por Rodrigo Vianna

A maior parte dos dirigentes petistas vive em São Paulo. Muitos blogueiros e ativistas digitais também vivem em São Paulo. Portanto, é natural que considerem a avalanche conservadora paulista como um dado a afetar todo o Brasil.

Numa reunião de blogueiros, ontem, procurei lembrar alguns fatos: em 89, Lula saiu do primeiro turno em alta. Recebeu apoio do PDT de Brizola, do PV, de Arraes, do histórico comunista Luiz Carlos Prestes, de personalidades do PMDB e até do PSDB de Covas. E daí?

E daí, nada. A polarização entre Lula e Collor no segundo turno seguiu uma lógica própria. Só Brizola transferiu votos naquela eleição: todos, de maneira impressionante, como nunca mais se veria.

Mas no final o que aconteceu? Lula perdeu – com todos apoios.

Portanto, os apoios de Marina, Eduardo Jorge/PV e do PSB a Aécio Neves não devem impressionar ninguém. Só os ingênuos achavam que Marina era “terceira via”. Ela era a opção tucana. Inviabilizada, dá agora seu apoio àqueles que bancaram (em todos sentidos) sua campanha.

Claro que o apoio formal de Marina e do PSB deve ter algum peso. Mas muito mais importante é o mapa que publicamos acima. Ele mostra um voto muito consolidado: Norte e Nordeste com Dilma/PT (com uma interrogação sobre o papel de Pernambuco)  x São Paulo/Sul com os tucanos (com uma mancha vermelha no Rio Grande do Sul, mas que pode se azular no segundo turno).

Esse é o mapa. Isso é que vai decidir. Em Minas, devemos ter algo perto de um empate. O Rio, sim, é onde a parada pode ser dura – como escrevi aqui.

São Paulo vai explodir num antipetismo jamais visto. É o voto do ódio.

Devemos enfrentar esse ódio.

O povo nordestino não precisa odiar a elite paulista. Mas o povo nordestino deve temer o ódio paulista. O povo nordestino e o povo amazônico devem temer o ódio paulista, e responder nas ruas e nas urnas.

O ódio paulista é ódio também contra o pobre e contra o nordestino que vive em São Paulo. A elite paulista (e suas elites parceiras – na zona sul carioca, em BH, em Porto Alegre e em Brasília) está furiosa com as empregadas que agora possuem direitos, com o pobre andando de avião, com o pobre que põe filho na faculdade.

O ódio paulista é contra o Nordestino, contra o pobre, contras políticas que permitem à maior parte dos brasileiros viver (um pouco) melhor.

Esse papo de combater a corrupção é só fachada. Combater corrupção com o PSDB – que entregou estatais, envolveu-se no escândalo dos trens paulistas, comprou reeleição pra FHC (segundo a “Folha”) e inventou o “Mensalão” em Minas – numa parceria com Marcos Valério? Piada…

O ódio paulista precisa ser enfrentado.

E a “onda Aécio” precisa ser relativizada. Que onda é essa?

Ela estourou em São Paulo, mas não em Minas – terra natal de Aécio, onde ele perdeu.

A onda Aécio é uma onda paulista (com algumas pitadas de Brasilia, sul e centro-oeste): insuflada pela elite financeira de São Paulo, pela mídia paulista – com apoio da Globo (que nasceu no Rio mas fatura milhões com o mercado paulista).

A mídia velha – que o PT não enfrentou em 12 anos – tentará fazer agora com que a onda paulista vire uma onda em todo o Brasil. A Globo, as pesquisas, a Veja tentarão empurrar essa onda goela abaixo do Brasil.

Marina foi uma onda no fim de agosto. Revertida. Não é impossível barrar a onda tucana.

Aécio teve 33% dos votos no primeiro turno. Igualzinho a Serra em 2010. Mas o PT parte de patamar mais baixo. Portanto, as dificuldades são concretas. É preciso ter sangue frio para entender o que se passa no Brasil.

O Nordeste – de novo – precisará derrotar a elite paulista. Essa eleição está assim: ódio paulista x Brasil.

Quem vai ganhar?

The post O mapa do voto e a onda paulista! appeared first on Escrevinhador.