Hoje, a partir das 15 horas, o sistema de transporte público de Curitiba e região metropolitana voltou a funcionar normalmente.
Claro que é justa a greve de motoristas e cobradores do Transporte Público por melhores salários. Porém, causa muita estranheza que essa greve se dê justamente às vésperas da definição de valores da nova tarifa técnica.
Atualmente o valor da Tarifa Técnica é de R$ 2,93 e os empresários do transporte pleiteiam um novo valor de R$ 3,40 (um aumento real de 16%) 10% acima da inflação no período (5,91%). Assim, como o subsídio do estado e do município continua garantido, se confirmado o reajuste pleiteado pelos empresários, o usuário pagará por cada passada na roleta, R$ 3,10.
Entre inúmeros dados levantados pela CPI do Transporte na Câmara Municipal, a auditoria do Executivo Municipal e o relatório do TCE-PR, no caso específico desta greve, um deles chama a atenção:
Do total que as empresas arrecadam com o transporte público em Curitiba e região, cerca de R$ 10 milhões/ano ou R$ 800 mil/mês ou ainda, aproximadamente 10 centavos de cada usuário do sistema, vão parar diretamente na conta do SINDIMOC, o sindicato dos motoristas e cobradores.
Este valor é recolhido pelas empresas e repassado diretamente para o sindicato de motoristas e cobradores.
Não entendo lhufas de políticas sindicais, mas até onde sei, os sindicatos são mantidos com recursos das contribuições sindicais de seus filiados e não com recursos diretos das empresas em que estes sindicalizados trabalham. Não é?
Ora, se as empresas transferem R$ 10 milhões/ano para um sindicato, este sindicato está a serviço dos trabalhadores sindicalizados ou das empresas “benfeitoras”?
Não tenho a intenção de acusar ninguém, mas pela forma como foi realizada esta greve, com a paralisação total de 100% das linhas, prejudicando apenas os usuários e servindo principalmente para fazer pressão ao executivo municipal exatamente às vésperas da definição da nova tarifa técnica, ainda mais, com a coleção de relatórios e auditorias que apontam falhas e vícios nos cálculos desta tarifa. Daqui de fora, tem-se a nítida impressão de que o sindicato agiu em defesa dos empresários e não, dos motoristas e cobradores.
Não é de hoje que o sistema integrado de transporte público de Curitiba e região é uma verdadeira galinha dos ovos de ouro para meia dúzia de empresários bem relacionados nos círculos do comando municipal. Porém, até meados da década de 1990, este sistema funcionava muito bem. Até que vieram as políticas neoliberais de Taniguchi, Richa e Ducci. Estes, não sei se por ingenuidade, incompetência ou apenas falta de caráter e total descompromisso com a população que lhes confiou a administração do município, transformaram os serviços públicos da cidade num verdadeiro balcão de negócios lucrativo para os empresários amigos.
Foi assim com a máfia dos radares, com o ICI, com a locação de veículos, com a manutenção dos parques e praças, as podas de árvores e também com o mais lucrativo de todos os serviços, o transporte público.
A licitação para do transporte público só se deu em 2010 e os gestores municipais responsáveis por esta licitação, deixaram completamente de lado as preocupações com a qualidade do serviço, os custos para a população e as obrigações sociais das empresas responsáveis pelo sistema. Toda negociação pautou-se apenas no lucro dos prestadores do serviço e nas gordas comissões destes gestores durante toda vigência dos contratos.
Não é por outro motivo que as várias comissões e auditorias a respeito do tema, apontam sempre para fortes indícios de licitação direcionada, formação de cartel e vários vícios na planilha de cálculo da tarifa técnica.
Não pense o leitor que se trata de um caso de fácil resolução, não mesmo. Todo este carnaval com a greve e o sistema de transporte público na cidade envolve muito dinheiro e muita gente influente e poderosa. Qualquer um que ameace esse “esquema” sofrerá as consequências.
O prefeito Fruet sozinho não tem condições de encarar esta máfia e quanto mais cavoucar no problema, mais pau vai levar de todos os lados.
Não é por outro motivo que pipocam criticas e acusações ao novo prefeito ao mesmo tempo em que certos formadores de opinião tentam fazer parecer que existe um racha entre os lernistas e pedetistas ao lado do prefeito e os petistas ao lado da vice-prefeita, Miriam Gonçalves.
Tem muita grana em jogo e muita gente poderosa e influente envolvida no esquema e lógico que eles não querem perder sua galinha dos ovos de ouro. A principal estratégia nesta guerra é o já manjado e maquiavélico, Dividir para Conquistar. Dividir as opiniões, as diversas equipes do executivo e do legislativo e conquistar a manutenção dos gordos e polpudos lucros no “esquemão”.
Eu aqui, ainda tenho muitas dúvidas a respeito da competência de Fruet e de sua equipe na condução administrativa da cidade. Apesar disso declaro meu apoio incondicional ao prefeito, a vice-prefeita e a toda equipe do executivo e legislativo municipal no enfrentamento da máfia do transporte público e de todas as máfias instaladas na cidade e espero que o leitor também compartilhe deste sentimento.
Polaco Doido
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