Mulheres do Tapajós discutem violações de direitos
3 de Março de 2015, 13:33Acontece no próximo sábado (7 de março) o Seminário “As violações dos direitos das mulheres no processo de construção de barragens no Tapajós”, em Itaituba. A atividade deve reunir 120 mulheres ribeirinhas, indígenas, agricultoras e trabalhadoras urbanas.
Na atividade vai acontecer o lançamento do Projeto “Direitos das Mulheres Atingidas por Barragens”, uma parceria entre o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a entidade de cooperação Christian Aid, com apoio da União Européia. O objetivo de fortalecer a organização das mulheres na defesa de seus direitos no contexto de ameaça de construção das barragens do Complexo Tapajós e outras grandes obras, como portos para escoamento de grãos.
“Nosso objetivo é articular as diversas organizações das mulheres do Tapajós para refletir sobre os problemas que nos afetam e construir uma pauta de reivindicações conjunta”, afirma Raione Lima, coordenadora do MAB na região.
O seminário ocorrerá na Barraca de Eventos Culturais (Orla da cidade), das 8:30 às 17:00. A programação da atividade é composta de painéis temáticos como políticas públicas, violência contra as mulheres e impacto dos grandes projetos e encerrará com uma caminhada pelas ruas de Itaituba (veja abaixo programação).
A atividade é organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Grupo de Apoio à Mulher Itaitubense (GAMI), Colegiado da BR 163 (Codeter), ROTARY Clube de Itaituba, Associação dos Filhos de Itaituba (Asfita) e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Itaituba.
Programação
Tema 1 – Impactos dos grandes projetos na vida da Mulher da Região do Tapajós;
Tema 2 – Políticas Públicas para as Mulheres do Campo e da Cidade;
Tema 3 – Violência contra a Mulher;
Tema 4 – Debate sobre a construção das pautas das mulheres.
Lançamento do Projeto: Direitos das Mulheres Atingidas por Barragens;
Caminhada pela vida e pelo fim da violência contra as Mulheres;
Encerramento: Lanche, Bingo e Sorteio de Brindes.
Data: 07 de março de 2015
Concentração: Barraca de Eventos Culturais (Orla da cidade)
Horário: 8:30 às 17:00
Mais informações: (93) 99205 -9765 – mabtapajos@hotmail.com
Movimento dos Atingidos por Barragens
Creches brasileiras começam a receber suplementação nutricional
3 de Março de 2015, 11:52Com o objetivo de prevenir anemia e controlar carências nutricionais na infância, o Ministério da Saúde realiza, nesta segunda-feira (2), o lançamento nacional do NutriSUS, estratégia que beneficiará mais de 330 mil crianças de 1.717 municípios brasileiros.
Para a ação, que estará presente em 6.864 creches, o Ministério da Saúde investiu R$ 7,5 milhões para a aquisição de sachês de vitaminas e minerais que irão fortificar a alimentação ofertada nas creches participantes do Programa Saúde na Escola (PSE).
Para 2015 está previsto um investimento de R$ 12,5 milhões visando a compra de 40 milhões de sachês. Os sachês multivitamínicos da ação, feita em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e Ministério da Educação, começarão a ser utilizados na suplementação das crianças já no primeiro semestre do ano letivo.
A definição das creches que receberão a suplementação alimentar nessa primeira fase do programa levou em consideração àquelas com mais de 95% das crianças com idade entre 6 e 48 meses, municípios da região Norte e Nordeste e creches dos municípios do Sul, Sudeste e Centro-Oeste com mais de 110 crianças na faixa prioritária.
O Nordeste será a região com o maior número de creches participantes, contabilizando 4.393 unidades. Em seguida vem a região Sudeste – com 1.233, a região Sul, com 599 unidades, e a região Norte com 353. A região Centro-Oeste contará com 286 creches na iniciativa.
No Brasil, estima-se que uma em cada cinco crianças menores de cinco anos apresentem anemia, sendo mais frequente em menores de dois anos. A expectativa é que a suplementação alimentar reduza este índice.
De acordo com o Estudo Nacional de Fortificação da Alimentação Complementar (ENFAC), realizado pelo Ministério em parceria com a USP, a suplementação reduz em 38% os casos de anemia e em 20% a deficiência de ferro após o uso do sachê em pó. A participação no programa é voluntária e depende do interesse do gestor municipal em aderir à iniciativa por meio do PSE.
“Para garantir o pleno desenvolvimento na infância é fundamental fazer uma complementação com micronutrientes que permita o enfrentamento não só da mortalidade, mas também das infecções, desnutrição e obesidade. Por isso, é um grande desafio garantir uma alimentação saudável e fortificada para as nossas crianças. Desta forma contribuímos para termos crianças mais saudáveis”, avaliou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
A estratégia já funciona como projeto piloto em 470 creches de 151 municípios e beneficia mais de 29 mil crianças. A falta de micronutrientes nos primeiros anos de vida pode prejudicar o desenvolvimento, causar doenças infecciosas e respiratórias, levar à desnutrição e ate à morte, sobretudo nas populações com menor renda, que tem menos acesso à alimentação adequada. Uma alimentação equilibrada é um dos fatores para garantir o crescimento e desenvolvimento saudável.
O sachê entregue para as creches é composto de 15 micronutrientes e é facilmente administrado, devendo ser adicionado uma vez ao dia em uma das refeições oferecidas à criança.
O suplemento não altera o sabor do alimento, o que evita rejeição, é de fácil absorção pelo organismo e não causa irritação gástrica. O consumo do sachê deve ser feito durante 60 dias e ter uma pausa entre três e quatro meses. O ciclo deverá se repetir até a criança completar três anos e onze meses.
“Não estamos substituindo a merenda escolar de maneira alguma. A fortificação não altera o sabor da comida servida na creche, ela apenas complementa a alimentação diária, desta forma as crianças estão ingerindo os micronutrientes de forma saudável”, esclarece o ministro.
A estratégia está de acordo com a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que recomenda a fortificação com múltiplos micronutrientes para aumentar a ingestão de vitaminas e minerais em crianças. Aproximadamente 50 países usam essa estratégia ou estão em fase de implantação. A ação integra o Brasil Carinhoso, que compõe o Plano Brasil Sem Miséria do governo federal.
Indústria nacional
Para a produção do sachê de micronutrientes no mercado nacional, foi firmada uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o Laboratório Farmacêutico da Marinha do Brasil (LFM). A previsão é que a transferência completa da tecnologia seja finalizada em cinco anos. O primeiro lote do sachê produzido no Brasil começará a ser distribuído a partir de 2015.
A PDP articula produtores públicos e privados para a internalização de tecnologias estratégicas para o SUS, utilizando o poder de compra do Estado para reduzir a vulnerabilidade do sistema, bem como ampliando o acesso da população a medicamentos, vacinas, equipamentos e materiais médicos. Atualmente, há 104 PDPs firmadas para produção de 66 medicamentos, 7 vacinas, 19 produtos para saúde e 5 projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Saúde na escola
Criado em 2007 pelo governo federal, o Programa Saúde na Escola é uma parceria entre os ministérios da Saúde e da Educação para promover a melhoria da qualidade de vida dos estudantes da rede pública de ensino.
Voltado à promoção da saúde e a prevenção de doenças e agravos, o programa prevê a ida de profissionais de saúde às escolas, de forma articulada com as equipes de educação, para acompanhar as condições de saúde dos estudantes e realizar ações de promoção de estilos de vida saudáveis.
Avaliação e orientação nutricional, incluindo o combate à desnutrição e à obesidade infantil, fazem parte do Programa. Em 2014, aderiram ao PSE 4.787 municípios, que contam com mais de 32 mil Equipes de Atenção Básica e 79 mil escolas, que beneficiam a 18,3 milhões de estudantes em todo o País.
No ano passado, o PSE passou a incluir mais alunos de creches e pré-escolas. Em 2013, foram disponibilizados R$ 39 milhões para execução do PSE nos municípios.
Ministério da Saúde
Cachos de sangue na Guatemala
3 de Março de 2015, 11:38Foto: Joka Madruga
A cerca de 200 quilômetros a noroeste da capital da Guatemala está localizado o sítio arqueológico de Quiriguá. Entre outras belezas erguidas pela nação maia, seus três quilômetros quadrados ostentam os mais altos monumentos de pedra erigidos em todo o continente americano.
Desde 1910 este patrimônio da Humanidade foi entregue pelos marionetes de plantão como generosa concessão à United Fruit Company (UFCO), a Fruteira, que o manteve como ilha em meio ao seu mar de bananas. É um parque exuberante, ocupado desde os 200 d.C., escolhido pelos maias pela proximidade com o rio Montágua, para o qual confluíam várias rotas comerciais. Mais recentemente, nas décadas de chumbo, suas caudalosas águas tingiram-se de vermelho. Corpos rebeldes boiaram ao sabor dos humores da multinacional estadunidense e dos apetites do “mercado”.
Especializado no tema, o Portal Frutícola estimava que em 2014 cerca de 95% das bananas exportadas pela Guatemala foram direcionadas para os EUA, “onde os consumidores já contam que o produto siga sendo um dos mais baratos na seção de frutas e hortaliças”. Para isso, além do clima, altamente favorável à produção bananeira, a nação centro-americana conta com os ricos solos vulcânicos da costa do Pacífico e os microscópicos salários e direitos, resultado do cerco à organização dos trabalhadores. Quando não há entidade sindical, lembra o www.portalfrutícola.com, “por 100 quetzales (US$ 12,90), um trabalhador bananeiro do Sul pode trabalhar 12 horas diárias, saindo de casa às quatro horas da manhã e retornando ao redor das oito ou nove da noite”.
Bem em frente ao parque de Quiriguá, como se despejasse sobre nós o peso das suas formidáveis rochas, se ergue o portão da Companhia de Desenvolvimento Bananeiro da Guatemala S.A., comercialmente conhecida como Bandegua, subsidiária da multinacional fruteira Del Monte Fresh, a segunda maior do mundo.
No retrato hostil da guarita de segurança, homens fortemente armados destilam a prepotência e a arrogância de quem sabe que seus patrões estão no comando. Que são eles que dirigem o país com a sua lei da selva.
Sucessivas denúncias na Organização Internacional do Trabalho (OIT) e em tribunais internacionais sobre os crimes praticados contra a organização – e a própria vida dos trabalhadores – garantiram que as armas fossem abaixadas provisoriamente. Que os portões se abrissem para que a nossa reportagem adentrasse o enclave e, quem sabe, abrandasse o ímpeto investigativo, minorando o estrago da verdade.
TIRO AO ALVO
Atualmente, para a formação de um Sindicato na Guatemala é obrigatório que se comunique o governo com antecedência. Isso dá tempo para que os caçadores dos trabalhadores, os que ousaram assinar a proposição pela entidade, tenham tempo de encontrar o alvo e calibrar sua pontaria.
Passado o curto período democrático de 1944 a 1954, lembra Victoriano Zacarías, dirigente da Central Geral de Trabalhadores da Guatemala (CGTG), “se desencadeou uma grande repressão, com perseguições, ameaças e assassinatos”. Mesmo depois de assinada a paz, em 1996, sublinhou, “as mortes se multiplicaram, com a Guatemala sendo, neste momento, o segundo país mais perigoso do mundo para os sindicalistas”.
Entre muitos exemplos, descreveu Victoriano, está o dos trabalhadores do campo em Escuintla, que em 2007 decidiram se associar ao Sindicato de Trabalhadores Bananeiros do Sul (Sitrabansur). “A história do sindicato é curta, porém significativa”, aponta o Portal Frutícola. “Menos de um ano depois de formada a organização, o dirigente sindical Miguel Ángel Ramírez foi assassinado a tiros. Um mês mais tarde, a filha do secretário geral do Sindicato foi estuprada por homens armados. O sindicato se dissolveu pouco depois sem que nenhuma outra direção tenha assumido”. Desnecessário dizer que a “investigação” não deu em nada e que os culpados continuam soltos.
O EXEMPLO DO SITRABI
Nesse quadro, a existência de uma entidade como o Sindicato de Trabalhadores Bananeiros do Departamento de Izabal (Sitrabi), no norte, representa um verdadeiro feito. A organização foi fundada em 9 de junho de 1947 com o nome de Sindicato da Empresa de Trabalhadores da United Fruit Company (SETUFCO). Trinta anos depois, quando a Mamita Yunai (como a transnacional passou a ser conhecida) decidiu vender suas propriedades à Del Monte, os trabalhadores renomearam sua entidade para Sitrabi. Maior sindicato do setor privado do país, sexto maior sindicato bananeiro do mundo, o Sitrabi tem garantido os melhores salários e os maiores benefícios aos trabalhadores guatemaltecos, como moradia, luz e água potável gratuitamente. Mas estas vitórias, fruto da unidade e da mobilização, têm cobrado o seu preço com a crescente ira da transnacional, como bem o demonstra a quantidade de vidas ceifadas. Quando visitamos o local, haviam sido 12 assassinatos, cinco em menos de um ano.
A brutalidade contra a entidade é tão atroz quanto a impunidade que cerca a matança de seus membros: Oscar Humberto Gonzáles Vásquez, diretor de base, tombou no dia 10 de abril de 2011 com 35 tiros na cabeça e nas costas. Naquele mesmo ano, Idar Joel Hernandez Godoy, secretário de Finanças do Comitê Executivo Central do Sitrabi foi alvejado no dia 26 de maio por homens numa motocicleta e teve seu carro semi-destruído, após chocar-se com um caminhão. Em 24 de setembro foi a vez de Henry Aníbal Marroquín Orellana cair com 17 tiros, a poucos metros da guarita de segurança da Finca Quiriguá. Em 16 de outubro, Pablino Yaque Cervantes tombou com oito tiros. No dia 5 de fevereiro de 2012, em meio à campanha salarial, foi a vez de Miguel Ángel González Ramírez ser liquidado com uma saraivada de balas enquanto caminhava com seu pequeno filho no colo.
O país ratificou as Convenções 87 – sobre a liberdade sindical e a proteção ao direito de sindicalização – e a 98 – sobre o direito de sindicalização e de negociação coletiva, durante o governo do presidente Juan José Arévalo, em 1948 e 1949. Mas, na prática, após a deposição de seu sucessor, Jacobo Árbenz, em junho de 1954, tais direitos viraram letra morta. Como boa parte das lideranças que tentam fazer desta teoria uma realidade.
ASSASSINATO A DOMICÍLIO
Secretário de Cultura e Esporte do Sitrabi e responsável pela sua subseção na Finca Yuma, Marco Túlio Ramírez Portela foi morto em frente à sua casa, às 5:45 do dia 23 de setembro de 2007, ao lado de sua esposa e duas filhas, quando saia para o trabalho. Conforme a denúncia encaminhada ao governo e aos organismos internacionais, “o crime foi perpetrado por quatro homens fortemente armados que tinham os rostos cobertos com tocas ninja dentro das instalações da propriedade da Bandegua, subsidiária da Del Monte Fresh”. Para ingressar no local onde ocorreu o crime, os matadores tiveram de passar pelas duas guaritas de segurança. Guardas precisariam ter autorizado o seu ingresso, da mesma forma que para sair. “Estas guaritas se encontram sob custódia de agentes da empresa de segurança privada conhecida como Serpror que, além disso, realiza rondas de patrulha. A Serpror foi contratada pela Bandegua para prestar serviço de segurança. Diante de tais fatos, resulta por demais inadmissível supor que os assassinos pudessem entrar nas instalações, executar o assassinato e sair das mesmas sem haver sido detectados ou detidos, uma vez que as entradas e saídas se encontram protegidas”, frisa o documento.
Meses antes do assassinato, Marco Túlio foi ameaçado de ser demitido sob a acusação de organizar os trabalhadores para “sabotar a produção da fazenda”, caso a administração da empresa desrespeitasse a convenção coletiva, como vinha ameaçando.
“Os gerentes da Bandegua diziam que pagariam quanto quisesse para que Marco Tulio saísse. Quando começamos a exigir o esclarecimento sobre o assassinato, começaram as ameaças de morte para mim e para os demais companheiros da direção do sindicato”, relatou Noé Antonio Ramírez Portela, secretário geral do Sitrabi e irmão do sindicalista. Semblante pensativo, nos mostrou a placa colocada pelos companheiros no local em que Marco Túlio foi alvejado. Para não restar dúvidas, frisou, “desconhecidos andavam de motocicleta portando armas de fogo, transitando impunemente pela Finca Yuma, intimidando os moradores”. Ao mesmo tempo em que passou a ser perseguido por um veículo com homens que vigiavam a sua casa, Noé começou a receber telefonemas da Bandegua. “Em altas horas da noite, me ligavam pressionando para que assinasse um documento desvinculando a empresa de toda a responsabilidade com o ocorrido”. Mais claro impossível.
Após o assassinato de Marco Túlio e da grande campanha que se seguiu, com a solidariedade da União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação (UITA), da Confederação Sindical das Américas (CSA) e da Confederação Sindical Internacional (CSI), o governo guatemalteco finalmente disponibilizou para Noé dois policiais, 24 horas, como guarda-costas. Isso foi durante um breve período. Quando o presidente Otto Pérez Molina assumiu, reduziu a apenas um policial, de segunda a sexta-feira, da manhã até às cinco da tarde. Ainda que soe ridículo, é verdade: apesar do perigo e das reiteradas ameaças, não lhe foi ofertada qualquer segurança. O governo também não agiu para que as investigações avançassem em relação à identificação, detenção e acusação dos autores materiais e intelectuais do homicídio.
Noé explicou que em cada “finca” – propriedade -, há um comitê do Sitrabi, onde os diretores de base tratam os conflitos com os administradores. “Quando não é possível resolver diretamente, então os companheiros trazem para a executiva”. O Sitrabi, explicou Noé, é um sindicato de empresa, portanto bastante limitado em sua representatividade.
Diante dos avanços obtidos nos acordos da região norte, as empresas bananeiras estão migrando para o sul, em busca de mão de obra barata, “o que é ruim para todos”, esclareceu Noé. Daí a necessidade de uma reforma do Código de Trabalho, frisou: “este é um sonho nosso, ter um Sindicato por indústria, para que possamos organizar o conjunto da nossa categoria, de Norte a Sul”.
A preocupação das empresas bananeiras procede, aponta o Portal Frutícola, pois “ainda que os salários dos trabalhadores de uma multinacional possam oscilar entre 250% e 300% do salário mínimo – que atualmente é de US$ 9,69 por uma jornada de 8 horas – o valor não inclui benefícios, tais como a atenção à saúde ou seguridade social”. “E se a situação onde existe entidade sindical é difícil, imaginem onde não há organização”, acrescentou.
EXÉRCITO INVADE O SINDICATO
Nos últimos anos foram cometidos inúmeros atos de violência contra os dirigentes do Sitrabi, governamentais inclusive, numa pressão aberta e descarada em defesa dos interesses contrariados com a organização e a reivindicação por melhores condições econômicas e sociais.
No dia 20 de julho de 2007, por exemplo, cinco soldados do exército invadiram a sede do Sindicato, retendo trabalhadores e interrogando sobre os nomes dos dirigentes, de suas funções, bem como de seus associados.
Estes breves testemunhos de impunidade ajudam a compreender o pânico de uma associação. Conforme levantamento realizado em 2012 pelo Instituto de Estudos Sindicais, Indígenas e Camponeses da Guatemala (Inesicg), “a taxa de sindicalização no país cai ano após ano e representa atualmente somente 2,2% da população economicamente ativa”. “Esta situação não pode ser considerada como uma condição gerada conjunturalmente, senão que é produto de um processo que há sido constante: a obstaculização do exercício da liberdade sindical, especialmente nos principais setores produtivos”, acrescenta o Instituto. A perseguição é evidente: “55% dos sindicatos foram destruídos sem conseguir consolidar-se, o que evidencia um padrão de dependência. De todos os sindicatos destruídos, 42% o foram sem sequer haver inscrito sua primeira diretoria, 13% sem inscrever sua segunda direção e 45% depois da inscrição de sua segunda diretoria”.
Para o presidente da CSI, João Antonio Felicio, a solidariedade e a pressão internacional têm sido essenciais para dar a visibilidade necessária às reivindicações do sindicalismo guatemalteco por salários e empregos dignos, “mas precisa ser ampliada”. “A vida de um trabalhador não pode ser vendida a preço de banana e por valor nenhum”, ressaltou João Felicio, frisando que “a baixa sindicalização no país é explicada devido ao nível da violência existente na Guatemala e em muitos países”. “Sem uma ação reguladora do Estado, sem uma legislação apropriada e sem fiscalização governamental, com respeito à organização sindical”, enfatizou, “a ação das transnacionais frutíferas contra a democracia e a soberania, principalmente na América Central, continuará deixando um gosto bastante amargo”.
Leonardo Severo
CUT Nacional
Lula vai participar das mobilizações do dia 13 de março
3 de Março de 2015, 11:15Ex-presidente Lula e Vagner Freitas, em ato na sede da ABI. (Foto: Roberto Parizotti)
As manifestações convocadas pela CUT para o próximo dia 13 de março ganharam reforços de peso, segundo anunciado na noite de ontem, durante o ato “Defender a Petrobrás é Defender o Brasil!”, realizado na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no centro do Rio.
“Vagner, se você me convidar, eu vou participar”, disse Lula, no encerramento de sua fala, dirigindo-se ao presidente da CUT Nacional Vagner Freitas.
Antes dele, o líder do MST João Pedro Stédile havia garantido presença. “Em nome não só do MST, mas de todos os movimentos organizados do campo, eu afirmo aos petroleiros: marcharemos com vocês para o que der e vier”. As organizações dos trabalhadores e trabalhadoras rurais planejam atos unificados em diferentes locais do Brasil na semana de 9 a 13 de março.
As mobilizações do dia 13 devem ocorrer em diferentes cidades do Brasil. Em São Paulo, o local da mobilização será diante do prédio da Petrobrás, na avenida Paulista, a partir das 15h. Os manifestantes depois se juntarão aos educadores estaduais públicos, que no mesmo horário estarão realizando assembleia no vão livre do Masp.* Os demais atos, após confirmação das entidades organizadoras, serão divulgados pela CUT.
“Temos de voltar às ruas no dia 13 de março para dizer que a Petrobrás é nossa e ninguém tasca”, completou Stédile. O ato realizado ontem no Rio foi uma iniciativa da CUT e da sua FUP (Federação Única dos Petroleiros), e contou com a presença de trabalhadores da Petrobrás, de intelectuais, jornalistas, pesquisadores, autoridades políticas e dirigentes sindicais de diferentes categorias.
Reforma política
Vagner Freitas, ao falar para as pessoas que lotaram por completo o auditório da ABI, afirmou: “Nós estamos fazendo uma luta de enfrentamento de classe. Não percam nunca isso da vista de vocês”. Para ele, o ato de ontem não foi apenas motivado pela “campanha sórdida” contra a Petrobrás. “Queremos alertar o Brasil para as mentiras que são contadas todos os dias por uma mídia golpista e uma direita golpista”.
Em tom de desafio, o presidente da CUT questionou os reais interesses que cercam o tema Petrobrás e a operação Lava Jato. “Que moral têm esses setores, que governaram o Brasil por 500 anos, para falar em corrupção? A vida inteira eles sucatearam os interesses do Brasil”.
“Quer discutir corrupção? Vamos acabar com o financiamento empresarial de campanha já”, disse ainda, em referência à necessidade de uma reforma política que impeça doações de bancos e empresas para candidatos. Outro passo necessário, segundo Vagner: “Só vamos passar o Brasil a limpo com uma reforma democrática da mídia”.
Vagner afirmou que as investigações sobre corrupção na Petrobrás não podem servir de pretexto para paralisar a empresa. Defendendo punição para aqueles que as investigações comprovarem culpa, o presidente cutista disse que as atividades da Petrobrás precisam continuar em ritmo normal, para evitar interrupção dos investimentos da empresa e consequente desemprego.
Mobilização de rua
O ato de ontem foi interpretado por participantes como um fato que pode impulsionar a mobilização da esquerda e dos movimentos populares na atual conjuntura, em que a direita procura inviabilizar o governo Dilma.
“Espero que isso que está ocorrendo aqui seja o prenúncio da retomada das mobilizações de rua. O que está se passando no Brasil é uma reprise do que aconteceu em 1954 e em 1964. Precisamos estar atentos para impedir retrocessos”, comentou o cineasta Luiz Carlos Barreto, fazendo referência aos momentos em que o cerco a Getúlio Vargas o levou ao suicídio e a cruzada anticomunista gerou o golpe militar.
“Estamos acompanhando a espetacularização de um processo jurídico, baseado em vazamentos seletivos de dados à imprensa, usado pelos entreguistas que vêm perdendo privilégios nos últimos anos”, comentou Virgínia Bastos, a Vic, presidenta da UNE. “Mas se há palavras que não combinam com a direita brasileira são ética e transparência”, disse, para arrematar que a investigação é um pretexto para desmontar políticas e projetos sociais, como é o caso da destinação dos recursos do pré-sal para educação. “Mas a todos aqueles que querem desmantelar nosso patrimônio, diremos uma vez mais: não passarão”, completou.
“Eu quero paz e democracia, mas a gente sabe brigar também”, afirmou Lula. Para ele, a presidenta Dilma “não pode nem deve dar trela” para as polêmicas em torno da Petrobrás, caso contrário seu governo pode ficar paralisado. “A Dilma tem que levantar a cabeça e dizer: ‘Eu ganhei as eleições’”. Lula apontou que a defesa da Petrobrás é tarefa dos movimentos sociais.
“Nós estamos começando uma luta, e essa luta vai demorar”, comentou. O jornalista e escritor Eric Nepomuceno havia dito, nos primeiros momentos do ato: “É dever de cada um de nós sair daqui com clareza sobre o que está em jogo. Não há nada de estranho por trás dessa campanha contra a Petrobrás. Não é por trás, é a própria campanha. E não é estranho, é claríssimo”. Nepomuceno afirmou que o objetivo é inviabilizar a atuação da empresa, desmoralizá-la e, com isso, abrir todo o espaço para empresas estrangeiras.
Briga de rua
No entanto, a imprensa tradicional deu prioridade, na noite de ontem em seus portais de notícias, e durante o dia de hoje em seus jornais impressos e emissoras de rádio e TV, a confrontos que ocorreram diante da sede da ABI, na rua Araújo Porto Alegre, antes do início do ato político.
Havia cerca de 300 militantes vestidos com camisetas da CUT e da FUP aguardando o ato, com faixas e bandeiras. Um telão foi instalado na rua, para transmitir a atividade. Um grupo – que variava de oito a 10 pessoas, de acordo com a movimentação – colocou-se na calçada em frente para gritar slogans contra o PT, Dilma e Lula.
Não eram transeuntes casuais, como afirmaram alguns jornais, mas pessoas que permaneceram ali por pelo menos 40 minutos, tempo em que a reportagem acompanhava a cena. Batiam panelas e tentavam agarrar as faixas e cartazes dos militantes.
Apesar de o caminhão de som transmitir o tempo todo instruções para os militantes não reagirem às provocações, em determinado momento houve troca de sopapos. Nada, no entanto, que chegue perto da ideia de pancadaria generalizada e prolongada que a mídia tentou transmitir.
Orgulho de ser Petrobrás
José Maria Rangel, coordenador-geral da FUP, em sua intervenção, afirmou que trabalhar na Petrobrás é motivo de orgulho, e não de vergonha ou confusão, como tenta semear a mídia.
“Temos de ter vergonha de trabalhar numa empresa que representava 3% das receitas do setor, no mundo inteiro, e hoje representa 13%? Temos de ter vergonha de trabalhar numa empresa que hoje investe o equivalente a R$ 300 mil por dia na atividade produtiva brasileira? Temos de ter vergonha de trabalhar numa empresa que tinha pouco mais de 2 mil empregos e que nas eras Lula e Dilma saltou para quase 90 mil empregos? Não, nós temos de nos orgulhar”, disse.
Na plateia, trabalhadores da empresa vestiam o tradicional uniforme laranja da empresa. “Se eu fosse petroleiro, começava a passear de domingo com essa roupa que vocês têm”, diria depois Lula, quando de sua intervenção.
O físico Luiz Pinguelli Rosa, histórico defensor de um modelo nacionalista de energia, disse, dirigindo-se à plateia: “Punam-se os culpados, mas deixem a Petrobrás em paz”. Signatário de recente manifesto da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Pinguelli Rosa completou: “Estão fazendo uma campanha contra a empresa, contra a engenharia brasileira, contra o povo brasileiro”.
Stédile resumiu: “O que está em jogo agora é a lei de partilha. As empresas estrangeiras querem abocanhar o pré-sal, e para isso estão usando os tucanos brasileiros. A burguesia nacional não quer o investimento em educação e saúde”. Por fim: “Nós só temos uma forma de derrubá-los: nas ruas”.
Também participaram do ato de ontem, entre outros, o ex-presidente da OAB-Rio Wadih Damous, o jornalista Luis Nassif, o ator Antonio Pitanga, o antropólogo Otávio Velho, o representante do Fora do Eixo/Mídia Ninja Felipe Altenfelder, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia do governo Lula Roberto Amaral, o ex de Meio Ambiente Carlos Minc, o representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás Deivyd Bacelar, os prefeitos de Niterói, Rodrigo Neves Batista (PT), e de Maricá, Washington Siqueira Quaquá (PT), o presidente da Fundação Perseu Abramo Marcio Pochmann, o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, e o secretário de Relações Internacionais da CTB Givanildo Pereira.
Isaías Dalle
CUT Nacional
Questão de gênero: Muito além do olho roxo
3 de Março de 2015, 10:01Uma das dúvidas mais frequentes entre as mulheres quanto a seus relacionamentos é a respeito do machismo do parceiro. Como, afinal, devemos traçar a linha e compreender certas atitudes do parceiro como misóginas? E como reagir a essas atitudes?
Muitos exemplos envolvem sinais evidentes de relacionamentos abusivos. São homens que controlam o comportamento das mulheres, ditando que tipo de roupa podem usar, se devem ou não utilizar alguma maquiagem, com quem podem manter amizade ou, em casos mais graves, com que membros da família podem manter contato. Pode parecer simples identificar um relacionamento abusivo, mas a subjugação psicológica e os laços de dependência tornam o reconhecimento da violência muito mais difícil.
O problema começa da forma como nossa cultura ensina que relacionamentos devem ser, reforçando idealizações de parceiros e alimentando a necessidade de dependência. Somos levados a acreditar que o amor verdadeiro envolve subjugação, como se fosse impossível sobreviver sem a outra pessoa. O ciúme também é amplamente aceito e desejado, sendo encarado até mesmo como prova de amor.
Os relacionamentos abusivos são repletos de controle e nem sempre começam de forma extrema. O abuso se desenvolve de maneira gradativa, até o ponto em que a vítima não consegue mais confiar em seus próprios desconfortos e também não enxerga uma saída para a situação. Muitas mulheres são levadas a pensar que já é tarde demais e a única alternativa é a resignação. Aceitar que o homem é extremamente ciumento, aceitar que o homem não gosta de roupas curtas ou coladas, aceitar que o homem “sabe o que é melhor” para o relacionamento.
Nesses casos, o sentimento de impotência e o medo tomam posse da vítima, de forma que xingamentos e abusos verbais passam a ser parte natural das brigas e discordâncias rotineiras. Ser xingada de puta, vadia, ter a aparência física debochada e até mesmo ouvir insinuações de que cometeu uma traição passam a ser situações comuns. O pior é que mentir para si mesma e tentar se convencer de que isso não fere tanto assim é algo perigoso. Aos poucos, a autoestima acaba se destruindo, a percepção de si como um ser humano com qualidades se esvai, a ideia de que é possível ser feliz com outra pessoa ou mesmo solteira se torna impossível. A dependência se fortalece cada vez mais e cada passo no relacionamento pode levar a uma tragédia ainda maior do que a tragédia já vivida.
A violência doméstica ainda vai muito além das agressões físicas, pois há também abusos psicológicos, verbais e patrimoniais. Nossa sociedade encara com naturalidade o fato de muitas mulheres ainda dependerem financeiramente dos homens, sem que perceba que a falta de autonomia financeira é um dos maiores motivos para que mulheres continuem em relações de abuso. E são poucos os que interferem quando um homem agride uma mulher em público, agindo com grosseria e palavras degradantes.
O resultado disso é uma quantidade exorbitante de mulheres que nem sequer sabem que estão em relacionamentos de violência, tampouco imaginam que podem recorrer a uma Delegacia da Mulher ou sequer pedir ajuda a familiares e amigos – até porque, em muitos casos, nem mesmo a família ajuda.
Precisamos investir em informação e acolhimento para essas mulheres, pois nem só de olho roxo se faz uma mulher violentada e destruída. Falar a respeito e não fazer concessões diante de atos abusivos seria um excelente começo. Que não tenhamos medo de confrontar a violência quando nos depararmos com ela. Assim, mais mulheres saberão que não precisam aceitar o abuso em seus relacionamentos.
Jarid Arraes
Revista Forum
“Imposto sobre grandes fortunas renderia 100 bilhões por ano”
3 de Março de 2015, 9:55Foto: Arquivo pessoal
Único dos sete tributos federais previstos nas Constituição sem regulamentação até hoje, o imposto sobre grandes fortunas pode sair do papel em um momento no qual o governo federal busca ampliar sua arrecadação. Vista como alternativa à esquerda, após um ajuste fiscal iniciado pela retirada de direitos trabalhistas, a proposta voltou à tona com o sucesso do livro do economista francês Thomas Piketty, O Capital No Século XXI, para quem não discutir impostos sobre riqueza é loucura.
Mestre em Finanças Públicas e ex-secretário de Finanças na gestão da prefeita Luiza Erundina em São Paulo, Amir Khair é especialista no assunto. Em entrevista a CartaCapital, Khair calcula que a taxação de patrimônios poderia render aproximadamente 100 bilhões de reais por ano se aplicada, em uma simulação hipotética, sobre valores superiores um milhão de reais. “Quando você tem uma sociedade com má distribuição de riqueza, você tem uma atividade econômica mais frágil. O imposto sobre grandes fortunas (…) teria uma arrecadação semelhante àquela que tinha a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Portanto bem acima até do ajuste fiscal pretendido pelo governo”, afirma.
CartaCapital: O livro de Thomas Piketty trouxe, mais uma vez, a discussão do imposto sobre grandes fortunas. Por que o senhor acha que essa proposta ainda é vista como uma pauta de esquerda, sendo que está prevista na Constituição?
Amir Khair: Pergunta interessante essa. Por que está na Constituição e é uma pauta de esquerda? Talvez a Constituição represente uma regra de convívio social na qual a população de menor renda tenha um pouco mais de acesso aos bens de democracia. A democracia prevê um regime de maior equilíbrio social. Prevê um regime do governo para o povo, de interesse do povo. Quando você estabelece na Constituição um imposto sobre grandes fortunas, que no fundo, independente do nome, é um imposto que visa alcançar riqueza, você está contribuindo para uma melhor distribuição dela entre a população. Esse foi o objetivo dos constituintes em 1988. O que não se esperava é que o próprio Congresso que aprovou isso seja o Congresso a não aprovar a regulamentação desse tributo. E a razão é muito simples. Por que o Congresso não aprova? Porque os congressistas quase sem exceção seriam atingidos por essa tributação. Quando eles são atingidos, eles não aprovam nenhuma mudança tributária que os atinja. Essa é a razão central pelo fato de, ao longo de todos esses anos, não ter sido regulamento o imposto.
CC: O imposto sobre grandes fortunas é o único dos sete tributos previstos na Constituição que ainda não foi implementado. Então não é só a influência dos mais ricos, mas o fato do Congresso ser também uma representação da camada mais rica da população?AK: É uma visão curto-prazista, no sentido que você estaria defendendo o interesse dos mais ricos, mas na essência você estaria prejudicando até a essência dos mais ricos. Quando você tem uma sociedade com má distribuição de riqueza, você tem uma atividade econômica mais frágil. Eu não tenho o consumo usufruindo no potencial que ele tem. Quando você tem o consumo usufruindo o potencial que ele tem, você tem mais produção, mais riqueza de uma forma geral e é claro que os mais ricos se apossam melhor dessa riqueza gerada. Quando você tem má distribuição de riqueza ou de renda, você tem uma atividade econômica mais restrita e consequentemente menos faturamento nas empresas, menos lucro.
CC: Nesse início de segundo mandato, o governo Dilma optou por fazer um reajuste fiscal e reviu o acesso a alguns direitos dos trabalhadores, como o seguro-desemprego. Mas agora cogita a possibilidade de regulamentar o imposto sobre a riqueza. Na opinião do senhor, o imposto sobre grandes fortunas poderia ter o mesmo peso, ou até um impacto melhor, para o ajuste das contas do governo, sem que fosse necessário mexer nos direitos trabalhistas?
AK: Se aplicado com uma alíquota média de 1% sobre aquilo que são os bens das pessoas, teria uma arrecadação semelhante àquela que tinha a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que foi extinta. E tem, portanto, um poder arrecadador forte. Hoje eu estimo em cerca de 100 bilhões de reais/ano. Portanto bem acima até do ajuste fiscal pretendido pelo governo.
CC: Portanto, seria uma alternativa a todas essas medidas que o governo vem tomando desde o início do segundo mandato e que desagradaram trabalhadores e movimentos sociais?
AK: Sim, eu acho que seria uma medida desenvolvimentista em essência porque não atinge aquilo que é essencial aos trabalhadores, portanto aquilo que se traduz efetivamente em consumo. Quando você corta direitos dos trabalhadores você corta consumo automaticamente. Cortando consumo, você corta faturamento e o lucro delas. Então você paralisa o País também ao fazer isso. Essas medidas que o governo está adotando, independente do fato que você tem que ter rigor fiscal, e rigor fiscal não se toma com essas medidas do governo, estão muito aquém do rigor fiscal necessário ao País. Essas medidas travam o crescimento. Ao travar o crescimento, cai a arrecadação pública. Ao cair a arrecadação pública, o objetivo do governo de atingir sua meta não será atingido.
CC: Quais as consequências e como o senhor avalia a postura do governo de fazer corte nesses benefícios trabalhistas?
AK: É uma atitude um pouco simplista, uma atitude que não resolve. Como eu falei, quando você corta na base da pirâmide social você diminui consumo e, portanto, diminui a própria arrecadação pública. Então uma coisa anula a outra, ou até pior do que anula. Pode acontecer como aconteceu no passado. Você tem um déficit muito maior das contas públicas e não resolve. O governo teria uma alternativa muito mais eficaz, muito mais forte, muito mais rápida, muito mais factível, caso reduzisse as despesas com juros. Os juros no ano passado corresponderam a 6% do PIB [Produto Interno Bruto] e isso gerou um rombo nas contas públicas. Quer dizer, o que deu um rombo nas contas públicas foram os juros. E o Brasil é um dos campeões mundiais de juros. O Brasil tem sempre sobre a questão fiscal um ônus de 6% do PIB, quando no mundo todo gira em torno de 1%. Então quando você tem uma conta anormal por consequência dos juros, a providência mais normal, óbvia, é você atacar essa questão. Essa é a questão central e é fácil de atacar. Como você ataca? Reduzindo a Selic [taxa básica de juros]. A Selic está muito acima do padrão internacional, o padrão internacional das taxas básicas de juros é a inflação do País. Nós estamos com seis pontos acima da inflação na Selic. Quando você reduzir isso para a inflação do País, essa conta de juros cai rapidamente e, ao cair rapidamente, você faz um ajuste fiscal sério, para valer. Muito diferente do que o governo está propondo.
CC: Segundo Piketty, o imposto sobre grandes fortunas poderia ser atrelado à diminuição da carga tributária sobre o consumo. Como o senhor enxerga essa proposta?
AK: Na realidade, você tem o seguinte: o Brasil tem uma distorção tributária muito grande porque taxa em excesso o consumo e subtributa o patrimônio e a renda. Consequentemente você faz com que os preços no Brasil de diversos bens fiquem majorados em torno de 50%. Então uma pessoa vai comprar um bem, ela está pagando o valor sem os impostos mais 50% de impostos ligados ao consumo. Quando você tem uma tributação mais equilibrada, como nos países desenvolvidos, essa tributação sobre o consumo não excede 30%. Então você tem bens a preços melhores para o consumo da população. Quando você tem imposto sobre grandes fortunas entrando no compto tributário, você permite aliviar uma parte dessa tributação do consumo sem sacrificar a arrecadação pública. E, quando você faz isso, você está tomando medidas pró-crescimento. E medidas pró-crescimento repercutem do ponto de vista fiscal na melhoria da arrecadação e, portanto, na parte mais saudável das finanças públicas.
CC: Na sua opinião, qual deve ser o valor mínimo de patrimônio a ser taxado para que apenas os ricos sejam atingidos?
AK: Há várias propostas em discussão com relação à tributação. Eu acho que você deve isentar uma parcela da população. Com patrimônios de cerca de um milhão de reais você já tira dessa tributação 95% ou 98% da população brasileira. Então essa tributação vai incidir em 2% ou 5% da população. E, ao estabelecer essa tributação, você não precisa colocar alíquotas elevadas, essas alíquotas podem ficar no nível de 1% no máximo e ter, ainda assim, esse potencial de arrecadação que eu falei, com 100 bilhões de reais/ano.
CC: Além de regulamentar o imposto sobre grandes fortunas, Piketty fala ainda na importância de taxar a herança. O senhor concorda?
AK: A tributação da herança é além da questão da tributação das grandes fortunas. É prevista na Constituição e é de fato usada no Brasil. Representa em torno de 4% de tributação sobre o valor da herança. No mundo todo essa tributação é acima de 30%. No Brasil é muito baixo e a razão é a mesma que falei: isso [aumento da tributação] não passa nas assembleias legislativas e não passa no Congresso. Essa alíquota de 4% é uma das mais baixos do mundo. Então se você tivesse uma tributação sobre herança no nível internacional, por volta de 30%, você estaria também aliviando impostos sobre consumo e consequentemente melhorando atividade econômica e arrecadação pública.
CC: Quanto o aumento dessa alíquota sobre a herança poderia gerar a mais de arrecadação? Há alguma estimativa?
AK: Não tem no momento isso. A tributação sobre herança é conhecida como Imposto sobre Transmissão Causa Mortis, imposto que pertence exclusivamente aos estados e, se você aumentasse, melhoraria arrecadação dos estados. Os estados têm poder, independentemente do governo federal, de mudar esse percentual de 4%, mas nenhum governador tem interesse em fazer isso porque nenhum governador representa os interesses efetivos da população na questão tributária.
CC: Em um debate sobre o assunto, o jurista Ives Gandra se colocou contra o imposto sobre grandes fortunas ao justificar que a medida causaria a fuga de grandes patrimônios para outros países ou paraísos fiscais. O senhor acredita que isso pode acontecer? Como regular para que não haja fuga de patrimônio?
AK: Eu queria saber que patrimônio que iria para outros países. E se for, que vá. Será bom até que vá. O que interessa é que o grosso do patrimônio fica no nosso País. E os que pensam que vão lucrar com essa questão de sair do País se enganam porque nos outros países o Imposto de Renda não é tão baixo como aqui, com 27,5%, a alíquota mais baixa do mundo. Em outros países é 40%, 50%, 60%. Então se alguém pensa que vai para outro país para se dar bem…pode ser que exista alguma ilha no mundo, mas talvez não caiba tanta gente.
CC: Quer dizer que a legislação tributária aqui é tão branda quando se trata de patrimônio e renda que em qualquer País os ricos seriam mais prejudicados?
AK: Eu acho que sim. Esse argumento é muito fraco, quase ninguém mais usa ultimamente porque na realidade essa ameaça de que vão sair do País não se concretiza. É muito boa [para os ricos] essa questão tributária. Pessoas que têm mais renda, mais riqueza, são muito bem agasalhos pela legislação do Brasil.
CC: O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que chegou a fazer uma proposta de imposto sobre grandes fortunas em 1989 recuou dessa ideia há algum um tempo ao dizer que o valor estipulado por ele, anos antes, para servir de linha de corte poderia atingir a classe média. O valor, atualizado, era algo em torno de 940 mil reais. Quase o mesmo que o senhor propõe. Esse valor atinge a classe média?
AK: É uma classe média alta. Se você olhar bem a distribuição de renda, é classe média alta e aquilo que falei sobre 95% da população estar fora disso é real. Então acho que o ex-presidente FHC se engana. É normal ele se enganar quando trata de questões de interesse da população.
Renan Truffi
Carta Capital
Aos risos, Alexandre Frota confessa crime hediondo
3 de Março de 2015, 7:00A subcelebridade do mundo pornô Alexandre Frota causou polêmica na internet ao afirmar que teria feito relação sexual com uma mãe de santo sem o consentimento dela. Frota participou do programa Agora é tarde, apresentado pelo humorista Rafinha Bastos, na Band, que foi ao ar no último dia 25.
Descrevendo a situação com naturalidade e em tom de piada, Frota relatou que o crime teria acontecido ainda nos tempos em que trabalhava na Rede Globo. O ex-ator afirmou que, ao observar a mulher de costas, dentro do quarto, aproximou-se por trás dela e começou o ato sexual, ignorando suas recusas.
Ele ainda contou que pressionou tanto o pescoço da vítima que ela chegou a desmaiar. Terminado o ato sexual, Frota teria deixado a mulher desacordada no chão e dito aos demais que ela havia caído. Assim como o apresentador do programa, a plateia reagiu à história com risadas e aplausos, ignorando a gravidade dos fatos criminosos narrados pelo convidado.
Grupos de ativismo divulgaram cartas de repúdio às declarações do ex-ator, como o Coletivo Mariachi, do Rio de Janeiro. “Um crime hediondo foi confessado e aplaudido em rede nacional. Como isso é possível? Ora, num país onde uma mulher é estuprada a cada 12 segundos, não é difícil compreender que uma estatística alarmante como essa é produto de uma cultura que valoriza e cotidianiza a violência sexual”, diz o texto.
Outro trecho presta solidariedade à suposta vítima do ex-ator. “Não sabemos quem é a Mãe de Santo em questão. Não sabemos a sua idade, a sua cor, a sua classe, como ela vive, o que ocorreu após o estupro. Mas, muito mais do que “estamos”, SOMOS com ela. Poderia ser com qualquer uma de nós. Muitas vezes foi. E agora assistimos de nossas casas ao show de horrores que gargalha e se orgulha da nossa dor”, ressalta.
A nota chama atenção também para o racismo e o preconceito contra as religiões de matriz africana que também estariam presentes no discurso do ex-ator. “Levantamos aqui uma campanha pelo amplo debate acerca do episódio, na expectativa de que o Ministério Público adote providências diante do relato, que além da violência sexual é carregado de racismo, pela forma desrespeitosa com que Frota se refere a uma fé de matriz afro”, conclui.
Acesse a publicação original e assista o vídeo do programa.
Fonte: Brasil 247
Presidenta Dilma cumpre promessa e sanciona Lei dos Caminhoneiros sem vetos
2 de Março de 2015, 17:47Agora, cabe à categoria cumprir sua parte no acordo e encerrar os bloqueios de estradas
A presidenta Dilma Rousseff sancionou nesta segunda-feira (2), sem vetos, a nova Lei dos Caminhoneiros, informou a Secretaria-Geral da Presidência da República. A sanção integral da lei significa cumprimento de uma das principais propostas do acordo negociado pelo governo no dia 25 de fevereiro, para destravar o impasse entre representantes dos empresários e dos motoristas, que bloqueavam as estradas do País.
O texto organiza a atividade dos motoristas profissionais ao definir jornada de trabalho, formação, seguro por acidente, atendimento de saúde e tempo de descanso e repouso. A sanção integral da lei era uma demanda do setor.
Segundo a Secretaria-Geral, o governo também tomará, a partir desta segunda-feira, as medidas necessárias para permitir a prorrogação por 12 meses das parcelas de financiamentos de caminhões adquiridos por caminhoneiros autônomos e microempresários, por meio dos programas Pro-Caminhoneiro e Finame, do BNDES.
Novas regras
Um dos destaques da nova regra é o pedágio gratuito por eixo suspenso para caminhões vazios. A lei também define o perdão das multas por excesso de peso dos caminhões recebidas nos últimos dois anos e muda a responsabilidade sobre o prejuízo.
A partir de agora, os embarcadores da carga, ou seja, os contratantes do frete serão responsabilizados pelo excesso de peso e transbordamento de carga. A lei garante também a ampliação de pontos de parada para caminhoneiros.
“A sanção integral da lei é um desdobramento dos compromissos assumidos pelo governo federal na última quarta-feira, 25 de fevereiro, com representantes de caminhoneiros e foi efetivada diante da tendência de normalidade nas rodovias do País”, informou a Secretaria-Geral.
Fonte: Blog do Planalto
Fotojornalista paranaense busca crowdfunding para publicar livro sobre festa de San Lázaro, em Cuba
2 de Março de 2015, 15:55Arrecadação vai até 7 de abril e são necessários cerca de R$ 30 mil em financiamento coletivo para viabilizar o projeto, que retrata a devoção ao santo
Foto: Leandro Taques
Apaixonado por fotografar a realidade dos povos ao redor do mundo, o fotojornalista paranaense Leandro Taques encontrou na manifestação religiosa a inspiração para o seu mais novo projeto profissional: o livro San Lázaro-Babalú Aye, que retrata a fé de milhares de pessoas que participam, em Cuba, da festa e peregrinação pelo santo. O projeto agrega ainda ao fotojornalista o desafio de viabilizar a publicação do livro pelo financiamento coletivo, o chamado crowdfunding.
Com cerca de 80 fotos, extraídas de mais de 4 mil imagens feitas durante as festas de San Lázaro em 2012 e em 2014, o livro vai retratar diversos personagens fotografados durante as peregrinações dos devotos de San Lázaro, o santo católico, e Babalú Ayé, o orixá na Santeria, em Rincon, Santiago de las Vegas, em Cuba. O livro contará com fotografias de Leandro Taques e textos do jornalista José Carlos Fernandes.
Todos os anos, no dia 17 de dezembro, dia de San Lázaro, milhares de pessoas de todas as partes de Cuba fazem uma peregrinação até o Santuário Nacional, em Rincon, um pequeno vilarejo perto de Havana. A procissão vai passando pelo caminho forrado de imagens, altares improvisados, flores, velas e pessoas pedindo dinheiro para remediar seus males. Os peregrinos rezam para pedir graças ao padroeiro das enfermidades. A fumaça das velas e dos charutos se mistura aos odores agridoces do caminho. Mulheres, crianças, homens… gente de todas as classes se juntam como em um só corpo a caminho do santuário a espera que o santo derrame suas bênçãos sobre eles e que seus desejos sejam atendidos.
San Lázaro é um dos santos mais venerados em Cuba. É o protetor dos enfermos, é a personificação dos pobres e excluídos da sociedade. Para os católicos, San Lázaro. Na Santeria, Babalú Ayê. Também chamado de “el viejo” ou ainda “el Milagroso”, o santo atrai uma multidão de seguidores.
Muitos deles são doentes. Realizam a jornada de joelhos ou rastejando, de pés descalços, vestindo roupas feitas de sacos de estopa. Alguns puxam pedras amarradas à seus pés. Outros arrastam correntes por dias ou até semanas. Cada um, à sua forma, demonstrando sua devoção. Todos cumprindo a promessa feita por ter recebido a graça do milagroso. Lázaro foi um homem pobre, que passou fome. Um homem coberto de chagas, que os cachorros lambiam para aliviar a dor. Este personagem, da parábola dos evangelhos, é o Lázaro santificado pela tradição popular.
“San Lázaro ajuda e protege quando tudo ou todos não podem mais ajudar”. Essa relação com o santo implica em comportamento específico, uma devoção “fuerte”. É preciso pagar as promessas feitas ao santo”, afirmam os cubanos.
Financiamento coletivo
O primeiro contato de Leandro Taques com a festa de San Lázaro se deu em 2012, quando foi fotografar o evento inspirado no trabalho do fotógrafo cubano Raul Canibaño. Leandro conheceu Raul em 2011 e decidiu que em 2012 estaria novamente em Cuba para registrar a romaria.
Nesta época, o fotojornalista já conhecia crowdfunding e viu na romaria cubana a possibilidade de fazer o seu primeiro projeto pelo financiamento coletivo. No Projeto San Lázaro Babalú-Ayê, as pessoas podem contribuir com valores que vão de R$ 25 a R$ 2 mil, que podem ser investidos em diferentes recompensas. Desde um agradecimento, exemplares do livro, cópias fotográficas em fine art, camisetas personalizadas e até portfólios exclusivos do fotógrafo.
O crowdfunding surgiu nos Estados Unidos, em 2009, e usualmente tem o objetivo de arrecadar dinheiro para artistas, pequenos negócios e lançamentos de campanhas de variados gêneros e ações de filantropia, bem como ajudar regiões atingidas por desastres, por exemplo. Geralmente é estipulada uma meta de arrecadação que deve ser atingida para viabilização do projeto. Caso os recursos arrecadados fiquem abaixo da meta, a proposta não é financiada e o montante arrecadado retorna aos doadores.
Para ajudar o projeto San Lazaro-Babalú Aye, basta acessar www.kickante.com.br/campanhas/san-lazaro-babalu-aye-0
A campanha fica no ar até 7 de abril de 2015.
Sobre o autor
Professor do Centro Europeu, em Curitiba, Joinville e Ponta Grossa, Leandro Taques é formado em Jornalismo pela Universidade Tuiuti do Paraná, com pós-graduação em Fotografia pelas Faculdades Curitiba e em Fotografia enquanto Instrumento de Pesquisa nas Ciências Sociais pela Faculdade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro.
Em 2006, uma viagem para Angola, na África, resultou no projeto O Retrato da Paz, com livro homônimo e uma exposição que rodou o Brasil. Esse trabalho rendeu menção especial no Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, além de imagens selecionadas para o acervo permanente da Maison Europeenne de la Photographie, em Paris, França.
Conheça melhor o trabalho dele em: www.leandrotaques.com
Fidel Castro recebe cubanos libertados pelos EUA
2 de Março de 2015, 14:54Foto: Cubadebate/Reuters
O líder cubano Fidel Castro recebeu no sábado (28) em sua casa os cinco agentes cubanos condenados nos Estados Unidos por espionagem – deles cumpriram penas e três foram trocados por um espião -, segundo um texto publicado nesta segunda-feira (2).
“Eu os recebi no sábado 28 de fevereiro, 73 dias depois de terem pisado em terra cubana e fui feliz durante horas ouvindo relatos maravilhosos de heroísmo do grupo”, escreveu Castro, que recebeu os agentes em sua residência, na zona oeste de Havana.
Além do texto, o jornal oficial Granma publicou 13 fotografias do encontro, que durou cinco horas. Fidel Castro, muito magro, aparece nas imagens com uma roupa esportiva azul e camisa branca.
Em todas as fotografias, Castro, 88 anos, afastado da vida pública desde 2006, aparece sentado. Em algumas imagens aparecem sua companheira, Dalia Soto del Valle, e o sobrinho, o coronel Alejandro Castro Espín, filho do presidente Raúl Castro.
O “pai da revolução cubana” reiterou que Gerardo Hernández, Ramón Labañino, Fernando González, René González e Antonio Guerrero “nunca provocaram qualquer dano aos Estados Unidos”, pois apenas “tentavam prevenir e impedir os atos terroristas contra a ilha”.
Castro destacou que os agentes foram vítimas de uma “caçada desumana”, na qual participaram os próprios organismos de investigação (americanos), e que foram condenados a uma “prisão brutal por juízes venais”.
No texto, Fidel Castro explica que demorou a receber os agentes porque “o principal em sua chegada era saudar seus familiares, amigos e o povo, sem descuidar por um minuto da saúde e o rigoroso exame médico”.
“Os cinco”, como são conhecidos em Havana, foram detidos em 1998 ao lado de 14 pessoas acusadas de integrar a “Rede Avispa”, considerado o maior grupo de espiões cubanos detectados em operações nos Estados Unidos.
René e Fernando González foram libertados ao fim de sua condenação. Hernández, Guerrero e Labañino chegaram a Cuba em 17 de dezembro de 2014, depois do histórico anúncio de Raúl Castro e do presidente americano, Barack Obama, de restabelecer as relações entre os dois países, após mais de meio século de ruptura.
Fonte: Agência France Press