Na frente da Procuradoria da República em Curitiba, na Av. Mal. Deodoro, 733, manifestantes lutando contra a privatização do Hospital de Clínicas, bloqueavam a entrada hoje.
"A EBSERH quer roubar o HC do Povo Paranaense", afirmam os manifestantes, para os quais chegou a ser chamada a tropa de choque da Polícia Federal.
Houve negociação entre o comandante da tropa de choque e os manifestantes. Segundo Júlio Cezar Soares, funcionário da UFPR e manifestante, o clima era tenso.
“Eu nunca achei que ia viver uma situação como hoje, com o risco de hoje. Por exemplo, eles podiam chegar aqui e quebrar a muralha. Afinal, nós não estávamos permitindo o acesso. E é uma vergonha o reitor, ter tanto lugar pra fazer (a reunião) e vir fazer aqui na Procuradoria. A tropa de Choque da Polícia Federal chegou a 100 mts. daqui e ouvi o comandante falar que ele estava com 15 homens”.
"A gente tá na rua, sem pedras, sem máscaras, trabalhadores, aposentados, mulheres grávidas", continua Júlio Cezar.
Júlio Cezar Soares conta que o comandante do choque chegou a entrar em negociação com os manifestantes para que desfizessem o bloqueio à Procuradoria: “ele chegou a concordar em entrar pela garagem, um a um, mas desde que não tentassem tirar aqui a gente. Mas, depois, ele voltou atrás, pois teria recebido uma contra ordem e disse que se ele aceitasse isso, estaria compactuando com o bloqueio; ‘não tem acordo’, afirmou o comandante, ‘e se me derem uma ordem de vir com 100, eu vou vir com 100’”!
Quando cheguei ao local, o clima era de comemoração. O processo de privatização está suspenso, graças ao empenho do movimento contra a privatização, e a negociações serão retomadas após o dia 12 de julho.
A jornalista da UFPR, Celsina Alves Favorito, nos deu traz as seguintes informações:
“Estamos nesse momento comemorando uma conquista. Nós conseguimos impedir que o Conselho Universitário da UFPR aprovasse a adesão à EBSERH. Isto significa, que, pelo menos por enquanto, o Hospital de Clínicas é 100% público, é 100% SUS, é um hospital-escola, é um hospital que vai se dedicar a ensino, pesquisa e extensão. Faz 52 anos que nós temos esse hospital e ele foi criado com essa missão. Ele vai continuar atendendo a população carente de Curitiba, que não tem dinheiro, que não tem plano de saúde, que não tem recursos. Esta é a nossa Luta! Sem contar que a adesão a EBSERH quebra a autonomia universitária, quebra a Constituição. Novecentos e poucos funcionários serão demitidos pela Funpar, caso for aprovado. Então, nós só conseguimos fazer isto graças a nossa movimentação. Porque essa reunião do Conselho Universitário teria que ser feita na Reitoria, onde é a Universidade, e não dentro de um órgão público, um órgão jurídico, que é a Procuradoria. Tem que ser aberto um amplo debate, com participação, pré-discussão dos prós, contras, isso nunca houve na universidade”.
Enquanto falava com Celsina, os conselheiros começaram a sair das dependências da Procuradoria; os primeiros aos gritos de “FORA PRIVATISTAS” e, na sequência, os conselheiros que representam o movimento, ovacionados, aos gritos de “GUERREIROS!”.
Segundo informações, o Reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, antecipou em um dia, em surdina, a reunião, que deveria acontecer amanhã, quinta-feira, 05/06 e, ao invés de realiza-la na Reitoria, trancou-se com os conselheiros da UFPR na sede da Procuradoria da República, em Curitiba, para tentar aprovar a adesão do Hospital de Clínicas à EBSERH.
Os manifestantes chamavam pelo reitor gritando “Oh, Zaki, Cadê você? Eu vim aqui só pra te ver”.
Segundo Júlio Cezar Soares “o próximo passo é estar atento, vigilante, porque pode ser convocada para, sexta, domingo, segunda, terça, quarta... E mesmo após o recesso, dia 12, a gente não confia em nada. Pode haver uma brecha, buscar uma brecha e convocar no recesso da copa. Há muitos interesses em jogo; muitos milhões da indústria dos planos de saúde, laboratórios, clínicas particulares, que poderão fazer convênios com a EBSERH”.
(por Tânia Mandarino)
Após esta postagem Júlio Cezar Soares esclarece: "não foi bem uma negociação: foi uma tática de retirada da bancada estudantil (9), dos técnic@s (5), e 4 professores, entre eles 1 diretor de Setor, totalizando 18, derrubando o quórum mínimo de 33/63, pois restou na sala 43 - 18 = 25. Haverá a partir de sexta, 06/06, sexta, até 18/06 (exceto 12/06), quarta a tentativa de aprovar novamente a Ebserv, com risco maior até 11/06, antes do inicio da copa, ou em 13/06, logo após o início".
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