Imigrantes africanos são considerados uma “praga” por organização israelense
Por Marina Mattar, do Operamundi
“Deportação agora! Sem piedade e sem demora, todos os infiltrados devem ser tirados de Israel”. Este foi o tom do primeiro evento organizado nesta semana pelo Comitê para Remoção dos Infiltrados, novo grupo de ativistas israelenses contrários à presença de imigrantes e refugiados africanos no país que nomearam de “infiltrados”.
Enquanto celebravam a chegada de 229 novos imigrantes judeus dos Estados Unidos no aeroporto internacional de Tel Aviv, a organização reafirmou seu desejo de manter o critério religioso para a entrada de novos habitantes no país.
“Nós temos que lutar para manter a natureza judaica do estado de Israel”, afirmou o congressista Danny Danon segundo o jornal local Israel National News. Um dos líderes do movimento e presidente do Comitê de Imigração, Absorção e Diáspora do Parlamento, o político do Likud pediu aos judeus para voltarem ao seu lar (o território palestino). “Não faz sentido que todos os anos mais estrangeiros da África cheguem à Israel do que judeus imigrantes de todo o mundo”, acrescentou ele.
Outro ativista sustentou que os israelenses têm o direito de expulsar imigrantes indesejados e de escolher com quem querem conviver. “As pessoas esquecem que os direitos humanos não pertencem àqueles que vêm aqui como convidados; os direitos humanos são os direitos de quem vive aqui”, disse o advogado Ronit Cohen-Oren segundo o jornal local Haaretz.
O novo grupo aguarda a chegada de outros 2,5 mil imigrantes judeus a Israel como parte de uma cooperação entre a Agência Judia e o Ministério de Absorção de Imigrantes. No entanto, seu contentamento com a política do governo para os “infiltrados” é outro. Apesar de o governo de Israel ter reforçado sua política contra a imigração de africanos, esses ativistas exigem ainda mais.
Com a nova política, israelenses que empregarem imigrantes ilegais estarão sujeitos a pagar 75 mil shekels (38,6 mil reais), ter seu estabelecimento fechado e até mesmo a cumprir pena de 5 anos. No início do ano, o Parlamento aprovou a lei de Prevenção de Infiltrados, permitindo que as autoridades israelenses detenham imigrantes irregulares, incluindo refugiados e crianças, por três anos ou mais antes de sua deportação. No dia 17 de junho, autoridades israelenses iniciaram a deportação em massa de de sul-sudaneses.
Além disso, desde fevereiro desse ano, Israel está construindo uma cerca em sua fronteira com o Egito na Península do Sinai, onde já entraram cerca de 50 mil africanos desde 2007. Mesmo assim, Shlomo Maslawy, membro do grupo e conselheiro do Likud, afirmou ao Haaretz que centenas de imigrantes continuam entrando no país. Ele disse que a organização pretende realizar mais atividades para trazer novamente o tema à agenda pública, incluindo uma grande manifestação em Jerusalém. Entre as propostas do grupo, existe a de convencer proprietários de não alugarem mais seus imóveis a imigrantes.
Danny Danon também está usando seu cargo de parlamentar para conseguir a aprovação de uma lei que pretende deportar 80% dos “infiltrados” em apenas dois anos. “Os infiltrados são uma praga”, disse ele em maio ao jornal local The Jerusalem Post. “Nós temos que removê-los de Israel antes que seja tarde demais”. Na quinta-feira (12/07), mesmo dia em que o comitê realizou seu evento, a polícia israelense declarou que houve um atentado contra uma casa de imigrantes africanos que atribuiu a grupos racistas. Uma família da Eritréia teve seu apartamento queimado segundo o Huffington Post.
Apesar do crescimento da xenofobia e de organizações que pedem pela deportação dos imigrantes africanos, diversos israelenses se opõe a este posicionamento. Um bom exemplo disso é a ASSAF, organização de apoio aos refugiados em Tel Aviv.
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