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Tue, 30 Jul 2013 13:00:01 +0000

30 de Julho de 2013, 7:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Ney: uma tela em branco – Cesar Soto

Noreply@blogger.com (helena Neviani Guarani-kaiowá)

Tuesday, July 30, 2013, 9:12 am

DE TUDO UM POUCO

folha de são paulo
Ney: uma tela em branco
O artista é o protagonista no filme ‘Poder dos Afetos’, e se entrega às mãos da diretora e roteirista Helena Ignez nas primeiras gravações

CESAR SOTOCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA”Mas como é o personagem? É um tipo libidinoso?”, perguntava Ney Matogrosso, 71. O cantor chegou às gravações do novo média-metragem de Helena Ignez, “Poder dos Afetos”, sem saber ao certo como era seu personagem.
“Vim como uma tela em branco”, conta Ney. “Faço tudo o que a Helena me pedir.”
O Barão, personagem de Ney e protagonista do filme, é um homem de família aristocrata que, durante os anos 1980, teve problemas com drogas e foi preso na Bélgica. Passa seis anos na prisão, descobre o chá de ayahuasca –bebida usada durante os rituais do Santo Daime– e retorna ao Brasil para montar uma comunidade isolada em uma fazenda da família.
“Tomei [chá] por um ano e meio, mas não estou pensando em fazer aqui uma pessoa do Daime. Não estou baseado nisso”, afirma o cantor.
“Ele é como um xamã, mas sem o fanatismo”, diz Ignez, que também escreveu o roteiro. “[A história] veio de minhas observações. Conheço várias pessoas com situações parecidas com a do Barão.”
De acordo com a diretora, Barão e Ney compartilham a habilidade de se transformar, de mudar suas vidas. “O personagem gosta de cantar, tem uma voz belíssima. Ele também tem um lado positivo que o Ney tem naturalmente.”
Apesar de preferir personagens opostos à sua personalidade, o cantor conta que gostou do filme pela semelhança:”Quero convencer de que não sou eu. Por mais que existam referências a mim.”
O filme, que deve ter 20 minutos, foi rodado na Fazenda Serrinha, em Bragança Paulista (SP), durante o Festival de Arte Serrinha, que acabou neste último domingo (28).
O média será usado como um teaser para a captação de recursos de “Ralé”, também escrito por Ignez. O roteiro do longa é baseado na peça de homônima de Máximo Gorki e expandirá a história de “Poder dos Afetos”, transferindo-a para São Paulo (SP).
Mas Ney não estava totalmente informado dos planos. “Cheguei achando que era um longa, porque não conversamos muito a respeito”, diz Ney. “Se precisar filmar, eu filmo. Não tem problema.”
“Poder dos Afetos” é o segundo trabalho do cantor com a diretora. “Luz nas Trevas”, lançado em 2012, teve Ney vivendo o papel do Bandido da Luz Vermelha, na continuação do filme de 1968.
Ignez afirma que não há semelhanças entre o Bandido e o Barão, mas que existem algumas coincidências. “Ambos passaram pela prisão e se transformaram, não se deixaram destruir. São dois personagens positivos.”
A seguir, a entrevista que Ney deu à Folha ao chegar para os dois dias de gravações no interior paulista.

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Folha – Ignez disse que gosta de personagens positivos. Você também gosta de fazer personagens desse jeito?
Ney Matogrosso - Gosto de fazer os opostos, que são as coisas mais atraentes. Nunca fiz um como esse, então não sei dizer se é algo bom ou ruim. Num outro curta ["Gosto de Fel", de Beto Besant] fiz um camarada maligno, das trevas. Foi um exercício que mexeu comigo de tal maneira que eu fiquei enlouquecido, tomando banho para afastar aquilo de mim.
E você gostou de fazê-lo?
Gostei de acessar esses lados escuros, porque quando você acessa isso dentro de si, consegue se destacar. Usar quando necessário, como foi o caso. É bom trabalhar como ator por isso, ter essa oportunidade de acessar todos os lados quando for preciso.
O que a música trouxe para a sua atuação?
Para esse filme não trouxe muita coisa. Para o anterior, perguntei a Helena, “o que você quer de mim?” e ela disse “eu quero você todo. Quero você do palco e você fora do palco”.
E o que ela disse que queria dessa vez?
Ela não disse o que queria de mim. Disse que ele era inspirado em mim, o que já me deixou assustado de cara [risos]. Tenho medo disso. Porque aí vai me dar um trabalho. Se é inspirado em mim, vai me dar um trabalho para convencer que ele não sou eu.
O medo não é de se expor?
Não, não. O medo é de confundir, porque não é a minha biografia. É uma ficção. Ela me pediu que cantasse, mas o Barão, mesmo que cante com a minha voz, não será eu.
A ideia em “Ralé” é expandir a história para o ambiente urbano…
Eu não conheço a “Ralé”, não li. Portanto, não sei nem que Barão é esse, tá [risos]? Eu estou aqui assim, em branco, e, o que ela quiser, eu vou fazer. Menos tirar a roupa nesse frio [risos]. Porque eu já tirei no outro [filme], mas agora com esse frio eu não tiro, não.
Mas você vai participar das gravações do longa?
Eu não sei. Achava que isso já era um longa. Se precisar filmar, eu filmo. Não tem problema. Só tem que ser em um momento em que eu esteja disponível.
Você prefere trabalhar assim, sem saber exatamente quais são os planos?
Da outra vez deu muito certo vir assim, em branco. Ela ia me dizendo o que queria. Eu acabava de filmar e ela me dava um feedback. É assim que eu estou aqui, para ela ir me indicando as coisas.

 



Fonte: http://anisionogueira.wordpress.com/2013/07/30/14475/

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