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Análise de filme: Mulheres perfeitas e o modelo tradicional feminino

6 de Abril de 2014, 7:53 , por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by-nc-sa)

 

É um filme interessante por abordar um forte aspecto social da função feminina, nos fazendo perguntar se é realmente um modelo correto e até mesmo se é possível executar esse modelo perfeitamente.  Historicamente falando, durante séculos a única função cabível as mulheres era a procriação e cuidados domésticos, seja como serva, esposa ou escrava, sempre em submissão ao homem enquanto eles cuidavam do trabalho que exigia força física. Esse quadro só começou a mudar na década 1940 com o inicio do feminismo e o processo para adquirir conquistas econômicas, sociais e jurídicas era lento e gradual, se acentuando nesse período. [1] Quanto ao voto, no Brasil elas só puderam votar em 1932 com Getulio Vargas, 1893 na Nova Zelândia, 1918 na Inglaterra e 1944 na França.[2]  Quanto ao acesso feminino ao mercado de trabalho, ele só foi conquistado na segunda guerra mundial trabalhando na industria bélica, já que os homens estavam na guerra. Após a guerra os homens voltaram para casa, mas as mulheres gostaram da independência adquirida e não a largaram.[3] Atualmente os papéis masculinos e femininos vem se invertendo, com uma pesquisa do Sebrae de 2011 apontando que quase 40% das mulheres Brasileiras sustentam economicamente a casa, [4] ainda que atrelados a tarefas domésticas, salários menores que o de homens e violência doméstica para a qual foi criada a lei Maria da Penha. É sobre essa mulher independente e trabalhadora que fala o filme “Mulheres perfeitas”. (link para assistir ao filme http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-filme-mulheres-perfeitas-dublado-online.html  abaixo o filme será descrito, portanto é aconselhável vê-lo antes.)

 

A personagem principal é Joanna, apresentadora de um programa de televisão. Tudo vai bem até que ela comete um erro considerado gravíssimo pela emissora e é despedida, quando após ficar um tempo triste ela e seu marido (Walter) decidem se mudar para uma cidade pequena bem tradicional chamada Stepford, buscando tranquilidade na vida. Tudo o que encontram lá são mulheres atarefadas com a casa e com os filhos, sendo que suas diversões envolvem cuidados estéticos e conversas voltadas a tarefas domésticas enquanto os homens saem para se divertir. De inicio, ela e seu marido acham estranho ainda que aceitam o fato. Ela passa a conviver com as mulheres, ele com os homens, cada um indo para o respectivo clube, mulheres falando de como agradar seus homens, cuidar da casa e dos filhos e homens sobre carros, suas esposas e se divertindo com jogos de cartas. Enfim, o modelo oposto ao que Joanna era, isto é, uma mulher doméstica e submissa ao homem. Aos poucos, ela vai notando coisas estranhas dentre as mulheres enquanto seu marido vai se acostumando ao fato, querendo que ela seja daquela forma. Dentre todas as pessoas que os dois conheceram, duas tem destaque: Roger e Bobbie Markowitz.

 

Roger é adepto da homosexualidade e Bobbie Rip. Os dois se tornaram grandes amigos de Joanna e junto a ela são os estranhos no ninho. Certo dia, quando Roger deixa de ir na associação de mulheres e vai a primeira vez na de homens, desaparece por uma noite e volta “normal”, isto é, não mais adepto da homosexualidade, o que estranha Joanna. Na outra noite o cão robótico ganhado por eles mostra a ela um controle com seu nome, fazendo-a pesquisar o nome de todas as mulheres dali e descobre terem sido bem sucedidas e independentes, diferentes do que eram ali e sequencialmente Bobbie some, reaparecendo como as outras mulheres da cidade. Quando ela volta para casa rapidamente procura resgatar os filhos e vê as mesmas fotos encontradas na associação de homens, pessoas quase imortalizadas com o tempo, mas dessa vez sua e do marido descobrindo que Walter está com os filhos, apoiando para que ela se torne como as outras mulheres. A partir daí começam as descobertas.

 

Mike Wellington, representante dos homens da cidade mostra a ela uma forma via computador para “aperfeiçoar a mulher” e transforma-la em escrava do marido através da inserção de um chip no cérebro. Ela resiste, o marido pede para ela que faça isso e no fim ela faz. Chegando a uma festa, com Joanna já “robotizada”, seu marido procura uma forma de tirar esse efeito das outras mulheres e alcança o objetivo. A festa entra em crise, Mike começa a fazer um discurso machista defendendo a forma como a cidade era e Joanna revela não ter sido robotizada. Quando ele tenta matar Walter ela acaba batendo um pedaço de ferro na cabeça de Mike e a arranca, descobrindo que era um robô. Quem o criou foi Jéssica, a representante feminina da cidade porque ele a traiu e como queria formar um mundo para suprir sua falta, criou um modelo para outros homens que consequentemente trariam suas esposas e assim ela poderia manter a vida que tinha antes de Mike a trair- em suma mulheres domésticas e escravas sexuais de seus esposos. Após essa experiência Joanna fez sucesso vendendo seu documentário “Stepford o segredo do suburbio”, Bobbie vendeu um livro a nível de se tornar um Best seller chamado “Espere ele dormir e corte fora” e Roger se tornou senador. O filme termina em uma paródia onde os papéis antigos de Stepford se inverteram, como forma de castigo aos homens que desejavam as mulheres como escravas.

 

Conclusão

 

Essa é uma “sociedade perfeita”, seus diálogos podem ser feitos sem que uma pessoa inocente descubra, a não ser que seja mais investigadora. Esse é um perfil raro, afinal de contas Stepford pode ser um mundo como qualquer outro se observado de forma superficial. Como homens podem aceitar as esposas dessa forma? Qual será realmente o modelo de homem e mulher que se tem atualmente? Qual seria a impressão do filme se desde o começo os homens estivessem no lugar das mulheres? E pior, porque uma mulher desejaria colocar a si mesma nessa posição? A imagem da mulher atual foi uma conquista ou imposição? Apesar de modelos ruins, “Nós aceitamos a realidade do mundo com o qual nos defrontamos”[5] e passamos em algum nível a depender delas, e dessa forma uma mulher acostumada a essa vida pode não querer sair dela e formar um mundo ao seu redor para que possa se manter assim. A maior exigência estética é feita à mulher, quase como se virasse uma escrava da beleza, ao menos assim define o modelo social como correto. É preciso questionar ainda mais nossos modelos sociais para de fato concluir se temos conquistas ou imposições de mercado, inclusive nas questões do preconceito e desigualdades sociais dito que a mulher é um alvo muito mais forte que o homem para o mercado de consumo. Esse mesmo mercado impõe modelos de beleza, perfeição e felicidade principalmente ligados ao consumo aonde o filme traz uma pergunta chave: existe um modelo perfeito de relacionamento entre amigos, casais, beleza comportamento e uma única forma de ser feliz?

Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

 Escrito por: Rafael Pisani

Observação: No servidor anterior foi postado no dia 04/11/2013 as 11:11.

Referencias bibliográficas:

 

Disponível em: http://espaco-vital.jusbrasil.com.br/noticias/1944790/a-mulher-e-a-evolucao-dos-seus-direitos . Lucelene Garcia/http://espaco-vital.jusbrasil.com.br.  Data de acesso: 02 de novembro de 2013

 

 Disponível em: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/04/numero-de-mulheres-que-sustentam-familia-dispara-nos-ultimos-10-anos.html .G1/http://g1.globo.com.  Data de acesso: 02 de novembro de 2013

 

Disponível em: http://modernamaria.blogspot.com.br/2009/11/segunda-guerra-mundial-1939-1945.html . Giovanna Manfro/http://modernamaria.blogspot.com.br .  Data de acesso: 02 de novembro de 2013

 

Disponível em: http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2012/03/08/voto-das-mulheres-no-brasil-completa-80-anos . Anderson Vieira/http://www12.senado.gov.br.  Data de acesso: 02 de novembro de 2013

 

 

 


Fonte: Rafael Pisani Ribeiro

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