Memórias do 11 de Setembro
10 de Setembro de 2012, 21:00 - sem comentários aindaEsta postagem é para não nos esquecermos da história de Nossa América.
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"Os países sem memória são anêmicos e conformistas"
Em entrevista à Carta Maior, o documentarista chileno Patrício Guzmán fala sobre o golpe contra Allende e a ditadura de Pinochet. E faz uma apaixonada defesa da memória: "Os países que praticam a memória são mais vívidos, mais criativos, fazem melhores negócios, melhor turismo, são mais distintos. Os países sem memória são anêmicos, não se movem, são conformistas, e caem numa espécie de cultura de sofá, gente que está sentada no sofá assistindo a televisão… E não se movem. Acredito que a memória é um conceito tão importante quanto a circulação do sangue".
Redação
São Paulo - Em entrevista à Carta Maior, o documentarista chileno Patrício Guzmán fala sobre as relações entre a direita e a esquerda no periodo do golpe contra o presidente Salvador Allende em 1973 e as medidas tomadas pelo ditador Augusto Pinochet para tentar apagar da história a memória do presidente deposto.
Durante a exibição de seu filme “Nostalgia da Luz” que fechou o evento “Memória e Transformação”, promovido pelo Instituto Vladimir Herzog e Cinemateca Brasileira, Guzmán falou sobre a importância e necessidade da memória, como instrumento politico de identidade do país e de seus indivíduos. Sua obra, segundo ele, é permeada pela tensão entre memória e esquecimento.
Conhecido por seus filmes sobre o Chile, os anos Allende e o golpe militar de Pinochet, o documentarista, também falou sobre o movimento estudantil chileno, que em suas palavras, “quer não só melhor educação, mas uma sociedade mais humana”. Guzmán ainda falou sobre a mídia e o papel vital do documentário na história de uma nação, “um país sem documentário é como uma família sem álbum de fotografias”.
Veja acima vídeo com a entrevista e, abaixo, a transcrição da fala de Guzmán.
"Eu cheguei muito tarde na política, quero dizer, que quando fui para Espanha para estudar Cinema não tinha uma posição clara. Eu queria mudança, não a mudança radical. Era, se preferir, uma pessoa neutra. Eu me conscientizei estando em Madri, porque a ditadura franquista estava vivendo seus últimos momentos e a Escola del Cine estava no meio da faculdade de Ciências Políticas, de História e Filosofia para chegar até a faculdade tinha que atravessar o campus e via os policiais em confronto com os estudantes, digamos que estávamos em meio um campo de guerra urbana, portanto, foi dentro da faculdade que comecei a entender o que estava passando na América Latina.
Nesse espaço de cultura efervescente que comecei a ter uma consciência mais forte. E quando Allende saiu, eu disse a mim mesmo “tenho que voltar imediatamente, não posso ficar aqui”. Cheguei tarde, cheguei tarde. 4 meses depois que Allende já tinha tomado o poder. Então, os postos já estavam todos ocupados e como não era militante tinha menos possibilidade. Então fui até a escola de Cinema onde tinha estudado no Chile, e disse ao diretor : “O que está passando é tão bonito, tão extraordinário, há uma efervescência tão grande, uma participação massiva enorme que temos que filmar. Imediatamente”
Tratava-se que Allende tinha que renovar o parlamento e a direita queria destituí-lo. A direita pensava que ao obter 60% dos votos e com isso podiam destituir o presidente… Então saímos às ruas e filmamos imediatamente, porque não podíamos não filmá-lo. Bom, Allende conseguiu 43, 44%, ou seja, conseguiu a mais alta votação depois de dois anos de desgastes de um governo chileno. E não puderam destituí-lo, a partir daí a direita entende que precisa dar um golpe de estado, que já não se pode tirar pela via legal um governo popular. E aí eu parei, deixei de filmar e nos reunímos.
Fizemos uma semana de reunião para estabelecer um método de trabalho. Pusemos, fizemos um esquema em cartolinas com os principais problemas, divididos em políticos, ideológicos e econômicos, que é uma análise marxista elementar, então colocamos muitas chaves com tudo o que derivava dali. Se era economia, era a nacionalização das riquezas básicas, a fábrica, a produção, a batalha da produção. Se era ideologia: as rádios, as televisões, os novos partidos da direita etc. E no outro lado, outro esquema íamos colocando o que filmávamos e comparando uma coisa com a outra. O resultado foi um filme com muitos contra-pontos, digo, a uma ação da esquerda uma resposta da direita. A um contra ataque da direito outra resposta da esquerda, o qual era um documentário ideal. Digamos… que haja um diálogo de contrários, se não há diálogo de contrários não existe linha de desenvolvimento. O filme fica monótono.
Era tal a aceleração da história que Allende produziu, e tal a quantidade de acontecimentos que passava que você acreditava que estava vivendo em um caos total.
Digamos que tínhamos que filmar dois rolos (de filme) diários, essa era minha divisão, se de repente sobrava, então teríamos 3 para o próximo dia. E se no terceiro dia havia outro dia ruim, teríamos 4 para uma boa sequência. E assim fomos equilibrando a tal ponto que quando veio o Golpe de Estado só nos sobraram dois rolos, ou seja, quando se acabou o filme, acabou-se o projeto político. Isso foi muito curioso.
O Chile dos anos 70, o Chile Allende é um dos países mais cultos politicamente que existiu na América Latina, com um desenvolvimento, um amadurecimento da esquerda insólito, com um partido comunista de quase cem anos, partido socialista igualmente velho, uma social-democracia avançada,uma esquerda radical interessante e uma leitura política entre os trabalhadores e estudantes alta.
Depois da repressão de Pinochet não ficou nada.
E os dezoito anos de completa amnésia, Pinochet quis fazer tábula-rasa, apagou a história, apagou Allende da história e transformou comunismo, demonizou o comunismo a graus grotescos. Insultou Allende de todas as maneira que quis, disse tudo o que lhe passou na cabeça contra Allende. Quase tudo falso. E deixou o país, portanto, como que em uma espécie de deserto de memória, de recordações políticas até hoje. De tal maneira que a única coisa que temos é um movimento estudantil magnífico, é a quarta geração que já não tem medo, são inteligentes, querem ir adiante, são contestadores e querem não só melhor educação, mas também querem melhor saúde, melhor moradia, melhores condições de trabalho, melhor vida, uma sociedade mais humana. Não lutam só pelos seus.
Mas só dependemos deles, digamos que não há nenhum outro grupo da sociedade que esteja em plano de luta frontal contra a amnésia, contra os torturadores que andam soltos, contra uma justiça lenta, contra uma Constituição que todavia tenha inimigos internos que é um conceito que causa divisão e ódio, contra uma constituição que fala que os mapuches (etnia indígena) são terroristas. Então, há muito coisa a fazer.
A televisão nasceu como o meio mais importante e pedagógico do século XX e foi convertido em um terrorismo áudio-visual espantoso, nossa televisão latino-americana é imoral e insuportável.
Acredito que a memória não é um conceito intelectual, não é um conceito universitário, não é um conceito acadêmico. A memória é completamente dinâmica, digamos, está dentro do nosso corpo. Os países que praticam a memória são mais vívidos, mais criativos, fazem melhores negócios, melhor turismo, são mais distintos, são melhores. Os países sem memória são anêmicos, não se movem, são conformistas, e caem numa espécie de cultura de sofá, gente que está sentada no sofá assistindo a televisão… E não se movem. Acredito que a memória é um conceito tão importante quanto a circulação do sangue.
Existe uma historiografia científica na América Latina que se pode chamar de moderna? Não. Foi a classe alta que escreveu a história a seu próprio gosto, como no Chile. Eu não acredito em nenhum herói chileno. Não acredito em nenhum deles. Tenho certeza que nos mentiram sistematicamente. Como nos mentiram sobre Allende, sobre Balmaceda, sobre tantos outros heróis que tivemos no Chile.
Tem que se começar apoiando uma nova geração de historiadores que revisem o que passou de um ponto de vista moderno… para estabelecer as bases onde nos apoiaremos e ter um plano de fundo de verdadeiros heróis para seguir adiante. Assim como a ecologia não se conhecia há 30 anos, os direitos das mulheres não eram conhecidos, ou não eram respeitados, há 70 anos… Assim como os direitos dos indígenas ou a liberdade sexual não eram reconhecidos.. Hoje em dia a memória chegou ao mundo contemporâneo para ficar. Não é passageira, já está instalada. E vai ficar até que nós mesmos a desenvolvamos. É fundamental.
O documentário é um direito do cidadão. Assim como há um dever público em prover saneamento básico, tem que haver documentários, por lei, por obrigação. É o registro de um país, é o álbum de fotos de um país.
Tradução: Caio Sarack - @ http://cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20581
Ditadura: Representação brasileira no Chile temia ser alvo de exilados
Data:29/07/2012
Documento sigiloso do extinto Estado Maior das Forças Armadas (EMFA) revela que militares e diplomatas que viviam no Chile pré-Allende temiam ações dos militantes de esquerda, em especial dos exilados brasileiros. O documento mostra também que o respeito do povo chileno à democracia incomodava a ditadura brasileira, que já antevia a necessidade de um golpe de estado, caso o candidato marxista fosse vitorioso nas eleições de 1970.
Justiça chilena começa a esclarecer morte do general Alberto Bachelet
Data:23/07/2012
O ministro Mario Carroza decidiu processar dois coronéis aposentados da Força Aérea do Chile (FACH), apontados como responsáveis pelas torturas que tiraram a vida do general Alberto Bachelet – pai de Michelle, a ex-presidente do Chile -, em 1974. Trata-se dos oficiais aposentados Ramón Cáceres Jorquera e Edgar Ceballos Jones, que eram responsáveis na época pela Academia de Guerra Aérea, onde Bachelet foi torturado. O artigo é de Christian Palma.
O general francês que veio ensinar a torturar no Brasil
Data:22/07/2012
O general francês Paul Aussaresses, promotor do uso da tortura na guerra colonial da Argélia, foi adido militar no Brasil entre 1973-1975 e instrutor no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), em Manaus, criado por oficiais brasileiros formados na não menos famosa Escola das Américas. Amigo do ditador João Figueiredo e do delegado Sérgio Fleury, Aussaresses já admitiu em livros e entrevistas a morte de um mulher sob tortura em Manaus, que teria vindo ao Brasil para espionar Figueiredo, e que a ditadura brasileira participou ativamente do golpe contra Allende. O artigo é de Eduardo Febbro.
Nossa América: duas anotações
Data:19/07/2012
No Chile, como no Brasil, houve uma Lei de Anistia surgida no lusco-fusco da ditadura. No Chile, ao contrário do Brasil, a Justiça determinou que crimes cometidos sob o manto do terrorismo de Estado não podem ser anistiados. No Chile, a verdade está sendo estabelecida, a memória está sendo resgatada e a Justiça está sendo aplicada. Enquanto isso, na Colômbia, Uribe continua dedicando cada segundo de cada hora de cada um de seus dias a conspirar contra a própria – e pobre – biografia. O artigo é de Eric Nepomuceno.
"Os países sem memória são anêmicos e conformistas"
Data:17/07/2012
Em entrevista à Carta Maior, o documentarista chileno Patrício Guzmán fala sobre o golpe contra Allende e a ditadura de Pinochet. E faz uma apaixonada defesa da memória: "Os países que praticam a memória são mais vívidos, mais criativos, fazem melhores negócios, melhor turismo, são mais distintos. Os países sem memória são anêmicos, não se movem, são conformistas, e caem numa espécie de cultura de sofá, gente que está sentada no sofá assistindo a televisão… E não se movem. Acredito que a memória é um conceito tão importante quanto a circulação do sangue".
Ditadura brasileira soube do golpe contra Allende um mês antes
Data:16/07/2012
Documentos secretos do Itamaraty comprovam que a ditadura brasileira sabia do golpe de estado no Chile mais de um mês antes do presidente Salvador Allende (foto) ser deposto, reforçam a tese de que golpistas brasileiros foram, ao lado dos Estados Unidos, os principais articuladores do golpe que derrubou o primeiro presidente socialista eleito pelo voto popular no mundo, e ainda demonstram o intenso monitoramento das atividades dos exilados brasileiros que viviam naquele país. A reportagem é de Najla Passos.
Resistência do Brasil em punir torturadores prejudica toda a AL
Data:06/07/2012
Os cerca de 350 parlamentares, operadores do direito e militantes dos direitos humanos que participaram em Brasília, do Seminário Internacional sobre a Operação Condor se comprometeram em criar Fórum Permanente para lutar contra a impunidade dos crimes praticados pelas ditaduras da América Latina. As críticas mais contundentes foram contra o judiciário brasileiro, que revalidou a Lei da Anistia, imposta pela ditadura militar em 1979.
Prisão de brasileiro na Argentina mostra cooperação entre aparatos repressivos desde 1971
Data:03/07/2012
Novas revelações sobre o desaparecimento do jornalista brasileiro Edmur Péricles Camargo – que, conforme documentos sigilosos agora abertos à consulta pública, teria sido preso pela polícia argentina em 1971 – comprovam que os aparatos repressivos da América Latina já mantinham estreitas relações de cooperação muito antes da oficialização da Operação Condor, a aliança político-militar firmada em 1975 entre os governos do Brasil, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Pai de Michelle Bachelet morreu por causa das torturas de seus colegas de armas
Data:21/06/2012
Investigação do Serviço Médico Legal chileno confirmou o que a família já sabia: o general Alberto Michelet morreu por causa das torturas que sofreu enquanto permaneceu preso durante o golpe militar. Na época, ele escreveu para a família: “Me quebraram por dentro, me encontrei com camaradas aos quais conheci por 20 anos, alunos meus, que me trataram como um delinquente ou como a um cachorro”. O artigo é de Christian Palma.
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Economa Solidária em pauta no Distrito Federal
19 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaFórum do DF e Entorno divulga suas Plenárias de Economia Solidária
fonte: Secretaria Executiva do FBESO Fórum do Distrito Federal e Entorno realiza até setembro suas Plenárias rumo a V Plenária Nacional de Economia Solidária.
A primeira inicia-se amanhã, em 18 de agosto a Plenária da Região Central de Brasília, a ser realizada no Centro Comunitário da Cidade Estrutural.
As próximas plenárias são: Plenária Norte de Brasília, dia 25/08; Plenária da Região Sul de Brasília, 01/09; Plenária Distrital, 15 e 16/09.
Para ter acesso ao cartaz do evento. http://e.eita.org.br/1l
Contatos: Deuzani (61) 8566 6951 ; Lourdes (61) 9201 2539
Maiores informações acesse o site:http://cirandas.net/v-plenaria-nacional-de-economia-solidaria
Seminário Escola Livre - Educação, Saúde e Cultura (DF)
7 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaNos dias 8, 9 e 10 de agosto, sempre às 19h, será realizado o Seminário Escola Livre, na Universidade Católica de Brasília. Promovido pelo Ponto de Cultura Invenção Brasileira, o evento irá discutir e refletir o Movimento Escola Livre. O evento será dividido em três mesas redondas: Cultura, Educação e Saúde e contará com a presença de pensadores e realizadores de projetos sociais na área da educação popular, saúde e arte.
PROGRAMAÇÃO
8 de agosto | Escola Livre - Escola da Vida
Humberto Pedrancine (diretor e ator de teatro)
Almir Paraca (deputado estadual - PT/MG)
Carolina Barreiro (atriz e produtora)
Mediador: Jonas Freire (UCB)
9 de agosto | Cultura é Saúde
Luciana Sepúlveda (Fiocruz)
Mariama Santana (doula)
Keyane Dias e Mariana Almeida (Projeto Eu Livre)
Mediadora: Regina Padrão
10 de agosto | Educação e Cultura Popular - Paulo Freire Hoje
Janaína André (Mapa Gentil)
Fabíola Resende (Pedagogia Griô)
Adriano José Hertzog Vieira (Educador - UCB)
Mediador: Abder Paz (Ponto de Cultura Invenção Brasileira)
Todos os encontros serão transmitidos ao vivo, pela internet.
Assista ao vivo - http://tv.catolicavirtual.br
Os links serão disponibilizados no dia do evento, no blog http://arteeculturaucb.blogspot.com.br
Imagem Viva: Pontos de cultura no festival de cinema de taguatinga
6 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários ainda#ImagemViva é a mostra audiovisual dos Pontos de Cultura, conveniados ou não, na #TeiaLIvreDF@10FestivalTaguatingaCinema que acontece de 30 de agosto a 2 de setembro em Taguatinga - DF.
O objetivo da #TeiaLivre-DF é mobilizar todos aqueles que se identificam com o programa Cultura Viva para mostrar e contar como é produzir audiovisual e também fortalecer este Cipoal de Cultura Popular.
Como dizem meus amigos, digo eu: Segue a rima...
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Festival Taguatinga de Cinema seleciona produções de Pontos de Cultura para Teia Livre
Até o dia 10 de agosto (terça-feira), o Festival Taguatinga de Cinema recebe vídeos produzidos por Pontos de Cultura de todo o Brasil para compor a mostra Imagem Viva – produções audiovisuais dos Pontos de Cultura. As produções serão exibidas durante a Teia Livre dos Pontos de Cultura do DF realizada no âmbito do Festival que ocorre dos dias 28 de agosto a 3 de setembro no Centro Cultural Teatro da Praça, em Taguatinga.
Os filmes elaborados pelos Pontos de Cultura serão exibidos em cinco sessões de 80 minutos cada, totalizando 400 minutos. As sessões acontecem do dia 29 de agosto a 1º de setembro. Os Pontos interessados em participar devem preencher o formulário virtual e enviar quantos filmes desejarem num envelope lacrado. Caso o tempo de duração dos filmes exceda o limite de 400 minutos estabelecido pelo Festival, será realizada uma seleção que contemplará um filme enviado por cada Ponto de acordo com a ordem de prioridade estabelecida pelos mesmos no formulário.
Além das sessões, o público poderá conhecer mais sobre a história dos filmes, desafios para a produção e relatos dos Pontos de Cultura durante rodas de prosa após cada exibição. Um dos bate-papos já confirmado na programação tem como tema “Cinema, Pontos de Cultura e transformações do Século XXI”, com a participação do pesquisador Thiago Franklin.
Os envelopes com os vídeos em DvD devem ser enviados para o seguinte endereço:
Festival Taguatinga de Cinema – Nome do Ponto de Cultura/ Filme
Associação Artéria – Cultura e Cidadania / Rede Candanga
Endereço: ST SHC/Norte, Comércio Local, 72 QD CLN 303, Bloco C, Sala 104 Asa Norte – Brasília/DF
CEP: 70735-530
Em caso de dúvidas ligue para o telefone ou envie email para redecandanga@gmail.com
Preencha o formulário abaixo e em seguida clique em “Enviar” ou, caso ocorram problemas para preenchê-lo abaixo, faça sua inscrição clicando aqui.
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Rede Candanga
Twitter: @redecandanga
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Essa mensagem foi postada no grupo: http://groups.google.com/group/gtculturadigital?hl=pt?hl=pt-BR
Esse grupo está ligado ao Movimento Cultura Digital:
http://culturadigital.br/movimento
Grupo de especialistas debaterá: Tecnologias livres e as plataformas de colaboração como estratégia nacional
20 de Julho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaGrupo de especialistas em distintas áreas debaterão com o público do Fórum Internacional de Software LIvre-FISL13, que acontece de 25 a 28 de julho de 2012, na PUC-RS, sobre como o Estado brasileiro pode se apropriar e estimular o desenvolvimento de plataformas nacionais de tecnologia e o que é necessário para se desenvolver uma Soberania Cultural e Tecnológica.
O debate terá como objetivo discutir a software livre e a necessidade de desenvolvimento tecnológico como base do desenvolvimento do país.Levantar, debater e evidenciar pontos para que o governo federal, empresas e movimentos e organizações sociais possam entender e amadurecer o debate e o uso estratégico de tecnologias livres, abertas e nacionais, é o propósito dos debatedores e organizadores do evento.
Convite - divulge nas redes com os perfis: @blogoosfer / @fisl_oficial
Os debatedores:
Jon Maddog Hall
(EUA) - Presidente fundador da Linux Internacional, tem mais de 40 anos na indústria de software. Ocupa a maior parte do seu tempo em eventos de software livre pelo mundo e, segundo ele, o fisl é o maior evento comunitário de software livre do planeta. Presença sempre confirmada, não por isso deixa de ser menos interessante para a comunidade, que além de lotar suas palestras todos os anos, continua colecionando fotos a seu lado.
Antonio Terceiro
Desenvolvedor de software livre. Colabora com vários projetos, mas especialmente com os projetos Debian, Noosfero e Foswiki. Doutor em Ciência da Computação pela Universidade Federal da Bahia. Sócio fundador e Presidente da Colivre - Cooperativa de Tecnologias Livres da Bahia.
Marcio Pochmann
Economista, Marcio Pochmann é professor licenciado do Instituto de Economia e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No período de 2001 a 2004, em São Paulo, Pochmann dirigiu a Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade durante o governo da prefeita Marta Suplicy. A partir de 2007, passou a exercer a presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Brasília, cujo comando deixou este ano para retornar a Campinas.
Paulo Meirelles
É doutorando em Ciência da Computação no IME-USP, na área de Sistemas e Software Livre. Realizou seu "doutorado sanduíche" na Southern Illinois University Carbondale, EUA. Em seu doutorado, Paulo colabora no desenvolvimento de 3 projetos de software livre: Analizo, Kalibro e Mezuro. Também, é membro do PSL-RN, sócio da ASL.org e colaborador do CCSL-USP. Mais recentemente, vem ajudando na reformulação do portal SoftwareLivre.org, que usa a plataforma para rede sociais Noosfero.
Ricardo Poppi
Formado em Ciência Política, estuda Governo 2.0, atualmente atuando na Secretaria-Geral da Presidência da República com Participação Social mediada pelo Digital.
Sergio Bertoni
Mestre em Filosofia pela Universidade Estatal de Moscou M.V. Lomonossov e também coordenador de TIE-Brasil, que promeve intercâmbios de informação e experiências, além de estabelecer e manter redes de comunicação e troca de informações entre trabalhadores em empresas transnacionais. Dizem que TIE é o primeiro blog analógico do mundo. Usuário de Linux desde 2002 e entusiasta do Software Livre, também é blogueiro sujo e progressista, ativista Digital e atual Presidente da Fundação Blogoosfero.
Valessio Brito
Jacobinense, hacker, artista digital, pirata e disseminado do software livre. Trabalhou no Programa de Inclusão Digital do Estado da Bahia, foi coperante fundador da COLIVRE, cooperativa de tecnologias livre. Participa de projetos e comunidades virtuais onde contempla o compartilhamento livre do conhecimento. Membro do Projeto Software Livre Bahia, co-fundador da comunidade InkscapeBrasil.org, DebianArt.org e colaborador ativo da rede SoftwareLivre.org desde 2010. Atualmente, trabalha como consultor do Ministério da Justiça.
Serviço:
Evento: Fisl 13
Debate: Tecnologias livres e as plataformas de colaboração como estratégia nacional
Local: Centro de Eventos da PUC-RS
Endereço: Av. Ipiranga, 6681 – Partenon, Porto Alegre
Sala: 40 A Painéis
Horário: 10:00-12:00 h
Inscricões: http://fisl.org.br/13/greve/
Enxurradas de março - Crônica Mendes
18 de Julho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaConheci Crônica Mendes em maio de 2010 em debate promovido pelo Insituto Pombas Urbanas. Estavamos lá o @Alessandrobuso e @Cronicamendes.
Grato encontro. Grande aprendizado.
Segue a rima com Crônica. Como já disse: quem sabe usa a arma.
Salve.
CARTA DE OLINDA EM DEFESA DO MARCO CIVIL DA INTERNET NO BRASIL
4 de Julho de 2012, 21:00 - 2 comentáriosMilitantes pela Democratização da Comunicação e pela Internet Livre, reunidos em Olinda para o II Fórum da Internet, após debate com o Dep. Molon, relator do Marco Civil da Internet, elaboram esta carta para sen entregue ao mesmo, ainda no dia 5 de julho de 2012, pedindo celeridade para a votação do Marco Civil e garantior assim a internet livre para o exercício da democracia e do desenvolvimento brasileiros.
Ver relatório em anexo - Relatorio_Marco_Civil_Internet_-_Deputado_Alessandr(...).pdf
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CARTA DE OLINDA EM DEFESA DO MARCO CIVIL DA INTERNET NO BRASIL
Nós, cidadãs e cidadãos, nós representantes de entidades da sociedade civil e ativistas da rede, presentes no II Fórum da Internet, em Olinda, consideramos imperativa a imediata aprovação do Marco Civil da Internet no Brasil em função da sua importância crucial para a garantia da liberdade e dos direitos de cidadania, individuais e coletivos na rede.
A liberdade na Internet encontra-se sob ataque. Em vários países, grandes corporações e segmentos retrógrados da máquina estatal querem restringir as possibilidades democráticas que a Internet nos trouxe, bloquear o compartilhamento de bens culturais e impedir a livre criação de conteúdos, plataformas e tecnologias.
Neste sentido, defendemos que o Marco Civil assegure o princípio de neutralidade da rede. Não aceitamos que os controladores da infraestrutura física da Internet imponham qualquer tipo de filtragem ou interferência política, econômica, comercial, cultural, religiosa, comportamental, por origem ou destino dos pacotes de dados que transitam na Internet.
Estamos preocupados com as pressões dos grupos econômicos internacionais para que se efetive a remoção de conteúdos da rede sem ordem judicial efetiva. É inaceitável que os provedores sejam transformados em poder judiciário privado por eventuais acordos privados que tratem de medidas de remoção de conteúdo e sejam instados a realizar julgamentos sem o devido processo legal, sem a garantia do direito constitucional de ampla defesa. Repudiamos a instalação de um estado policialesco e da censura instantânea.
Reivindicamos que o governo envie para o parlamento a lei de reforma dos direitos autorais. Temos certeza que é necessário a atualização desta legislação para adequá-la à realidade das redes digitais e as práticas sociais cotidianas. Defendemos a modernização e os avanços tecnológicos contra o obscurantismo que tenta impor velhos modelos de negócios em detrimento às inovadoras práticas de desenvolvimento, produção, circulação e distribuição de informação.
Olinda, 4 de julho de 2012.
Assinam:
Federico Vázquez - Tuxáua Cultura Viva 2010 - DF
Se concorda coloque nos comentários estes dados:
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Agradeçemos se puderem enviar o seu apoio ou de sua entidade e divulgarem a iniciativa para quem possa interesssar. A Cristiana Gonzalez do GPoPAI ( crizalez ARROBA gmail PONTO com) está lá e receberá as adesões até amanhã de manhã. O deputado Molon, relator do Marco Civil, vai estar lá à tarde (esperamos!) e carta vai ser entregue a ele.
Governo eletrônico e soberania cultural
4 de Julho de 2012, 21:00 - Um comentárioEm 2012, ano em que o Brasil organiza a Rio+20, também comemora-se a primeira experiência exitosa de abertura da rede de computadores (internet) para a sociedade e participantes da Conferência promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil.
Coube ao Ibase, parceiro da APC.org (vinculada à ONU), implementar a rede de disseminação dos trabalhos dos participantes da Rio 92 (conhecida oficialmente por UNCED 92). Essa rede converteu-se na AlterNex, que permitiu, além da Rede Rio e RNP, o acesso e troca de informações a cidadãos e meios de comunicação e informação nacionais e internacionais.
Desde então, os computadores, que até aquele período limitavam-se a substituir tarefas de máquinas mecânicas na produção simbólica, passaram a funcionar como meios de comunicação digital.
Para isso funcionar de forma ampla e ágil, foram estabelecidos diversos acordos internacionais sobre protocolos e formatos de comunicação, de forma a permitir maior acessibilidade, sendo o HTML a primeira linguagem de codificação para a web a permitir a construção de interfaces gráficas acessíveis em qualquer equipamento. Indiferentemente do sistema operacional usado.
Diante dessa realidade, no ano 2000, o governo federal institui o primeiro Grupo de Trabalho Interministerial dedicado a estudar, analisar e apontar os desafios para a governança pública digital, que orientou a criação do Comitê Executivo de Governo Eletrônico no ano de 2003. Um dos primeiros resultados do grupo foi a publicação do Livro Verde – cujo conteúdo discute a formação da sociedade da informação, conteúdos, identidade cultural e governo eletrônico –, que orienta até hoje as políticas implementadas para governo eletrônico (e-Gov).
Após esse processo, outros trabalhos de pesquisa e normatização foram realizados, colocando vários órgãos e serviços públicos em rede. Em 2003, por decreto, são instituídos os Comitês Técnicos do Comitê Executivo do Governo Eletrônico (Cege), três dos quais o Ipea é integrante: Comitê de Inclusão Digital, Comitê de Implementação do Software Livre e Comitê de Gestão do Conhecimento e Informação Estratégica.
Desde 2004, a coordenação e articulação para implementação das ações para as políticas de governo eletrônico ficou a cargo do SLTI/Departamento de Governo Eletrônico do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Esse processo reflete-se hoje em inúmeros documentos e normas que orientam os órgãos vinculados ao Poder Executivo, principalmente os diretamente ligados à Presidência da República, a aderirem a normas, procedimentos e padrões que fomentem a interoperabilidade, economicidade, autonomia e acessibilidade, além de decretos que colocam os serviços públicos a serviço do cidadão, fortalecendo o legado digital e os dados abertos. O principal deles é o protocolo e-Ping.
Nos últimos cinco anos, o governo federal vem, por meio de inúmeras ações e programas, ampliando a presença dos serviços públicos junto à população, por meio de programas de universalização do acesso a infovias, por inclusão digital e plataformas digitais para serviços públicos. Além de serviços de comunicação e de transparência com e para a sociedade, tanto no desenvolvimento de plataformas de acesso a dados governamentais, como a prestação de contas e maior presença nos redes sociais e digitais.
Em 2005, foi implementado pelo Ministério da Cultura o Programa Cultura Viva, cuja principal ação era o incentivo à produção cultural realizada localmente por pequenos grupos, por meio dos Pontos de Cultura. O pilar conceitual do Programa, criado por Célio Turino – historiador e secretário de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura à época, era autonomia, protagonismo e articulação em rede. Esse programa trouxe para a agenda do Estado a cultura digital, o software livre, a produção cultural descentralizada e o que é mais importante, explicitou a debate sobre quem determina a soberania sobre a produção cultural de um povo.
Essas políticas, ainda que nos apontem otimismo, não são suficientes para colocar o Brasil em uma posição que esteja adequada aos anseios de ser a 5ª potência econômica. Falta ousadia.
A mais recente pesquisa sobre e-Gov, organizada pela UNPAP (UN Public Administration Programme), sobre programas e práticas de governo eletrônico, colocou o Brasil na 61ª posição entre os países com melhores práticas, de um universo de 100, sendo que em 2005 éramos o 32° e em 2008 tínhamos a 45° posição. O que é apontado como positivo são as práticas de transparência e de dados abertos. E podemos somar a isso a iniciativa das 100 novas cidades digitais a serem implementadas como piloto ainda em 2012, no contexto do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
No âmbito das políticas públicas para a cultura, o programa Cultura Viva vem sofrendo problemas, como apontado no último livro do Ipea sobre o assunto – Cultura Viva, práticas de pontos e pontões –, pois faltam ao Estado brasileiro instrumentos legais e aparato estatal de incentivo à produção cultural descentralizada e autônoma. Destaca-se que programas de incentivo à cultura digital do próprio Ministério da Cultura sinalizaram caminhos a serem percorridos para isso. Atualmente, o Programa Cultura Viva segue buscando caminhos de dinamizar sua gestão e a operacionalização. É também uma referência de política pública de incentivo à soberania cultural em diferentes países da América Latina e da Europa.
Outro aspecto que compõe esse cenário é a reforma da Lei de Direitos Autorais, atualmente em tramitação no Congresso. Esta pouco avançou no sentido de aproximar a produção brasileira e o financiamento público de regulamentações e legislações mais ousadas, que dialoguem com a realidade de milhares de jovens produtores no Brasil e no mundo.
Web 2.0 e interoperabilidade
O conceito de Web2.0 (ueb dois ponto zero), amplamente usado em fóruns de discussão e documentos sobre a sociedade da informação e de gestão do conhecimento, está obrigatoriamente ligado à interoperabilidade, ao impacto da interação dos usuários (comunicação multidirecional, multipontos) e à permanente mudança tanto de conteúdos quanto de aplicativos.
Interoperabilidade é a capacidade tecnológica de acesso a dados, armazenados em arquivos, produzidos em sistema informacionais, independentemente da obrigatoriedade de compra ou uso de determinados sistemas tecnológicos. Resumindo: tanto faz usar um equipamento com Linux, OS X ou Windows, o conteúdo deve ser acessível para leitura e manipulação livremente.
É essa dinâmica que coloca, hoje, qualquer processo ou grupo social em movimento. Passar de mero controlador, detentor da informação, para indutor do conhecimento pela proliferação e transformação de seu conhecimento.
Ao insistir em interoperabilidade, estamos reforçando as garantias de que qualquer conteúdo seja facilmente acessado por qualquer sistema, pessoa ou instituição, sem obrigatoriedade de aquisição de produtos, serviços ou licenças, para usufruir e transformar determinada informação ou sistema.
Na portaria em que institui sua Política de Gestão do Conhecimento e Inovação, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reforça a importância de estimular a inovação, o compartilhamento do conhecimento, trabalho em rede e a efetiva contribuição de toda sua força de trabalho.
Todos os movimentos que o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão vem fazendo desde 2003 são no sentido de fortalecer democraticamente essa prática, ampliando a participação, garantindo acesso e estimulando a transparência e a economicidade.
Esse mesmo caminho deve ser percorrido por diferentes órgãos públicos: ampliar a participação, garantir acesso, estimular a inovação, a transparência e a economicidade. Para isso, é fundamental que algumas práticas culturais de uso das tecnologias sejam estimuladas e atualizem-se.
Fortalecer as experiências de Web 2.0 e a produção de informação, seguindo as recomendações de fortalecimento da interoperabilidade da produção do Estado, é fundamental para ampliar o diálogo e a participação da sociedade na elaboração de políticas públicas e nas tomadas de decisões. Assim como para garantir o desenvolvimento de tecnologias da informação que concretizem a soberania brasileira, em detrimento das determinações dos interesses mercadológicos.
A pirataria em tempos digitais
Uma das discussões mais delicadas e candentes no momento atual, não só na sociedade brasileira, mas a nível mundial, é a pirataria, seu caráter e a criminalização de cidadãos e produtores culturais.
A pirataria tem sua origem no período de Homero, na Grécia, sempre atrelado ao conceito da pilhagem para enriquecimento ilícito e usurpação da riqueza alheia.
Séculos depois, os portugueses, franceses, ingleses, holandeses e espanhóis criaram tributos para a prática de pirataria – com a finalidade de garantir sua presença em territórios de interesse, mas os quais não tinham condições de conquistar por conta própria –, e sancionaram a prática para alguns.
Essa prática fez com que as nações-império, que à época reconheceram, adotaram e normatizaram a pirataria, perdendo o controle sobre ela posteriormente, passassem a sofrer todo tipo de pilhagem das “suas” riquezas, saqueadas dos territórios ocupados e em trânsito em alto mar.
A prática da pirataria, ao contrário do que se imagina, não terminou, apenas aperfeiçoou-se, pela criação de mecanismos legais que permitem a expropriação de riquezas materiais e simbólicas da sociedade brasileira e outras, e convertida em propriedade das companhias internacionais. Os estados nacionais criaram leis para regular e garantir a prática das corporações em seus territórios, mas encontram-se hoje reféns dos interesses e das determinações destas mesmas corporações.
Essa prática da pirataria moderna dos bens culturais iniciou-se com o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos criaram a indústria cultural (de massas). A necessidade de restabelecer sua indústria e criar empregos para os cidadãos americanos fez com que os Estados Unidos criassem a maior máquina de publicidade e propaganda que se tem notícia, para que encontrasse novos mercados e formas de proliferar seus produtos e serviços, e nada melhor do que fazê-lo disseminando o seu american way of life por meio de suas inocentes produções cinematográficas, musicais, literárias e de moda.
Esse modelo propagou-se de tal forma que não há hoje local do mundo que não possua uma loja, produtos ou serviços com identidade norte-americana.
Foi também essa indústria que, ao sair capturando imagens e sons de outros povos mundo afora, ampliou a prática do saqueio de riquezas alheias, pois ao criar um documentário ou uma música, que jamais tenha sido patenteada, a indústria cultural o faz em forma de produto, ampliando para possíveis derivados. Ou seja, quem produzir algo que de alguma forma se referencie a esse produto, ainda que seja o seu criador original, deverá pagar uma taxa de uso.
Vivemos ainda, hoje, outro tipo de saqueio: qualquer pessoa, ao produzir um conteúdo novo e disseminá-lo por um portal “gratuito”, como Google, Facebook etc., está sendo vítima de pirataria. Não pelos usuários que baixam o conteúdo, acessam-no ou apenas o reproduzem, mas por esse conteúdo passar a ser de propriedade dos controladores do ambiente onde ele está.
Para regular as políticas culturais, o Estado implementa leis que legitimam o processo de apropriação de recursos públicos e privatização de manifestações culturais. Transformou-se a cultura em produto de mercado, criando precedentes perigosos, como fato de não se poder publicar nenhuma obra de Cecília Meireles até que a disputa sobre os direitos autorais entre familiares não se resolva. O mesmo ocorre com incontáveis obras que poderiam ser consideradas patrimônio cultural brasileiro.
Criou-se a Lei Rouanet, por meio da qual os recursos públicos não repassados para o Estado (por meio de isenção fiscal) têm sua destinação definida por interesses privados, mercadológicos. O mais cruel desse processo é que essa produção será patenteada segundo os interesses privados. Recursos públicos destinados à produção privada.
Durante o governo do presidente Lula, foi implementado o programa Cultura Viva, que provocou a inversão da lógica centralizadora e centralista de produção de cultura. Estimulou o diálogo no caminho de criar condições para a prática de gestão compartilhada dos investimentos públicos e das políticas para o setor. Do fortalecimento das redes e suas culturas locais. “Desescondeu-se” o Brasil.
O programa, criado em 2004, habilitou mais de 3.000 associações culturais a desenvolverem sua cultura local com o apoio do Estado, mas com autonomia. Foram também convidadas a discutir as políticas do Estado para a cultura (Teias), a participar da formação do movimento de cultura digital (Fóruns de Cultura Digital), a discutir banda larga, marco regulatório para as comunicações e a reforma da Lei dos Direitos Autorais.
Esse movimento causou incômodo na velha indústria cultural, que não aceita e não compreende as possibilidades na nova dinâmica de desenvolvimento e valorização da cultura por meio do compartilhamento a partir do digital e reconhecimento do trabalho e do livre fluxo cultural.
Nesse sentido, todo o aparato jurídico e tecnológico foi colocado a serviço das corporações interessadas em manter o saqueio cultural dos povos alheios. Tanto no Brasil quanto no exterior.
No Brasil, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) foi acusado de promover a participação massiva de pessoas ligadas a seus interesses no processo de consulta pública para a reforma da Lei de Direitos Autorais, que, diga-se de passagem, é apenas uma adequação às regras da OMC. Também foi introduzido (e mantido) o artigo do Notice and takedown, pelo qual qualquer pessoa que entenda que uma obra está sendo veiculada indevidamente, sem os devidos ritos jurídicos, notifica um provedor para que o referido conteúdo seja retirado do ar. Recentemente um blog sem fins lucrativos foi notificado a pagar uma taxa por exibir um vídeo vinculado ao portal Youtube.
Nos Estados Unidos tentou-se, em janeiro do corrente ano, a votação de dois projetos de lei: a PIPA (Protect IP Act – para a propriedade intelectual) e a SOPA (Stop Online Piracy Act). Esses dois projetos juntos, visando à manutenção do modelo de propriedade sobre a produção simbólica, colocam em risco a neutralidade da rede, característica fundamental para a disseminação da cultura e da troca de conhecimento. Também está na mira o modelo P2P de troca de arquivos, muito usado no âmbito acadêmico e de pesquisas. O fato de um sítio, único ou em um cluster de sítios, como as redes sociais, ter um conteúdo acusado de violar algum direito privado, pode derrubá-lo ou bloquear seu IP sem aviso prévio ou notificação judicial, causando impactos enormes a toda rede.
O problema desses projetos é reforçar a concentração das decisões do que é ou não certo nas mãos de um único Estado – nesse caso, os Estados Unidos da América –, atendendo interesses corporativos, e a decisão do que se pode ou não se fazer com a rede em outros Estados-nações, uma vez que a principal característica da rede é a não fronteira territorial, a descentralização e a intensiva interconexão. A quantidade de sítios que serão atingidos coloca em cheque a tão propagada e “defendida” democracia.
No filme intitulado ¡Copiad, Malditos!, produzido para a Televisão Espanhola (TVE), fica evidente o grande impacto negativo que o modelo mercadológico de desenvolvimento cultural causa à sociedade, em que um pequeno comerciante não pode nem sequer ouvir uma música na rádio que o escritório de arrecadação local irá cobrar alguma taxa ou multa e criminalizar o estabelecimento. Discute-se também o direito constitucional de realizar cópias sem fins comerciais de obras, além de colocar em pauta o direito de o próprio produtor decidir como deve ser a disseminação de sua obra.
Aqui no Brasil, o grupo musical O Teatro Mágico, durante os debates sobre a reforma da Lei de Direitos Autorais, no ano de 2010, declarou que mesmo sendo detentor de toda a cadeia de produção de suas músicas, ao cantá-las em público, é cobrado pelo ECAD, e se tocar alguma outra música de sua autoria que não esteja no roteiro do show, deverá pagar outro valor. Mas até hoje não recebeu um centavo sequer do ECAD, pois não possui veiculação representativa nos meios de comunicação tradicionais. Ou seja, a pirataria ainda se faz presente, legalmente e por reconhecimento do Estado, como eram os piratas nos tempos da colonização espanhola, portuguesa etc.
Estado permeável, bem comum e soberania
Em debate realizado no SESC Belenzinho, em março de 2011, sobre a obra Ópera dos Vivos, da Companhia do Latão, Maria Rita Kehl, questionada sobre qual modelo de comunicação precisamos para garantir o desenvolvimento de uma sociedade mais democrática, responde que precisamos antes saber qual o modelo de sociedade que se quer, para então saber que modelo de comunicação é necessário para ela.
Quando se fala de governo eletrônico, vem à mente apenas o acesso a serviços oferecidos pelos diferentes órgãos públicos. A sociedade brasileira moderna ainda não vive a plena possibilidade de participar das elaborações e definição de suas políticas públicas, abrangendo desde questões de regulamentação à definição orçamentária. Assim, como disputar o modelo de sociedade que se deseja?
Ainda que seja uma diretiva governamental, como já apresentado no início deste artigo, existem vários entraves que impossibilitam o avanço de políticas que coloquem as novas tecnologias de comunicação e informação a serviço da participação soberana da sociedade brasileira.
Em primeiro lugar, podemos citar a dificuldade do Estado em pensar seu desenvolvimento tecnológico e de gestão pela ótica de um ente que tem por missão garantir o aprofundamento da democracia, pois todas as referências citadas em discussões sobre o desenvolvimento das forças e tecnologias produtivas, públicas, tomam por base e como exemplo o mercado. É introjetado, culturalmente, o papel de eficiência do mercado. Thomas Wood, na revista Carta Capital, explicita os infindáveis pontos fracos e de ineficiência da iniciativa privada. Nesse sentido, o tal mercado é tratado como um ente mesmo, substantivo, que determina como deve funcionar a sociedade e, por reflexo, o Estado.
Por isso, é importante reforçar que as políticas de governo eletrônico são políticas públicas, e não privadas. Que são necessárias não só na atualidade, mas para as gerações futuras, que já crescem dialogando por meio de mecanismos digitais e fortalecendo as práticas de compartilhamento. Valores essenciais da cultura digital, fenômeno social presente em todos os âmbitos da sociedade contemporânea brasileira e que têm causado grande tensionamento político e social.
Nos processos de normatização do governo eletrônico muito se fala de software livre, de tecnologias livres, e confunde-se com gratuidade versus patentes privadas. Em recente programa de televisão sobre governo eletrônico, no Panorama Ipea, Paulo Maia, gerente de arquitetura tecnológica da Caixa, reafirma o papel das tecnologias livres como reconhecimento da valorização do trabalho e do compartilhamento, uma vez que tecnologias livres não são sinônimo de gratuidade, mas de possibilidade de apropriação de um conhecimento e da autonomia sobre a tecnologia. Deixa-se sim de pagar patentes e remunerar suportes fictícios, passando a remunerar e formar profissionais capazes de desenvolver conhecimento e soluções tecnológicas que garantam a soberania de qualquer ente. Afinal, é disso que estamos falando aqui: soberania cultural.
Retomando o caráter cultural da discussão, voltemo-nos ao processo de licitação dos aviões para a Força Aérea Brasileira. Uma das questões colocadas, se não a principal, é a transferência da tecnologia e seu conhecimento, das aeronaves adquiridas.
No ano de 2007, o governo da Venezuela desejava adquirir 24 aeronaves Super Tucano da Embraer. Esta foi impedida pelo Congresso dos Estados Unidos de fechar negócio com a República Bolivariana da Venezuela por haver peças com patente norte-americana na montagem do produto. Mais recentemente, o mesmo avião teve sua compra cancelada pelo governo americano, como proteção de sua indústria.
Essas duas questões explicitam o caráter da cultura norte-americana de proteção e defesa de seus interesses e de sua soberania, que vai além de seu território. Determina a forma como eles se relacionam com o mundo e com as pessoas.
Voltando ao Brasil, ao nosso território e à valorização de nossa identidade e construções simbólicas, manifestações culturais e políticas. Amparados nas novas tecnologias de comunicação, temos algumas escolhas a fazer, entre elas: ou continuamos à mercê das determinações e interesses do capital privado e internacional – vide a Lei da Copa e as relações com a Fifa, por exemplo –, ou podemos determinar, como princípio para o desenvolvimento do país, os valores culturais e sociais presentes nas manifestações culturais do Cavalo Marinho, no Reizado, nos terreiros de matriz africana, nas comunidades cristãs, nos quilombolas, nos afrodescendentes, nos povos indígenas, nos tambores árabes, nas danças sulistas e na juventude que está mais preocupada em compartilhar e desenvolver do que aprisionar e limitar a criação do novo.
E nesse sentido é fundamental desenvolver as novas tecnologias, o Estado e os financiamentos públicos como garantidores do desenvolvimento do bem comum.
Considerando como bem comum aquilo que é público, não por decreto, mas por surgimento espontâneo do fazer cultural, cabe ao Estado garantir sua existência e disseminação. Cabe ao Estado cuidar da sustentabilidade do povo, do território e da cultura brasileira. Cabe aos agentes públicos deixar-se permear pelos desejos dos interesses populares e não das corporações, pois são essas mesmas corporações que defendem a eliminação de direitos dos trabalhadores e o uso dos recursos dos mesmos para aumentar seu patrimônio. A verdadeira pirataria.
Um Estado que deve pagar taxas ao ECAD para usar audiovisual em suas escolas públicas, que não pode educar sem pagar licenças, mesmo que as produções tenham sido realizadas com financiamento público, que não possui autonomia tecnológica para criar seus mecanismos de comunicação, informação e defesa, que define o uso das tecnologias da comunicação e informação pela ótica do mercado e da indústria cultural – leia-se OMC –, em detrimento dos interesses do seu povo e do futuro de suas crianças, não pode ser soberano.
As políticas de governo eletrônico devem ir além de oferecer telas para o cidadão brasileiro usar algum serviço público ou ler alguma tabela de gastos. Devem criar sistema de comunicação que fortaleça a presença das diferentes forças sociais, por meio de redes sociais públicas, de repositórios multimídia públicos, de ágoras digitais, de territórios digitais públicos, livres dos interesses de mercado, que permitam processos mais ágeis de diálogo, comunicação, para a formulação e aplicação de políticas públicas. Devem tornar o Estado mais permeável à participação popular.
Em relação a políticas culturais, por exemplo, neste momento, como continuidade do trabalho realizado na parceria MinC/Ipea, corre o processo de redesenho do Programa Cultura Viva, chamando a sociedade civil para encontrar formas de adequação do programa à realidade da estrutura do Estado. Pergunto: não seria o caso de pensar em mudar a gestão do Estado em vez de mudar os anseios da sociedade? Aproveitar essa experiência para desenhar um possível Estado mais permeável? Recursos tecnológicos para isso não faltam hoje em dia.
Também o Estado pode criar mecanismos digitais e relações com as universidades e centros de pesquisa públicos, que garantam o caráter público e soberano do conhecimento e da tecnologia, desenvolvidos com recursos públicos, que permitam à sociedade ampliar sua produção cultural, e pela aprovação de uma lei para os meios de comunicação que possibilite à sociedade ocupar os espaços de difusão, como o são os canais públicos e as concessões de rádio e televisão.
No que tange à propriedade intelectual, o Estado pode estabelecer uma lei que garanta o compartilhamento sem fins comerciais, e que toda e qualquer produção cultural, simbólica e tecnológica, financiada com recursos públicos, passe a ser de domínio público, a exemplo da Normativa do Software Público Brasileiro e a Licença Pública de Marcas.
Aprofundar e radicalizar as práticas definidas no protocolo e-Ping do governo federal, melhorar as políticas e legislação para a formação de profissionais em tecnologias da informação e comunicação, fortalecer programas como o Cultura Viva e criar uma legislação que garanta o desenvolvimento de tecnologias e conhecimentos compartilhados, nos moldes GNU/Linux, vai muito além do fetiche utópico de jovens hackers, é fortalecer o Estado-nação chamado Brasil, garantindo, antes de mais nada, sua soberania cultural.
Federico Vázquez
Artigo publicado, a convite do Ipea, para o Panorama da Comunicação e das Telecomunicações 2011/2012 - Ipea