Por Bepe Damasco, em seu blog:
"O problema de Eduardo é fazer política sem referências e sem projetos". Essa frase dita a mim por uma amigo, o Lima, dirigente da CUT, me instigou a escrever este post sobre as apostas políticas feitas pelo governador de Pernambuco. É claro que política muda como nuvem no céu, mas, com seu cavalo de pau oposicionista, Campos pode estar atirando na lata do lixo a possibilidade de vir a ser presidente da República.
Alguém duvida da incontestável liderança, da sedução que exerce sobre a militância e da forte capacidade de persuasão de Lula sobre o Partido dos Trabalhadores? Pois bem, Lula chegou a assumir com Campos o compromisso de trabalhar para fazê-lo candidato do PT e da base aliada em 2018. Ele não só negou como embarcou numa aventura oposicionista que tem grande potencial para custar-lhe a carreira política.
Vale a pena rememorar um pouco a trajetória política de Eduardo Campos. Neto de um dos emblemas da esquerda brasileira, Miguel Arraes, ele estreou na vida pública como secretário de Fazenda do governo do seu avô em Pernambuco. Acabou se envolvendo num nebuloso caso de irregularidades no pagamento de precatórios, até hoje não muito bem explicado. O prestígio e a história de vida de Arraes, no entanto, em muito contribuíram para que Campos saísse do imbróglio apenas com leves arranhões.
Se elegeu governador pela primeira vez, em 2006, com o apoio decidido do então presidente Lula, candidato à reeleição. Antes, foi ministro da Ciência e Tecnologia no primeiro governo Lula. Segundo os enfronhados nos bastidores da política, vem desse período a amizade entre os dois. Governador muito bem avaliado, Campos é reeleito em 2010, no primeiro turno, com uma votação consagradora. Seu partido mantém no âmbito federal o controle de dois ministérios : 2002/2006 (Ciência e Tecnologia e Portos) e 2006/2010 (Integração Regional e Portos).
Durante seus quase dois mandatos à frente do Executivo estadual, Pernambuco experimentou um surto de desenvolvimento extraordinário, puxando o crescimento econômico do Nordeste acima da média do país. Aqui entra o ponto fundamental. Sem deixar de reconhecer o talento de Campos como gestor, nada, rigorosamente nada do que se fez de importante em Pernambuco nos últimos anos deixou de contar com o pesado investimento do governo federal. Tanto Lula como Dilma dispensaram ao governador tratamento de aliado preferencial..
E tome portos, rodovias, ferrovias, fábricas, parcerias, convênios e acordos. Sem a presença do governo federal no estado, é possível cravar que o desempenho do governador beiraria a categoria de medíocre. Por isso, dou crédito às informações que dão conta da mágoa de Lula com o amigo e aliado. "Porra [deve raciocinar Lula], o cara de uma hora para outra esquece de tudo que fizemos no estado, da relação de confiança que tínhamos, e passa a espinafrar tudo quem vêm do governo?"
Campos está bem grandinho o suficiente para saber que arranjou um adversário de peso, uma encrenca daquelas. Noves fora o fato de o ex-presidente estar trabalhando dia e noite para montar palanques estaduais que isolem o candidato do PSB, existe na estratégia de Campos um ponto completamente fora da curva. De onde ele tirou a ideia de jerico de quem tem estofo político para enfrentar a força avassaladora de Lula no Nordeste ? Sim porque todo o mundo político já sabe que Lula vai entrar de sola na campanha de Dilma como se fosse ele o candidato.
"A vitória de Dilma é a minha vitória. A derrota de Dilma é a minha derrota", tem dito Lula. Analistas políticos de A a Z dizem ser crucial para Campos a conquista do eleitorado nordestino. Só assim sua candidatura poderia se espraiar para outros estado. Então, está feia a coisa para o governador, já que Dilma lidera com folga no Nordeste, em todas as pesquisas feitas até agora pelos mais variados institutos. Enquanto isso, Campos vive de braços dados com Aécio Neves, consolida apoio entre os banqueiros mais reacionários, como os dirigentes do Itaú, e se transforma num crítico voraz e, não raro, leviano das ações do governo.
Sim, leviano. Perguntado sobre o resultado do leilão de libra, Campos disparou contra o governo, antevendo que o Planalto vai descumprir a lei e utilizar os recursos do leilão somente para fazer ajustes fiscais. Calma, Eduardo. Até porque o horizonte ainda prevê muitas chuvas e trovoadas para o seu lado. Marina que o diga.
"O problema de Eduardo é fazer política sem referências e sem projetos". Essa frase dita a mim por uma amigo, o Lima, dirigente da CUT, me instigou a escrever este post sobre as apostas políticas feitas pelo governador de Pernambuco. É claro que política muda como nuvem no céu, mas, com seu cavalo de pau oposicionista, Campos pode estar atirando na lata do lixo a possibilidade de vir a ser presidente da República.
Alguém duvida da incontestável liderança, da sedução que exerce sobre a militância e da forte capacidade de persuasão de Lula sobre o Partido dos Trabalhadores? Pois bem, Lula chegou a assumir com Campos o compromisso de trabalhar para fazê-lo candidato do PT e da base aliada em 2018. Ele não só negou como embarcou numa aventura oposicionista que tem grande potencial para custar-lhe a carreira política.
Vale a pena rememorar um pouco a trajetória política de Eduardo Campos. Neto de um dos emblemas da esquerda brasileira, Miguel Arraes, ele estreou na vida pública como secretário de Fazenda do governo do seu avô em Pernambuco. Acabou se envolvendo num nebuloso caso de irregularidades no pagamento de precatórios, até hoje não muito bem explicado. O prestígio e a história de vida de Arraes, no entanto, em muito contribuíram para que Campos saísse do imbróglio apenas com leves arranhões.
Se elegeu governador pela primeira vez, em 2006, com o apoio decidido do então presidente Lula, candidato à reeleição. Antes, foi ministro da Ciência e Tecnologia no primeiro governo Lula. Segundo os enfronhados nos bastidores da política, vem desse período a amizade entre os dois. Governador muito bem avaliado, Campos é reeleito em 2010, no primeiro turno, com uma votação consagradora. Seu partido mantém no âmbito federal o controle de dois ministérios : 2002/2006 (Ciência e Tecnologia e Portos) e 2006/2010 (Integração Regional e Portos).
Durante seus quase dois mandatos à frente do Executivo estadual, Pernambuco experimentou um surto de desenvolvimento extraordinário, puxando o crescimento econômico do Nordeste acima da média do país. Aqui entra o ponto fundamental. Sem deixar de reconhecer o talento de Campos como gestor, nada, rigorosamente nada do que se fez de importante em Pernambuco nos últimos anos deixou de contar com o pesado investimento do governo federal. Tanto Lula como Dilma dispensaram ao governador tratamento de aliado preferencial..
E tome portos, rodovias, ferrovias, fábricas, parcerias, convênios e acordos. Sem a presença do governo federal no estado, é possível cravar que o desempenho do governador beiraria a categoria de medíocre. Por isso, dou crédito às informações que dão conta da mágoa de Lula com o amigo e aliado. "Porra [deve raciocinar Lula], o cara de uma hora para outra esquece de tudo que fizemos no estado, da relação de confiança que tínhamos, e passa a espinafrar tudo quem vêm do governo?"
Campos está bem grandinho o suficiente para saber que arranjou um adversário de peso, uma encrenca daquelas. Noves fora o fato de o ex-presidente estar trabalhando dia e noite para montar palanques estaduais que isolem o candidato do PSB, existe na estratégia de Campos um ponto completamente fora da curva. De onde ele tirou a ideia de jerico de quem tem estofo político para enfrentar a força avassaladora de Lula no Nordeste ? Sim porque todo o mundo político já sabe que Lula vai entrar de sola na campanha de Dilma como se fosse ele o candidato.
"A vitória de Dilma é a minha vitória. A derrota de Dilma é a minha derrota", tem dito Lula. Analistas políticos de A a Z dizem ser crucial para Campos a conquista do eleitorado nordestino. Só assim sua candidatura poderia se espraiar para outros estado. Então, está feia a coisa para o governador, já que Dilma lidera com folga no Nordeste, em todas as pesquisas feitas até agora pelos mais variados institutos. Enquanto isso, Campos vive de braços dados com Aécio Neves, consolida apoio entre os banqueiros mais reacionários, como os dirigentes do Itaú, e se transforma num crítico voraz e, não raro, leviano das ações do governo.
Sim, leviano. Perguntado sobre o resultado do leilão de libra, Campos disparou contra o governo, antevendo que o Planalto vai descumprir a lei e utilizar os recursos do leilão somente para fazer ajustes fiscais. Calma, Eduardo. Até porque o horizonte ainda prevê muitas chuvas e trovoadas para o seu lado. Marina que o diga.
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