Por Altamiro Borges
Poucas semanas antes dos protestos de junho, o jornalista João Santana, marqueteiro da presidenta Dilma Rousseff, garantiu que ela seria reeleita no primeiro turno em 2014 com facilidade. As manifestações de rua agitaram o país, fizeram despencar a popularidade da ocupante do Palácio do Planalto e silenciaram o publicitário. Agora, poucos dias antes do anúncio da aliança pragmática entre Marina Silva e Eduardo Campos, o marqueteiro exibiu novamente seu salto alto. Esbanjando soberba, ele voltou a apostar na vitória fácil de Dilma e afirmou que os candidatos da oposição agem como se estivessem numa “antropofagia de anões”.
“Dilma vai ganhar no primeiro turno, em 2014, porque ocorrerá uma antropofagia de anões. Eles vão se comer, lá embaixo, e ela, sobranceira, vai planar no Olimpo", atacou em entrevista à Época na edição desta semana. João Santana ainda tentou desqualificar Eduardo Campos. Disse que o governador de Pernambuco é o mais fraquinho do bloco oposicionista – “o que menos crescerá, ao contrário do que ele próprio pensa”. Suas palavras sobre a “antropofagia de anões” e contra o presidente nacional do PSB valeram apenas algumas horas. A dobradinha Campos-Marina alterou o quadro eleitoral e gerou grandes incertezas sobre a sucessão presidencial do próximo ano.
Como marqueteiro, João Santana já demonstrou o seu talento. Como descreve o jornalista Luiz Maklouf Carvalho, que o entrevistou para a revista Época, ele é “o homem que elegeu seis presidentes” - Lula (reeleição, 2006), Mauricio Funes (El Salvador, 2009), Dilma Rousseff (2010), Danilo Medina (República Dominicana, 2012), José Eduardo dos Santos (Angola, 2012) e Hugo Chávez/Nicolás Maduro (Venezuela, 2012), além do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. “É um recorde mundial”. Santana pode chegar a sete presidentes eleitos, se forem confirmadas as pesquisas no Panamá. “O candidato José Domingo Arias, seu cliente, está na liderança. As eleições serão em março de 2014”.
Por tais façanhas, ele goza de prestígio. “Santana faz parte, como consultor político informal de Dilma, da meia dúzia de assessores que ela ouve mais, conhecida como ‘núcleo duro’ do governo. Além dele, formam o time os ministros Aloizio Mercante, José Eduardo Cardozo, Fernando Pimentel, o ex-ministro Franklin Martins e o ex-presidente Lula. Deles, o único que não é ou foi ministro nem presidente da República é Santana. Ele compara Lula a Dilma da seguinte forma: ‘Lula é vulcão. Dilma é raio laser’. E se autodefine assim: ‘Sou um dos últimos socialistas românticos e um dos primeiros socialistas cibernéticos – ao mesmo tempo utópico e descrente; ao mesmo tempo sério e debochado’”.
Todos estes predicados, porém, não tornam o publicitário um ótimo estrategista político. João Santana já cometeu vários erros de cálculo, como na eleição de Dilma Rousseff em 2010. Apesar da elevada popularidade do ex-presidente Lula e da boa fase da economia - “pibão” de 7,5% no ano – a campanha adocicada e sem identidade resultou no segundo turno e quase produziu um desastre. Como no passado, qualquer salto alto pode ser trágico. O pior que pode ocorrer numa disputa acirrada é achar que qualquer candidato “plana no Olimpo”. Eleição é coisa séria demais para ficar nas mãos de marqueteiros.
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Poucas semanas antes dos protestos de junho, o jornalista João Santana, marqueteiro da presidenta Dilma Rousseff, garantiu que ela seria reeleita no primeiro turno em 2014 com facilidade. As manifestações de rua agitaram o país, fizeram despencar a popularidade da ocupante do Palácio do Planalto e silenciaram o publicitário. Agora, poucos dias antes do anúncio da aliança pragmática entre Marina Silva e Eduardo Campos, o marqueteiro exibiu novamente seu salto alto. Esbanjando soberba, ele voltou a apostar na vitória fácil de Dilma e afirmou que os candidatos da oposição agem como se estivessem numa “antropofagia de anões”.
“Dilma vai ganhar no primeiro turno, em 2014, porque ocorrerá uma antropofagia de anões. Eles vão se comer, lá embaixo, e ela, sobranceira, vai planar no Olimpo", atacou em entrevista à Época na edição desta semana. João Santana ainda tentou desqualificar Eduardo Campos. Disse que o governador de Pernambuco é o mais fraquinho do bloco oposicionista – “o que menos crescerá, ao contrário do que ele próprio pensa”. Suas palavras sobre a “antropofagia de anões” e contra o presidente nacional do PSB valeram apenas algumas horas. A dobradinha Campos-Marina alterou o quadro eleitoral e gerou grandes incertezas sobre a sucessão presidencial do próximo ano.
Como marqueteiro, João Santana já demonstrou o seu talento. Como descreve o jornalista Luiz Maklouf Carvalho, que o entrevistou para a revista Época, ele é “o homem que elegeu seis presidentes” - Lula (reeleição, 2006), Mauricio Funes (El Salvador, 2009), Dilma Rousseff (2010), Danilo Medina (República Dominicana, 2012), José Eduardo dos Santos (Angola, 2012) e Hugo Chávez/Nicolás Maduro (Venezuela, 2012), além do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. “É um recorde mundial”. Santana pode chegar a sete presidentes eleitos, se forem confirmadas as pesquisas no Panamá. “O candidato José Domingo Arias, seu cliente, está na liderança. As eleições serão em março de 2014”.
Por tais façanhas, ele goza de prestígio. “Santana faz parte, como consultor político informal de Dilma, da meia dúzia de assessores que ela ouve mais, conhecida como ‘núcleo duro’ do governo. Além dele, formam o time os ministros Aloizio Mercante, José Eduardo Cardozo, Fernando Pimentel, o ex-ministro Franklin Martins e o ex-presidente Lula. Deles, o único que não é ou foi ministro nem presidente da República é Santana. Ele compara Lula a Dilma da seguinte forma: ‘Lula é vulcão. Dilma é raio laser’. E se autodefine assim: ‘Sou um dos últimos socialistas românticos e um dos primeiros socialistas cibernéticos – ao mesmo tempo utópico e descrente; ao mesmo tempo sério e debochado’”.
Todos estes predicados, porém, não tornam o publicitário um ótimo estrategista político. João Santana já cometeu vários erros de cálculo, como na eleição de Dilma Rousseff em 2010. Apesar da elevada popularidade do ex-presidente Lula e da boa fase da economia - “pibão” de 7,5% no ano – a campanha adocicada e sem identidade resultou no segundo turno e quase produziu um desastre. Como no passado, qualquer salto alto pode ser trágico. O pior que pode ocorrer numa disputa acirrada é achar que qualquer candidato “plana no Olimpo”. Eleição é coisa séria demais para ficar nas mãos de marqueteiros.
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