Essa terra não é minha. Nem sua
12 de Setembro de 2017, 23:45Por Talita Lago, 11/09/2017, em Caldas/MG
Essa terra não é minha. Não sou daqui. Não estou aqui há 30 anos. Tampouco minha família está aqui há dois séculos. Meu sobrenome, ninguém conhece. Se carrego em mim um pouco daqueles que construíram os porões e os muros de pedra e que por essas montanhas arrastaram correntes, não posso provar. Se corre em meu sangue o sangue dos primeiros e verdadeiros donos dessa terra, catequizados, expulsos e mortos, se por aqui passaram meus ancestrais, os registros oficiais, os bustos nas praças ou os nomes das ruas não servirão como evidências. Essa terra não é minha. Essa terra não é minha mas também não é sua. Estamos aqui de passagem. Estamos aqui de passagem e isso nos une. Escolhemos enraizar nossos pés nesse pedacinho de chão do mundo e florescer. Enquanto durar essa passagem. Escolhemos. Estamos aqui. Floresceremos. E isso basta. Essa terra é nossa.
Podcast (áudio) com Daniel Tygel sobre a Cooperativa EITA e a Economia Solidária
29 de Novembro de 2016, 10:30Ensinamentos do AAA e nossos próximos passos na luta pela vida, justiça e solidariedade
22 de Setembro de 2016, 9:35Lembremos como funcionam os 12 passos do AA (Alcoólicos anônimos). O sentimento que tenho, depois de ter vindo de Brasília há 2 semanas, é que precisamos ACEITAR QUE PERDEMOS UM CONJUNTO GIGANTE D BATALHAS NO DIA 17 DE ABRIL. No AAA, aceitar que se é impotente com relação ao alcoolismo é o primeiro passo para dar a volta por cima.
Concordo que já não é mais hora de achar absurdo o Guido Mantega ser preso no meio de um drama familiar dos mais trágicos, apenas com o objetivo de esculhambar totalmente com qualquer possibilidade de reerguida do PT, e com alvo seguro e direto nas eleições municipais e no fim do Lula e do PT.
Temos que ACEITAR A DERROTA. Vivemos num país conservador, e apenas a genialidade do Lula somada às inciiativas inovadoras em prefeituras e mandatos legislativos do PT e aliadas ao boom das commodities garantiu que a nojeira do sistema político ficasse oculta sobre o frágil (e bonito) verniz de civilização progressista que o PT protagonizou, ficando na linha de frente, com nomes de respaldo, políticas inclusivas, aumento real do salário mínimo, resgate da soberania e autoestima do Estado e do povo brasileiro.
O golpe aconteceu e foi bem sucedido no dia 17 de abril. Repito, e peço que entendam: NOSSO PAÍS, 7ª ECONOMIA MUNDIAL, SOFREU UM GOLPE DE ESTADO NO DIA 17 DE ABRIL, com forte apoio de inteligência e recursos financeiros dos Estados-membros da OTAN, em especial os Estados Unidos. Uma nova governabilidade ESTÁ EM CONSTRUÇÃO. Um novo "verniz de civilidade" está se construindo e vai se consolidar quando Temer for deposto em abril de 2017 e Serra assumir como primeiro ministro. Aí o golpe será "limpinho e cheiroso", e a monstruosidade ficará debaixo da cara bonitinha de um PSDB estilo doria-alckmin-FHC que se dizem "capitalistas modernos" e nada mais serão que lambe-botas subservientes à OTAN e ao capital financeiro internacional (representado aqui pela mídia PIG ou PUM), num novo realinhamento que fragilizará o Mercosul, a Unasul e os BRICS, e fortalecerá a Aliança do Pacífico, a nova ALCA, com todas as privatizações e "contribuições do setor empresarial" para serviços básicos como educação, saúde e saneamento básico e commoditização da natureza (créditos de carbono).
E este novo verniz, para que possa se consolidar, terá dois anos para conseguir uma das duas coisas:
Opção A: implantar o parlamentarismo a fórceps, e aí acabaram-se as eleições diretas no país e sem reforma política ficamos nas mãos de um congresso totalmente psicopata, ou seja, sem nenhum lastro na realidade da população brasileira e no voto, já que a maioria dos deputados NÃO FOI ELEITO;
Opção B: inviabilizar o Lula e as forças de esquerda, e lançar uma candidatura limpinha e cheirosa para 2018 que será composta por Marina Silva e Serra, que serão a nova carinha de verniz civilizatória sobre a nojeira da classe política, mas desta vez subordinados ao setor financeiro internacional.
Ou seja, as duas possibilidades são de derrocada do Brasil e das forças progressistas.
Jogar tudo nas costas do PT é muuuuita ingenuidade e desconhecimento do que é chegar ao governo num país com sistema eleitoral falido e que é essencialmente machista, escravagista, protofascista, homofóbico e coronelista. Chegar ao governo significa ter que negociar pesado com gente que não tem nenhuma moral, nenhuma visão ética de política. Chegar ao governo é totalmente diferente de chegar ao poder.
Ao aceitarmos a derrota acachapante que tomamos, enquanto forças progressistas, no dia 17 de abril, poderemos abrir os olhos e repensar nossas estratégias daqui para diante.
Óbvio que o ideal é uma greve geral, e acho que devemos insistir nisso, junto com o mote "Diretas Já".
Mas para além disso, precisamos reconstruir nossa base de influência no campo simbólico da sociedade (não só brasileira!), dos sonhos e utopias, para tentar rearticular uma nova ética e uma nova futura força efetivamente civilizatória (e portanto de esquerda, pois defender ideais progressistas de esquerda é defender o avanço de nossa civlização e da sociedade brasileiras contra as forças das trevas do egoísmo, racismo de toda espécie e fim dos sonhos e utopias humanistas).
Aqui em Caldas estamos tentando através do Recantico (em especial as atividades culturais e neste fim de semana os encontros de "prosas e vivências"), da Oportunidade, e da possível criação do Raiz Cidadanista na cidade. Em Poços vejo as ações do Coletivo Corrente, da Educafro, do Quem Luta Educa, do Chico Rei, dos coletivos feministas e LGBT, do Levante Popular.
Tem moçada de 16 a 24 anos que tá "com sangue nos olhos". E daí sinto que pode surgir nova ética, nova pulsão de resistência ao conservadorismo (diferente da nossa!), talvez inicialmente a partir da pauta da liberdade do afeto, que está pulsando forte nesta molecada (relações fluidas, de diversos matizes LGBT e de poliamor). Talvez precisemos construir um novo "1968", em que a luta pela liberdade de ser quem é, e viver da maneira que se quiser, possa dar margens a um novo campo de articulação das esquerdas em uma nova lógica que ultrapasse nossos lemas, que são baseados no mundo moderno (justiça social, participação popular, educação popular, etc) que infelizmente não tocam mais as novas gerações, não dão liga, não são virais como foram nas décadas de 70 a 90. Que venham novos lemas desta molecada, e que possamos ajudar a dar lastro de análise política de conjuntura e outros ferramentais a partir de nossas experiências para que tenham mais efetividade!
Temos que reconhecer a derrota, para sermos capazes de tomar o poder.
Enquanto houver seres humanos, haverá pulsão de vida e de morte. Enquanto houver pulsão de vida, haverá resistência. Enquanto houver resistência, haverá esperanças na humanidade.
Nossas vidas devem ser luta. Integral, plena, aguerrida, firme.
Não nos desaninemos, gente!
À LUTA!
#ForaTemer (temer, o pequeno)
#RumoÀGreveGeral
#EleiçõesDiretasJá
#ConstituinteDeReformaPolíticaJá
#FimDaPolíciaMilitar
#DemocratizaçãoDaMídia
e, por fim, minha "religião":
#VidaQuerViver
daniel tygel, 22 de setembro de 2016
Coup d'État au Brésil - un appel d'aide
5 de Setembro de 2016, 11:35Chère amie, Cher ami,
Je viens de faire un petit video-lettre en Français, qui est un appel d'aide aux ami(e)s et amant(e)s de la démocratie, comme Vous.
Je vous en prie de le diffuser largement, dans toutes vos réseaux, travail, collègues, contacts, sites d'internet. Nous avons besoin de vous.
Hier même, le 4 Septembre, on a souffert des ataques brutales et gratuits de la policie dans des manifestations géantes et pacifiques dans plusieurs villes.
Quand j'aurai le temps, fe vais faire d'autres vidéos avec plus d'informations, en Français mais aussi en Anglais et en Espagnol, avec un mic de meilleur qualité.
Si vous voulez plus de renseignements ou communiquer vos actions dans vos pays, je vous en prie de commenter ci-dessous, ou de vous communiquer directement avec moi au site http://cirandas.net/dtygel .
Merci, daniel tygel (Brésil)
PS: Je vous demande pardon du bruit du mic, mais je n'ai pas eu le temps de refaire le vidéo.
Volver a los 17 com mercedes sosa, chico, milton, gal, caetano
31 de Julho de 2016, 16:09sem palavras...
A Memória de Nossos Filhos
12 de Maio de 2016, 2:51Sinto tristeza e revolta.
Tão logo os golpistas assumam, o relógio da história retrocederá. Parece o feitiço do tempo, que não mais tem fim: "Um, dois, três, quatro, cinco mil: queremos eleger o presidente do Brasil."
Os golpistas creem em seu próprio poder. E apenas invocam suas divindades para esconder seu real culto e adoração pelo dinheiro. Não passam, entretanto, de serviçais, lacaios, capachos subordinados ao mando econômico dos mais fortes. Aos poucos todos eles serão descartados, como bagaço de fruta. Um por um. Cairão todos, quando deixarem de ser úteis ao propósito da mão invisível que os comanda. A história lhes será implacável.
A corrupção vestiu-se de verde e o golpismo de amarelo. Dançaram juntas na praça, embaladas pela Rede Globo. Eram milhões de Cunhas, cobertos pelo manto da mentira e ungidos com o óleo da calúnia.
Sérgio Moro já tem seu lugar na memória eterna do Brasil: o juiz que violou a lei, a toga e a hermenêutica, para consolidar o golpe com seu ilegal grampo salvador da pátria e sua interpretação jurídica sobre as sombras.
"Vai acabar o quê? Vai acabar o quê? A ditadura militar" -- clamávamos pelas ruas.
Quando será que os juízes do Supremo farão a "delação premiada" do que passa em suas próprias consciências? Não terão coragem! No último suspiro de suas vidas, no aconchego de seus familiares, lembrarão da sua omissão vergonhosa e de que não estiveram à altura do Poder que lhes foi confiado.
Parece que eles não entenderam que a Constituição não é um livro. É um modo de viver em sociedade. E foi isso que eles ajudaram a rasgar: o contrato da democracia em nosso país. Quem vence a eleição governa. Quem perde, disputa a próxima.
Essas forças que se uniram em bloco tentarão golpear a tudo o que seja contrário aos interesses da mão invisível que os comanda.
Talvez consigam entregar o pré-sal a corporações estrangeiras, privatizar empresas estatais e abolir direitos históricos da classe trabalhadora.
O Quebra-Cabeça do Golpe
3 de Abril de 2016, 21:25 Pré-Sal,Organizações Norte-Americanas e o Plano Temer
Euclides André Mance
Curitiba, 02/Abril/2016
O que está ocorrendo no Brasil, em nossos dias, lembra o segundo momento da Primavera Árabe, mobilizado por forças externas e seus aliados internos. Um dos objetivos dessa agitação é a entrega das reservas de petróleo da camada pré-sal a grupos econômicos estrangeiros. Outro motivo, de ordem interna, é a tentativa da revogar direitos, assegurados por lei, que protegem os trabalhadores e as populações mais vulneráveis, visando com isso aumentar os lucros das empresas e os dividendos de seus acionistas. Os vários links nesse texto remetem a uma série de documentos, vídeos e projetos de lei que nos ajudam a montar esse quebra-cabeça.
A Entrega do Pré-Sal
O Brasil descobriu em 2007 uma gigantesca reserva de petróleo, abaixo do leito do mar na camada pré-sal, com um volume hoje estimado em 176 bilhões de barris. Na época, não havia tecnologia e processos apropriados para explorá-la de maneira rentável. Mas, em alguns anos, a Petrobras desenvolveu essas condições.
Então, no segundo Governo Lula, aprovou-se a Lei 12.351/2010, conhecida como Lei do Pré-Sal, que estabeleceu, no trato dessas jazidas, a Petrobras como única "responsável pela condução e execução, direta ou indireta, de todas as atividades de exploração, avaliação, desenvolvimento, produção e desativação das instalações de exploração e produção" (Art. 2, inciso 6). A lei criou também o Fundo Social, com valores arrecadados sobre as atividades de exploração da camada pré-sal, destinando 50% a programas e projetos direcionados ao desenvolvimento da educação no país (Art.57, §3).
Mas, a oposição ao governo, com as eleições de 2014, alterou a correlação de forças no Congresso. E, no ano passado, aprovou um projeto de lei no Senado, de autoria do senador José Serra (Projeto N.131/2015), alterando a Lei do Pré-Sal, eliminando a Petrobras como única operadora e permitindo que empresas estrangeiras (e isso inclui todas as norte-americanas) possam formar consórcios, explorar essas jazidas e enviar, nos termos do contrato, o petróleo extraído aos seus clientes (e isto inclui, igualmente, os Estados Unidos), bastando realizar os pagamentos previstos. Estabeleceu também que a participação da Petrobras, nos blocos de pré-sal, explorados pelos consórcios de que porventura faça parte, pode resumir-se a 30% do total.
Na justificativa desse projeto, José Serra afirma, entre outras coisas, que "as investigações da justiça sobre negócios da Petrobras que se desenrolam desde meados de 2014 [...] têm afetado a estatal, gerando cancelamentos, atrasos e desorganização de suas atividades. A sucessão de escândalos [...] criaram uma situação quase insustentável [...] " para alcançar as metas previstas. E, assim, dado o impacto da Operação Lava Jato sobre a empresa e as dificuldades que esta passou a enfrentar, o melhor seria extinguir a exclusividade da Petrobras na exploração do pré-sal e contar com os consórcios de empresas estrangeiras.
Após ter sido aprovado no senado, esse projeto foi então remetido à Câmara dos Deputados, originando o PL 4567/2016. Em síntese ele trata de "facultar à Petrobras o direito de preferência para atuar como operador e possuir participação mínima de 30% (trinta por cento) nos consórcios formados para exploração de blocos licitados no regime de partilha de produção". Ora, facultar, em bom português, significa que ela pode ou não exercer o direito de preferência e, portanto, pode deixar de atuar como operadora na exploração do pré-sal nos blocos licitados.
Porém, há uma pedra no caminho para que esse projeto entre vigor. Mesmo sendo aprovado na Câmara, será necessário, em seguida, a sanção da Presidente da República para convertê-lo em lei. Mas isso, Dilma Rousseff não fará! O projeto será vetado!
O veto presidencial obrigaria a realização de uma sessão conjunta da Câmara e do Senado para apreciar os seus motivos, a constituição de uma comissão com parlamentares de ambas as casas para analisá-lo e apresentar um relatório ao Congresso sobre ele. Depois disso, o veto seria discutido em plenário e submetido a votação, somente podendo ser rejeitado por maioria absoluta. E, dada a pressão popular, seria muito difícil conseguir a rejeição do veto e a aprovação da nova lei.
Por isso, torna-se mais seguro realizar o impeachment da presidente Dilma e empossar, em seu lugar, alguém que esteja disposto a sancionar, sem resistência, a entrega dos blocos do pré-sal às empresas do Império e às suas consorciadas.
Organizações Norte-Americanas e o Golpe
Mas como derrubar um presidente? Ao que parece, a mesma tática usada no segundo momento da Primavera Árabe está sendo adotada atualmente no Brasil, com grandes mobilizações de rua e com a colaboração de forças econômicas e ideológicas externas e internas.
A organização, sediada em Washington, chamada Students for Liberty afirma em seu website que um de seus coordenadores locais em nosso país, Kim Kataguiri, que também é coordenador nacional do Movimento Brasil Livre, "está mudando o Brasil para melhor". E a prova disso são as grandes manifestações de rua e as ações pela deposição da presidente Dilma, impulsionadas por esse movimento.
Na foto dessa mesma matéria, Kataguiri aparece com uma camiseta cuja frase sintetiza um dos objetivos principais do movimento: "Brasil livre é Brasil sem PT".
Em entrevista ao The Guardian, ele afirma que, embora o governo e setores da imprensa digam o contrário, o movimento não tem qualquer grande patrocinador. Mas quais são as relações do Movimento Brasil Livre (MBL) com o Estudantes Pela Liberdade (EPL) e desta organização com seus patrocinadores externos, resultando, ao final, que lideranças do MBL, que são coordenadores do EPL, sejam apoiados com recursos estrangeiros advindos das organizações Atlas e Students for Liberty?
Juliano Torres, diretor executivo do EPL, esclarece o assunto numa entrevista à jornalista Marina Amaral: “Quando teve os protestos em 2013 pelo Passe Livre, vários membros do Estudantes pela Liberdade queriam participar, só que, como a gente recebe recursos de organizações como a Atlas e a Students for Liberty, por uma questão de imposto de renda lá, eles não podem desenvolver atividades políticas. Então a gente falou: ‘Os membros do EPL podem participar como pessoas físicas, mas não como organização para evitar problemas'. Aí a gente resolveu criar uma marca, não era uma organização, era só uma marca para a gente se vender nas manifestações como Movimento Brasil Livre. Então juntou eu, Fábio [Ostermann], juntou o Felipe França, que é de Recife e São Paulo, mais umas quatro, cinco pessoas, criamos o logo, a campanha de Facebook. E aí acabaram as manifestações, acabou o projeto. E a gente estava procurando alguém para assumir, já tinha mais de 10 mil likes na página, panfletos. E aí a gente encontrou o Kim [Kataguiri] e o Renan [Haas], que afinal deram uma guinada incrível no movimento com as passeatas contra a Dilma e coisas do tipo"
Conforme a reportagem de Marina Amaral, "remunerado por seu cargo na EPL, Juliano conta que tem duas reuniões online por semana com a sede americana e que ele e outros brasileiros participam anualmente de uma conferência internacional, com as despesas pagas, e de um encontro de lideranças em Washington. O budget do Estudantes pela Liberdade no Brasil deve alcançar R$ 300 mil este ano [2015]".
A estratégia de impulsionar movimentos políticos internos a partir de organizações e recursos do exterior tem sido recorrente contra governos populares na América Latina. E outros governos já foram depostos com esse método.
Conforme Marina Amaral, na mesma reportagem, os treinamentos das lideranças da organização Students for Liberty "são realizados em parceria com outras fundações, principalmente o Cato Institute, a Charles G. Koch Charitable Foundation e o Institute of Human Studies – fundações ligadas à família Koch [...]. Juntas, as 11 fundações dos Koch despejaram 800 milhões de dólares nas duas últimas décadas na rede americana de fundações conservadoras. Outra parceira importante é a John Templeton Foundation [...] Essas fundações têm orçamentos bem maiores do que a Atlas e desenvolvem programas de fellowships em que entram com recursos e a Atlas, com a execução. Um exemplo desses projetos é o financiamento da expansão da Rede Students for Liberty com recursos da John Templeton, fechado em 2014 com mais de US$ 1 milhão de orçamento."
Pedro Menezes, Fundador e ex-conselheiro executivo do Estudantes Pela Liberdade, afirma que "os irmãos Koch de fato doaram algum dinheiro ao Instituto CATO, mas desde 1998 foram 'apenas' U$ 3,3 milhões – e digo apenas, [...] porque o Instituto CATO tem uma receita anual de U$ 50 milhões de dólares[...]".
Frente a essa teia de organizações, propósitos e financiamentos – para deixar claro o que eu penso sobre isso – é importante enfatizar que a liberdade de opinião e de organização em nosso país estão consagradas na própria Constituição. Seu Art. 220 afirma que "a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição." E seu § 2º determina que "é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística." De fato, quanto maior a diversidade de ideias em diálogo e quanto maior o respeito pela dignidade humana e pelos direitos de cada pessoa, mais rico será o debate político em nosso país. Entendo, igualmente, que não há qualquer problema em organizações nacionais realizarem convênios com financiadores estrangeiros, para a realização de seus projetos, respeitada a legislação pertinente. Mas, se a Students for Liberty é uma organização internacional ou estrangeira e seus coordenadores no Brasil atuam abertamente para depor a presidente do país e para combater a um determinado partido político, isso não caracterizaria claramente uma violação da lei?
Imagino que uma parte dos jovens líderes do Movimento Brasil Livre, que são coordenadores do Students for Liberty, não têm uma compreensão mais ampla do momento histórico que estamos vivendo e das implicações do que estão fazendo em relação ao conjunto dos direitos fundamentais, sociais e dos trabalhadores estabelecidos em nossa Constituição. Igualmente, a propagação da intolerância política e ideológica semeada no país, como instrumento para depor um governo e aniquilar um determinado partido, tende a prosperar, mais adiante, em diferentes práticas de autoritarismo, associadas a diversos tipos de preconceitos e violências.
Por outra parte, considerando o Movimento Brasil Livre, uma pergunta se impõe: promover ações de mobilização política em favor do impeachment da presidente, com o aval e o suporte de organizações estrangeiras na manutenção de seus principais quadros, não violaria a Constituição ou alguma outra lei no país?
Dado que o Movimento Brasil Livre deve lançar, segundo a Gazeta do Povo, mais de cem candidatos na próxima eleição em 23 estados da Federação, pelo PSDB, Partido Novo, DEM, PSD, PSC e PPS, ele já não operaria na prática como uma espécie de partido político sem personalidade jurídica? Não haveria, portanto, a violação do Art. 17 da Constituição que veda a organizações dessa natureza o "recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes", caso se comprove que essas lideranças são apoiadas com recursos vindos do exterior? Se entendido fosse que lançar mais de cem candidatos através de diferentes partidos se caracteriza como ação político-partidária, isso não violaria o Art. 28 da Lei Nº 9.096/1995, que tipifica como infração "ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira" para a realização da atividade política?
No seminário sobre Economia Política realizado pelo Cato Institute, nos Estados Unidos, em julho de 2015, Kim Kataguiri e Pedro Ferreira, na condição de Líderes do Movimento Brasil Livre, discorreram sobre as ações pró-impeachment no país.
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Trataram também do recrutamento e treinamento dos jovens para atuar politicamente nesse movimento.
Um dos pontos da estratégia apresentada é realizar lobby em Brasília — isto é, persuadir os parlamentares e outras autoridades a agirem em favor de objetivos do Movimento. A prática de lobby é comum nos Estados Unidos. E os irmãos Charles e David Koch se destacam nesse modo de atuação. A tal ponto chegou a interferência de seu poder econômico na política norte-americana, que o Partido Democrata desfechou uma ação nacional em seu enfrentamento.
Em entrevista à Time, Kataguiri afirmou que o objetivo desejado pelo movimento é "liberalizar o Estado. Nós queremos menos impostos, menos burocracias e a privatização de todas as empresas públicas." A mesma afirmação, com variações, aparece no The Guardian: "Nós defendemos o livre mercado, impostos mais baixos e a privatização de todas as empresas públicas". Por sua vez, em entrevista à Liberty Conservatives, ele detalha aspectos dessa abordagem. Mas não poderia ser mais explicito nisso: busca-se "a privatização de todas as empresas públicas." Portanto, os líderes do movimento desejam privatizar, igualmente, a Petrobras, empresa estatal de economia mista que tem o governo brasileiro como acionista majoritário.
Dado que, em inglês, essas lideranças são referidas como "members of the libertarian Movimento Brasil Livre" e como o Libertarian Party é um dos patrocinadores do Students for Liberty, parece interessante confrontar as posições gerais do Movimento com a plataforma desse partido, que teve o bilionário David Hamilton Koch como candidato a vice-presidente dos Estados Unidos em 1980. Os irmãos Koch possuem uma fortuna de US$ 80 bilhões, atuando na área de petróleo, química e commodities, sendo proprietários de refinarias no Texas, Alaska e Minnesota e controladores de 4 mil milhas de oleodutos. As reservas do Pré-Sal no Brasil, seguramente, não estariam fora de seu radar de negócios.
Alguns itens da plataforma do Libertarian Party, foram assim defendidas por David Koch em 1980:
– Queremos a revogação do financiamento público de campanhas eleitorais [...].
– Somos contra qualquer imposto de renda, pessoal e empresarial, incluindo os impostos sobre ganhos de capital.
– Apoiamos a revogação de todas as leis que impedem as pessoas de conseguirem emprego, tais como as leis do salário mínimo.
– Exigimos a privatização do sistema ferroviário [...], das estradas públicas e do sistema rodoviário nacional.
– Apoiamos o fim de todos os subsídios para o cuidado dos filhos que há em nossas leis atuais, inclusive os serviços de bem-estar e outros orientados para crianças e mantidos com impostos.
– Nos opomos a todos os serviços oficiais de bem-estar, aos projetos de apoio e a todos os programas de "ajuda aos mais pobres". Todos esses programas são paternalistas, atentam contra a privacidade das pessoas e são ineficientes.
– Defendemos a abolição da Agência de Proteção Ambiental.
– Exigimos a privatização de todos as vias fluviais navegáveis e de todos os sistemas de distribuição que levam água a indústrias, à agricultura e aos lares.
Como se pode ver, há uma coincidência entre várias propostas do Libertarian Party e do Movimento Brasil Livre, particularmente na defesa das privatizações, redução de impostos e no combate aos programas sociais.
O senador norte-americano Bernie Sanders destaca, referindo-se aos Estados Unidos, que "a agenda dos irmãos Koch, visa revogar todas as principais leis votadas e aprovadas ao longo dos últimos 80 anos que protegeram a classe média, os idosos, as crianças, os doentes e os mais vulneráveis neste país".
Aqui no Brasil, por sua vez, a tentativa de revogação de vários direitos sociais e trabalhistas, almejada pelas lideranças do Movimento Brasil Livre e pelas forças empresariais do movimento pró-impeachment, nos leva diretamente ao Plano Temer.
O Plano Temer e o Desmonte das Conquistas Sociais no Brasil
O Impeachment não se resume ao tema do Petróleo e da subordinação da economia brasileira a interesses de grupos econômicos internacionais. Inclui, igualmente, o desmonte dos direitos sociais e trabalhistas para atender aos interesses dos grupos patronais internos, cujas Federações de Indústria e entidades empresariais têm apoiado economicamente a propaganda desse movimento em veículos de comunicação, organizado eventos, almoços e jantares com a participação de juízes e políticos, têm espalhado milhares de patos de borracha em diferentes lugares como simbolo do movimento, apoiado lideranças pró-impeachment e insuflado as mobilizações pela deposição do atual governo.
Michel Temer, o vice-presidente que viria a assumir o posto de Dilma com a vitória do impeachment, publicou seu plano de governo, por assim dizer, no ano passado. E agora sua equipe desenvolve o Plano Temer 2. O senador Roberto Requião fez uma análise crítica, bastante detalhada, dessas propostas. O Plano engloba vários projetos de lei que estão em tramitação, muitos dos quais poderiam ser aprovados rapidamente pelo novo governo. Em sua essência, o Plano desmonta a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, põe fim à exclusividade da Petrobras na exploração do pré-sal e abre brechas para a transferência de todos os ativos do Estado brasileiro para a iniciativa privada, inclusive a Petrobras.
Aqui citamos apenas sete pontos do Plano Temer e alguns de seus principais impactos.
[1] "na área trabalhista, permitir que as convenções coletivas prevaleçam sobre as normas legais, salvo quanto aos direitos básicos"
O resultado dessa proposta é o fim da CLT. Pois, o que for negociado nas convenções ficará acima do que está previsto nas normas legais. Isso contraria a própria Constituição, pois ela não estabelece Direitos Básicos, mas sim Direitos Fundamentais (Art. 5), Direitos Sociais (Art.6) e Direitos dos Trabalhadores Urbanos e Rurais (Art.7).
O que acontecerá, pois, com os direitos estabelecidos no Art. 7 da Constituição e regulamentados por lei, que incluem direito ao salário mínimo, férias, jornada de trabalho normal não superior a oito horas diárias, repouso semanal remunerado, férias anuais remuneradas, proteção contra demissão arbitrária, aviso prévio, seguro-desemprego, fundo de garantia, piso salarial, décimo terceiro salário, salário-família, participação nos lucros, licença à gestante, licença-paternidade, aposentadoria e vários outros? Esses direitos serão objeto de alguma Emenda Constitucional? Serão suprimidos ou apenas esvaziados com a aprovação de algum projeto, similar ao Projeto de Lei 4330/2004, que expande o conceito de trabalho terceirizado e que foi aprovado na Câmara em abril do ano passado, suprimindo vários direitos dos trabalhadores, enquanto as atenções da sociedade brasileira se voltavam às mobilizações pró-impeachment e aos vazamentos da Lava Jato?
Implantado o Plano Temer, se houver uma negociação salarial homologada que estipule um salário de valor inferior ao estabelecido por lei, tal acordo será válido, pois a convenção irá prevalecer sobre a norma legal.
[2] "fim de todas as indexações, seja para salários, benefícios previdenciários e tudo o mais."
Com isso, elimina-se a indexação de qualquer benefício ao salário mínimo. Assim os valores das aposentadorias e auxílios a pessoas em condição de vulnerabilidade poderão ser estipulados independentemente do valor do salário mínimo. Na prática o salário mínimo deixaria de ser elemento determinante para a definição dos salários vigentes no país, abrindo-se a possibilidade dos aposentados receberem menos de um salário mínimo.
[3] "executar uma política de desenvolvimento centrada na iniciativa privada, por meio de transferências de ativos que se fizerem necessárias, concessões amplas em todas as áreas de logística e infraestrutura, parcerias para complementar a oferta de serviços públicos e retorno a regime anterior de concessões na área de petróleo, dando-se a Petrobras o direito de preferência"
Transferência de ativos públicos à iniciativa privada é outro modo de se referir à privatização desses ativos. Quais deles serão transferidos à iniciativa privada, isto é, privatizados? A parcela da Petrobras, que cabe à União, estará incluída entre eles, como desejam as lideranças do Movimento Brasil Livre, que lutam pelo impeachment e defendem a "privatização de todas as companhias públicas"?
Sobre o retorno ao regime anterior de concessões na área de petróleo, a medida prevê claramente revogar o regime aprovado no Governo Lula, que estabeleceu a exclusividade da Petrobras na exploração da camada pré-sal. Esse retorno ao regime anterior não vai na mesma linha do PL 4567/2016 do senador José Serra?
[4] "construir uma trajetória de equilíbrio fiscal duradouro, com superávit operacional e a redução progressiva do endividamento público;"
Como há uma redução de receitas do Governo Federal em razão da crise econômica, esse equilíbrio será realizado cortando gastos. Mas, seguramente, não serão cortados os pagamentos da dívida pública, que remuneram investidores privados com as taxas de juros praticadas pelo Governo, e sim os gastos de custeio e das políticas sociais, afetando os serviços oferecidos à classe média e às populações mais pobres do país.
[5] "estabelecer um limite para as despesas de custeio inferior ao crescimento do PIB, através de lei, após serem eliminadas as vinculações e as indexações que engessam o orçamento"
Com a eliminação das vinculações e indexações, cria-se um novo regime orçamentário, que põe fim ao modelo atual de financiamento da Educação e da Saúde Pública. Por outra parte, a evolução das despesas de custeio, necessárias à prestação de serviços de saúde, educação, etc, será sempre menor que o crescimento do PIB para que sobre mais recursos para o pagamento das dívidas aos especuladores.
[6] "realizar a inserção plena da economia brasileira no comércio internacional, com maior abertura comercial e busca de acordos regionais de comércio em todas as áreas econômicas relevantes – Estados Unidos, União Europeia e Ásia – com ou sem a companhia do Mercosul, embora preferencialmente com eles."
Assim, ao invés de fortalecer o Bloco dos Brics ou o Mercosul, a proposta busca a inclusão do Brasil, de forma subordinada e plena, aos acordos de investimento que os Estados Unidos hegemonizam no âmbito da Ásia e no Atlântico Norte. Tem-se uma regressão nos acordos do Mercosul em favor de acordos com a Europa e os Estados Unidos.
[7] "promover a racionalização dos procedimentos burocráticos e assegurar ampla segurança jurídica para a criação de empresas e para a realização de investimentos, com ênfase nos licenciamentos ambientais que podem ser efetivos sem ser necessariamente complexos e demorados; "
Com a alteração dos licenciamentos ambientais, simplificando-os e agilizando-os para facilitar investimentos do capital nacional e internacional, o Brasil poderá, de fato, retroceder muito nas poucas conquistas que tivemos nessa matéria, a duras penas, nos últimos governos. O vazamento da lama da Samarco e da Vale do Rio Doce é uma prova cabal de como a simplificação de assuntos complexos e a falta de um monitoramento público sobre as ações dessas empresas privadas podem gerar impactos irreparáveis, a comunidades humanas e aos ecossistemas.
Juntando as Peças do Golpe
A unidade em torno do impeachment compõe diferentes grupos. Entre eles estão os grupos econômicos que querem tirar proveito da derrubada do atual governo para avançar na conquista de seus interesses. Mas também grupos de políticos corruptos, que esperam, com um novo governo, por fim à Operação Lava Jato e às diversas operações de combate à corrupção no país — ou, talvez, aperfeiçoar o uso dessas operações como instrumento de perseguição política visando combater os seus adversários.
De fato, a desinformação é a arma principal do golpe, pois a maioria da população ainda não percebeu o que está em jogo e quem está por trás do movimento pró-impeachment.
Todos os dias se fala em Lava Jato e crimes de corrupção. Mas, o processo do impeachment contra Dilma nada tem a ver com a Operação Lava Jato. Qual seria seu crime? Afirmam as forças golpistas que é um crime de responsabilidade fiscal.
Mas conclua o leitor por si mesmo. Os programas de transferência de renda do Governo Federal incluem, entre outros, o Bolsa Família e o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, que atendem a famílias com renda mensal de até R$ 70 por integrante. A União tem um contrato com bancos públicos que atuam como operadores no serviço de pagamento dessas transferências de renda. Dada a crise econômica que afeta a arrecadação de impostos, o Governo Federal, em vários meses, não arrecadou o que estava previsto no orçamento e não integralizou, em sua totalidade, o repasse mensal previsto a esses bancos. Eles, entretanto, mantiveram a pontualidade do pagamento dos benefícios, como previsto no contrato de prestação de serviços firmado com a União, ficando a diferença não integralizada como crédito a receber. Com a arrecadação do período seguinte e remanejamento de despesas, o Governo realizou a cobertura dos pagamentos previstos e a integralização dos repasses anteriores. Este mesmo mecanismo foi usado no passado pelos governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula. O Tribunal de Contas da União - TCU não questionou essa metodologia nos anos de 2011, 2012 e 2013, mas a questionou, em 2015, com relação às contas de 2014, propondo que ela fosse alterada para evitar a existência de saldos maiores em favor dos bancos ou da União. O governo, então, alterou a metodologia, acolhendo todas as proposições do TCU.
Mas, a oposição afirma que houve crime de responsabilidade fiscal, considerando que o serviço de transferência de renda foi mantido pelos bancos públicos em períodos de baixa arrecadação de impostos pela União quando esta não integralizou a totalidade do repasse aos bancos. E, por isso, haveria que depor-se a presidente, como bem detalha o texto de Igor Fuser. Mas, mesmo que, confundindo-se o direito de crédito com operação de crédito, essa prática fosse equivocadamente considerada criminosa, ainda assim tal crime não seria enquadrável naquilo que a Lei 1.079/1950 prevê como crime de responsabilidade, pois os limites do orçamento aprovado pelo Congresso foram sempre respeitados.
Infelizmente, entretanto, nesse momento histórico que atravessamos, o verdadeiro debate político ficou soterrado sob a avalanche de acusações de corrupção, propagadas pelas mídias de massa, projetando o protagonismo de lideranças políticas que mobilizam a sociedade em favor de propostas e interesses de grandes grupos econômicos, nacionais e internacionais. Tais grupos econômicos se associaram na luta pelo impeachment da presidente Dilma. Seu objetivo é dar posse a um outro presidente, comprometido em sancionar todos os projetos de lei que estão sendo aprovados no Congresso Nacional no atendimento dos seus interesses.
Cabe ao povo ir para as ruas e pressionar os parlamentares, especialmente os indecisos, para que esse golpe não ocorra, para impedir que os blocos do pré-sal sejam entregues a consórcios estrangeiros e para impedir que as conquistas sociais, duramente alcançadas em mais de um século de lutas pela classe trabalhadora em nosso país sejam sepultadas com a execução do Plano Temer.
O que está em curso no Brasil é um golpe contra o nosso povo e contra a soberania nacional na área energética. O impeachment da presidente Dilma, sem crime de responsabilidade comprovado, é um golpe de Estado e como tal deve ser repelido por todos os brasileiros que defendem a democracia em nosso país!!
Publicado em:
http://www.solidarius.com.br/mance/biblioteca/golpe.pdf
http://www.solidarius.com.br/mance/biblioteca/golpe.htm
#TodosPelaDemocracia (vídeo e evento)
17 de Março de 2016, 10:10imprensa e o judiciário não podem atuar como partido político.
O que está em jogo é algo muito mais importante do que quem ocupará a Presidência da República. O que está em jogo é a própria democracia, a estabilidade do país e todas as instituições do Estado. #GolpeNuncaMais #TodosPelaDemocracia #JuntosPeloBrasil #MaisAmorMenosGolpe
Dia 18 vamos para rua pela democracia. Confirme sua presença no evento: http://on.fb.me/1RdmScE
A ordem democrática se rompe: o cerco nas ruas e nas instituições
14 de Março de 2016, 16:26por Rodrigo Vianna.
Link do artigo: http://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/palavra-minha/a/
Já não é mais possível dizer que estamos a um passo do rompimento da ordem democrática. O rompimento já aconteceu.
Há algumas semanas, escrevi aqui sobre esse “1964 em câmera lenta”. E o quadro se consolida.
PM cerca sindicatos: a esquerda está em minoria, mas PSDB teme reação até dia 18Em São Paulo, capital reaça do Brasil, a PM comandada pelo governador Alckmin (PSDB) cercou sindicatos de trabalhadores desde sexta-feira. A Globo e a Veja atacam sem nenhum limite. Guerra de extermínio, para matar a esquerda e os movimentos sociais – estejam ou não alinhados a Lula.
Ao contrário de 1964, o cerco não é comandado pelo Exército – que está quieto. Mas pela burocracia de Estado. Juízes, policiais federais, parcelas do Ministério Público Federal e das promotorias nos estados oferecem à classe média raivosa uma narrativa de “combate aos corruptos”.
1964 foi feito contra a corrupção e contra a esquerda. Nesse ponto, nada mudou. Mas os métodos são mais sofisticados.
Difícil explicar para setores mais moderados que há um golpe jurídico em curso, com apoio midiático; ou um golpe midiático, com apoio jurídico. Difícil porque surge sempre a pergunta: “mas um golpe? eles são apenas policiais e procuradores combatendo a corrupção”.
É a narrativa de que “o braço da lei não perdoa ninguém” (essa ideia devo à jornalista Laura Capriglione, formulada durante uma conversa angustiada sobre os rumos do país).
Claro que os setores organizados de esquerda e quem conhece a história do Brasil sabem bem do que se trata: combate à corrupção? Com Aécio (o senador do “terço de Furnas” e das 5 delações) e Alckmin (merendão e trensalão) comandando as massas de classe média?
Mas o fato é que essa narrativa de “braço da lei contra o partido dos corruptos” vem avançando, e atinge o ápice nesse fim-de-semana com a marcha de 13 de março.
As revistas semanais, a Globo e outras tvs servem a esse discurso, tornando “natural” que o combate à corrupção se faça apenas contra um partido e um setor da sociedade. A esquerda psolista e marineira não percebeu isso antes. Espero que agora perceba: não é o PT apenas que eles querem destruir…
Mas é evidente também que a aposta do governo Dilma, ao romper com a base popular que poderia fazer sua defesa, cria uma situação dramática.
Dilma apostou tudo na governabilidade “institucional”, digamos assim. E nos afagos ao “mercado”. Ficou sem apoio nas ruas, e não ganhou nada nos mercados e instituições.
Dilma entregou poder a Renan/PMDB do Rio, para enfrentar a ala do PMDB que desejava impeachment já em 2015. Pois agora é Renan, empoderado por Dilma na negociação do Pré-Sal, quem acerta os detalhes para o desfecho do golpe.
A PM cerca os sindicatos em São Paulo, a classe média vai pra rua, e o PMDB dá um prazo de 30 dias pra decidir a saída do governo. São 30 dias para acertar os ponteiros com os tucanos.
Em 1964, Jango caiu quando o PSD abandonou o governo e se uniu à UDN, isolando os trabalhistas. É exatamente o movimento que se repete: a UDN (tucanos) atrai o PSD (temer e seus garotos) para o ataque final.
Eles estão com pressa. Precisam derrubar Dilma e parar a Lava-Jato antes que a investigação (via STF) chegue (já chegou) a Aécio, Renan e Temer.
A essa altura, há quatro fatores que podem interromper o cerco e frear a escalada golpista:
- Lula, no governo ou nas ruas, comandar a resistência e reagrupar o que resta de movimentos organizados dispostos ao combate (a direita faz cálculos pra saber se é melhor mantê-lo livre ou preso, qual situação seria menos danosa ao golpe);
- a Lava-Jato, via STF, trazer novas revelações que podem desmoralizar os golpistas (Moro não o fará, porque ele integra a inteligência do golpe institucional; mas Teori mostra que não pretende poupar tucanos e peemedebistas)
- a esquerda ir pras ruas e mostrar de forma decidida que não aceitará a colombianização do Brasil (na Colômbia, há uma combinação de autoritarismo, exclusão das esquerdas do jogo político e ataque aos direitos – tudo disfarçado sob o manto da “normalidade” institucional) ;
- a direita cometer novos “erros” que comprometam seu avanço.
Esse último ponto é o que chamo de “o imponderável de Almeida”.
A ação do MP de São Paulo foi claramente um erro do lado de lá. A petição dos 3 patetas – inepta, absurda – escancara a escalada autoritária travestida de legalidade.
A direita erra, por sua arrogância.
Temer errou com sua carta chorosa, Moro errou na condução coercitiva de Lula, o MP-SP errou esta semana com a petição dos 3 patetas. Alckmin erra usando a truculência da PM. Erram porque acreditam na miragem de que haja “um país inteiro a favor de derrubar o PT, seja de que jeito for”.
A realidade não é bem essa.
Há maioria do povo, sim, inconformada por Dilma ter abandonado o programa vitorioso em 2014. E há a direita de classe média, insuflada pela mídia e por Moro.
O segundo grupo fará qualquer coisa pra derrubar o governo e prender Lula. Acha que está liberado para o vale-tudo. Mas o primeiro grupo, ao ver o abuso do segundo, pode compreender o que há em jogo.
Contemos com a capacidade da direita de escancarar seus métodos.
A direita – que cerca sindicatos e persegue (com PF e procuradores) um ex-presidente e todos aqueles que estão com ele – vai mostrar sua cara nos próximos 30 dias. Vamos ajudar a expor esse rosto sombrio.
Eles entraram numa guerra total. Estão mais fortes. Mas em posição de força muitos exércitos cometem erros. É com isso também que podemos contar, na defesa da democracia.
Mas não sejamos ingênuos. A situação é muito favorável a um golpe institucional, pela direita.
O que nos anima é que a história dá voltas. Um ataque truculento agora, ainda que amparada pela legalidade, deve ser enfrentado de forma firme.
Os movimentos sociais e a esquerda podem até perder essa batalha agora. Mas travá-la é fundamental, porque logo adiante esse governo de direita que pretende se implantar no Brasil vai mostrar seus limites.
Essa gente se engana se pensa que o golpe jurídico-midiático vai ser um passeio no parque. Não será.
Todos pagarão preço alto, inclusive aqueles que hoje usam a violência simbólica (Globo/Veja et caterva) e a força jurídica para humilhar e destruir os adversários.
A resistência será longa, devemos olhar para longe. Lutar agora – mesmo em minoria – significa mostrar que estamos vivos e que não aceitamos o desmonte do Brasil, dos direitos sociais, do Estado nacional.
O ataque a Chico Buarque é sintoma claro de crescimento do fascismo em nosso país
25 de Dezembro de 2015, 12:33Tomo a liberdade de reproduzir uma postagem de Pablo Villaça no facebook, de 22 de dezembro de 2015, ao saber do ataque a Chico Buarque. É um resumo didático do que está acontecendo em nosso país, algo que beira o irracionalismo típico aos momentos pré-fascistas na história moderna.
Fonte: https://www.facebook.com/pablovillaca01/posts/753342748104287
Em um momento de lazer, Chico Buarque de Hollanda foi cercado no meio da rua por um grupo de jovens ligados ao PSDB e insultado por "defender o PT". Aparentemente, estes projetos de fascistas não compreendem que TODOS temos o direito de expressar nossas opiniões políticas, agradem estas ou não. Chico, que nem político é, foi agredido por se manifestar como cidadão - algo que os veículos da mídia manchetearam como (acreditem) "Chico bate boca defendendo o PT no meio da rua: cantor retrucou grupo que atacou o partido".
Não, jornalixo brasileiro, o grupo não "atacou o partido"; atacou CHICO num momento de lazer e no meio da rua. E ele não "bateu boca pelo PT"; foi cercado e insultado por estranhos e defendeu sua posição ideológica.
O cara é um patrimônio cultural do país, um senhor de mais de 70 anos de idade, é cercado e insultado por um bando de moleques fascistas e a mídia trata isto não só com normalidade, mas ainda tentando atribuir a ELE a falta de civilidade da situação à qual foi submetido.
Os veículos de comunicação brasileiros estão esperando alguém morrer graças ao clima de ódio que ajudam a criar. Aí, então, começarão a publicar matérias sobre "tolerância" pra se isentarem de culpa. (Não à toa, um colunista demitido de Veja publicou foto malhando e dizendo que se preparava para a "única forma de dialogar com petista", num estímulo irresponsável à violência e à agressão como forma de "debate".)
A verdade é que esses caras têm alma fascista. Não suportam mais a distância do poder e usam "corrupção" como um chavão que disfarça seu propósito real: o não à inclusão social. Se a questão fosse mesmo "corrupção", não abraçariam Cunha como aliado. Protestariam também contra a privataria tucana, o aecioporto e a roubalheira no metrô de São Paulo.
Mas não, o panelaço é seletivo: Alckmin pode fechar 100 escolas; Haddad não pode abrir a Paulista. São milhões de Cunha; já Chico é um "merda".
Aplaudem Macri na Argentina, que indica ministro de Supremo por decreto, mas atacam o STF brasileiro por defender a Constituição numa interpretação que ganhou apoio de praticamente todos os juristas de relevo ao barrar os abusos do presidente da Câmara.
Acham absurdo o bolsa-família que ajuda o povo mais pobre a COMER, mas aplaudem que os ricos paguem impostos ridículos, significativamente menores do que o restante da população.
Querem uma desregulamentação completa do mercado e depois vêm colocar avatarzinho triste por Mariana.
Dizem que vivemos numa "ditadura petista" enquanto cercam um músico de 71 anos na rua para insultá-lo por se expressar como cidadão.
Saem pedindo impeachment no aniversário do AI-5 e se espantam quando são chamados de golpistas.
Acusam a esquerda de "burrice", mas usam "pão com mortadela" e "chola mais" como argumento.
Abraçam a bandeira brasileira e colocam "PATRIOTA!!!" na bio, mas são os primeiros a diminuir o país num viralatismo constante diante do mundo, além de adorarem falar mal do Cinema brasileiro - que conhecem só de ouvir falar.
Amam quando um comediante chama negro de "macaco", gays de "vitimistas" e mulheres de "vadias", mas dizem que os homens brancos cis heterossexuais sofrem preconceito.
Dizem que a esquerda prega "luta de classes", mas chamam esquerdistas de "pão com mortadela" e "esquerda caviar".
Adoram se dizer éticos, mas acham natural que o líder do MBL peça doações em sua conta pessoal.
Acham certo a PM espancar manifestantes (mesmo adolescentes), que chamam de "vagabundos", mas só conhecem a PM que tira selfie na Paulista.
Por isso tenho orgulho de ser de esquerda. De fazer críticas ao governo que se afastou dos movimentos sociais, mas de defendê-lo contra o golpe - pois, mesmo com todas as suas graves falhas, AINDA enxergo nele uma preocupação com os excluídos sociais que JAMAIS serão abraçados por esta oposição.
Uma oposição que prega que quem manda é o "deus mercado". Não, me desculpem, mas prefiro bem mais quem enxerga no desenvolvimentismo a opção mais humana.
Para encerrar - e com a maquiagem borrada pelas lágrimas - digo: "LEAVE CHICO ALONE!". Emoticon wink
E viva o debate saudável.
Homenagem às ocupações das escolas de São Paulo
23 de Dezembro de 2015, 9:47Esta foi A boa notícia do ano. Jovens se mobilizando, lutando pela educação, com coragem, alegria e muita autogestão.
Melhor presente de natal que este, impossível.
Abaixo, a música "O trono do estudar", de Dani Black, em apoio aos e às estudantes, com participação de muitos artistas, incluindo Chico Buarque. Escute, sinta, e vibre.
Outro mundo é possível!
Festa estranha, gente esquisita
21 de Dezembro de 2015, 16:13por Gregorio Duvivier, em 21/12/2015
Você também já deve ter se perguntado: "Por que o Congresso brasileiro é tão conservador?". Eduardo Cunha costuma responder pra você e pra quem quiser ouvir que o Congresso foi eleito pelo povo, logo o conservadorismo do Congresso reflete o conservadorismo do povo. Imagino que ele só tenha enviado milhões não declarados para a Suíça porque é isso que todo brasileiro faz. A culpa é do povo, sempre.
Cunha: tira o povo dessa roubada. Se tem alguém que não está presente no Congresso nacional (além dos deputados que, de modo geral, preferem trabalhar de casa) é o povo brasileiro.
As mulheres são quase 52% da população. No entanto, você consegue encontrar mais mulheres jogando rúgbi do que na Câmara dos Deputados. O povo brasileiro se declara, em sua maioria, negro ou pardo (53%). O Senado brasileiro tem menos negros que o Senado da Suécia (não é uma expressão, é um fato). Quanto aos jovens, melhor procurar num jogo de bocha. Jovens com até 34 anos são 39% do eleitorado e 10% do Congresso.
O mesmo vale para os gays: apenas um deputado entre os 513 se declara gay. Já os transexuais e a população indígena não tem a mesma sorte. Nenhuma das duas minorias tem sequer um deputado federal ou senador. Em compensação, os empresários, apenas 4% da população, são 43% dos deputados. Sim: proporcionalmente, a Câmara dos Deputados tem dez vezes mais empresários do que o Brasil.
Muito se fala sobre a tal festa da democracia. Que festa estranha com gente esquisita. Eu não tô legal. O Congresso brasileiro para o salão de jogos do Country Club: uma versão mais masculina, mais branca, mais hétero, mais velha e mais empresária do Brasil. Mas por quê? Será que o brasileiro só confia em homem branco hétero velho empresário?
Uma rápida pesquisa revela que eleger um deputado custa, em média, R$ 6 milhões. Uma rápida pesquisa revela que quem tem R$ 6 milhões no Brasil é homem branco hétero velho empresário. O Congresso brasileiro não é a cara do Brasil. Ele é a cara da elite do Brasil. Não é o povo brasileiro que é conservador. É o dinheiro brasileiro que é conservador.
Pense no lado bom: talvez o Brasil não seja um país intrinsecamente corrupto ou reacionário. Ou talvez seja. Isso a gente ainda não sabe. Pra isso seria preciso uma coisa inédita: democracia. Por enquanto, pra participar da festa, só com pulseirinha VIP de R$ 6 milhões (mas relaxa que tem consumação).