Globo consegue o que a ditadura não conseguiu: calar imprensa alternativa
28 de Março de 2013, 21:00 - sem comentários aindaMeu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da Globo.
Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.
Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.
Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha impressão.
Pessoalmente, tive uma reportagem potencialmente danosa para o então candidato a governador de São Paulo, José Serra, censurada. A reportagem dava conta de que Serra, enquanto ministro, tinha autorizado a maior parte das doações irregulares de ambulâncias a prefeituras.
Quando uma produtora localizou no interior de Minas Gerais o ex-assessor do ministro da Saúde Serra, Platão Fischer-Puller, que poderia esclarecer aspectos obscuros sobre a gestão do ministro no governo FHC, ela foi desencorajada a perseguí-lo, enquanto todos os recursos da emissora foram destinados a denunciar o contador do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, este posteriormente absolvido de todas as acusações.
Tive reportagem sobre Carlinhos Cachoeira — muito mais tarde revelado como fonte da revista Veja para escândalos do governo Lula — ‘deslocada’ de telejornal mais nobre da emissora para o Bom Dia Brasil, como pode atestar o então editor Marco Aurélio Mello.
Num episódio específico, fui perseguido na redação por um feitor munido de um rádio de comunicação com o qual falava diretamente com o Rio de Janeiro: tratava-se de obter minha assinatura para um abaixo-assinado em apoio a Ali Kamel sobre a cobertura das eleições de 2006.
Considero que isso caracteriza assédio moral, já que o beneficiado pelo abaixo-assinado era chefe e poderia promover ou prejudicar subordinados de acordo com a adesão.
Argumentei, então, que o comentarista de política da Globo, Arnaldo Jabor, havia dito em plena campanha eleitoral que Lula era comparável ao ditador da Coréia do Norte, Kim Il-Sung, e que não acreditava ser essa postura compatível com a suposta imparcialidade da emissora. Resposta do editor, que hoje ocupa importante cargo na hierarquia da Globo: Jabor era o “palhaço” da casa, não deveria ser levado a sério.
No dia do primeiro turno das eleições, alertado por colega, ouvi uma gravação entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e um grupo de jornalistas, na qual eles combinavam como deveria ser feito o vazamento das fotos do dinheiro que teria sido usado pelo PT para comprar um dossiê contra o candidato Serra.
Achei o assunto relevante e reproduzi uma transcrição — confesso, defeituosa pela pressa – no Viomundo.
Fui advertido por telefone pelo atual chefão da Globo, Carlos Henrique Schroeder, de que não deveria ter revelado em meu blog pessoal, hospedado na Globo.com, informações levantadas durante meu trabalho como repórter da emissora.
Contestei: a gravação, em minha opinião, era jornalisticamente relevante para o entendimento de todo o contexto do vazamento, que se deu exatamente na véspera do primeiro turno.
Enojado com o que havia testemunhado ao longo de 2006, inclusive com a represália exercida contra colegas — dentre os quais Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e Carlos Dornelles — e interessado especialmente em conhecer o mundo da blogosfera — pedi antecipadamente a rescisão de meu contrato com a emissora, na qual ganhava salário de alto executivo, com mais de um ano de antecedência, assumindo o compromisso de não trabalhar para outra emissora antes do vencimento do contrato pelo qual já não recebia salário.
Ou seja, fiz isso apesar dos grandes danos para minha carreira profissional e meu sustento pessoal.
Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpretradas pelo jornal O Globo* e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.
O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.
Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em honorários advocatícios.
Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com advogados?
O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais.
Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores.
Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico.
Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão — entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.
Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual.
E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo.
Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que as Organizações Globo, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio informativo ao Brasil.
Eu os vejo por aí.
PS do Viomundo: Vem aí um livro escrito por mim com Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo, além de retratar tudo o que vocês testemunharam pessoalmente em 2010 e 2012.
PS do Viomundo 2: *Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira.
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Fundação Perseu Abramo lança estudo sobre o Vale Cultura em Brasília
24 de Março de 2013, 21:00 - sem comentários aindaHoje, 25 de março as 19h30 na Biblioteca Nacional, será lançado estudo sobre o Vale Cultura com a participação de Marcio Pochmann, presidente da fundação e Hamilton Pereira, Secretário de Cultura do Distrito Federal.
TV Web/Comunitária - Garanta sua Vaga
28 de Fevereiro de 2013, 21:00 - sem comentários aindaGaranta uma Vaga: sua e de seu Ponto de Cultura.
Uma proposta de articulação e capacitação dos Pontos de Cultura e associações culturais do DF para a produção de programas de TV, iniciando pela linguagem digital para a web e com foco a desenvolver um programa semanal na TV Comunitária Cidade Livre DF no Distrito Federal.
Serão 3 encontros formativos e um final de apresentação dos programas e debate com parceiros e agentes públicos para ampliar o espaço da produção cultural do DF em meios de comunicação público. Os dois primeiros encontros serão no Ponto de Cultura Invenção Brasileira, no Mercado Sul de Taguatinga, QSB 13. outros encontros serão divididos da seguinte forma: dois encontros coletivos no Ponto de Cultura Invenção Brasileira, um terceiro encontro nos Pontos de Cultura dos(as) participante com visita do Fr3d e um último encontro em abril, em data a definir, no Teatro da Praça a convite do Cineclube Cine Teatro EIT - Ponto de Cultura Mundo Olhares Saberes - FAISCA, em Taguatinga.
Este projeto é resultado de uma parceria inicial de Fr3d Vázquez, contemplado com o Prêmio Tuxáua Cultura Viva 2010 e o Ponto de Cultura Invenção Brasileira e Estação Digital. Esta parceria ampliou-se com o apoio da TV Comunitária Cidade Livre DF, que irá veicular todos os programas produzidos, associação Programando o Futuro que ajudará na metodologia de produção audiovisual. O projeto Estação Digital do Invenção Brasileira e a Artéria/Rede Candanga, disponibilizarão os equipamentos locais,transmissões ao vivo pelo estudiolivre.org e disponibilizarão da distribuição Linux Juntadados que traz os mais atuais aplicativos de edição audiovisual do mundo livre.
Local: Invenção Brasileira - QSB 13, Mercado Sul - Taguatinga
Veja o Mapa
Programação:
2 de março de 2013 - das 9h00 às 17h00
Encontro de abertura e formação para produção e pré produção
23 de março de 2013 - das 09h00 às 17h00
instalação de ilhas de edição livres, edição básica em software livre e transmissão ao vivo.
Terceiro encontro a ser agendado com cada Ponto.
Evento final de lançamento dos programas e debate sobre políticas públicas para fomento do audiovisual popular.
Segue convite e ficha de inscrição:
http://blogoosfero.cc/graffos/blog/inscreva-se-para-o-projeto-de-tv-webcomunitaria
Abraços,
Fr3d Vázquez
Mamulengo Presepada
Cineclube Cine Teatro EIT
TV Comunitária Cidade Livre DF
Invenção Brasileira
Estação Digital - Invenção Brasileira
Programando o Futuro
Artéria
Estudiolivre.org
JuntaDados.org
Rede Candanga
Caferó
Blogoosfero
Resolução do Diretório Nacional do PT: Democratização da mídia é urgente e inadiável
28 de Fevereiro de 2013, 21:00 - sem comentários aindaArtigo sugerido por O Eletricitário
O Diretório Nacional do PT, reunido em Fortaleza nos dias 1 e 2/3/2013, levando em consideração:
1. A decisão do governo federal de adiar a implantação de um novo marco regulatório das comunicações, anunciada em 20 de fevereiro pelo Ministério das Comunicações;
2. A isenção fiscal, no montante de R$ 60 bilhões, concedida às empresas de telecomunicações, no contexto do novo Plano Nacional de Banda Larga;
3. A necessidade de que as deliberações democraticamente aprovadas pela Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), convocada e organizada pelo governo federal e realizada em Brasília em 2009 — em especial aquelas que determinam a reforma do marco regulatório das comunicações, mudanças no regime de concessões de rádio e TV,adequação da produção e difusão de conteúdos às normas da Constituição Federal, e anistia às rádios comunitárias — sejam implementadas pela União;
4. Por fim, mas não menos importante, que o oligopólio que controla o sistema de mídia no Brasil é um dos mais fortes obstáculos, nos dias de hoje, à transformação da realidade do nosso país.
RESOLVE:
I. Conclamar o governo a reconsiderar a atitude do Ministério das Comunicações, dando início à reforma do marco regulatório das comunicações, bem como a abrir diálogo com os movimentos sociais e grupos da sociedade civil que lutam para democratizar as mídias no país;
II. No mesmo sentido, conclamar o governo a rever o pacote de isenções concedido às empresas de telecomunicações; a reiniciar o processo de recuperação da Telebrás; e a manter a neutralidade da Internet (igualdade de acesso, ameaçada por grandes interesses comerciais);
III. Apoiar a iniciativa de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular para um novo marco regulatório das comunicações, proposto pelo Fórum Nacional pela Democratização daComunicação (FNDC), pela CUT e outras entidades, conclamando a militância do Partido dos Trabalhadores a se juntardecididamente a essa campanha;
IV. Convocar a Conferência Nacional Extraordinária de Comunicação do PT, a ser realizada ainda em 2013, com o tema “Democratizar a Mídia e ampliar a liberdade de expressão, para Democratizar o Brasil”.
Fonte: Resolução do Diretório Nacional do PT: Democratização da mídia é urgente e inadiável
Floresta Vermelha em Brasília
18 de Fevereiro de 2013, 21:00 - sem comentários aindaNeste domingo 24 de fevereiro, Flavio Soares, diretor, roteirista e desenvolvedor do filme Floresta Vermelha estará em Brasília para divulgar o filme e realizar oficina sobre o primeiro projeto de Cinema Digital FullHD com hardware aberto, software livre e licenciamento Creative Commons no Brasil.
Não perca esta oportunidade e compareça. A entrada é franca.
Além da exibição acontecerão palestras e oficinas sobre o desenvolvimento do filme. Durante a tarde, Flávio conduzirá uma oficina sobre o funcionamento e manuseio da câmera ELPHEL 353, que faz parte do equipamento usado nas gravações do curta-metragem.
Confira a programação:
15h -17h – oficina expositiva com um bate papo sobre o desenvolvimento do filme
18h - exibição do filme
Local: Auditório da Biblioteca Nacional de Brasília
Setor Cultural Sul, lote 2, Edifício da Biblioteca Nacional de Brasilia