Temas polêmicos estão fora do documento final da Rio+20
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
Última versão preliminar do documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a que a Agência Brasil teve acesso, mostra que os temas controvertidos, como definições de recursos e metas pontuais, foram excluídos. O texto é amplo e generalista, mas ressalta aspectos sociais, como as parcerias para a erradicação da pobreza, a melhoria na qualidade de vida nos assentamentos, transportes e educação, além do combate à discriminação por gênero.
O rascunho foi negociado até a noite de ontem (16), sendo que só as delegações dos 193 países, organizações não governamentais e alguns movimentos da sociedade civil tiveram acesso ao texto. Nele, há 50 páginas, indicando que pelo menos 30 das propostas iniciais foram retiradas. No começo da conferência, o documento apresentado tinha 80 páginas e, anteriormente, chegou a ter 200 páginas.
No texto, não há menção sobre a criação do fundo anual de US$ 30 bilhões, a partir de 2013, e que alcançaria US$ 100 bilhões em 2018. A proposta defendida pelo Brasil e por países de economias em desenvolvimento foi rejeitada pelas nações mais ricas.
Em substituição à proposta de criação do fundo, há o compromisso de ser criado um fórum para apreciar o assunto a partir de nomeações da Assembleia Geral das Nações Unidas. O documento preliminar está dividido em seis capítulos e 287 itens. Os capítulos mais relevantes são os que tratam de financiamentos e meios de implementação (relacionados às metas e compromissos que devem ser cumpridos).
O texto destaca também a necessidade de os países fortalecerem as parcerias para a transferência de tecnologia limpa. Mas não há detalhamento, pois a questão divide os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Nas situações de impasse, o rascunho apela para os mais ricos contribuírem para o desenvolvimento sustentável, ação que vale também para as questões relativas à capacitação e ao comércio.
Questões sociais
Houve ainda preocupação de ressaltar as questões sociais em praticamente todos os capítulos. “Reconhecemos que a erradicação da pobreza em conjunto com a mudança insustentável e promoção de padrões sustentáveis de consumo e produção e a proteção e gestão da base de recursos naturais do desenvolvimento econômico e social são os objetivos fundamentais e requisitos essenciais para o desenvolvimento sustentável”, diz o texto no capítulo Visão Comum.
Há, ainda, destaque para reafirmar todos os compromissos assumidos anteriormente. “Reafirmamos ainda nossos respectivos compromissos de outros relevantes objetivos acordados internacionalmente nos domínios econômico, social e ambiental desde 1992.”
A África recebeu atenção diferenciada por parte dos negociadores da Rio+20. Em vários capítulos, o continente é mencionado como aquele que deve ser alvo de parcerias, ações conjuntas e propostas comuns. “Mais atenção deve ser dada à África”, ressalta o documento preliminar.
Economia verde
Um dos itens mais polêmicos debatidos ao longo dos últimos dias foi o conceito de economia verde – para os países desenvolvidos, é um; para os em desenvolvimento, outro. A preocupação dos países ricos refere-se às questões relativas à produção, ao consumo e à comercialização de mercadorias. Para evitar controvérsias, foram colocadas recomendações gerais.
“A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza
existem diferentes abordagens, visões, modelos e ferramentas disponíveis para cada país, de acordo com suas circunstâncias e prioridades nacionais para alcançar o desenvolvimento sustentável nas suas três dimensões que é o nosso objetivo primordial”, diz o rascunho.
No entanto, há 15 sugestões sobre economia verde relacionada à soberania nacional e ao desenvolvimento sustentável. Há referências sobre aumentar o “bem-estar dos povos indígenas em suas comunidades”, assim como para mulheres, crianças, jovens e pessoas com deficiência. Também há recomendações sobre a produção de alimentos voltada para a erradicação da pobreza.
Temas específicos
No capítulo sobre temas específicos, são mencionados erradicação da pobreza; segurança alimentar e nutricional e agricultura sustentável; energia; turismo sustentável; transporte sustentável; cidades sustentáveis e assentamentos humanos; saúde e população; promoção de emprego pleno e produtivo e do trabalho digno para todos com garantias de proteções sociais e oceanos, além de estados insulares.
Há, também, um capítulo destinado à redução de riscos de desastres, que se refere às medidas a serem adotadas para alertar sobre as perdas de vidas e os danos econômicos e sociais causados por essas situações. No ano passado, o Japão viveu um dos piores terremotos da sua história, enquanto Haiti e Chile ainda tentam se recuperar dos tremores de terra recentes.
No capítulo sobre mudança climática, a preocupação é evidente, mas não há recomendações pontuais sobre o mínimo e o máximo, por exemplo, permitidos de emissão de gases de efeito estufa. “Reafirmamos que a mudança climática é um dos maiores desafios do nosso tempo, e nós expressamos profunda preocupação que as emissões de gases com efeito de estufa continuam a crescer globalmente”, diz o texto.
Na parte final do rascunho estão os capítulos sobre biodiversidade, mineração, educação, consumo e produção sustentáveis, além de desertificação, degradação do solo, seca, montanhas e produtos químicos e resíduos. No que se refere aos produtos químicos, a recomendação é cooperar com os países que não têm condições de gestão do assunto, citando os menos desenvolvidos.
Edição: Andréa Quintiere
Rio+20 destaca erradicação da pobreza, defendida por Dilma
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
Surtiu efeito o alerta feito pela presidenta Dilma Rousseff em eventos internacionais e nas conversas com líderes políticos estrangeiros de que só há desenvolvimento sustentável com inclusão social e erradicação da pobreza. A versão preliminar do documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) destaca a necessidade de esforços conjuntos para erradicar a pobreza, mencionada nos seis capítulos, ao longo de 50 páginas.
O texto alerta que uma em cada cinco pessoas no mundo sofre com a falta de comida e que mais de 1 bilhão de pessoas vivem em extrema pobreza. Pelo menos 14% da população mundial, segundo o material preliminar, estão subnutridos.
“Reconhecemos que a população mundial projetada para exceder 9 bilhões em 2050, sendo que cerca de dois terços vivem em cidades, precisamos aumentar nossos esforços para alcançar o desenvolvimento sustentável, em especial, a erradicação da pobreza e da fome”, diz o texto.No documento, os negociadores advertem ainda que é fundamental assegurar a governança global e o Estado de Direito em níveis interno e externo. Segundo o texto, é essencial manter um ambiente favorável para garantir o desenvolvimento sustentável inclusivo.
“Reafirmamos que, para alcançar nossos objetivos de desenvolvimento sustentável, precisamos de instituições em todos os níveis que são eficazes, transparentes, responsáveis e democráticas”, diz.
A versão preliminar alerta sobre melhorias na redução da pobreza em algumas regiões, mas adverte: “o progresso tem sido desigual e o número de pessoas vivendo na pobreza em alguns países continua aumentando”. Segundo os negociadores, as mulheres e crianças são as principais vítimas da pobreza.
“Enfatizamos a necessidade de ampliar as oportunidades de emprego e renda para todos, especialmente, para mulheres e homens que vivem na pobreza. Apoiamos os esforços nacionais para proporcionar novas oportunidades de emprego para os pobres em áreas rurais e urbanas, incluindo o apoio às pequenas e médias empresas”, diz o texto.
Edição: Andréa Quintiere
Crianças propõem soluções para cidade mais sustentável
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaMaria José, de 11 anos, conta como ela e sua colega de escola imaginam que deveria ser uma cidade sustentável. Várias boas idéias para os adultos começarem a aplicar e pensar no futuro do planeta para as futuras gerações!
Sustentabilidade deve garantir necessidades das gerações futuras
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Denise Viola
Confira entrevistas com o teólogo Leonardo Boff, com a diretora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Moema Miranda, com a economista Sandra Quintela, do Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul/PACS, com Rita Feire, editora da Ciranda, e Leila Linhares, da Cepia.
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Negociações avançam, mas ainda falta muito para acordo na Rio+20
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Thaís Passos
A delegação do Brasil, que assumiu o comando das negociações na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), vai apresentar um documento consolidado sobre o que foi acordado até agora entre as delegações dos 193 países que participam do evento. Já foram negociadas cerca de 38 por cento das propostas. Porém, as divergências ainda são intensas e atingem principalmente recursos e conceitos básicos.
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