Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:
Uma amiga postou este artigo publicado no New York Times que trata dos paulistanos que vão para Nova Iorque produzir suas caras festas: São Paulo Parties on the Hudson.
Viajar é legal. Balada é legal. Mas bom senso também seria legal.
De acordo com um dos entrevistados: “Pessoas gostam de ir a festas em Nova Iorque porque podem colocar suas jóias e vestir suas bolsas legais e não se preocupar”.
A ideia presente na frase não é novidade. Ricos podem fugir, o resto que se vire. Mas é sempre incômoda quando lembrada.
Como já disse aqui, não há uma única causa para a violência mas, com certeza, a desigualdade social e mesmo a sensação de desigualdade está entre elas. Os ricos se isolam, deixando-os alheios ao resto da cidade. Corta-se com isso a dimensão de reconhecer no outro um semelhante, com necessidades, e procurar um diálogo que construa algo e não destrua pontes. Há riscos? Sempre há, ainda mais em um território que muitos têm e outros minguam. Mas segregação piora o quadro.
Carros blindados levam para as ruas da cidade a sensação de encastelamento das mansões muradas e dos condomínios fechados. Sentimento falso, pois não são muros, arames farpados e chapas de aço que garantirão efetiva segurança aos moradores de uma metrópole como São Paulo. Creio que, no final das contas, funciona como efeito placebo, mas, mais dia ou menos dia, a bomba estoura por perto.
Não estou culpando o proprietário da residência de buscar mais segurança para a família (é bom reforçar, considerando que há leitores com graves problemas cognitivos), mas se o arame não for suficiente qual será o próximo item instalado? Adotará técnicas já testadas e conhecidas, como caldeirões de chumbo derretido e arqueiros, ou abraçará de vez a tecnologia com o uso de canhões laser? O fato é que essa escalada, que caminha de mãos dadas com o discurso do medo, não tem limites. O que é ruim para os moradores e ruim para a cidade.
Temos que garantir liberdades individuais e a segurança de usufruí-las para todo mundo, ricos e pobres. Contudo, garantir o direito de sair sem ser molestado passa por ter uma sociedade menos desigual. As “hordas bárbaras” um dia vão se voltar contra os “cidadãos de bem”, ah vão. Ou o país será bom para todos ou a aristocracia que sobrar após o caos não conseguirá aproveitar o butim.
Dinheiro compra quase tudo, mas liberdade de verdade é tão barata…
Viajar é legal. Balada é legal. Mas bom senso também seria legal.
De acordo com um dos entrevistados: “Pessoas gostam de ir a festas em Nova Iorque porque podem colocar suas jóias e vestir suas bolsas legais e não se preocupar”.
A ideia presente na frase não é novidade. Ricos podem fugir, o resto que se vire. Mas é sempre incômoda quando lembrada.
Como já disse aqui, não há uma única causa para a violência mas, com certeza, a desigualdade social e mesmo a sensação de desigualdade está entre elas. Os ricos se isolam, deixando-os alheios ao resto da cidade. Corta-se com isso a dimensão de reconhecer no outro um semelhante, com necessidades, e procurar um diálogo que construa algo e não destrua pontes. Há riscos? Sempre há, ainda mais em um território que muitos têm e outros minguam. Mas segregação piora o quadro.
Carros blindados levam para as ruas da cidade a sensação de encastelamento das mansões muradas e dos condomínios fechados. Sentimento falso, pois não são muros, arames farpados e chapas de aço que garantirão efetiva segurança aos moradores de uma metrópole como São Paulo. Creio que, no final das contas, funciona como efeito placebo, mas, mais dia ou menos dia, a bomba estoura por perto.
Não estou culpando o proprietário da residência de buscar mais segurança para a família (é bom reforçar, considerando que há leitores com graves problemas cognitivos), mas se o arame não for suficiente qual será o próximo item instalado? Adotará técnicas já testadas e conhecidas, como caldeirões de chumbo derretido e arqueiros, ou abraçará de vez a tecnologia com o uso de canhões laser? O fato é que essa escalada, que caminha de mãos dadas com o discurso do medo, não tem limites. O que é ruim para os moradores e ruim para a cidade.
Temos que garantir liberdades individuais e a segurança de usufruí-las para todo mundo, ricos e pobres. Contudo, garantir o direito de sair sem ser molestado passa por ter uma sociedade menos desigual. As “hordas bárbaras” um dia vão se voltar contra os “cidadãos de bem”, ah vão. Ou o país será bom para todos ou a aristocracia que sobrar após o caos não conseguirá aproveitar o butim.
Dinheiro compra quase tudo, mas liberdade de verdade é tão barata…
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