“Chávez é um ditador, logo um mentiroso”
Essa visão deturpada do presidente venezuelano, pregado aos quatro ventos pelos grandes meios de comunicação cega o bom senso e serve como artifício para a parcela reacionária da sociedade se “proteger” da demoníaca influência bolivariana que Hugo Chávez personifica. Décadas atrás eram os comunistas, hoje os bolivarianos são a ameaça aos homens de bem.
O golpe do Paraguai foi um caso emblemático. Como já havia ocorrido em Honduras, o governo Chávez foi acusado de se intrometer em assuntos internos de um país. O caso resultou em um vídeo onde, supostamente, o embaixador venezuelano em Assunção tentava fazer com que militares impedissem o processo de impeachment de Lugo.
O vídeo, distribuído pela ministra da defesa paraguaia, havia sido editado para que parecesse que apenas o embaixador venezuelano estava na tal reunião. Mas a rede TeleSur revelou o vídeo sem edição, desmentindo a versão dos golpistas.
O caso resultou na expulsão do embaixador venezuelano e a declaração de Hugo Chávez, que se disse orgulhoso por ter um embaixador expulso por um governo golpista.
Após aguentar uma dezena de acusações, o presidente venezuelano reagiu dizendo que senadores paraguaios tentaram corromper a Venezuela. Eles exigiam 12 milhões de dólares para retirar o veto da entrada da Venezuela no Mercosul.
Aí entra a história do ditador-louco. Quando fez tal acusação, muitos jornais ignoraram a denúncia embora gravíssima. Quando noticiaram, foi em tom de galhofa… blefe de um desequilibrado.
A imagem criada de Chávez pela imprensa reacionária da América do Sul tem esse objetivo. Como teve quando a imprensa brasileira tentou tachar Lula de mentiroso.
Desacreditar previamente qualquer coisa que o presidente venezuelano venha a falar ou fazer. Com todos os defeitos que Hugo Chávez possua, é inacreditável a falta de respeito com um presidente democraticamente eleito, com aval de observadores externos, e representante de um importante país da América Latina. É a tal mentira repetida.
Mas a tal denúncia de Chávez parece não ser um blefe qualquer. Em recente comentário sobre a posição do Mercosul (e do Brasil) sobre a suspensão do Paraguai e aprovação da entrada da Venezuela no bloco, Kennedy Alencar afirmou que no Itamaraty já se comentava da tal propina que parlamentares paraguaios exigiam para aprovar a entrada da Venezuela.
E mais: Lino Oviedo que recolheria os 12 milhões de dólares e distribuiria entre os senadores.
A confirmação do jornalista de que também corria (e ainda corre) dentro do Itamaraty tal informação possivelmente não será repercutida na velha imprensa, como foi a fita editada pelo governo golpista.
XX
A semana que passou deixou os golpistas brasileiros em êxtase. Após emitir nota em apoio ao governo golpista de Franco, o PSDB, representado por Álvaro Dias foi visitar o novo governo paraguaio.
Parecia chefe de Estado. Longe da imagem da oposição, em minoria no congresso. Discursou e exigiu reconhecimento dos golpistas por parte do governo Dilma, um verdadeiro líder!
A dúvida ainda paira no ar: Álvaro Dias foi ao Paraguai fazer intercâmbio de Golpe Constitucional, foi ser empossado novo embaixador do governo Franco ou foi ver a possibilidade de se candidatar à presidência pelo partido Colorado?
Na mesma semana a VEJA veio com uma novidade: Pelo conteúdo, parece que é a nova revista oficial do governo golpista.
Publica um editorial atacando o Mercosul (sempre um incômodo para os defensores da ALCA, imposta pelos EUA) e uma entrevista nas páginas amarelas com a nova vedete da direita conservadora brasileira: Nada menos que o presidente golpista Frederico Franco.
Seria hilário, se não fosse tenebroso ver ideais golpistas sendo expressos sem pudor algum.
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