por Rodrigo Vianna
Tão logo foi divulgada a nova pesquisa do IBOPE em São Paulo, alguns internautas manifestaram incredulidade via twitter: “como pode, o Rusomano caiu sete pontos, e o Haddad não ganhou nenhum?”.
Os números resumidamente são os seguintes:
Russomano – 27% (tinha 34% na pesquisa anterior do IBOPE)
Serra – 19% (tinha 17%)
Haddad – 18% (tinha 18%)
Chalita – 10% (tinha 7%).
A explicação para esse quadro (queda de Russomano e estabilidade de Haddad, que permanece em empate técnico com Serra) não é tão complicada e fica mais fácil de entender analisando os gráficos publicados pelo (bom) jornalista José Roberto de Toledo, do Estadão.
Vejamos. Nas áreas de periferia, onde o PT costuma ter forte votação, Russomano sofreu um tombo ainda maior, de 9 pontos: caiu de 39% para 30% em uma semana. Haddad ficou com parte desses votos – mas apenas uma parte, subindo de 17% para 21%. Ainda é pouco, em regiões onde o PT costuma ter mais de 30% dos votos. Mas seria o suficiente para Haddad passar Serra na soma geral da cidade…
Seria. Se não fosse um detalhe. Nos bairros mais ricos, onde o PT costuma sofrer rejeição, Haddad tinha 19% há uma semana. E agora tem 15%.
Ou seja: os 4 pontos que conquistou na periferia – graças à queda de Russomano – Haddad acabou perdendo nos bairros mais ricos. Qual minha hipótese? O “Mensalão” está travando Haddad. E isso fica claro pela queda justamente nos bairros onde a influência da velha mídia é maior.
Não é um tsunami contra o PT, como dizem certos colunistas da imprensa tucana. Mas é uma onda suficiente pra dificultar as coisas para os petistas. Nos próximos dias, essa onda deve ficar ainda mais forte, com o julgamento de Ze Dirceu no STF.
De outro lado, a entrada de Lula na campanha – com vários comícios na periferia (zonas sul e leste) de São Paulo - ainda não surtiu efeito nas pesquisas. É preciso destacar que nas periferias há um número maior de eleitores indecisos. Se Lula conseguiur levar para Haddad uma parte pelo menos desses votos, há chance real do petista ultrapassar Serra até domingo.
O que atrapalha as chances de Haddad, além do “Mensalão”? Chalita. Nas periferias, Chalita subiu de de 5% para 9%. Ou seja, parte dos votos que abandonaram Russomano nas áreas mais pobres está migrando para o peemedebista, e não para o petista. Fora isso, ele avança também nos redutos “tucanos”; foi de 9% para 12%, em uma semana.
Lula de um lado, “Mensalão” do outro. E no meio do caminho, Chalita. Assim irá a eleição de São Paulo até o fim.
O DataFolha trará mais números nessa quarta. Devem confirmar a queda de Russomano – tendência apontada também nos levantamentos diários de tucanos e petistas.
Conversei ontem com um nome importante da campanha serrista. Ele diz que não descarta a possibilidade de Serra e Haddad irem para o segundo turno, drenando votos de Russomano.
Acho que, hoje, é a hipótese menos provável. Mas não impossível.
Da mesma forma – num eleitorado tão volúvel, e aparentemente cansado da polarização PT x PSDB – eu não descartaria a possibilidade de Chalita seguir subindo até o dia da eleição, a ponto de transformar-se numa “quarta via” com chances reais de chegar ao segundo turno.
Por fim, outra dúvida: Russomano seguirá caindo? Talvez 25% seja o piso pra ele. Com isso, pode ir ao segundo turno. Mais fraco do que se imaginava. Ainda assim, com uma performance surpreendente pra quem tem menos tempo e muito menos estrutura do que tucanos e petistas.
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