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O fato e o boato da economia

8 de Novembro de 2013, 7:50 , por Castor Filho - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Coluna Econômica - 08/11/2013

 

 

Na política econômica, muitas vezes a palavra é mais eficiente do que a caneta. Como o mercado se move por expectativas e há defasagens entre as medidas econômicas e seus resultados, é o discurso que mantém as expectativas coesas, antes que as mudanças apareçam.

***

O mercado financeiro desenvolveu mecanismos de operações futuras capazes de radicalizar qualquer movimento de expectativas - para cima ou para baixo. A esse quadro some-se o ativismo da mídia, radicalizando cada movimento negativo. Tudo isso aumenta a importância da interlocução competente com o mercado.

***

No primeiro semestre, grandes investidores brasileiros tiraram dinheiro do país com receio de hipotéticas crises futuras.

1. O medo da chamada "tempestade perfeita": contas externas se deteriorando, a crise da China derrubando as commodities; o FED (Banco Central norte-americano) reduzindo os estímulos monetários e o capital financeiro não mais financiando o déficit externo brasileiro.

2. Os movimentos confusos do Ministro da Fazenda e do Secretário do Tesouro.

3. Alta da inflação.

4. Receio de que o fator Cristina Kirchner contaminasse o Brasil.

5. A supina tolice de confrontar o The Financial Times, bíblia maior dos mercados internacionais.

***

De lá para cá, muita coisa mudou.

A economia chinesa não está despencando; o FED adiou o fim dos estímulos monetários e não mais se acredita que a transição será trágica; a inflação refluiu; caiu a ficha da Fazenda e do Tesouro.

***

Permanecem os seguintes fatores de stress:

1. O receio de que as agências de risco rebaixem as avaliações sobre a economia brasileira, dificultando ainda mais o financiamento das contas correntes. Fato: a Standard & Poors diz: é baixa a probabilidade de rebaixamento nos próximos dois anos. Boato: se muitos investidores embarcarem no efeito manada e tirarem dinheiro do país, não haverá como evitar o rebaixamento.

2. Fato: a melhoria relativa nas expectativas fiscais. O Itaú elevou de 1,3% para 1,5% do PIB a expectativa de superávit primário em 2014 e se acalmou. Boato: os terroristas comparam com as metas de 3,5% e aterrorizam.

3. Fato: a falta de confiança geral nos principais gestores econômicos, especialmente Guido Mantega, da Fazenda, e Arno Agustin, do Tesouro.

4. O fator Argentino, especialmente o voluntarismo de Cristina Kirchner.

Como uniformizar o entendimento e impedir que as expectativas conduzam os fatos? Com um discurso claro e com credibilidade e com metas claras e objetivas.

***

Aí o governo resolve encarar a discussão no campo da racionalidade. E coloca dois neófitos em mercado – a Ministra-Chefe da Casa Civil Gleise Hoffmann e o Secretário do Tesouro Arno Agustin – para tornar o debate público.

Mesmo armados de bons argumentos, falta-lhes o chamado poder da autoridade. Gleise é tão convincente falando sobre questão fiscal quanto Marina Silva defendendo o “tripé econômico”.

O mercado nem vai reparar nos argumentos de ambos. Sua leitura é a de que a discussão é parte da política de confronto.

***

O terrorismo fiscal entrou na batalha e seria bom que o governo Dilma o tratasse com o devido respeito. Daqui para frente, mais do que antes, a velha mídia tratará cada espirro como indício de tuberculose.Na política econômica, muitas vezes a palavra é mais eficiente do que a caneta. Como o mercado se move por expectativas e há defasagens entre as medidas econômicas e seus resultados, é o discurso que mantém as expectativas coesas, antes que as mudanças apareçam.

 

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O mercado financeiro desenvolveu mecanismos de operações futuras capazes de radicalizar qualquer movimento de expectativas - para cima ou para baixo. A esse quadro some-se o ativismo da mídia, radicalizando cada movimento negativo. Tudo isso aumenta a importância da interlocução competente com o mercado.

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No primeiro semestre, grandes investidores brasileiros tiraram dinheiro do país com receio de hipotéticas crises futuras.

1. O medo da chamada "tempestade perfeita": contas externas se deteriorando, a crise da China derrubando as commodities; o FED (Banco Central norte-americano) reduzindo os estímulos monetários e o capital financeiro não mais financiando o déficit externo brasileiro.

2. Os movimentos confusos do Ministro da Fazenda e do Secretário do Tesouro.

3. Alta da inflação.

4. Receio de que o fator Cristina Kirchner contaminasse o Brasil.

5. A supina tolice de confrontar o The Financial Times, bíblia maior dos mercados internacionais.

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De lá para cá, muita coisa mudou.

A economia chinesa não está despencando; o FED adiou o fim dos estímulos monetários e não mais se acredita que a transição será trágica; a inflação refluiu; caiu a ficha da Fazenda e do Tesouro.

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Permanecem os seguintes fatores de stress:

1. O receio de que as agências de risco rebaixem as avaliações sobre a economia brasileira, dificultando ainda mais o financiamento das contas correntes. Fato: a Standard & Poors diz: é baixa a probabilidade de rebaixamento nos próximos dois anos. Boato: se muitos investidores embarcarem no efeito manada e tirarem dinheiro do país, não haverá como evitar o rebaixamento.

2. Fato: a melhoria relativa nas expectativas fiscais. O Itaú elevou de 1,3% para 1,5% do PIB a expectativa de superávit primário em 2014 e se acalmou. Boato: os terroristas comparam com as metas de 3,5% e aterrorizam.

3. Fato: a falta de confiança geral nos principais gestores econômicos, especialmente Guido Mantega, da Fazenda, e Arno Agustin, do Tesouro.

4. O fator Argentino, especialmente o voluntarismo de Cristina Kirchner.

Como uniformizar o entendimento e impedir que as expectativas conduzam os fatos? Com um discurso claro e com credibilidade e com metas claras e objetivas.

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Aí o governo resolve encarar a discussão no campo da racionalidade. E coloca dois neófitos em mercado – a Ministra-Chefe da Casa Civil Gleise Hoffmann e o Secretário do Tesouro, Arno Agustin – para tornar o debate público.

Mesmo armados de bons argumentos, falta-lhes o chamado poder da autoridade. Gleise é tão convincente falando sobre questão fiscal quanto Marina Silva defendendo o “tripé econômico”.

O mercado nem vai reparar nos argumentos de ambos. Sua leitura é a de que a discussão é parte da política de confronto.

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O terrorismo fiscal entrou na batalha e seria bom que o governo Dilma o tratasse com o devido respeito. Daqui para frente, mais do que antes, a velha mídia tratará cada espirro como indício de tuberculose.



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Tags deste artigo: nassif economia terrorismo fiscal imprensa-empresa mercado financeiro

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