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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Documentário debate situação dos direitos das crianças Guarani-Kaiowá

10 de Agosto de 2018, 15:04, por Terra Sem Males

Lançado esta semana na Câmara dos Deputados, filme mostra contexto de vida e violações de direitos enfrentadas pela infância indígena em Dourados, no MS

O documentário Guarani-Kaiowás Ivy Poty – Flores da Terra, que debate a situação da infância indígena na região de Dourados, no Mato Grosso do Sul, foi lançado nacionalmente nesta terça-feira (7), durante audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, na semana do Dia Internacional dos Povos Indígenas.

Realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias em conjunto com a Comissão de Educação, a audiência discutiu as políticas públicas educacionais dos povos indígenas e quilombolas, em especial para a permanência no ensino superior. O coordenador do projeto do filme, Lucas José Ramos Lopes, diz que foi uma grande oportunidade para apresentar a produção e acompanhar as reivindicações das lideranças e coletivos ali presentes. De acordo com ele, “o documentário é uma contribuição à urgência das reflexões e tomadas de decisão necessárias para a proteção e o desenvolvimento integral das crianças e dos jovens indígenas”.

A deputada federal Janete Capiberibe, que propôs a audiência, parabenizou a produção do documentário, destacando um dos temas abordados nele que é o elevado índice de suicídios de meninos e meninas Guarani-Kaiowás. “E isso acontece, nós sabemos os motivos, a educação é um deles, também o direito à terra e outros direitos que são retirados dessa juventude, dessas crianças brasileiras”, disse.

Infância Guarani-Kaiowá

Produzido pela Rede Marista de Solidariedade, o filme mostra que a garantia dos direitos das crianças e dos jovens Guarani-Kaiowá está ameaçada em muitos aspectos, como o direito à língua, à educação e à convivência familiar e comunitária. O trabalho ressalta a importância da valorização da cultura e da identidade das etnias no processo de desenvolvimento das crianças indígenas e aborda o cenário das políticas públicas que atendem a esta população.

“O documentário promove uma escuta dos indígenas, de atores da rede de atendimento, de organizações da sociedade civil e outros profissionais sobre questões sociais, políticas, culturais e identitárias da população Guarani-Kaiowá, com a proposta de contribuir para a promoção e defesa de seus direitos, em especial das crianças e jovens”, apontam os diretores Camilla da Silva e Souza e Vinícius Gallon.

Segundo Juliana Kuwano Buhrer, que também coordena o projeto do filme, “a expectativa é de que a produção contribua para os debates e formações das redes locais e seja utilizada como subsídio para os agentes que participam da formulação, implementação e monitoramento das políticas públicas”. O documentário teve um pré-lançamento exclusivo para as comunidades indígenas durante a “VI Kuñangue Aty Guasu – Grande Assembleia das Mulheres Kaiowá Guarani”, em julho. A versão completa está disponível em www.bit.ly/ivypoty.

Por Douglas Moreira



Penúltimo Capítulo – FUTEBOL SEM TEMPERO, MAS O PAÍS TEM GOSTO

9 de Agosto de 2018, 18:01, por Terra Sem Males

PARTE FINAL

 ::Capítulo IX (Penúltimo) – Corredor da morte

– Olha, meu amor, acho que uma tragédia foi anunciada.

– Como assim, Zaca? O quê tá pegando? – perguntou curiosa ‘minha nega véia’.

– Tim e Tião vão se matar por causa de uma mulher.

– Comé que é?

– É isso. Só sei que é isso…

– Não é possível, você tá exagerando…

– To não. Olha só… lembra aquela garçonete que te disse esses dias atrás… uma que tava querendo jogo comigo? – ela confirmou com a cabeça. Segui: “ela seduziu Tim e Tião. Agora os dois gostam dela. O problema é que Tim pegou os dois no flagra e as coisas estão fora do controle”.

Minha esposa ficou furiosa. Queria saber detalhes. Eu disse quase tudo sobre Cat Blake.

– Quando ela deu em cima de mim quase me perdi, mas aguentei firme. Juro pra você, Cat Blake é linha dura, não desiste. Deve saber que eu, Tim e Tião tocamos o negócio juntos. Sabemos do dinheiro. Só por isso que ela tentou colar na minha. Sabe, amor, eu até sei onde escondemos as coisas, então acho que é por isso que meus dias estão contados.

Minha esposa chora.

Deixei claro que o pior está por vir.

– Dessa noite não passo. Hoje deve ser o acerto!

– Então não vai!

– Eu tenho que ir. Tião pediu. Além disso, nosso dinheiro tá lá escondido. Se eu não for, aí sim que Tião começa a me caçar igual tá fazendo com o próprio irmão.

– Tudo isso por causa dessa mulher?

– Sim…

Peguei uma das minhas pistolas e deixei com ela.

– Fique com isso. É bem capaz que a Cat Blake venha atrás do nosso dinheiro. Se ela me pegar, nunca vai descobrir o paradeiro das nossas paradas e pode vir na nossa casa achando que a grana está escondida aqui. Ela pode imaginar que você sabe onde escondemos.

Fui trabalhar…

Agora Tim e Tião estão mortos, Bigode entra no bar após matar Tim pelas costas e diz:

– Intão Cats Brake, u quê vamo fazê com esse que sobrô – e olhou pra mim.

Só penso na minha mulher: “será que ela vem?”.

– Bigode, me dê à arma, volta pro táxi e cuida pra que ninguém venha xeretar aqui no bar.

Ela me leva pro depósito. O que antes era o caminho para o sexo, agora parece o corredor da morte.

– O que você tá fazendo sua doida? – pergunto.

Tomo uma porrada na nuca. Minha queda é cinematográfica, nem Neymar faria melhor. Finjo sentir muita dor.

– Cuidado! – digo desesperado. “Sou velho, porra. Se quer me matar, mata logo”.

Cat Blake amarra minha mão. Sento no mesmo lugar que dias atrás ela sentou no meu pau. Dessa vez tenho uma arma apontada pra minha cabeça. A filha da puta passa a pistola entre minhas pernas, no meu saco…

– Desse jeito fico excitado…

– Acho que o melhor sexo da minha vida foi com você, seu velho tarado – disse Cat Blake.

– Não sou tarado, você que é – respondi e já levei uma porrada na cara.

Eu estava pra morrer e ainda assim só pensava em sexo. Olhava pra ela e só pensava em transar…

Mas Cat Blake cortou meu barato.

– Cadê, Zaca?” – perguntou.

– O que você quer saber senhorita que nunca gozou? Aliás, senhorita que só gozou na mão de um velho morto como eu – respondi.

Levei mais uma coronhada na testa. O sangue escorre.

– Tião me disse que vocês colocam o dinheiro das ‘parada’ num esconderijo aqui no bar. Melhor falar alguma coisa, você ainda é útil… ainda.

Sabia que tudo aquilo era uma grande besteira. Mesmo que Tião tivesse falado algo, ele está morto. Essa imbecil jamais vai encontrar a grana. A questão é a seguinte: como vou sair vivo desse jogo.

– Conta logo filho da puta – grita Cat Blake.

Levo mais umas porradas. Estou na merda.

– Sua vagabunda, manda logo uma bala na minha cabeça…

Então escuto um disparo. É lá fora.

– Bigode! – diz Cat Blake. E corre pra ver o que aconteceu.

“Minha nega!”, penso comigo.

Mais disparos.

Consigo me levantar. Olho por uma janelinha lateral e vejo Bigode caído ao lado do seu táxi. “Tá morto”…

Cat Blake retorna subitamente ao depósito e me pega de surpresa. Dá tempo pra eu avistar um vulto da janelinha: “será minha nega?”, penso. O problema é que aquela lunática estava sozinha, insegura, chapada e com uma arma apontada pra mim.

Escuto mais um barulho, dessa vez parece ser da porta dos fundos do depósito. Agora tenho certeza que é minha mulher. Ela está usando a chave reserva que deixo lá em casa.

Mas eis o grande problema: Cat Blake não sabe o que fazer e é isso que me assusta. Ela é mais imprevisível que a Marta driblando…

 

Por Jornaldo.

Leia Capítulo VIII.



Bancários do Paraná estão mobilizados contra retirada de direitos

9 de Agosto de 2018, 12:37, por Terra Sem Males

Em assembleias realizadas nas regionais dos dez sindicatos filiados à Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR), bancários rejeitam proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e maioria aprova ações de paralisação nesta sexta-fera, 10 de agosto, Dia do Basta.

Por Paula Zarth Padilha, para a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR)
Foto: Renata Ortega

Na noite desta quarta-feira, 08 de agosto, a categoria bancária referendou a rejeição à proposta econômica apresentada pela Fenaban, representação patronal dos banqueiros, ao Comando Nacional dos Bancários na última reunião de negociação, realizada dia 07. Com lucro expressivo em 2018, de R$ 20,3 bilhões nos três primeiros meses do ano juntando as cinco maiores instituições financeiras do país, os banqueiros ofereceram somente reposição da inflação para verbas salariais, benefícios e participação nos lucros. Isso significa que o lucro aumentou 18,7% no comparativo com 2017, mas o repasse pretendido aos trabalhadores seria equivalente a uma projeção de 3,9%, para a data-base em 01 de setembro.

As assembleias dos trabalhadores bancários do Paraná, realizadas pelos sindicatos de Curitiba, Londrina, Guarapuava, Arapoti, Campo Mourão, Umuarama, Cornélio Procópio, Apucarana, Paranavaí e Toledo também deliberaram sobre as atividades de mobilização para a próxima sexta-feira, 10 de agosto, Dia do Basta contra os retrocessos e corte de investimentos convocado pelas centrais sindicais.

Em Curitiba, um ato reune as diversas categorias cutistas de trabalhadores em frente à sede da FIEP, federação patronal das indústrias, na Av. Cândido de Abreu, no Centro Cívico, às 11h. Mais cedo, os petroleiros realizam manifestação em frente à Repar, em Araucária, a partir das 7h. Os bancários deliberaram em assembleia participar das mobilizações.

Nas regionais do Vida Bancária, haverá panfletagem em Londrina e retardo de abertura das agências bancárias em Apucarana e Cornélio Procópio. Já os sindicatos da regional Pactu realizam paralisação nos mesmos moldes nas cidades de Paranavaí, Guarapuava, Umuarama e Campo Mourão. “Ressaltamos a importância da efetiva participação dos bancários e bancárias neste dia de atos públicos, sexta-feira, 10 de agosto, Dia do Basta, pois estamos em plena campanha salarial da categoria bancária, os bancos não apresentam proposta decente e somente a união da categoria e de toda a classe trabalhadora poderá reverter esse quadro”, explica Sandra Homeniuk, representante da regional Pactu.

Entenda a Campanha Nacional dos Bancários 2018

Os bancários retomaram pela primeira vez a negociação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que tem abrangência nacional e é válida para os trabalhadores de todos os bancos, públicos e privados, após a aprovação da Reforma Trabalhista, que alterou a legislação. A assinatura do último acordo, em 2016, foi formalizada com vigência para dois anos e isso protegeu os trabalhadores no período de transição. Nas negociações de 2018, diversas garantias conquistadas nesses 26 anos de CCT nacional estão ameaçadas, especialmente pela recusa dos representantes dos banqueiros em garantir a ultratividade a partir de 01 de setembro, que era a permanência da CCT em vigência durante o período de negociação até que nova convenção seja assinada. Paralelamente à negociação para toda a categoria, que ocorre entre a Fenaban e o Comando Nacional dos Bancários, formado por dirigentes sindicais de todo o país, são realizadas mesas de negociação em separado com os públicos Banco do Brasil e Caixa Econômica, que estabelecem um Acordo Coletivo a mais para esses trabalhadores. As reuniões de negociação são temáticas por eixos: remuneração e igualdade de oportunidades, saúde, segurança e condições de trabalho, e emprego. Até o momento foram cinco rodadas de negociação até a apresentação da primeira proposta, em 07 de agosto. Uma nova reunião já está agendada para o dia 13.

A pauta de reivindicação dos trabalhadores bancários tem como uma das prioridades a proteção ao emprego bancário e o combate às terceirizações no setor, pois a reforma trabalhista oportunizou a substituição de trabalhadores da categoria com diversos direitos assegurados por contratações fora da abrangência da convenção, reduzindo custos para os bancos, mas também piorando consideravelmente as condições de trabalho e precarizando o atendimento à população. Esse processo de fechamento de vagas, muitas vezes não repostas, atingem também os bancos públicos, cenário que se acentuou após o golpe de 2016, em que BB e Caixa deixaram de promover concursos públicos, aplicaram reestruturações que reduziram remunerações e promoveram programas de desligamento, enxugando os quadros e afetando a qualidade no atendimento ocasionada por sobrecarga de trabalho. As “propostas” dos representantes dos bancos públicos também incluem a retirada de itens vigentes nos acordos coletivos, promovendo mais um ataque aos trabalhadores, com retirada de direitos adquiridos.

“Os bancos cada vez mais demonstram que não vão abrir mão de seus privilégios e de fazer uso da reforma trabalhista para retirar direitos que temos garantidos pela convenção coletiva de trabalho. Somente com mobilização massiva dos trabalhadores bancários essas conquistas serão preservadas e resistiremos às tentativas dos banqueiros de precarizar as condições de trabalho. Por isso é importante que os trabalhadores apoiem e participem das manifestações, começando pelo Dia do Basta, apoiando as ações organizadas pelos sindicatos, para fortalecer essa luta que é de todos nós”, convoca Junior Cesar Dias, presidente da FETEC/CUT/PR.



Capítulo VIII – FUTEBOL SEM TEMPERO, MAS O PAÍS TEM GOSTO

8 de Agosto de 2018, 18:05, por Terra Sem Males

TERCEIRA PARTE

::Capítulo VII – Aos 45 do segundo tempo

Naquela pasta tinha um pouco de tudo. A vida dele em detalhes, escrita num caderno antigo, com páginas emendadas e sujas de sangue. Apesar dos relatos, o que mais me chamou a atenção foram os documentos que, imagino eu, ele roubou de Tião.

Da parte pessoal, coisas como sua luta pra se livrar das drogas, seu respeito por Tião e as declarações de amor a Cat Blake provavelmente não condizem com o que ele sente agora, mas, uma coisa é certa, ele voltará pra buscar esses documentos.

Lembro-me de Tim com carinho, mesmo quando tinha suas bad trip e aparecia aqui na minha casa pela manhã, virado de noites sem dormir, arrependido de algo que tinha feito. Batia na minha janela, eu o recebia e dava um remédio pra ele dormir.

Depois, quando acordava, minha mulher preparava um rango. Dificilmente ele comia o prato feito, sempre estava com pouca fome naquela época. Mas nunca deixou de agradecer o alimento e pedir benção pra minha ‘nega’, que o protegia em suas orações.  Aí saía em direção ao incerto.

Agora lembro que ele era tão apaixonado por Cat Blake que me dá um arrependimento…

Mas só de lembrar ‘aquele dia’, já fico de pau duro. Que merda. Sei que traí minha nega e meu menino. Me sinto um lixo.

Passaram-se horas. Minha ‘nega’ está com o almoço quase pronto. Esses papéis roubaram meu sono. Os coloco de volta numa pasta e, antes de fechar o diário, vejo o nome do Tião e da Cat Blake escritos com o que parece ser sangue.

Então, subitamente, batidas forte na porta de casa.

– É Tim! – diz minha ‘nega’.

Ele chega acelerado e diz:

– Zaca, você leu aquela papelada? – fiquei sem saber o que dizer, pois não havia dormido, fiquei lendo tudo aquilo.

– Li – disse.

Aí ele ajoelhou e chorou. Disse que as coisas vão piorar e que não era mais pra eu aparecer no bar. Eu o contrariei e disse que iria lá.

Ele me pegou pelo pescoço e disse:

– Vou matar todo mundo lá! Esses documentos vão servir pra você foder com o Tião, caso alguma coisa dê errado. Guarde isso. Você viu que tem coisa até do tríplex do Guarujá, então já sabe…  – virou as costas e saiu.

Tim resolveu caçar os dois. Tião me ligou, perguntou como estava Tim e o quê ele tinha dito pra mim.

– Como você sabe que ele veio aqui?

– Botei gente pra seguir ele, já to sabendo que ele recaiu, está fora de controle, tenho que ver o que vou fazer. Logo vou aí!

Tião chegou dizendo:

– Bigode e Cat acham que eu devo matar Tim. O que você acha?

– Como é que é? Ele é seu irmão, porra!

– Mas vai foder com nosso negócio. O que você quer que eu faça? Vá pra cadeia com ele?

– Só acho que ele iria por você… ou por mim.

– Não sei… ele voltou a cheirar, fumar pedra… eu não posso deixar mais nada na mão dele. É como Cat disse ontem, ‘ou eu mando ele pro inferno ou quem vai sou eu’, não tenho escolha.

– Você tem uma conselheira agora, Tião?

Ele me olhou e disse que estava resolvido.

– Vá ao bar normalmente – abriu a porta e saiu.

Olhei pela janela, o vi pegar o celular, provavelmente foi dar a ordem de execução do seu irmão. “Ele ainda não sabe dos documentos” – deduzi que Tim roubou toda papelada.

Porém agora Tião enfrenta uma situação inédita, achar outra pessoa competente pra fazer o serviço sujo, já que quem sempre fez isso foi Tim.

Passado um bom tempo, tomei coragem e fui ao bar. Cheguei lá e vi um Tião nervoso, dizendo que nem seu mensageiro nem o pessoal da contenção respondiam suas ligações.

“Provavelmente só Tim ainda estava vivo”, pensei comigo sem poder festejar.

Bom… apesar de todo nervosismo do momento, a festa não pode parar. Então o bar funcionou normalmente.

Nesse jogo ninguém é insubstituível. Aqui não tem Pelé e nem Neymar, mas tem Adriano Imperador. Quem não lembra o gol inesperado que ele fez contra a Argentina, no finalzinho do jogo, na Copa América. Foi bem assim, de surpresa, fulminante, aos quarenta e cinco do segundo tempo, já na hora de fechar o bar, que apareceu Tim.

Quem estava ligado no que acontecia resolveu ficar por aqui por questões óbvias: medo de morrer. Na escuridão da Vila, somos todos alvos fáceis.

Agora estamos eu, Tião e Cat Blake.

Tim chega alucinado, com arma em punho, rendendo todo mundo.

– Não tem mais ninguém Tião.

E antes dele responder ou ao menos tentar qualquer tipo de comunicação, leva um tiro na cabeça.

Foi uma morte sem tempero pra uma pessoa como Tião. Sempre imaginei que ele fosse mais longe, devido ao seu potencial, mas Tim resolveu mudar o destino do irmão.

Após o disparo, Cat Blake lacrimeja. Obviamente que isso não comove Tim. Espero que ele não saiba o que aconteceu comigo e com ela, mas imagino que não escaparei dessa chacina.

Foi quando, num piscar de olhos, Tim levou um tiro pelas costas. Isso mesmo! Eis que surge Bigode…

Ele estava escondido no seu táxi. Outra morte sem tempero, um tiro pelas costas, certeiro, na cabeça.

Tinha esquecido completamente de Bigode, mas sei que ele joga no time da Cat Blake.

“Será que tudo isso tá armado?” – penso comigo. Se sim, “estou fodido”.

Só digo uma coisa: antes de sair de casa pra vir ao bar, preparei minha mulher pro pior. Logo que Tião saiu, ela veio perguntar o que estava acontecendo.

Tinha que saber exatamente o que dizer, pois, sem dúvida, ela joga no meu time.

 

Por Jornaldo.

Leia Capítulo VII.



Bancários se reunem em assembleias pelo país nesta quarta (8). Bancos oferecem reposição da inflação.

8 de Agosto de 2018, 9:38, por Terra Sem Males

Fenaban propõe apenas de reposição da inflação, sem aumento real, para salários, benefícios e PLR. Confira os locais das assembleias no Paraná.

Mais uma vez os banqueiros enrolaram os trabalhadores bancários, que aguardam por uma contraproposta adequada à sua pauta de reivindicações. Depois de prometer apresentar proposta global para 01 de agosto e adiar para nova rodada de negociação nesta terça-feira, 07 de agosto, o que os bancos exigem dos trabalhadores é aceitar uma pauta econômica insuficiente e retirada de alguns direitos consolidados historicamente na CCT.

Também não garantiram que os bancários não serão substituídos por trabalhadores contratados de forma precarizada, a exemplo da terceirização. Os bancos querem alterar cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, segundo eles, para garantir segurança jurídica, mas sequer apresentaram a redação das modificações. A próxima rodada de negociação ficou agendada para o dia 17 de agosto (sexta-feira).

“Nós deixamos claro na mesa de negociação que a categoria não aceitará retrocessos que podem prejudicar o futuro de suas famílias por conta de descaso e intransigência dos banqueiros. Nossa convenção coletiva foi construída nesses 25 anos de mobilização, em lutas coletivas, e é coletivamente que vamos resistir aos ataques que estão referendados pela reforma trabalhista”, afirma Junior Cesar Dias, presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR), membro do Comando Nacional dos Bancários e representante do Paraná nas negociações.

Enquanto os banqueiros oferecem aos trabalhadores bancários a reposição da inflação (3,90% de reajuste correspondente a projeção de 3,87% para a data-base em 01 de setembro), o lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander) nos três primeiros meses do ano atingiu a marca de R$ 20,3 bilhões, com crescimento de 18,7%.

Os sindicatos de todo o país realizam assembleia de avaliação da proposta na noite de quarta-feira, 08 de agosto. O Comando Nacional dos Bancários se reuniu, avaliou a proposta e indica sua rejeição nas assembleias.

Confira horários e locais das assembleias na base do Paraná:

– Apucarana: 19h00, na sede do Sindicato

– Arapoti: 19h30, na sede do Sindicato

– Campo Mourão: 19h00, no sindicato (Rua Harrison José Borges, 1520)

– Cornélio Procópio: 19h00, na sede do Sindicato

– Curitiba: 18h30, no Espaço Cultural (Rua Piquiri, 380).

– Guarapuava: 18h30, no Salão de Festas Grande da Sede Campestre do Sindicato dos Bancários (Rua Gralha Azul, 276, São Cristóvão)

– Londrina: 19h00, na sede do Sindicato

– Paranavaí: 18h00, no Anfiteatro do Sindicato (Rua Marechal Cândido Rondon, 1445)

– Toledo: 18h30, na sede sindicato (Rua 7 de setembro, 749)

 

Saiba mais: Bancos fazem proposta apenas de reposição da inflação, sem aumento real

Com lucros bilionários, bancos querem ficar 4 anos sem dar aumento real

 

Fonte: FETEC-CUT-PR



MP do Saneamento pode reduzir recursos para a saúde em municípios pequenos

8 de Agosto de 2018, 9:16, por Terra Sem Males

A Medida Provisória que reformula o setor de Saneamento (MP 844/18), assinada por Michel Temer no início de julho, pode abrir caminho para a retirada de recursos do orçamento da Saúde em municípios com até 50 mil habitantes. É o que alertou o engenheiro civil e representante do Conselho de Administração da Empresa Baiana de Saneamento (Embasa), Abelardo de Oliveira Filho, durante palestra na Audiência Pública “Água e Saneamento no Estado do Paraná”, realizada nesta terça-feira (7), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).

Além da redução orçamentária imposta pela Emenda Constitucional 55, que fixa um teto dos gastos públicos por 20 anos, o engenheiro frisa que a MP pode reduzir ainda mais os recursos para a saúde. O texto original da Medida diz que recursos da saúde poderão ser aplicados em saneamento básico em municípios com até 50 mil habitantes. “Isso vai permitir, por exemplo, que o município pague as faturas da coleta de lixo e aloque esses recursos como gastos em saúde pública”, explica.

O mesmo aspecto da MP foi salientado pelo procurador de Justiça Saint Clair Honorato Santos, do Ministério Público do Paraná. “O pulo do gato da MP é incluir esse custo do saneamento como de saúde pública, o que desonera certas obrigações financeiras de forma direta na saúde. Isso tudo representa o interesse do capital. Assusta muito o momento que o país vive”, completou.

A MP 844/18 é alvo de críticas de diversas entidades ligadas à área, que acreditam que a medida tem potencial para desestruturar completamente o setor, facilitando a privatização dos serviços e deixando mais de 5 mil municípios brasileiros sem subsídios para bancar o saneamento básico.

Secretário nacional de saneamento ambiental do Ministério das Cidades durante o governo Lula, Oliveira Filho chamou atenção para a redução do orçamento do saneamento básico, que passou de 895 milhões de reais em 2017 para 656 milhões em 2018. É o menor valor já registrado desde a criação da Secretaria, em 2003.

A audiência pública contou com a participação de especialistas da área de saneamento, e foi presidida pelos deputados estaduais Tadeu Veneri (PT), Péricles de Mello (PT), Rasca Rodrigues (PV) e Nelson Luersen (PDT).
Impacto em empresas públicas

Outro efeito da MP do Saneamento é priorizar empresas privadas em detrimento de companhias estaduais. O diretor jurídico da Sanepar, Eduardo Tesserolli, lembrou que as prioridades de uma empresa privada não são reconciliáveis com os objetivos de um serviço com viés social: “a Sanepar tem como objetivo a universalização do serviço. Ela quer estar presente, quer prestar serviços. Só assim a gente consegue falar em extinção de desigualdades entre os municípios”.

O presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná, Carlos Roberto Bittencourt, somou sua fala à defesa do saneamento universal, resgatando dados da Fundação Nacional de Saúde, que estima que cada real investido em saneamento gera uma economia de 9 reais em saúde pública: “esta medida traz um prejuízo muito grande para municípios pequenos, que não podem bancar seus serviços de saneamento. O interesse da iniciativa privada é o lucro, não o bem estar na maioria da população”.

Para o engenheiro Abelardo de Oliveira Filho, o principal objetivo da MP 844/18 é “superar os entraves jurídico-institucionais, para privatizar o setor de saneamento básico mesmo que seja passando por cima da Constituição”.

Tramitação

A Medida Provisória 844/18 aguarda parecer da Comissão Mista para ser submetida aos plenários da Câmara e do Senado. A partir do dia 6 de setembro ela entra em regime de urgência – e passa a obstruir a pauta até ser aprovada ou arquivada.

Da assessoria do Senge-PR



Correios financiam seminário a favor da reforma trabalhista

8 de Agosto de 2018, 8:54, por Terra Sem Males
ECT aparece como “patrocinador OURO” em site da empresa que realiza o evento

Por: Cinthia Alves e Paula Zarth Padilha
Foto: Joka Madruga

O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Paraná (SINTCOM-PR) protocolou nessa terça, 7 de agosto, um pedido de informações via Lei de Acesso à Informação (12.527/2011), assim que recebeu a denúncia de que os Correios estão financiando com “patrocínio Ouro” uma jornada de seminários pelo país na defesa e aplicação da reforma trabalhista. É o “Projeto Articulação Política Pelo Emprego – Jornadas Brasileiras de Relações do Trabalho”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino e Cultura (IBEC) em parceria com a Câmara dos Deputados e a Secretaria Geral da Presidência da República.

Trata-se de seminários em diversas regiões do país, de 19 de junho a 28 de setembro, com programação fixa e participação de Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST), incluindo o ex-presidente Ives Gandra Martins Filho, notório defensor das alterações que prejudicam os trabalhadores e favorecem as empresas.

Para o secretário geral do SINTCOM-PR, Marcos Rogério Inocêncio, tal patrocínio é altamente questionável, principalmente quando os Correios negam reajuste e ameaçam retirar conquistas históricas dos trabalhadores, alegando que a Empresa precisa se “reestruturar”. “Em plena campanha salarial dos trabalhadores dos Correios, a empresa oferece reajuste que sequer repõe as perdas inflacionárias, anuncia o fechamento de agências, extinção de cargos, dizendo que está passando por dificuldades e na contramão paga milhões para divulgar a reforma trabalhista contra nós”, observou Inocêncio.

denúncia partiu da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR) que protocolou, no dia 27 de junho, pedido de informações junto às empresas públicas Correios, Caixa e Banco do Brasil. Para a Federação, os Correios afirmaram que estavam negociando o patrocínio e, que por hora, não iriam fornecer informações até que a parceria fosse efetivada, no entanto, a logomarca dos Correios aparece oficialmente como um dos patrocinadores do evento no site do IBEC. A Federação conseguiu comprovar que a Caixa já destinou R$ 300 mil ao Seminário e o Banco do Brasil decretou sigilo sobre a operação.

Conforme divulgação do IBEC, a correalização do evento é das entidades patronais Confederação Nacional da Indústria (CNI), Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Febraban (Federação Brasileira de Bancos), além de parceria com a Presidência da República. Os sindicatos e advogados que representam os trabalhadores não foram convidados a participar do evento para debater sobre os temas tratados.

O coordenador-geral das Jornadas é o deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS), relator da Reforma Trabalhista e ex-ministro do Trabalho nomeado por Temer. De acordo com seu perfil no wikipedia, Ronaldo Nogueira de Oliveira “é um administrador, pastor da Igreja Assembleia de Deus e político brasileiro, filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)”.

Correios podem começar greve nessa terça (7)

Os trabalhadores dos Correios rejeitaram a proposta da direção da empresa de 2,21% de reajuste, que corresponde a 60% do INPC da data-base da categoria, que é dia 1º de agosto. O reajuste não cobre sequer as perdas da inflação do período, projetado em 3,68%. As assembleias serão realizadas nessa terça (7) com deflagração de greve a partir das 22h, por tempo indeterminado. No Paraná, serão realizadas assembleias em 17 cidades, incluindo Curitiba.

Após anunciar lucro de R$ 667 milhões, em 2017, a direção dos Correios além de propor um índice de reajuste abaixo da inflação, também quer retirar direitos históricos da categoria, como corte do vale-alimentação em períodos de licença médica por acidente de trabalho; diminuição no pagamento de adicional noturno; aumento de jornada de trabalho aos sábados sem pagar hora extra; rebaixamento da gratificação de férias entre outros ataques.

A direção da estatal protocolou um pedido para que o TST medie as negociações. O Ministro Vice-Presidente do Tribunal, Renato de Lacerda Paiva, propôs, no início da tarde dessa terça (07), que ECT pague o reajuste aplicado pela turma de dissídios nos julgamentos (não o que corresponde ao período da data-base da categoria 31/07/2017- 31/07/2018), somente sobre os salários, não sobre os benefícios e reedite o ACT 2017/18, mas retirando a cláusula 28, que impõe a cobrança de mensalidade e aumento na coparticipação do Plano de Saúde. O TST dá prazo para que os sindicatos se manifestem sobre a proposta até o dia 9, mas com a condição de que não entrem em greve, senão ele retira a proposta e a negociação vai à dissídio.

Fonte: Sintcom-PR



Capítulo VII – FUTEBOL SEM TEMPERO, MAS O PAÍS TEM GOSTO

7 de Agosto de 2018, 17:38, por Terra Sem Males

TERCEIRA PARTE

::Capítulo VII – Sangue ‘no zóio’

Ela gozou ‘lindamente’ e eu sabia que havia entrado no seu jogo. Cat Blake então contra atacou ao tirar meu pau pra fora e já ir chupando como se não houvesse amanhã.

Achei forçado.

Lembrei de uma vez, quando uma antiga namorada, toda intensa, se empolgou e deu uma mordida na cabeça da minha rola. Doeu pra caralho, literalmente. Por isso a acalmei.

Talvez a cocaína que ela vive cheirando a deixe precipitada. Ou pelo fato de ser bem mais nova… sei lá…

Mas a verdade é que depois que eu ‘dei a letra’, ela caprichou na pegada. O que deixou o jogo ainda mais interessante, pois tenho certeza que foi seu belo boquete que fez Tião e Tim cair na rede.

Mas comigo não é bem assim. E ela logo percebeu quando perguntei como ela gostava de foder. Cat Blake não vive num mundo onde há conversa e sexo.  Ela sempre se envolveu com bandidinhos solitários. Era bombar, gozar, se vestir e acabou. Por isso estranhou. Depois fez uma cara de nostálgica e disse que queria sentar no meu pau.

E foi o que aconteceu. O problema é que, mesmo transando com a mulher mais gostosa da minha vida, a consciência denunciava: “por que toda essa traição?”.

Mas esqueci de tudo quando ela sussurrou mais uma vez: “vou gozar… vou gozar…” – aí gozei junto.

Após a trepada, ela olhou pra mim, surpresa, e tentou ser a Cat Blake de sempre:

– Quero vê vc me caguetar, seu véio tarado. Quero ver se sua ‘nega’ fica sabendo… –  se vestiu rápido e voltou pro trampo. Antes, parou no banheiro pra dar mais um teco.

Uma coisa me chamou a atenção: aquele olhar de superioridade que a jovem tinha em relação ao velhote aqui sumiu.

Agora, aqui na minha solidão, concluo, com toda certeza, que Cat Blake quer tomar tudo que é nosso. Controlar a porra toda. Literalmente. Ainda mais com essa excitação juvenil e sua beleza rara.

Porém, eu só queria saber qual o razão pra isso tudo. Quem é essa mulher?

Depois daquele dia nossa relação mudou. Estranhamente ela ficou acuada. Ainda mais depois que eu desencanei um pouco de observar o triângulo amoroso deles.

O futebol, mesmo chato e a cada dia me enchendo mais o saco, trazia um exército de clientes. O que me ocupava a mente.

Enquanto o juiz errar e o torcedor se desesperar, ótimo. Cada erro de arbitragem é cerveja gelada, nóia vendida e cliente feliz; ou infeliz, dependendo do resultado.

Entendi que o futebol envolve toda uma estrutura emocional de torcedores. Move uma paixão irracional que se reflete na felicidade do trabalhador, do marido, da mulher, do rico e do pobre.

Aqui na vila, por exemplo, reúne todo tipo de gente durante os jogos.

Mas há coisas que não mudam. Por exemplo: o rico sempre vai comprar o melhor pó do Tim, mas vai torcer ao lado do fumador de crack. Nessa hora eles estão no mesmo barco. Discutem tática, técnica, arbitragem, impedimento, etc. O futebol os deixa de igual pra igual.

Como vocês perceberam, as coisas iam bem, até Cat Blake jogar pesado.

Aí o pau pegou.

Tudo começou quando Tião mandou Tim fazer uma correria descabida, mesmo com o bar lotado.

Tião não aguentou a provocação de Cat Blake. Por isso mandou Tim e Bigode irem cobrar um playboy lá no asfalto.

Mas não deu nem cinco minutos e Tim voltou. Entrou e foi direto para o depósito. Bigode ia atrás, mas segurei: “fica aqui!” – eu disse.

Já estava com minha pistola carregada quando cheguei. Cat Blake chupava Tião. Tim viu tudo. Ela estava de costas, não percebeu.

Tim saiu em disparada, tentei segurá-lo, pra conversar, mas seu olhar me congelou. Tião empurrou a cabeça dela e tentou seguir o irmão.

Mas eles não se encontraram e, após sobrar apenas eu pra fechar o bar, Tim apareceu e me entregou uma pasta cheia de documentos.

No seu rosto, vi apenas raiva.

Fechei o bar e fui pra casa com aquela pasta. Quando cheguei, minha mulher logo perguntou:

– Aconteceu alguma coisa?

– Acho que o Tim vai recair. Apareceu no bar agora há pouco e me entregou isso. Vou ler, entender e depois te explico.

Minha mulher, que sabia de tudo que acontecia no bar, ficou com os olhos cheios de lágrima e saiu.

Eu estava com sono, então peguei um pouco de pó, que guardo pra ocasiões especiais, e cheirei. Coloquei uma dose de conhaque e comecei a analisar os documentos que, agora sei, podem mudar a história desse país.

 

Por Jornaldo.

Leia Capítulo VI.



Capítulo VI – FUTEBOL SEM TEMPERO, MAS O PAÍS TEM GOSTO

6 de Agosto de 2018, 18:04, por Terra Sem Males

TERCEIRA PARTE

::Capítulo VI –  Caí de boca   

 

Depois de aceitar o desafio, meu boteco mudou.

Não é mais uma espelunca. Tião e Tim investiram uma grana aqui. O futebol realmente atrai clientes.

Eu continuo no balcão, sempre ligado. O movimento aumentou significativamente, mas mantivemos meu sistema: nada de fiado e expulsamos os ‘chave de cadeia’.

Cat Blake começou a trabalhar na bar de graça, pra pagar sua dívida. Ninguém sabe de onde veio. Ela conta que foi abandonada pela família, cresceu num orfanato e foi salva das ruas por Bigode.

Tim diz estar tudo controlado, mas já vi eles se pegando. Transam no depósito. Meu medo é de uma recaída. Porque ele provavelmente sente o gosto do pó que ela cheira todo dia.

Os dias passam e as coisas estão quase 100%.

Tião mantém Bigode na rua e longe da cachaça. Tim trabalha bem e continua limpo.

Mas nosso problema chama-se Cat Blake. Não sei se isso é nome, só sei que esse é o único nome que sei. Ela se mostrou, com o tempo, uma jogadora poderosa.

Isso se confirmou após minha conversa com Tião:

– Aí Zaca, preciso levar um papo reto com alguém de confiança. Só conheço você de mais velho, então…

– Diz aí, o que tá pegando.

– Cara, olha só… esse papo tá me deixando agitado… preciso falar com alguém e você é o cara.

– Eita, faz tempo que você não começa um papo desse jeito. O que tá pegando?

– Porra, véio… se liga na fita… depois da briga da Cat, lá na rua com o Bigode e mais aquele playboy, levei ela embora.

– Sério? Nem sabia…

– Verdade. Levei primeiro o Tim, que tava todo sujo de sangue e depois ela.

– Sei. E aí…

– Então… a parada foi a seguinte:

Já era tarde e tínhamos fechado o bar. O sol dava as caras. Eu e Tião fazíamos alguns cálculos, todo mundo já tinha saído.

Tião continuou:

– Então, Zaca, eu tava levando ela pra casa, tá ligado… ela ficava me olhando, dava pra perceber. Sabe quando você sente…

– Tá e daí?

– E daí? E daí? Cara, do nada aquela gostosa chegou perto do meu ouvido e sussurrou algo… eu nem entendi o que ela falou… só senti um cheiro de álcool… aí ela desceu… e o resto é história…

Naquele dia a conversa foi longe. Vários detalhes. Mas o que importa é que Tião, pela primeira vez, demonstrou sentimento. Eles ficavam juntos sem ninguém saber.

Com o tempo a coisa foi ficando cada vez mais estranha.

Esses dias mesmo escutei a Cat Blake falar: “o Bigode vai lá? Então manda o Tim junto pra garantir!”.

“Cat Blake dando ordens? Que porra é essa” – pensei comigo.

Tim e Bigode saíram de táxi.

Pouco depois um menino da contenção veio perguntar do Tião. Eu disse que não tinha chegado, mas o moleque afirmou que viu ele entrando pelos fundos.

Olhei ao redor e não vi Cat Blake. Aí tudo fez sentido.

Fui, na espreita, ao depósito. Assisti a foda dos dois. Uma bela cena de sexo. Um momento tão grave e excitante…

Aquilo poderia acabar com nosso esquema.

Voltei pro balcão. Fiquei na minha. Depois ela voltou. Tião não.

Já no bar ela me lançou um olhar como se soubesse da minha ‘espionagem’.

Que mulher!

O problema é que esse lance deles ficou frequente e estava me incomodando.

Esses dias aproveitei que estava sozinho no balcão com ela e joguei um papo reto:

– Aí, menina, se liga: dá uma maneirada no seus ‘lance’ com o Tião aqui no bar. Ok?

– Hã? Que pira, Zaca? – e chegou mais perto de mim.

– Você sabe…

Antes de terminar a frase ela já estava bem perto. Fingiu conferir alguns lançamentos no computador, aí desceu uma das mãos e pegou no meu pau. Saiu de perto e foi em direção ao depósito.

Não resisti e a segui.

É como dizem, ‘pensei com a outra cabeça’.

Cheguei lá e pensei: “agora vou entrar no jogo”.

Minha certeza é uma só: sei fazer melhor que aqueles dois irmãos.

Então caí de boca na boceta dela.

 

Por Jornaldo.

Leia Capítulo V.



Atingidos por barragem protestam contra Sinop Energia no Mato Grosso

3 de Agosto de 2018, 16:59, por Terra Sem Males

Atingidos pela construção da barragem buscam diálogo com empresa que não recebe movimentos há meses

Nesta sexta-feira, 3 de agosto, cerca de 100 pessoas, entre assentados, movimentos sociais e estudantes realizam uma marcha da Praça Plínio Callegari até o escritório da Sinop Energia, Avenida Júlio Campos, para apresentar uma pauta de dez reivindicações de condicionantes não cumpridas/inconclusas ou reparação de danos causados pela empresa por conta da construção da usina hidrelétrica de Sinop.

A comunidade da Gleba Mercedes V, principal afetada pela construção, tem urgência para suas questões visto que a previsão de enchimento do lago da usina é para o mês de setembro. Dentre a lista que será apresentada à empresa estão pontos como: Refazer a tubulação, poços artesianos e caixa d’água na agrovila, destruídas pela reorganização da malha viária na área e que afeta 87 famílias; Documentação da reserva legal que foi compensada pela Sinop Energia ao INCRA; E principalmente os reajustes de forma integral das indenizações a partir das perícias do INCRA e do MPF. Além destes, outros pontos devem ser discutidos entre os representantes dos assentados e a empresa.

Para Silvio Roberto, do Movimento de Atingidos por Barragens, o momento é delicado. “Nós estamos buscando esse diálogo por conta da previsão do enchimento do lago da usina. Há muitas condicionantes não cumpridas e, principalmente, a divergência do preço da terra pago pela Sinop Energia e o atestado por perícias do INCRA e do MPF. Os laudos apresentados mostram que o valor pago é 300% menor do que vale cada lote, precisamos rever isso”, constata Silvio.

A UHE Sinop iniciou seu processo de construção há cinco anos e ao longo desse tempo vem causando transtornos para a população da região próxima a usina, dos assentamentos à área urbana de Sinop. Estudos de pesquisadores da UFMT apontam que há probabilidade de que o enchimento do lago possa afetar o lençol freático da região, o que pode levar à maior ocorrência de alagamentos na cidade e entupimento de fossas caseiras. Além disso, o lago deve afetar a construção civil, com o alagamento da região onde é retirado o barro para a produção de tijolos da indústria oleira da região.

Fonte: Movimento dos Atingidos por Barragens/MT