Outro dia, ainda no meio da campanha, me ligaram da sede nacional do PDT para confirmarem o endereço da minha vó no Rio. Segundo a voz ao telefone, o presidente nacional Carlos Lupi queria enviar para a viúva de Prestes uma caixa da publicação Memórias Trabalhistas que homenageia meu avô.
A publicação é muito bem feita, diga se de passagem.
Nos últimos dias, ao pensar com meus botões que diabo o PDT está fazendo ao ajudar a abrir os flancos para o exército de bolsonazis que ameaçam nossa democracia, me recordei da cartilha e fui buscá-la para reler.
Qual não foi minha surpresa, ao me deparar já no primeiro texto introdutório, de autoria do presidente Carlos Lupi, com o seguinte relato pessoal:
<"Eu me lembro que, ainda jornaleiro, uma única vez nessa fase inicial estive com ele (L.C.Prestes), em uma reunião no Rio de Janeiro, no começo dos anos 80. O PDT ainda nem tinha sido criado. (...)
(...) vi o Prestes expor seus pensamentos, suas ideias, e em um determinado momento fiz-lhe a seguinte pergunta:
"Comandante, como o senhor explica ter aceitado apoiar a ditadura Vargas que colocou no exílio Olga Benário, que acabou sendo entregue aos alemães, grávida de uma filha sua?"
Prestes olhou-me e disse: "Qual é seu nome mesmo, meu filho? respondi: "Carlos Lupi", e ele prosseguiu:
"Você tem que entender que a pátria brasileira é maior do que a minha família. Getúlio uniu a pátria brasileira, por isso eu fiquei com Getúlio para impedir um mal maior".>
...
Depois de ler e reler, pensei que talvez fosse bom dar uma passada lá na sede nacional do PDT e devolver algumas cartilhas para o Lupi. Distribuíram muitas e ficaram com poucas para lembrar que muitas vezes a pátria brasileira é maior do que uma família ou qualquer projeto, quando é para impedir um mal maior, um mal maior, um mal maior...
Honrem Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e Luiz Carlos Prestes, por favor. Enquanto há tempo.
por Ana Prestes @feicibuqui
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