O Golpe no Brasil Triunfará Soberano e Sem Resistência de Fato
25 de Setembro de 2016, 12:43 - sem comentários aindaÉ realmente aterrador que mesmo com este golpe sórdido da direita, dos conservadores, dos especuladores financeiros contra a democracia e o estado de direito no Brasil, o povão não esteja tomando as ruas em peso em manifestações contrárias a perdas de direitos e a entrega do patrimônio nacional aos interesses neo liberais e de mercado.
Mesmo sem entender patavinas de sociologia, arrisco um diagnóstico a respeito deste torpor coletivo, esta inércia popular que choca a todos nós que estamos conscientes da gravidade dos fatos a que estamos sendo submetidos ultimamente.
Ora, as massas só se unem por um objetivo quando se sentem inseridas dentro de um grupo que represente fortemente cada um dos indivíduos que compõe esta massa. Foi assim com a burguesia francesa em fins do século 18, com os proletários ingleses, os camponeses da russos e tantos outros movimentos populares até o século vinte. Os indivíduos sentiam-se inseridos dentro de um grupo, ou classe social e como esta classe tinha necessidades comuns, a união dos indivíduos resultava em força e esta força da união de classe resultava, em boa parte dos casos, em conquistas de direitos.
Dos anos 1980 pra cá, esta identificação do indivíduo com a classe foi ficando cada vez mais dispersa, com grupos menores em suas causas específicas. Como no Brasil de hoje onde temos como exemplos mais fortes os Sem terra, os sem teto, os professores, petroleiros, bancários, LGBTs, movimentos das periferias e, lógico também, os coxinhas das micaretas golpistas. Cada um destes grupos pautando causas próprias muito pontuais sem se darem conta que os indivíduos componentes destes grupos, todos eles, não fazem parte da elite econômica que dita as regras e é o alvo principal em defesa de suas pautas, tão pouco, fazem parte dos excluídos, sem eira, nem beira, nem lugar no sociedade que não seja debaixo das marquises dos grandes centros. Ou seja, são todos classe média na definição mais purista do termo.
Esta dispersão de pautas e objetivos, transformou o cidadão comum, que não se encaixa, nem se identifica com nenhum destes grupos do parágrafo acima num ser sem representatividade em seu extrato social e por isso, este cidadão tornou-se extremamente individualista, quando muito, seu grupo social não vai além da própria família ou de seu círculo de amizades.
Esta imensa multidão de indivíduos da classe média, sem identificação ou representação na própria classe, tornaram-se alvos fáceis de pastores das igrejas neopentecostais e outras, de grupos políticos herdeiros do coronelismo, do ardil capitalista do empreendedorismo, dos programas policialescos de TV e outros.
Esta multidão milita fortemente em favor de seus cooptadores, sem se dar conta de que esta militância vai contra seus próprios interesses individuais ou mesmo coletivos, como por exemplo, a reforma agrária, legalização do aborto, descriminalização do comércio de drogas recreativas. No que estas pautas afetariam a vida do cidadão médio que não possui latifúndio improdutivo, não tem motivo para abortar e até, em certos casos, consome drogas recreativas? Absolutamente nada ou então, seriam até positivas, mas como este indivíduo foi cooptado a defender interesses alheios aos seus, condena estas pautas como se fossem questões negativas e cruciais à sua própria existência.
Assim, esta multidão de indivíduos sem identificação ou representação na própria classe social a que pertence, vai se tornando cada vez mais individualista cujas únicas preocupações sociais são aquelas pautadas por seus cooptadores, tornam-se assim, nada mais que massa de manobra dos interesses dos grandes especuladores do capital, de seus líderes políticos e religiosos e desde que, mantenham viva a esperança de que, no ano que vem, possam trocar o carro, o celular por um modelo mais moderno, de que seus filhos conquistem um diploma, independente de conquistarem conhecimento, está tudo bem, tendo ou não um golpe de estado, tendo ou não soberania nacional.
Para esta multidão de indivíduos individualistas, só lhes importa o próprio umbigo. Seu vizinho, seu irmão, seu companheiro de estudos, igreja ou trabalho é só outro indivíduo e seu futuro, sua qualidade de vida não lhe dizem respeito.
Isto, infelizmente, é só o começo do fim, não só do Brasil como nação, mas da própria humanidade humanista que se perdeu em algum ponto recente da história.
O golpe triunfará e será o pior de todos pois não há sequer a intenção de resistência, há apenas o instinto de sobrevivência de cada um. Cada um, no sentido mais individualista que se possa ter.
Masoléu de Lula
15 de Setembro de 2016, 9:20 - sem comentários aindaQuando temas como privatização e retirada de direitos trabalhistas não parecem despertar o interesse dos leitores e artigos com títulos sensacionalistas sobre a prisão de Lula fazem sucesso, é indicativo de que estamos perdendo o senso do essencial, do prioritário.
Observando a audiência de publicações recentes sobre os temas privatização, retirada de direitos trabalhistas e prisão de Lula, percebi que a audiência alcançada pelo último é no mínimo 10 vezes superior a dos demais.
Causa-me estranheza que temas tão importantes para a vida de todos os brasileiros tenham repercursão tão distinta. Ora, se a prisão de Lula é uma ameaça à Democracia, as privatizações e a retirada de direitos trabalhistas também o são e suas consequências atingirão os 200 milhões de brasileiros, transformados de uma hora para outra em escravos da nova era, que se acham livres.
Parece que estamos perdendo a noção do essencial, dispostos a fazer qualquer coisa para salvar a liberdade do companheiro ex-presidente da república e ex-líder sindical metalúrgico. Não haveria outra coisa mais importante a fazer no momento que mantê-lo em liberdade, mesmo que uma liberdade limitada pelo golpe de classes imposto pela Casagrande e sua justiça, seu parlamento e sua imprensa.
Por algum motivo, me vem a cabeça a história do Masoléu de Lênin, na Praça Vermelha, bem em frente ao Kremlin de Moscou.
Desde o fim da URSS, em dezembro de 1991, o Masoléu de Lênin é um tema recorrente nos debates daquele país.
O KPRF - Partido Comunista liderado por Guenadii Ziuganov, teoricamente herdeiro do PCUS (Partido Comunista da União Soviética), é o maior defensor da manutenção do Masoléu. Já os neoliberais defendem a sua retirada imediata, enquanto a nomenklatura que domina o Kremlin é mais pragmática: mantém o masoléu como moeda de troca.
Toda vez que Putin quer aprovar algum projeto na Duma (parlamento russo) e o KPRF se posiciona contra, o establishment russo ameaça retirar o Masoléu e enterrar a múmia de Lênin. Os "comunistas" russos esperneiam, protestam, mas acabam aprovando o que Putin queria ao "conquistar" a manutenção do Masoléu na Praça Vermelha.
Longe de querer tirar conclusões precipitadas, fico com a impressão de que a nossa galera caminha para o mesmo destino, ou seja, não importa o que aconteça ao país e à Classe Trabalhadora, nossa maior tarefa seria manter Lula fora da cadeia. Lula seria o nosso Masoléu de Lênin, pelo preservação do qual estaríamos dispostos a lutar, mesmo que isso custe a venda de todas as empresas estatais e a retirada de todos os nossos direitos trabalhistas.
Claro que precisamos lutar para manter livre não só Lula, mas todos as pessoas que lutam contra o governo Temer, fruto de um golpe de estado de classes. Mas é preciso também lutar contra as privatizações e a retirada dos direitos trabalhistas, pautas eleitorais derrotas 4 vezes consecutivas nas urnas (2002, 2006, 2010 e 2014) e que volta agora com força total com o golpe neoliberal.
A prisão de Lula, sem dúvida nenhuma, escancara o caráter do golpe anti-trabalhadores. Porém, precisamos lutar não só pela liberdade de Lula, mas contra as privatizações e a favor de nossos direitos trabalhistas e sociais.
Se perdemos isso de vista, acabaremos como o KPRF de Ziuganov, brigando para manter o Masoléu de Lula, pois já não teremos nem empresas estatais, nem direitos sociais a defender.
O TCU e os interesses das transnacionais estrangeiras
13 de Setembro de 2016, 9:44A divulgação pela Bloomberg, uma agência norte-americana de informações, da investigação do TCU (Tribunal de Contas da União) em relação à operação de empréstimo da Caixa Econômica Federal que possibilitou a compra da Alpargatas (dona da marca Havaianas) pela J&F (dona da JBS-Friboi) demonstra os verdadeiros objetivos da elite vassala e rentista brasileira.
A aquisição da Alpargatas custou à J&F R$ 2,67 bilhões, 100% financiados pela Caixa com carência de 2 anos.
O pedido de investigação foi feito pelo Ministério Público no TCU há cerca de dois meses por suspeita de que a J&F tenha sido beneficiada com esse financiamento ocorrido no fim do ano passado, quando a construtora Camargo Corrêa vendeu sua participação acionária na companhia de calçados. Na época da operação, o presidente do conselho da J&F era o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A presidente da Caixa era a ex-ministra do Planejamento no governo Dilma Rousseff Mirian Belchior.
A Alpagartas, é uma das poucas empresas brasileiras com mais de 100 anos de existência. Fundada em 1907, com o nome original de Fábrica Brasileira de Alpargatas e Calçados, pelo escocês Robert Fraser, que havia criado fábricas de Alpargatas na Argentina e no Uruguai, em 1909 passa a se chamar São Paulo Alpargatas Company S.A.
Na década de 1930 o controle acionário da São Paulo Alpargatas foi transferido para a Alpargatas Argentina. Em 1948 inicia-se um lento processo de renacionalização do capital da Alpargatas que termina em 1982 quando o grupo brasileiro Camargo Correia assume o controle acionário da empresa. Em 1999 a São Paulo Alpargatas adquire 3% do capital da Alpargatas Argentina, sua antiga controladora, e em 2013 encerra o processo de compra de 100% das ações da empresa argentina transformando-a em subsidiária da transnacional brasileira. Com esta operação a Alpargatas transformou-se no maior grupo calçadista da América do Sul.
Parte deste sucesso da Alpargatas brasileira se deve a um projeto de reposicionamento de mercado de um de seus produtos mais populares: os chinelos de borracha com a marca Havaianas, produzidos desde 1962. De 1994 a 2000, as Havaianas passam por um processo de sofisticação que inclui muitos lançamentos (variações do modelo original) e fortes campanhas publicitárias com a participação de modelos e celebridades. As exportações aceleraram e a marca ganhou espaço em revistas e nas principais vitrines de moda, levando a bandeira do Brasil mundo afora.
A Alpargatas, assim como Oderbrecht, Petrobras, Embraer e JBS são companhias de capital brasileiro bem sucedidas nos mercados nacional e internacional e que fazem parte do seleto grupo de empresas conhecidas como Translatinas, empresas multinacionais cuja sede e controle acionário se encontram nos países latinoamericanos.
Deste seleto grupo de empresas transnacionais brasileiras a única que ainda não está sendo investigada pelas autoridades brasileiras é a Embraer. Contudo, a terceira maior produtora de jatos comerciais do mundo está sendo acusada nos EUA por suposto suborno a autoridades da Republica Dominicana para vendas de aeronaves militares, enquanto sete escritórios de advocacia dos EUA anunciaram que estão avaliando ações contra a empresa por violação da legislação norte-americana ou pela divulgação de informações enganosas a investidores.
Fica evidente que o surgimento, crescimento e sucesso de empresas transnacionais sediadas em países latinoamericanos incomoda as transnacionais sediadas nos EUA e que todo o sistema do império (governo, justiça, imprensa, interesses privados, etc) se juntam para evitar que suas empresas percam espaço para concorrentes do chamado terceiro mundo.
Já aqui no Brasil, a elite rentista e vassala se esforça para defender os interesses de seus patrões estrangeiros e "investiga" impiedosamente as translatinas, enquanto fecha os olhos para os absurdos cometidos por empresas transnacionais estrangeiras instaladas no Brasil.
Os mesmos Ministério Público e TCU que tanto se preocupam com a transação entre a Camargo Correia e JBS, não se mostraram tão interessados em investigar e processar a Ásia Motors e sua controladora KIA, que se valeram de benefícios fiscais na Bahia, mas jamais construíram a fábrica prometida. Ao contrário, em setembro de 2013, a justiça brasileira liberou a KIA de pagar a multa de R$ 1,7 bilhões, alegando que a KIA não era dona da operação brasileira da Asia Motors, o que é bastante questionável já que a KIA detinha o controle acionário da Ásia Motors desde 1976.
Recentemente, a KIA inaugurou no México a megafábrica que deveria ter sido construída no Brasil no final da década de 1990.
Certamente, você não verá os falsomoralistas, que tanto reclamam da "doação" de dinheiro público brasileiro aos cubanos para a construção do porto de Mariel, dizendo que a fábrica da KIA no México foi construída com o dinheiro público brasileiro. Afinal, para eles, sonegar é a regra privada.
Os orgãos brasileiros que não parecem interessados em investigar as denúncias contra a Alstom e o cartel de trens no estado de São Paulo, nem tampouco as denúncias relativas aos processos de privatização ocorridos no Brasil nos governos Sarney, Collor, Itamar e FHC, mostram-se aplicadíssimos nas investigações contra empresas brasileiras que cresceram e conquistaram mercados estrangeiros importantes nos últimos 13 anos.
Por mais que tenhamos claro que não existem santos operando no mercado e de ser alta a probabilidade de governos e empresas terem cometidos crimes nos processos que permitiram a expansão das últimas, não podemos deixar de notar a seletividade investigativa dos orgãos "competentes" brasileiros.
Mostram um vigor e uma disciplina "investigativa" contra empresas nacionais que obtiveram sucesso nos últimos anos ao passo que fecham os olhos para transações tenebrosas entre bancos públicos e empresas transnacionais estrangeiras em períodos anteriores ou em determinados estados da federação governados pela elite branca.
Estas investigações todas, infelizmente, não são para acabar com os mal feitos e punir os corruptos, mas sim para destruir o pouco que resta da indústria brasileira e matar no ninho as poucas tentativas de soberania industrial e tecnológica do Brasil.
Eis a grande desgraça do capitalismo dependente comandado por uma Casagrande vassala e rentista, cujo sonho maior é ser gerente de transnacional estrangeira.
A Casagrande toma de volta o Brasil na mão grande
31 de Agosto de 2016, 17:46 - sem comentários aindaImagem extraída do site http://locale.blogs.sapo.pt
Consumado o ritual do golpe de estado dado em 17 de abril de 2016, quando vergonhosamente a Câmara Federal iniciou o processo de cassação de Dilma sem que esta tivesse cometido crime algum, podemos afirmar que o Brasil repete a tragédia histórica e copia a Rússia.
Nos anos 1990, dois economistas marxistas soviéticos, Boris Rakitskii e Galina Rakitskaya, membros do PCUS e da Academia de Ciências da URSS, diziam que até 1991 na Rússia e na URSS havia "fascismo" e que o período de Ieltsin (1991-1999) era o recreio. Quando Putin assumiu, afirmaram "o recreio acabou".
Pois, o Brasil vai na mesma. De 1500 a 2002 tivemos o país da Casagrande. De 2003 a 2016, o recreio, onde nós da Senzala pudemos descansar do autoritarismo e nos divertir com o sonho de liberdade e ascensão social. Como resultado da votação no circo do senado, bateu o sinal do fim do recreio. Voltamos ao Brasil velho de guerra, o Brasil feudal da Casagrande, gerente de multinacional, predatória e excludente.
Para os legalistas
Jesus Cristo também foi condenado observando-se todas as regras do ritual jurídico de sua época. Ah! e o povo escolheu Barrabás...
Desmistificando o Déficit da Previdência Social
26 de Agosto de 2016, 13:12Segundo a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), os governos, ao longo do tempo, têm demonstrado cálculo de déficit na Previdência Social porque consideram apenas parte dascontribuições sociais, incluindo somente a arrecadação previdenciária direta urbana e rural, excluindo outras fortes importantes, como o Cofins, o Pis-Pasep, entre outras, além de ignorar as renúncias fiscais.
Leia a cartilha da ANFIP: Desmistificando o Déficit da Previdência 01-06-2016
“Elem falam em déficit, mas a Constituição Federal não isola a Previdência. Ela está dentro da seguridade social e da saúde, uma mesma fonte de recursos. Então, não se pode pegar só a guia previdenciária e dizer que existe um rombo.
Além disso, eles gostam de dizer que a Previdência é o maior dispêndio, mas, na verdade, ela só representa 22% do orçamento anual, incluindo servidores públicos e trabalhadores da esfera privada.
Então, esses dados que trazemos no material…
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Cidadania & Cultura
Impasse paralisa resistência ao golpe que avança no Congresso e na sociedade
24 de Agosto de 2016, 23:10No primeiro embate sério contra o fiel da balança (o PMDB), as legendas progressistas perceberam que a armadilha se fechara, o golpe seguia seu curso e estava estabelecido o impasse
Por Gilberto de Souza – do Rio de Janeiro
Concluídas as Olimpíadas, apagada a tocha do espírito olímpico no Rio de Janeiro, no Brasil, o que nos aguarda é um terrível impasse. No país onde pessoas quase civilizadas, principalmente nos grandes centros e nas cidades de médio porte das regiões Sul e Sudeste, em sua maioria, vão às ruas pedir pela volta da ditadura e da intervenção militar, com cartazes de apoio ao deputado afastado Eduardo Cunha — réu no Supremo Tribunal Federal (STF) — aos brados de impeachment à presidenta Dilma Rousseff, para que assuma os destinos do país este ser chamado Michel Temer, temos que parar, feito numa partida de vôlei, e pedir tempo. Mas isso é impossível.
A Pira Olímpica, minutos antes de ser apagada no Brasil, simbolizava o fogo da democracia que se extingue no país, diante do golpe
Uma distorção de tamanha envergadura nos pilares da democracia em que o Brasil constrói o seu futuro, produzida ao longo de décadas de submissão a este modelo de sociedade, identificado com roteiro de novelas e jornalismo avassalado; um fenômeno assim não passa despercebido. No segundo seguinte após cessar o ponto de luz do espírito mais alto, na chama olímpica, e descer a escuridão dos próximos anos, com direitos trabalhistas cassados, uma completa insegurança quanto ao calendário eleitoral e o cumprimento estrito ao resultado das urnas, se eleições houver, fica claro que política não é esporte. É luta por poder.
Quando a Câmara dos Deputados vota, naquela noite de terror em 13 de Maio, a abertura do processo de impeachment contra a mulher que simboliza a vontade política de uma nação, escancara a irresponsabilidade dos eleitores, de quem elegeu aqueles mesmos brasileiros e brasileiras que, investidos de um mandato popular, compactuam com um golpe de Estado. Esse mesmo golpe se alonga até o Senado, onde os ponteiros das corporações mundiais do petróleo, das telecomunicações, das montadoras, das farmacêuticas e do setor financeiro esperam pela presidenta Dilma com os dentes escancarados até o estômago. Está pronta para ser devorada. Com ela, será triturada qualquer chance de seguir adiante no projeto de país mais justo, igualitário e democrático.
Dia após dia, principalmente no Estado de São Paulo, mas da mesma forma por esse Brasil afora, as forças de repressão têm deixado impresso o peso do porrete e a força das balas de borracha no corpo dos manifestantes que integram a resistência popular. Para qualquer eventualidade o Judiciário está aí, pronto a culpar o fotógrafo que ficou cego de um olho pela estupidez do policial que disparou o tiro. Está instalado o Estado policial, tão competente quanto aquele outro, estruturado ao longo de 20 anos de ditadura civil-militar. Parece que se esqueceram da tortura, dos porões. Os atuais limites foram empurrados ao ponto em que se confunde segurança com truculência.
Na repressão à imprensa independente, os poucos jornais, revistas e blogs que ainda restam nesse deserto — e o Correio do Brasil resiste — entram para a lista de inimigos do Estado. Trata-se da etapa anterior à eliminação física de seus editores, redatores, correspondentes e repórteres, como ocorre agora na Turquia. A independência de um jornal é a arma mais perigosa que existe contra os regimes de exceção, tipo esse que se instala no Brasil. Em um passado recente, ou o jornal, como a Folha de S. Paulo, recebia milhões de dólares enquanto emprestava seus carros para o transporte de prisioneiros da ditadura entre o pau-de-arara e a máquina de choques, instalados em pontos diferentes da capital paulista, ou era desidratado em um cerco econômico até morrer de absoluta inanição financeira, como o Última Hora, no Rio de Janeiro.
O golpe em curso
Na falta de prisioneiros políticos para serem transportados, por enquanto, aqueles mesmos donos da mídia que prosperaram ao longo da ditadura passada agora emprestam os próprios veículos de comunicação aos algozes da democracia, na tentativa de tornar palatável o veneno com o qual a assassinam. As traições se multiplicam. A ditadura se aproxima, pé ante pé. Sem alarde. Enquanto as meninas e meninos pulavam de um lado para o outro, corriam, nadavam, velejavam, atiravam com armas laser e jogavam os Jogos Olímpicos de 2016, os velhos ricos em seus escritórios silenciosos calculavam o quanto haviam explorado o semelhante. As diretrizes dos donos do dinheiro são levadas a cabo no voto dos parlamentares comprados, nas ações negociadas com o potentado, os governadores das províncias, os alcaides e até o mais humilde dos vereadores. Serviço completo.
A “Ordem”, estabelecida no slogan provisório do período golpista, é a censura imposta sem-cerimônia. Se não há mais qualquer barreira capaz de deter o regime de exceção, a não ser o voto popular, tratam de influenciar o sufrágio e, assim, travestir o golpe com a capa de legalidade oferecida pelas urnas. O plano é diabólico mas, ao mesmo tempo, rocambolesco. Não enganam uma criança sequer. Enquanto o eleitor puder exercer o seu direito e o sistema legal brasileiro garantir a força desse voto, não há Temer que se segure no Planalto. E é aí que mora o perigo. Para impedir que a democracia floresça após a última pancada, inventaram o aparato ditatorial que consiste, didaticamente, na supressão dos direitos humanos e na proliferação da violência, em todos os seus matizes.
Daí o impasse. Mais de 54 milhões de eleitores votaram em quem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou votar, de novo. No caso, Dilma Rousseff. Reeleita. Recebeu o apoio maciço da esquerda brasileira. Foi salva pelo gongo, no último assalto, pela ação da mesma imprensa independente que, em um lampejo de solidariedade e espírito de união para enfrentar as forças conservadoras, partiu para luta e desmontou os ardis da mídia golpista naquele momento. Fez o mesmo em 2010 — e o Correio do Brasil também esteve presente — na eleição do ‘poste’ chamado Dilma. E chega. O volume de erros cometidos, ao longo dos cinco anos e meio no comando da Nação levou a ‘base aliada’ a um ponto cego.
No primeiro embate sério contra o fiel da balança (o PMDB), as legendas progressistas perceberam que a armadilha se fechara. Se o PT votasse pela absolvição de Eduardo Cunha, na Comissão de Ética. Repito. Ética. Se Dilma houvesse concordado em assegurar o mandato do deputado. Se passasse uma borracha sobre os milhões dos quais é acusado de desviar da Petrobras para o seu bolso, alegria da mulher, Claudia Cruz, nada disso teria acontecido. A cleptocracia seguiria embutida na hipocrisia geral, o governo amamentaria os lobos de sempre e a caravana da imoralidade passaria, incólume, até 2018 e adiante. Dilma, mulher honesta e de fibra, resiliente, jogou todo o seu cacife na certeza de que uns poucos votos bastariam para encerrar o processo de impeachment no nascedouro, cassar Eduardo Cunha e passar com sua caravana rumo ao futuro. Foi aquilo a que se assistiu, na noite dos horrores do dia 13 de Maio.
No Senado, então, o espetáculo tem sido dantesco. O pequeno grupo de parlamentares que saiu em defesa de Dilma mostrou as fraturas expostas da resistência, apunhalada mil vezes nas ações da Operação Lava Jato — concebida e executada com precisão milimétrica para encontrar um dispositivo de áudio lotado de músicas bregas, na cela do ex-ministro José Dirceu, mas desconhecer o endereço da mulher do Cunha, que mora no condomínio Park Palace, na Barra da Tijuca. Quem quiser saber o número da casa, basta perguntar na portaria. Apesar dos esforços heróicos dos senadores de esquerda na tentativa de provar o óbvio, que Dilma não cometera crime algum, o governo golpista nada de braçadas nas negociações para afastar, definitivamente, qualquer tentativa de se restaurar a seriedade à coisa pública.
E o impasse permanece, pois os líderes progressistas que asseguraram a vitória de Dilma, nas urnas, parecem agora dispostos a deixar que o mal aconteça, em sua plenitude, para chegar a 2018 feito chuva alvissareira que salva lavoura. Até lá, porém, não é garantido que haja algum verde para aguar. O deserto avança. Os meios de comunicação independentes já não se entendem mais entre o #ForaTemer e o #VoltaQuerida. Todos, sim, mantêm a disposição de derrotar o regime ora instalado, mas dividem-se entre apoiar o plebiscito sugerido na carta de Dilma ao Senado ou deixar para trás o ‘poste’ e apostar no original para as próximas eleições. O ‘Lulinha paz e amor’ já está em campanha.
Enquanto a dúvida cruel leva ao impasse as organizações sociais, sindicatos, igrejas, escolas, partidos políticos e demais pólos de resistência contra a direita. Esta, sim, unificada na preservação do mandato de Cunha para evitar que ele faça uma delação premiada e devastadora, no controle das rédeas no Judiciário, na cassação urgente do máximo possível de direitos dos trabalhadores e na venda de ativos do Estado. As forças do retrocesso concentram-se na obtenção dos votos necessários para impedir, de uma vez por todas, que qualquer raio de luz rompa as trevas pós-Olimpíadas. De um outro prisma, já nas Paralimpíadas, seria a partida no futebol de cinco em que apenas o time de vermelho jogasse com tampões nos ouvidos.
O placar é previsível.
Gilberto de Souza é jornalista, editor-chefe do jornal diário Correio do Brasil.
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A modernidade periférica
12 de Agosto de 2016, 13:12No Brasil, a Modernidade orientou o processo de urbanização e industrialização experimentados aceleradamente a partir da segunda metade do século XX, e mais especialmente com a passagem do projeto de desenvolvimento nacionalista
Por Maria Fernanda Arruda – do Rio de Janeiro
A vitória notável dos Estados Unidos, na Segunda Guerra, não aconteceu nos campos de batalha, mas na arena política. Monopolizando os méritos de uma vitória que esmagava o fantasma do nazifascismo e criando em seguida a dicotomia que tomou a forma de “guerra fria”, os Estados Unidos logo substituíram a ideologia da Paz pela da Modernidade: fruto do progresso das ciências aplicadas à produção de bens de consumo, o Moderno foi transformado pelos expedientes criados pelo Marketing no american way of life, isso é, no conforto que se oferecia aos bem-sucedidos na vida, a casa/lar sustentada nas facilidades dos eletrodomésticos, o automóvel, a televisão, os valores humanos expostos como mercadorias de vitrine. Foi quando as ciências modernas renunciaram à vontade de especulação filosófica. As ciências naturais, produtoras de um saber tecnicamente útil, transformaram-se em uma forma de reflexão crítica do mundo e na primeira força produtiva.
No Brasil, a Modernidade orientou o processo de urbanização e industrialização experimentados aceleradamente a partir da segunda metade do século XX, e mais especialmente com a passagem do projeto de desenvolvimento nacionalista, calcado no modelo criado pela CEPAL, e sustentado pelo governo Vargas, pela proposta do desenvolvimentismo internacionalizante dos anos de JK, quando a retórica e as vontades e as ações de Roberto Campos, tomando a forma concreta do “Plano de Metas”, puseram fim ao sonho idealizado pelos teóricos do ISEB, o ideário de Hélio Jaguaribe. A modernização da economia brasileira realmente não produziu uma burguesia nacional, disposta a associar-se a outros segmentos dinâmicos da sociedade, especialmente o proletariado, e que assumisse o comando desse processo. As elites nacionais acomodaram-se na casa grande e se alimentaram nas tetas gordas do Estado Cartorial, aquele onde as funções públicas, embora se apresentando como atividades orientadas para a prestação de determinados serviços à coletividade, ou seja, determinados “serviços públicos” são, na verdade, utilizadas, se não mesmo concebidas, para assegurar empregos e vantagens específicas a determinadas pessoas e grupos. O Estado cartorial é o resultado típico da “política de clientela” quando esta atinge amplas proporções e permeia o Estado em seu conjunto. Em palavras simples: as elites nacionais fizeram-se, nas grandes cidades modernizadas pela indústria multinacional, corruptas e corruptoras. As obras públicas passaram a ser concebidas para alegria das empreiteiras e sujidade dos políticos.
O Brasil Moderno foi criação das corporações internacionais, tornando possível a sustentação do anacronismo da “casa grande”, encastelada simbolicamente na pirâmide que a FIESP ergueu na Avenida Paulista. Terminado o governo JK, os anos que se sucederam, até abril de 1964, foram o tempo necessário para que se preparasse o golpe que vinha sendo desejado desde 1950. Escreveu-se a crônica da morte anunciada, tendo como pano de fundo as falas desencontradas das elites que, em pânico, queriam silenciar o povo, e a dos que acreditaram ainda na possibilidade de um futuro, a partir de reformas de base. Em 1º de abril de 1964 triunfou o projeto desenvolvimentista modernista, agora sem mais a figura sorridente de seu criador, comandado por técnicos e economistas, notadamente Delfim Neto, cumprindo as ordens unidas, vindas de cabeças aureoladas pelos quepes bordados em ouro, fazendo-se então o milagre brasileiro, destinado ao “Brasil – ame-o ou deixe-o.”
O presidente Juscelino Kubitschek promoveu a modernidade o desenvolvimentismo internacionalizante dos anos 50
A ditadura encerrou o ciclo de governantes militares, depois o regime ter sido mostrado em sua fraqueza pelos movimentos grevistas que aconteceram a partir de 1978, e depois de ter sido mostrado em seu anacronismo pelos manifestos dos empresários, pedindo “democracia”. Mas foi a partir de 1990 que o modelo de modernidade periférica passou a ser executado coerente e consistente, retomando-se o que os anos de desenvolvimentismo modernizante tinham preparado. Não houve, com os oito anos de governo FHC, um ato de traição, com a submissão da soberania nacional ao sistema financeiro internacional, mas o continuísmo conservador que foi e é a marca da cultura política brasileira. Quando, com a ascensão ao Poder do Partido dos Trabalhadores, com Luís Inácio Lula da Silva, não se rompeu com esse passado: o Presidente dos trabalhadores, ele mesmo um trabalhador, chegou à Presidência da República, dispondo de margens de manobra muito estreitas, onde mal coube a sua política assistencialista: o povo já não tinha mais, nem rede e nem barco de pesca!
Como se obteve a aceitação e adesão do povo brasileiro, consolidando-se a prática de uma “democracia consentida”? Como foram feitas as opções? Como houve o convencimento desse povo, que ratificou a política que serve às elites? Isso se fez e se faz através do uso competente de mecanismos que permitem a criação de uma cultura, um processo que poderá ser compreendido a partir da ideia de hegemonia, tal como ela foi descrita em Gramsci: quando a atividade política, o exercício do poder, não se impõe mais pela força policial e militar das elites, mas passa a exigir a persuasão, o que vem a acontecer com a instauração de regimes mais ou menos democráticos, esses antigos donos do poder, essas elites tratam de assegurar a sua hegemonia com a formulação e imposição de uma cultura de massas, uma construção ideológica.
A partir de 1990, inaugurado o discurso da modernidade, a inteligência nacional tornou-se de vez desnecessária e mesmo inconveniente. Durante a ditadura, ela foi a voz acusadora, por isso mesmo censurada, mas que não se calou. Mas, no mundo novo da democracia consentida, não sendo mais necessária, ela foi deixando de ser ouvida e, em passo adiante, passaria a ser substituída por uma ideologia nova. A modernidade acabou por criar a sua ideologia através dos computadores, para isto tendo necessidade de hardware, software, programadores, analistas e digitadores, mas não de intelectuais, inúteis diante da máquina inovadora, tanto quanto a própria cultura, substituída pela informação: com isso, para a camada culta, ou melhor, para a sua parcela que se dedica à produção escrita, perdeu-se a sensação de que ela tinha uma missão a cumprir na sociedade.
Nesse mundo da modernidade periférica, as classes médias desempenham o papel do equívoco e da inconsequência, convivendo e habituando-se aos confortos permitidos pelo progresso, o que só lhes é permitido pela fuga sistemática da confrontação com a realidade. Elas optam por conviver com uma das mais lastimáveis concentrações de renda do mundo, com milhões de cidadãos postos abaixo da linha da pobreza, com uma economia que se desindustrializou, com a impunidade da corrupção. Classes médias que assumiram as delícias do hedonismo individualista, permitindo a criação da monstruosidade que pode ter o nome de fascismo do consumo. Coerentes com a sua postura, incorporaram toda a ideologia da globalização modernizante. Aquilo que foi sonhado desde a segunda metade dos anos 50, no século passado, quando se começou a entender que era imprescindível “aprender inglês”, glorificando-se Brasília, a cidade do futuro, e mais adiante acreditando-se no Brasil grande, do “ame-o ou deixe-o”, surge como sonho dourado que a grande imprensa alimenta diária e semanalmente. As classes médias brasileiras definitivamente não têm livros, assistem ao “jornal da TV” e assinam a revista “Veja”.
Mas, e o povo, onde esteve e está o povo? No Brasil, a estratificação social põe a maioria de sua população nessa categoria: a gente comum, que sobrevive mal, excluída social e economicamente, vivendo nas periferias lastimáveis das grandes cidades que as gentes do campo chegaram para inchar. O discurso da modernidade, quando se dirige às classes populares, utiliza-se de recursos que são os mesmos empregados para sustentar a venda de produtos de consumo de massa – alimentos e bebidas, cremes de beleza, desodorantes e sabonetes – sendo, portanto, um discurso empobrecedor em si mesmo, mas que propositadamente não é retórico, tentando-se a criação de uma intimidade artificial que permitiria a “sugestão inteligente e amiga”. A campanha eleitoral de 2014 fez-se como exemplo gritante disso. A morte acidental de um candidato foi o ponto de partida, capaz de transformar a vitória prevista de Dilma Rousseff, já em primeiro turno, em disputa acirrada, graças ao intimismo criado artificialmente pelo ambiente de uma câmara mortuária.
Nesse processo, em primeiro lugar, os donos do poder apropriam-se da cultura, na sua forma de expressão erudita, pelo domínio que passa a ser exercido sobre as suas fontes geradoras, entre elas tendo importância fundamental a escola e a universidade, com a cooptação a mais ampla possível dos seus autores, os intelectuais. Ao lado delas, as igrejas, não só a Igreja Católica, mas os púlpitos, indistintamente, as vozes de seus pastores, defendendo a moral cristã e desdobramentos. Através da escola, da universidade e dos púlpitos, as classes dominantes consolidam a sua influência. A hegemonia é isso: a capacidade de unificar e conservar unido um grupo social que não é homogêneo através de palavras.
Em segundo lugar, há o propósito de aviltamento de todas as formas de manifestação de cultura espontânea, identificáveis com as classes dominadas, e que passam a ser entendidas como formas empobrecidas e distorcidas da cultura digna, aquela que se propõe como exclusiva. Os agentes da cultura oficial são via de regra os primeiros a menosprezar todas as outras formas de manifestação cultural, o que, em última instância, leva à pretensão de identificá-las como “cultura da pobreza”, dos que não frequentaram escola, própria dos marginais e assim merecedora de erradicação, tanto quanto os próprios marginais.
Durante os anos de chumbo, o Estado Autoritário usou a escola como instrumento de proselitismo, não só com a obrigatoriedade do ensino de “educação moral e cívica”, mas principalmente pretendendo reduzi-la ao trabalho de órgão de informação, negando a ela a tarefa mais nobre, a de formação e capacitação para pensar e analisar criticamente. As elites tiveram sucesso em esvaziar a escola, transformada em mercado que vende a educação como produto de prateleira. À senzala reserva-se a experiência do analfabetismo funcional.
De outra parte, o Brasil, o País essencialmente católico, viveu, mais exatamente, o misticismo herdado da Península Ibérica e exacerbado com o sentimento do povo amigo de Deus e dos santos, com suas festas, procissões e promessas. Rezas e milagres, sacristias habitadas por milhares de ex-votos, as missas sussurradas em latim, uma religiosidade configurada pelo povo e que foi negada pelo Vaticano, o que aconteceu no momento em que a urbanização acelerada a partir de 1950 produzia a favelização e a marginalização, criando-se as condições ideais para o discurso de salvação proposto pelos pentecostais e mais ainda pelos neopentecostais. Em dez anos (2000-2010) o número de evangélicos aumentou, e 26,2 milhões para 42, milhões, aceitando a criação de igrejas, concebidas para serem negócio, oferecendo a salvação, sempre a preços assustadores.
Cada vez menos a escola, lugar de aprendizado da verdade, e a igreja, de ensinamento das virtudes. Quem então pronunciará a palavra de salvação? Não os professores e não mais os sacerdotes e os bispos. Quem então? Serão os senhores do Marketing, os que, sem contestações, passarão a ensinar a caminhar e a falar, a trabalhar, recrear, amar e orar ao Senhor, aleluia, aleluia. Eles ensinam a Modernidade marcada pelo Progresso, forjando uma relação a-histórica entre o homem e a natureza, pretendendo que, uma vez aceito o fim do tempo histórico, o futuro não terá qualquer relação com o que veio antes, dispensando-se então o seu estudo, de forma a substituírem-se os ideais políticos pelas vontades criadas pelo Marketing do consumo.
A palavra dos tempos da modernidade será sempre anunciada através da Imprensa, agora reduzida à condição de arma de uso exclusivo dos senhores do poder, na medida em que ela se tornou empresa comercial, concentrando sua atenção em seus problemas econômicos, técnicos e organizatórios, transformando-se em arma de grande poder social. Em processo de velocidade crescente, a imprensa e a propaganda tornaram-se o mesmo mundo, seguindo as mesmas regras e tendo os mesmos objetivos. As informações produzidas pela imprensa & propaganda passam a ser informações formatadas, isto é, selecionadas, hierarquizadas, postas conforme a importância que lhes deve ser atribuída. A censura, sob qualquer forma, torna-se desnecessária, inútil, uma vez que existe controle sobre o que deve e/ou pode ser informado. O sistema financeiro internacional, apropriando-se de todos os meios de comunicação, transformando-os em porta-vozes, os construtores da verdade. Qual verdade?
Ao entender como inviável a regulamentação da mídia, mas desde logo tranquilizando aos donos do poder, admitindo como indesejável que se regulamentasse o conteúdo das notícias, o governo Dilma Rousseff fez-se ele mesmo inviável, expondo-se sem defesa ao ataque imoral daquela arma de convencimento de opinião pública, e que ao mesmo tempo justificava os ataques e difamações promovidos por políticos e por juízes. A imprensa, nos tempos da modernidade, tornou-se o templo da mendacidade.
Maria Fernanda Arruda é escritora, midiativista e colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras.
O post A modernidade periférica apareceu primeiro em Jornal Correio do Brasil.
O eterno país do futuro
11 de Agosto de 2016, 0:00
A frase "o Brasil é o país do futuro" se tornou há muito tempo um clichê.
Ela poderia cair em desuso, porém, se a nação continuasse seguindo a trajetória social-democrata imprimida pelos governos Lula e Dilma, a partir de 2003.
Os trabalhistas conseguiram o feito de reduzir a ignominiosa desigualdade econômica e social que envergonha o Brasil perante as outras nações, iniciar obras gigantescas de infraestrutura, ampliar o Estado de bem-estar social preconizado na Constituição de 88, principalmente nas áreas de saúde, educação e moradia, reduzir o desemprego e aumentar a renda média dos trabalhadores, ampliar notavelmente o mercado de consumo, e levar o país como protagonista aos mais importantes fóruns internacionais.
Em resumo, o Brasil melhorou interna e externamente.
O mais incrível é que essas conquistas foram feitas sem rupturas de qualquer ordem, sem sacrificar nenhuma classe social, nem suprimir direitos de quem quer que seja.
Ao contrário, os valores democráticos foram ampliados - para todos.
E, pela primeira vez na sua história, houve a perspectiva real de que o Brasil deixasse de ser o país do futuro e se tornasse o do presente, com muito menos desigualdades, e com o Estado cumprindo, ainda com falhas, é óbvio, o seu papel de indutor do progresso, defensor dos estamentos mais frágeis e gestor das riquezas nacionais.
Os últimos tempos foram duros, mas uma nação do tamanho do Brasil poderia superar as dificuldades sem que elas comprometessem os avanços realizados.
A quebra da ordem institucional, por meio de um golpe jurídico-parlamentar, apoiado efusivamente pela oligarquia, não só interrompeu esse período de bonança, mas vai comprometer, por anos e anos, o projeto de levar o Brasil ao Primeiro Mundo, ou, ao menos, ao status de potência média.
O programa de governo dos golpistas, em tudo contrário ao seu antecessor, visa tão somente fazer com que o país retroceda aos tempos do "gigante bobo" que foi durante toda a sua história.
Um gigante bobo que não é respeitado nem pelos seus vizinhos e não respeita os homens e mulheres que o formam. (Carlos Motta)
CONFIRMADA CANDIDATURA DO PCdoB A PREFEITO E VICE DE SÃO MATEUS DO SUL
5 de Agosto de 2016, 13:55 - sem comentários aindaEm convenção eleitoral realizada ontem (4/8), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em São Mateus do Sul confirmou a chapa majoritária para concorrer com candidatos a prefeito e vice-prefeito.
Eu já havia lançado minha pré-candidatura em maio (clique aqui e releia o artigo).
O candidato a vice-prefeito escolhido é Cristiano Matheus Sabchuk.
Sabchuk, como é mais conhecido, é meu colega de trabalho na SIX.
Passou no concurso da Petrobras e assumiu o cargo de técnico de contabilidade com apenas 19 anos de idade.
Hoje com 29 anos, está concluindo a graduação em Ciências Contábeis na UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa).
Estamos muito motivados a realizar o trabalho de renovação da cidadania.
Vamos trabalhar forte, mesmo com recursos escassos, para levar nossa mensagem de coragem, esperança e libertação.
Modéstia a parte, temos ótimos conhecimentos da parte técnica, e a experiência necessária para liderar a administração pública municipal com ética e dinamismo.
Vamos ajudar na implantação de formas mais justas e eficazes de trabalho com os recursos públicos.
Sempre em benefício de todos os são-mateuenses!
Valeu! Um forte abraço e até mais!