para todo mundo o que já era mais do que claro para qualquer um que acompanha os fatos políticos cotidianos. Os esquemas de corrupção envolvendo figuras do PSDB e PMDB são muito mais graves e nocivos para o país do que todas as denúncias levantadas e investigadas pela operação lava jato. Assim, o PSDB está desmoralizado, o presidente do partido, Tasso Jereisati, se viu na obrigação de publicar um mea-culpa pelos erros do partido durante o processo que depôs o governo de Dilma e a consequente participação no desastroso e criminoso governo de Temer, justamente agora que Aécio Neves está a perigo de finalmente ser condenado por seus crimes e Beto Richa, ex-governador do Paraná ter sido preso preventivamente por seu envolvimento em casos de desvios e propinas no estado.

Bolsonaro que estava ao lado de Aécio Neves na última eleição presidencial em 2014, desde 2016 quando pipocaram as denúncias e investigações contra o tucano, tem se esforçado bastante para se descolar da imagem do senador golpista, com isso, vai agregar alguns votos de eleitores que votaram em Aécio em 2014, mas não todos.

Os malucos

Os malucos, os do bloco do quanto pior melhor. Os insanos que acreditam que tendo uma arma na cintura vão se livrar de assaltos ou quiçá, eliminar toda a criminalidade com um único revolver. Os que acreditam mesmo, que dá pra fazer no Brasil uma democracia e uma sociedade igualzinha aos Estados Unidos em apenas quatro anos, sem se darem conta das diferenças e histórias dos dois países e, principalmente que, quando os Estados Unidos surgiram, não havia um Estados Unidos para atrapalhar. Os que acreditam que livre mercado, livre iniciativa e menos estado é uma pilula mágica que resolve todos os problemas, sem ao menos avaliar quais são de fato as causas e desdrobamentos destes problemas.

Bolsonaro é maluco, maluco vota em maluco, eu acho.

Em resumo, votam em Bolsonaro: 

  • os analfabetos políticos inconsequentes; 
  • os admiradores cegos de Sérgio Moro e da Lava Jato ou seja, os anti-petistas patológicos;
  • os neomacartistas - anti-comunistas, anti-socialistas, anti-social-democratas, anti-esquerda patológicos;
  • uma parcela de tucanos arrependidos;
  • os malucos sem noção.

É um bocado de gente, mas não é tanta gente assim, particularmente, acho que Bolsonaro chega no segundo turno, mas na votação pra valer entre ele e qualquer outro candidato, ele fará menos votos que no primeiro turno e não ultrapassa 30% dos votos válidos.

A candidatura de Bolsonaro representa um rompimento com o processo democrático, uma ditadura avalizada pelas urnas e isso não será nada bom para o futuro de 90% dos brasileiros, nos quais, nós nos incluímos.

Pelas movimentações que tenho lido e visto, ao se concretizar os dados das pequisas e não aparecendo e nenhum fato novo que possa embaralhar tudo, tenho a impressão de que o segundo turno se transformará numa espécie de redenção do processo democrático eleitoral brasileiro que está em processo de óbito desde o golpe contra o governo de Dilma. Contrariando todos os analistas da mídia corporativa, depois do golpe/impeachment e da apoteose da operação Lava jato com a prisão de Lula, o PT ganhou força ( apesar da liderança capenga ), o PSDB e o (P)MDB que tinham tudo para saírem fortalecidos destas ações, murcharam e é bem provável que para salvar o PSDB e, junto com ele, a democracia e a república, tenhamos uma Frente Ampla bastante ampla para disputar o segundo turno que unirá PT, PDT, PSOL, REDE os tucanos do PSDB e até algumas correntes divergentes e progressistas do MDB.

Ao final do processo eleitoral de 2018 o Brasil será outro. Ou renovará a democracia ou se afogará na barbárie.

Se Bolsonaro não levar, seus bolsomions vão reclamar bastante, vão clamar por golpe por intervenção dos milicos que, se confirmada esse Frente Ampla-Ampla, não sairá dos quarteis.

Por fim, Bolsonaro sairá bastante fortalecido deste processo, não importa o resultado. Se derrotado, caberá ao candidato que vencer as eleições, reverter este processo de bolsonarização do Brasil dentro dos próximos quatro anos, se não fizer isso, em 2022 eles ganham e cagam com tudo de vez.


Luiz Skora

 



Tomás de Aquino, faz favor de ir ver se eu tô lá na esquina

4 de Setembro de 2018, 16:08, por luiz skora - 0sem comentários ainda

 

Staquino

Não, não entendo patavinas de filosofia, minha formação é na área de exatas e para mim, todas as coisas do universo podem assumir apenas três estados fundamentais: o é; o não é; o não sei, chame um especialista.
Para mim, 2 mais 2 vai ser sempre igual a 4 a não ser que estejamos trabalhando com binários e daí, 10 + 10 = 100

Claro que, apesar de não entender patavinas de filosofia, existem tópicos da filosofia, como também existem tópicos da história que atraem meu interesse e sem pretensão nenhuma, a não ser a de organizar minhas ideias colocando-as no papel, desembesto a escrever a respeito de qualquer assunto, inclusive filosofia.

Que mal pode haver em se fazer isso de maneira inofensiva?

Diferente de certos astrólogos por formação(?), não pretendo me tornar guru de ninguém, nem criar um curso online de filosofia e vendê-lo para incautos, muito menos dividir uma nação inteira graças a textos vídeos na internet, impulsionados por muita grana vinda sei lá de onde, cheios de teorias de conspiração, meias verdades, analises com a profundidade de um pires e que, em fria análise, foi responsável direto pelo fenômeno do antipetismo xucro e a ascensão da abominação política que tem como princípio a negação da política, representada hoje pela candidatura de Bolsonaro a presidência da república.

(?)(A astrologia é uma ciência exata? Humana? Um mero exercício de adivinhação baseado em tabelas desatualisadas com as posições dos planetas?)

 

Bom, vim aqui para escrever sobre Tomás de Aquino e não Olavo de Carvalho, vou voltar ao que de fato interessa.

Estava eu agora a pouco no meio das minhas tarefas cotidianas quando me deparo com o link, CINCO VIAS PARA DEMONSTRAR A EXISTÊNCIA DE DEUS, meus olhos arregalaram!

Como assim? Passei mais de vinte anos da minha vida tentando entender o conceito de Deus, raciocinando a respeito da existência de Deus, arrumando treta com amigos e familiares por a cada dia achar cada vez mais improvável e irrelevante a existência de qualquer Deus ou deuses para, quase trinta anos depois de tanta encrenca, aparecer um texto afirmando que estive sempre errado desde então!?

Tenho que ler esse negócio, sempre é tempo de aprender, reaprender, revisar os próprios conceitos.

O link para o texto está aqui, mas nem precisa clicar, abrir e ler, as mais de mil palavras de completa masturbação mental de Tomás de Aquino no texto, podem ser resumidas em uma única frase:

Não existe causa sem efeito, nem existe efeito sem causa logo, Deus existe.

 

Minha decepção foi total.

 

Como assim? A premissa até pode ser considerada verdadeira “Não existe causa sem efeito, nem existe efeito sem causa”, mas a partir disso concluir que Deus existe é um disparate. Seguindo o mesmo raciocínio eu poderia concluir que qualquer coisa existe e é esta coisa a responsável pela veracidade da premissa.

A premissa já é um fim em si mesma, uma conclusão de si mesma, não carece de um agente sobrenatural que a justifique!

 

Que seja, tentarei ser um pouco menos intransigente, afinal, Tomás de Aquino viveu no século XI, não teve o mesmo privilégio que eu de receber uma bagagem de quase 800 anos a mais de história, de inovações e progressos e é bem provável que durante toda sua vida não tenha tido contato com a mesma quantidade de informação a que eu tenho acesso com uma única googlada. Sem contar ainda que o cara era frade e o trampo que lhe deram, foi o de combinar a filosofia clássica de Aristóteles, Platão, etc. com os fundamentos da fé católica, mais ou menos como fazem hoje certos jornalistas da Globo News, CBN, Jovem Pan, et-caterva, que tem o inglório e ingrato trabalho de nos convencer de que o neoliberalismo é o melhor caminho a ser seguido pela sociedade, mesmo apesar de todas evidências apontarem o contrário disso.

 

Tomás de Aquino é o representante maior da Escolástica, um método de pensar que tinha como objetivo  conciliar a fé cristã com um sistema de pensamento racional e, vendo por este aspecto, pelo texto dele que acabo de ler, nada mal! O cara deve ter sido escolhido o funcionário do mês por anos a fio pela igreja católica da época, mais ou menos como a Mírian Leitão é hoje para o Grupo Globo, deveria ser Tomás de Aquino para a Igreja de Roma no século XI.

 

Tanto é que, uns seiscentos anos depois de Tomás de Aquino, um cientista russo, Mikhail Lomonossov*, nos deu a graça da Teoria da Conservação das Massas essa teoria aliada a Teoria da Relatividade Restrita de Einstein, a Equivalência Massa-Energia, um século e meio depois de Lomonossov, decifram a premissa de Tomás de Aquino sem precisar de nenhum deus ou entidade sobrenatural para explicar o fenômeno.

 

*(Tá, eu sei que a gente aprendeu na escola que foi o Lavoisier, mas segundo a Wikipédia a gente aprendeu errado, o russo Lomonossov, publicou suas descobertas 14 anos antes do Francês.)

 

Ou seja, grosso modo:

Não existe causa sem efeito, nem existe efeito sem causa.
Logo, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.
Logo, a energia é igual a massa multiplicada por uma constante igual a velocidade da luz no vácuo.
Logo, Deus e/ou qualquer entidade sobrenatural é total e completamente irrelevante neste sistema.
Logo, O que existe de fato, são causas e efeitos não importando a ordem destes.

 

Claro que eu poderia ir além disso, discorrendo a respeito das leis da termodinâmica do conceito de entropia e chegaria sempre ao mesmo resultado, mas admito que minhas noções de termodinâmica estão enferrujadas e o conceito de entropia é um negócio tão anti-intuitivo que eu não vou conseguir escrever sobre sem complicar ainda mais o pouco que eu consegui entender a respeito deste conceito.

 

No mais, acho que consegui organizar as ideias, resta-me apenas apresentar uma conclusão:

 

Cuidado com os cliques em links que parecem inofensivos, de tão inofensivos podem fazer você pirar o cabeção, destrambelhar em escrever textão e te fazer perder quase meio dia de trabalho com isso.

 

Obrigado por ler este texto

 


 

Skora

 

 



Lula, Haddad e Manuela

6 de Agosto de 2018, 11:39, por luiz skora - 6262 comentários

Lulahaddadmanuela

Confesso, até ontem eu tinha quase certeza que o candidato a vice de Lula seria a Senadora e Presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Felizmente, eu estava redondamente enganado.

Finalmente, depois de mais de cinco anos, desde junho de 2013, a cúpula petista parece ter acertado uma escolha estratégica.

 

A indefinição na escolha da chapa a presidência da república, a teimosia de parte majoritária da militância e de algumas lideranças com a insanidade do “Ou Lula, Ou Nada”, estava se desenhando como catastrófica, inevitavelmente tiraria o partido da disputa ao Executivo Federal e ainda, contribuiria decisivamente com a institucionalização do processo golpista via sufrágio universal.

 

Não?
Tenta acompanhar meu raciocínio:

Desde o inicio do processo do Triplex no Guarujá, apesar de todas as ilegalidades, imoralidades, falta de provas e evidente perseguição pessoal e política da turma da Lava Jato, do juiz Moro e dos procuradores chefiados por Dallagnol, os advogados de Lula e do PT não conseguiram nenhuma vitória durante todo este processo.

 

- O juiz Moro, condenou o ex-presidente a nove anos de cadeia por um crime inexistente baseando-se única e exclusivamente e suas convicções e em elementos circunstancias das investigações a respeito de um crime de corrupção que não possui elementos de crime, muito menos de corrupção.

- O TRF-4 acatou a condenação do juiz de primeira instância, sem ao menos analisar e ponderar os argumentos da defesa no processo e ainda aumentou a prisão para 12 anos.

- O STF permitiu a imoral inconstitucionalidade de encarcerar um ex-presidente antes do julgamento nas três instâncias e ainda, adia o quanto pode a decisão a respeito da inconstitucionalidade desta prisão em segunda instância.

- O juiz Moro e os Desembargadores do TRF-4 agiram ilegalmente e fora de suas atribuições para barrar o Habeas Corpus cedido ao ex-presidente em 07 de julho.

 

Ora, só sendo mesmo muito ingênuo para acreditar que o TSE liberará a candidatura de Lula para o pleito. Por mais que existam meios e normas legais que permitam a candidatura do ex-presidente, a legislação e o processo jurídico são o que menos importa na atual conjuntura política e judicial no Brasil de hoje. A justiça já atropelou a legalidade e a constituição em todos os níveis do processo contra o ex-presidente até aqui, por que agiriam diferente na hora de liberar sua candidatura à presidência?

 

Vivemos em Estado de Exceção, o Estado Democrático de Direito é letra morta. A justiça no Brasil de hoje tem lado, tem cor, tem partido, tem religião e tem até candidato. É uma justiça parcial que protege aos seus e persegue seus desafetos de todas as maneiras possíveis.

 

E como enfrentar o Estado de Exceção?

 

Não dá para vencer um jogo jogando no campo do adversário e com este adversário alterando as regras do jogo durante a partida e em seu benefício.

 

O que o PT fez foi dar um drible da vaca no Estado de Exceção.

 

Tiraram Lula da disputa sem tirar o Lula da Disputa.

 

Haddad e Manuela concorrem ao cargo colados na figura de Lula.

Lula tem um poder de mobilização surpreendente e deste modo, transfere seus votos e preferências para seus representantes oficiais.

 

Lula, mesmo preso ilegalmente, mantém-se como candidato informal, tendo Haddad e Manuela como sua mão direita e porta-voz.

 

Assim, renasce a esperança de reverter o processo golpista ainda nas eleições deste ano e sem o peso das coligações com o centrão que tantos prejuízos trouxeram ao PT e ao Brasil nas últimas quatro eleições.

 

Claro, o Brasil sofreu um Golpe de Estado e vivemos em Estado de Exceção. Os golpistas ainda podem virar a mesa e encontrar um meio cassar a candidatura de Haddad e Manuela. Neste caso, ainda nos restarão o improvável, Boulos e o menos pior entre os piores, Ciro. Mas isso é assunto para o desenrolar da novela.

 

O momento agora é de celebração pelo fiapo de esperança e pelo espasmo de lucidez vindo de onde menos se espera, a cúpula do PT.

 

Luiz Skora