Por Francisco Chagas, deputdao federal (PT-SP)
Muda o cenário, mudam os protagonistas, mas o discurso continua lá. A receita não varia: coloque em frases bem exaltadas de preconceitos, alguns dados manipulados, uma boa porção de denuncismo eleitoreiro e insinuações paranoicas sobre o fim da liberdade, da moral, da família e da propriedade privada, ou de qualquer outra coisa que faça os arautos do conservadorismo tremer. Acenda o fogo, e deixe ferver.
Esta técnica, provavelmente, nasceu com o guru de Hitler na área das comunicações, Joseph Goebbels. No Brasil, a partir dos anos 50, ficou conhecida como lacerdismo, numa alusão a seu principal difusor, Carlos Lacerda – jornalista, dono de jornal, amigo de Assis Chateaubriant e da família Marinho, e defensor ferrenho da entrega do Brasil ao capital estrangeiro.
Para derrubar Getúlio Vargas da Presidência da República, Lacerda alardeava em seu jornal, Tribuna da Imprensa, que o Brasil precisava rasgar sua Constituição e implantar um “golpe pela democracia’. Representante da direita alinhada à União Democrática Nacional (UDN), o jornalista usava o melhor de sua retórica para defender a não-intervenção do Estado na economia e nas relações de trabalho, e para abominar programas sociais e políticas públicas de distribuição de renda.
Hoje, sabe-se que muitas das crises que fragilizaram o país nos anos 50-60, e culminaram com o golpe militar, existiram apenas nas fabulações de Carlos Lacerda e seus aprendizes, transmitidas por rádio e pelos grandes jornais da época. Apesar disso, a receita se repete, principalmente neste período de eleições – e agora também nas redes sociais. Ao que parece, apesar de sempre muito indigesta, ela não pode faltar na culinária das oligarquias da comunicação.
Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog foi morto em decorrência de denúncias paranoicas que o taxavam de comunista. O acusador era outro jornalista, Claudio Marques, da TV Bandeirantes, que simplesmente invejava o posto de direção do colega na TV Cultura.
Em 1989, denúncias infundadas sobre a vida pessoal de Lula e uma construção de marketing levaram à presidência Fernando Collor de Mello, pintado nas telinhas como o moço bonito, bem vestido, rico e muito bem falante.
Em 2014, os argumentos se repetem, desta vez contra a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República, pelos lacerdas de plantão: Merval Pereira, Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo, Rachel Sherazade, para citar alguns deles.
Esses articulistas deixam sempre a impressão de que, por trás de um programa de governo aberto e transparente, como o de Dilma, existe um grande complô contra o povo brasileiro, que é preciso debelar. Agora pasmem, até o tucano Alberto Goldman, um velho comunista, agora como cristão novo da elite golpista, ameaça com crise institucional.
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