Manifestação artística chama a atenção sobre consumismo e pobreza
17 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Isabela Vieira
Uma escultura itinerante da organização Arte em Defesa do Humanismo (Aidoh, na sigla em inglês), baseada na Dinamarca, chamou a atenção hoje (17) na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo. Em três partes, a obra do artista
critica a falta de engajamento de países considerados os “grandes poluidores” do meio ambiente e a pobreza na África.
São oito bonecos de bronze, sendo dois com 32 quilos, colocados sobre três carrinhos com rodas. No primeiro está uma miniatura de 1,7 metro da Estátua da Liberdade, de Nova Iorque, com os dizeres Direito de Poluir. No segundo e no terceiro carrinhos, estátuas de mesma altura, em média, representando refugiados africanos e pessoas em situação de pobreza.
“Muitas pessoas consideram como liberdade o direito de consumir, principalmente pessoas ricas, mas elas acabam gerando mais lixo e poluição”, explica o responsável pela apresentação da obra no Rio, o também dinamarquês, Sofus Markus. Segundo ele, a peça chama a atenção para o altruísmo, mostrando que o mundo é um só e que é preciso reduzir a poluição e pensar no próximo.
Na segunda parte da obra, com bonecos representando africanos fugindo de áreas de pobreza extrema, a ideia é denunciar as condições em que muitos fazem a travessia para países europeus. “As condições dos navios, assim como na época da escravidão, são precárias e centenas das pessoas acabam morrendo lá. Aqui, eles [os bonecos] estão olhando para o público, cobrando ação.”
Uma mulher grávida, pregada na cruz, em alusão à morte de Jesus Cristo, tem destaque no terceiro carrinho. É uma crítica às declarações da Igreja Católica contra a utilização de métodos contraceptivos. Segundo Markus, a fata de informações sobre direitos reprodutivos, somada à política da igreja, se reflete em mortes maternas, estupros e violência.
A peça está em frente ao Território Futuro 2, na Cúpula dos Povos e deve ser levada para outras partes do Aterro do Flamengo até o dia 22, quando será desmontada.
Edição: Andréa Quintiere
Debate sobre Cidades Sustentáveis e Inovação
17 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaDiálogos de Desenvolvimento Sustentável
Nono de dez painéis de reflexão e debate aberto pelo Governo brasileiro com o apoio das Nações Unidas para uma discussão franca e inovadora sobre dez temas prioritários da agenda internacional relacionada ao desenvolvimento sustentável.
Local: Riocentro
Você confere a programação completa do evento no site: www.rio20.gov.br/eventos
Índios recebem comida estragada durante Cúpula dos Povos
17 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Isabela Vieira
Depois de passar o dia à base de pão com mortadela, os índios da etnia Pataxó, da Bahia, que participam da Cúpula dos Povos, esperam ter um jantar mais saudável hoje (17) no Acampamento Terra Livre, instalado no Sambódromo, no centro da cidade. Eles tiveram que recorrer ao sanduíche porque as quentinhas servidas no almoço pela organização do evento para representantes de cerca de 15 etnias estavam estragadas.
A denúncia foi feita durante um debate sobre soberania alimentar, no Aterro do Flamengo, durante evento paralelo à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Os índios receberam as marmitas com arroz, macarrão, feijão e carne estragados, que foram recusadas imediatamente pelas lideranças. Não há relatos de doentes.
Da etnia Yanomami, o índio Kopenão, de Roraima, disse que ficou indignado ao receber a marmita com alimentos podres. “Não é comida para cachorro, é comida contaminada que se dá para os indígenas”, reclamou. “Somos seres humanos. Nem animal comia aquilo”. Segundo ele, a carne estava ruim e dava para sentir o cheiro ao abrir a quentinha. “Vimos na hora”, completou.
Liderança da Aldeia Guaxuma, de Porto Seguro (BA), Mucaxo Pataxó também estava entre os que receberam o almoço estragado. “Não comi porque dava para reconhecer. Como representante dos nossos parentes aqui, na hora vi a comida não dava para comer e devolvi. A gente tem costume de coisa boa, apesar de ser índio. Por que tratam a gente assim?”
Se dizendo muito aborrecido, o representante da etnia Xerente, Srewe, de Tocantins, um dos que participou do protesto durante a tarde, contou que foi preciso interromper o debate para relatar a grave situação. “Desde ontem (16) já tinha reclamação que a comida não era de qualidade. Hoje, infelizmente, os povos indígenas não aguentaram. Não estamos acostumados a isso.”
Responsável pelo Acampamento Terra Livre, inaugurado para 1,7 mil índios na última sexta-feira (15), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) informou que suspendeu o contrato com a empresa fornecedora do almoço. Para o jantar deste domingo, e para as demais refeições até dia 22, outra empresa foi contratada às pressas.
Edição: Andréa Quintiere
Chefes de Estado e Governo vão receber documento conclusivo na Rio+20
17 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaCarolina Gonçalves e Renata Giraldi
Enviadas especiais da Agência Brasil
Os 115 chefes de Estado e de Governo que participarão da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) receberão um documento fechado e já acordado. Caberá a eles discutir questões mais amplas, como o futuro do planeta e a sustentabilidade, e como cada um observa a execução dessas ações. O secretário executivo da Rio+20, Luiz Alberto Figueiredo Machado, rechaçou hoje (17) a hipótese de um texto inconclusivo ser entregue aos líderes políticos.
“O documento não irá para chefes como está [referindo-se ao rascunho fechado ontem]. É para ser fechado antes do início da conferência [até amanhã à noite]. Os chefes vão debater [vários] temas que sempre debatem, em quatro mesas-redondas, eles discutirão como implementar as decisões [definidas no documento]”, disse o embaixador.
Segundo Figueiredo Machado, os chefes de Estado e de Governo vão discutir o que seus países fazem na área de desenvolvimento sustentável e como cada um vê a situação global envolvendo o tema. Ele reiterou que o documento deverá ser fechado até amanhã à noite.
A resistência de norte-americanos e de vários representantes de países ricos aos itens relativos à proteção dos oceanos, segundo o embaixador, não impede que o tema venha a ser colocado no texto final. De acordo com ele, a estratégia envolve argumentos e linguagens adequados. Para Figueiredo Machado, as negociações sobre oceanos caminham de forma pontual.
Apesar de o rascunho excluir vários assuntos conflitantes e reduzir o texto a 50 páginas, o embaixador disse que o documento deve ser visto como um avanço. “O texto não só impede retrocessos como traz avanços em várias áreas, como criar objetivos de desenvolvimento sustentável. E isso marcará a cooperação internacional nas próximas décadas. Isso não é pouca coisa”, disse ele.
Porém, Figueiredo Machado reconheceu que as dificuldades envolvendo os financiamentos, as definições sobre metas a curto, médio e longo prazos, além da criação de um organismo para agregar o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) persistem. No entanto, o embaixador minimiza as dificuldades informando que o clima “é positivo e conciliador”.
“O clima é muito bom nesses grupos de negociação porque todos estão aqui para chegar a um resultado. Há um clima de apoio ao Brasil e de reconhecimento dos esforços brasileiros. Percebemos isso em todos os níveis da negociação”, disse Figueredo Machado.
Edição: Andréa Quintiere
Acompanhe a cobertura multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) na Rio+20.
Documento final não mostra desejo de provocar mudanças radicais, diz Yvo de Boer
17 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Vitor Abdala
O ex-representante da Organização das Nações Unidas (ONU) para mudanças climáticas, Yvo de Boer, disse hoje (17) que o texto final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que ainda está sendo negociado, não mostra o “desejo de realmente provocar mudanças radicais”. Professor da Universidade de Maastrich, na Holanda, o especialista disse que o texto traz apenas reafirmações de crenças que vêm sendo repetidas há 20 anos.
“Quando li o texto na manhã de hoje, vi que infelizmente ainda falta o desejo de realmente provocar uma mudança fundamental e radical, que precisamos ver. Se quisermos lidar com esses assuntos não resolvidos de sustentabilidade, temos que ir além de afirmações. Não vamos resolver esses problemas globais apenas com reafirmações de crenças. Precisamos de uma mudança fundamental de direção”, disse.
De acordo com De Boer, nos próximos anos, com o aumento populacional, o mundo terá que lidar com o crescimento da demanda por energia, pelos alimentos e pela água. O desafio será maior por causa das mudanças climáticas, que poderão reduzir as terras disponíveis para a agricultura e as reservas de água.
Edição: Andréa Quintiere