Delegações aproveitam último dia para conhecer a Cúpula dos Povos
22 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindapor Isabela Vieira
Último dia da Cúpula dos Povos, evento da sociedade civil no Aterro do Flamengo, a sexta-feira foi a oportunidade de correr atrás de assinaturas para abaixo-assinados, de tirar foto com o Pão de Açúcar ao fundo e de comprar as lembrancinhas que faltavam. Segundo os organizadores, o encontro reuniu cerca de 20 mil pessoas.
Os ativistas que participaram da Cúpula dos Povos se despedem depois de uma semana de debates, assembleias, exposições, denúncias e muitas críticas à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Para representantes de organizações não governamentais e de movimentos sociais, o fim da Rio+20 e da Cúpula dos Povos é um início de uma mobilização mais ampla.
“Foi intenso”, diz o babalaô Ivanir dos Santos, representante da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, do Rio. “Mas, no momento em que se diz que os movimentos sociais estão em baixa, isso deixa uma herança. O negócio não é agora, é o que vai vir”, declarou.
Quem volta para casa, além de lembranças de inúmeros protestos, leva até algum dinheiro no bolso. É o caso do índio Kowá Fulniô, que conseguiu vender quase todas as peças de artesanato que trouxe de sua aldeia, em Pernambuco. Para ele, o que mais valeu, no entanto, “foi juntar os povos indígenas para defender as terras [dos índios], que ainda não são respeitadas, e conhecer o Rio de Janeiro”.
Na fila para assegurar uma lembrança do evento, a estudante Carla Carvalho esperava, pacientemente, para tirar uma foto com amigas no estande dos Correios – que ficou lotado todos os dias do evento. A imagem se transformará em um selo personalizado. “Vim porque quero deixar registrado que participei de uma luta por um mundo melhor. Cúpula dos Povos, eu fui”, diz.
O mesmo sentimento é o do publicitário Jorge Alexandre. Segundo ele, a cúpula é um espaço de troca de experiências, “para saber o que se está pensando no país e, muitas vezes, não sai nos meios de comunicação”. “Quero mostrar para minha filha um monte de coisas, os índios, os Hare Krishna e estamos nessa babel”, contou, enquanto caminhava pela passarela principal.
Não tão ensolarada como a sexta-feira da semana passada, hoje, a cúpula também acolheu os participantes da conferência oficial, que, pela primeira vez, pisaram lá. A integrante da delegação dinamarquesa Lisbeth Poulson tomou um susto ao encontrar gente seu próprio país. “Aqui é o máximo. É menos duro, menos formal e tem muita coisa diferente”, relatou.
Para o inglês Charles Fewen, a segurança do evento da ONU nunca permitiria que a diversidade do Aterro fosse levada ao Riocentro, mas, na sua opinião, ambos encontros cumprem seu papel. “São duas coisas diferentes. No encontro oficial, tinha a diversidade da política mundial. Aqui, temos a diversidade do Brasil, da Caatinga ao Cerrado, com índios, quilombolas e o povo das cidades”.
Edição: Lana Cristina
Desenvolvimento sustentável fará parte do currículo nas faculdades brasileiras
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindapor Flávia Villela e Thais Leitão
A partir do ano que vem, a sustentabilidade deve ser incluída no currículo acadêmico de todas as universidades brasileiras. Esse foi um dos compromissos voluntários anunciados hoje (22), pelo Brasil, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.
De acordo com o conselheiro do Conselho Nacional de Educação e pró-reitor da Fundação Getulio Vargas, Antônio Freitas Jr., a ideia é que, no futuro, a disciplina seja incorporada também da pré-escola ao ensino médio.
“Não faz sentido ensinar finanças sem ensinar ética ou meio ambiente. Educação superior é o começo, mas tem que ser em todas [as séries]. Incentivo a todos que façam ações. Não é só compromisso financeiro, precisamos de comprometimento dos governos”.
Ele informou que a decisão já foi publicada no Diário Oficial da União na semana passada e que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, assinou simbolicamente o compromisso durante a Rio+20.
“A sustentabilidade permeia todas as áreas, os enfoques é que são diferentes. Por exemplo, foi descoberto que o gás que sai do motor a diesel causa câncer. Então, um engenheiro mecânico tem que saber muito mais sobre esse assunto. Também tem a ver com economia, pois o assoreamento dos rios tem um custo”, comentou o conselheiro.
*Colaborou Carolina Gonçalves
Edição: Lana Cristina
Crianças entregam documento com propostas sustentáveis
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindapor Alana Gandra
Igor Mateus Broc tem 12 anos, mora no município gaúcho de Pontão e está no Rio de Janeiro pela primeira vez. Ele faz parte do grupo de 100 crianças de aldeias indígenas, ribeirinhas, de comunidades quilombolas, pantaneiras, do Semiárido, de centros urbanos, de zonas rurais e com deficiências. Elas participaram de oficinas e fóruns ambientais na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e elaboraram um documento com propostas sustentáveis para o governo brasileiro.
A Carta das Crianças para a Terra foi entregue hoje (22) à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, pelas crianças e pela apresentadora Xuxa Meneghel, no espaço Humanidade 2012, no Forte de Copacabana. A carta é resultado do projeto +Criança na Rio+20, promovido pela fundação Xuxa Meneghel.
“Eu entendo que a participação das crianças na Rio+20 é muito importante para melhorar o futuro do nosso planeta. Porque ele está acabando aos poucos pela poluição e pelo desmatamento”, disse Igor Broc. Para ele, as crianças podem contribuir em muito para melhorar a situação ambiental do planeta. “Já que os adultos não estão fazendo muita coisa, a gente pode tentar melhorar, fazer uma conscientização para melhorar o planeta”, completou.
Por meio de desenhos e frases, as crianças expressaram as suas prioridades e anseios rumo ao desenvolvimento sustentável. Cleiton Vieira Santos, da Aldeia Xandó, no município de Porto Seguro, na Bahia, cobrou melhores condições de habitação. “Tem que melhorar também a moradia das pessoas. Elas moram em beira de praia e qualquer vento pode levar [as casas]. Várias coisas precisamos. Tem que mudar o modo de vida das pessoas”.
Elizangela Souza dos Santos, da comunidade Vila Moura, em Tefé, no Amazonas, destacou a importância da participação das crianças na contribuição para melhorar o meio ambiente. “A gente tem que fazer o impossível para ajudar o planeta Terra”, disse. “Não jogando lixo nos rios, não desmatando a floresta, não poluindo o ar”, acrescentou.
A carta entregue à ministra contém, segundo Kemia Rodrigues Souza, de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, um resumo de todas as propostas. “A gente resumiu nessa carta [as propostas] para que as pessoas leiam e se conscientizem para mudar o mundo”, disse. Já a gaucha Ana Claudia da Silva pediu à ministra a adoção de medidas que diminuam a aplicação de agrotóxicos nas lavouras. “Isso faz muito mal à saúde”, alertou.
Xuxa lamentou que as pessoas não ouçam mais o que as crianças têm a dizer. “Está todo mundo preocupado com o agora, com o presente. Só que as mudanças só vão ser feitas no futuro. E eles [crianças] são o futuro. Eles deixaram claro na carta que precisam de informação, saber o que têm de fazer. As crianças querem ser informadas, porque elas é que vão fazer a mudança”, declarou. A apresentadora da TV Globo pediu à ministra que dê solução para os problemas relatados no documento pelas crianças. “É diferente de nós, que precisamos de uma solução para agora. Eles precisam de uma solução para sempre”, ressaltou.
A ministra do Meio Ambiente destacou a importância de as crianças e os jovens que representam hoje um quarto da população do Brasil se preocuparem com as questões ambientais. As queixas formuladas pelas crianças “são parte da minha luta”, disse Izabella Teixeira.
“Eles vão transformar os padrões de consumo, eles vão pedir: eu quero comer melhor. O mundo espera que o Brasil produza 20 % de todo o alimento necessário ao aumento populacional até 2050. Estou falando de 9 bilhões de pessoas no planeta. Vinte por cento desses alimentos sairão do Brasil”.
A ministra assegurou que o Brasil pode fazer isso, “sem destruir floresta, sem contaminar a água, sem usar agrotóxico, colocando agroecologia e ensinando eles [crianças]”. São elas, destacou Izabella Teixeira, que têm que dizer: “Nós queremos desse jeito. São eles que vão fazer a transformação, a partir de agora”.
A ministra disse que a Carta das Crianças para a Terra será divulgada no site do ministério. Elas declarou ainda que as crianças e os jovens têm um espaço no ministério para debater as políticas públicas. “Vão para lá fazer conferências, debates, e vão me cobrar isso”. E prometeu que será feita uma reunião anual com as crianças para saber o que “andou ou não andou, como andou, porque é assim que a gente transforma. É isso que movimenta”.
Edição: Aécio Amado
Dilma destaca importância da Rio+20 ter conseguido fechar um documento
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindapor Vitor Abdala e Carolina Gonçalves
Em um mundo multilateral e em um momento em que é difícil obter consensos, foi importante que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, tenha conseguido elaborar um documento único. A avaliação é da presidenta da República, Dilma Rousseff, antes da cerimônia de encerramento da Rio+20.
“Esse documento é um ponto de partida, não de chegada. Não significa que os países não possam ter sua própria política. É um documento sobre o meio ambiente, desenvolvimento sustentável, biodiversidade, erradicação da pobreza. É necessário ter um ponto de partida. O que nós temos de exigir é que, a partir daí, as nações avancem”, disse.
Para Dilma, na construção do consenso, “respeitar as diferenças é fundamental”. Segundo ela, o Brasil não pode impor sua vontade às demais nações.
A presidenta não comentou as declarações do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que disse que o documento poderia ser mais ambicioso e que o Brasil teria que ser responsabilizado. Para Dilma, “todos os países envolvidos têm que ser responsabilizados. Ninguém tem que apontar dedo para o outro”, disse.
A presidenta voltou a defender o financiamento, pelas nações ricas, do desenvolvimento sustentável nos países africanos e nas nações insulares. Segundo ela, o Brasil defende essa postura, mas os países desenvolvidos não quiseram assinar o compromisso. “Nós achamos que é fundamental introduzir a questão dos fundos na pauta [para as próximas conferências]”, ressaltou.
A presidenta também ressaltou a importância dada à sociedade civil na conferência e destacou que essa foi a conferência das Nações Unidas com maior participação popular. E lamentou o fato de a construção do documento final ser feito apenas por países, por ser esse o formato das conferências da ONU.
Edição: Aécio Amado
Ban Ki-moon apoia aliança para produção de alimentos em áreas desérticas
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindapor Guilherme Jeronymo
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, participou hoje (22), no pavilhão do Catar, no Parque dos Atletas, do lançamento da Global Dry Land Alliance, um programa de intercâmbio de tecnologias para preservação e produção de alimentos em regiões desérticas.
Ban Ki-moon apoiou a iniciativa, avaliando que esse é um importante caminho para superar a fome no mundo. Segundo ele, entre as metas que se pode almejar após a conferência, a mais essencial é que 100% das pessoas tenham acesso à comida e que se consiga acabar com o desperdício de alimentos.
A diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas, Ertharin Cousin, chamou a atenção para os números da fome nas áreas secas, onde há cerca de 2 bilhões de pessoas, demandando combate urgente a essa situação.
“O Brasil tem um papel importante nesta discussão. Embora vocês tenham boas condições de agricultura há, aqui, técnicas de ponta e experiência em espaços como a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuárias, que podem ser repassados a outros países do mundo, em especial à África lusófona, pela aproximação promovida pela língua”, declarou o representante da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Parviz Koohafkan.
O ex-primeiro ministro da Espanha, José Luis Zapatero, chamou a atenção para o papel das tecnologias de ponta na geração de riqueza, mesmo em um mundo em crise. Segundo ele, graças a investimentos na área, a Espanha tornou-se líder, na Europa, em produção de energia limpa e em processos de reutilização de água, como a dessalinização. Zapatero disse que os espanhóis conseguiram, com isso, tornar suas áreas desérticas e semidesérticas em detentoras da agricultura mais competitiva do país.
Edição: Lana Cristina