Voto no programa de governo, não no candidato
23 de Setembro de 2018, 14:01Poucos querem politizar o debate eleitoral, pois a ignorância geral interessa a muitos.
Desde que me tornei eleitor neste país, meu voto sempre foi no programa de governo e no projeto político que mais se aproximam das necessidades da Classe Trabalhadora. Confesso que, em algumas vezes, votei meio a contragosto no candidato que representava o projeto. Infelizmente, em um dos casos, meus pressentimentos estavam corretos e o projeto não foi honrado.
Voto no projeto, não no candidato.
Não voto em candidato nenhum por medo dos outros candidatos.
Voto no programa de governo e não no medo.
O programa de governo que mais se aproxima de meus desejos, aspirações, consciência e daquilo que considero neessário para a Classe Trabalhadora é o programa da coligação O Povo Feliz de Novo.
Não, não é o programa ideal. Muito menos perfeito. Mas neste momento histórico este programa é o que mais se aproxima daquilo que eu defendo.
Tem pelo menos quatro pontos neste programa de governo que merecem meu apoio:
- A revogação das medidas de caráter inconstitucional, antinacional ou antipopular editadas pelo atual governo ilegítimo;
- A defesa da Soberania Nacional;
- A Democratização das comunicações; e
- A consolidação na prática do Marco Civil da Internet
Você, caro leitor, pode me perguntar:
- Mas será que o PT e seus aliados cumprirão o plano de governo registrado?
E eu te respondo com toda tranquilidade:
- Isso vai depender da organização e mobilização popular e da Classe Trabalhadora, exigindo que o PT cumpra o programa e vá além do ali proposto em defesa dos direitos do povo trabalhador. Sem mobilização e organização nada acontece, nada cai do céu!
Agora, se você pretende votar em outro candidato, em outro projeto eu lhe peço encarecidamente que não invente desculpas, nem pose de progressista, nem faça malabarismo comunicacional, usando a teoria do medo para justificar seu voto. Assuma-o pelas qualidades do projeto que seu candidato representa.
Não despolitize o debate. Qualifique-o.
STF é comunista!
31 de Agosto de 2018, 7:43 - sem comentários ainda Sim, senhores e senhoras, o STF ao liberar a Terceirização Total cria uma insegurança jurídica no mundo do trabalho que afeta a todos: homens, mulheres, brancos, negros, heteros, homossexuais, inteligentes, burros, espertos, otários, religiosos, ateus e midiotas de todas as categorias e classes.
Por não lerem Marx e dizer combatê-lo, esticam a corda em favor dos empresários e assim contribuem para que os estudos do alemão (que mais estudou e entende de capitalismo) sobre a concentração de renda (e o fosso que separa as classes sociais) vire realidade.
Com a liberação da terceirização o STF estimula a luta de classes. Força a unidade da classe, dividida por lutas identitaristas que não afetam o capitalismo. Se o fato de sermos todos trabalhadores não nos unia mais, quem sabe agora que seremos todos terceirizados consigamos nos unir. A decisão do STF permite aos patrões precarizar as condições de trabalho e de contratação do mesmo ao extremo. No popular? Permite ao patrão enfiar o nabo no rabo dos trabalhadores e trabalhadoras. E se estes não reagirem enfiam mais e mais em todos e todas. Esta poderá ser uma das vias pela qual chegaremos ao "comunismo", com todos e todas sendo escravizados da mesma forma. Só que agora não será sob o controle do "maldoso" partido único comunista, mas sim do "querido e bondoso" mercado capitalista, do 1% da população mundial contra os 99% de seres coisificados que se acham humanos.
Claro que as fundações do neoliberalismo social (Soros, Fundação Ford e que tais) se esforçarão para criar organizações identitaristas de terceirizados para nos manter divididos.
Porém, a barbárie será tamanha que mais cedo ou mais tarde a classe dos terceirizados será forçada a reagir e, assim como franceses no século XVIII e russos no século XX, fazer uma revolução para acabar com o sistema que a terceiriza, escraviza, desumaniza e coisifica. E esta poderá ser outra via para se chegar ao Comunismo.
Obviamente a reação não será imediata. Levará algumas décadas para que aconteça. Mas quando acontecer, para nós não será novidade. Não surfará nessa onda quem não quiser!
E para encerrar, seguindo o velho ditado popular "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura" deixo aqui algumas palavras escritas em 2007:
"... um dos maiores erros cometidos por parte da esquerda foi acreditar que a tomada do poder político (ganhar o governo) facilitaria o processo de transformação econômica. A história já demonstrou que aqueles que conquistam o poder político, sem ter o poder econômico, acabam transformados em servos do último e, nos casos onde não se submetem aos pesados interesses econômicos, são expulsos do poder político por movimentos mais atrasados e piores para os Trabalhadores, piores até que os derrotados pela esquerda no período anterior.
Para evitar este desastre socio-político é preciso que existam na sociedade forças extremamente organizadas a partir da base e preparadas para fazer com que a economia funcione, capaz de gerar riquezas, segundo novas condições. Em outras palavras é preciso construir poder econômico, tendo os Trabalhadores não só a frente deste processo, mas sujeito dos mesmos. (Escrevemos este parágrafo em 2007, publicado na apresentação do livro Concepção Anarquista de Sindicalismo de autoria de Neno Vasco, o anarco-sindicalista português que traduziu para a língua pátria os versos de A Internacional.)"
Quem sabe um dia consigamos entendê-las e aprendamos com nossos próprios erros. Quem sabe!
O que fazer enquanto a morte não chega?
26 de Junho de 2018, 8:11 - sem comentários aindaA pergunta é impactante ao passo que convida à reflexão daqueles que estamos sem esperança.
A política tal como a vivenciamos atualmente está escravizada pelo poder financeiro.
Justamente a política, esta ciência que deveria nortear os humanoides a bem viver em sociedade.
Por isso a inquietude dos ativistas é um alento a rebater o sentimento depressivo exposto na pergunta título.
Que tipo de ação seria mais eficaz para eliminar injustiças sociais?
O poder financeiro, da propriedade privada e da renda altamente concentradas, impede que haja uma economia saudável do ponto de vista humano.
Talvez um caminho promissor seja o cooperativismo, a economia solidária.
Dessa forma se buscaria quebrar os paradigmas do capitalismo que subjuga a política para manter a economia favorável somente ao topo da pirâmide social.
Jamais se esqueçam disso: Lula sem povo não existe!
22 de Agosto de 2017, 13:45 - sem comentários aindaExtremamente a importante a frase de Lula pronunciada durante a caravana #LulapeloBrasil.
Ela nos lembra a todos, trabalhadores e trabalhadoras, intelectuais e intelectualóides, estrategistas da vitória e da derrota, governantes e governados, politicos e politiqueiros, revolucionários e conservadores, burros e inteligentes, coxinhas e mortadelas, ricos e pobres, que Lula não existe em si, a priori, Lula é fruto da Luta da Classe Trabalhadora Brasileira e Mundial e nela existe, pois sem ela é apenas mais uma pessoa física, como outros bilhões que existem no planeta.
Para destruir Lula é preciso destruir todo o povo. Luis Inácio pode deixar de existir, mas Lula só deixa de existir quando não mais houver povo.
Então, estrategistas da governabilidade sem povo, jamais se esqueçam disso. Lula só existe porque existe o povo e o PT foi feito para governar para este povo, que é quem faz o PT ser o Partido dos Trabalhadores, não aquela coisa igual aos demais que se lambuzou nos esquemões do financiamento eleitoral.
E se não concordam comigo, que digam ao Lula que a frase dele está errada e que o mesmo está equivocado.
¿Unidad sin ideología, sin combatir el capitalismo y con pluripartidismo? Por Fidel Castro
20 de Agosto de 2017, 13:25Este partido es fruto de la Revolución misma. La Revolución trajo al mundo al partido, y ahora el partido lleva adelante la Revolución. El partido es un vehículo por excelencia y la garantía de su continuidad histórica.
Este partido nació de dos factores esenciales, fundamentales, invalorables: la unión de todos los revolucionarios […] y una doctrina científica, una filosofía político-revolucionaria: el marxismo-leninismo.
De la unión y de la idea, de la unidad y la doctrina, en el crisol de un proceso revolucionario, se ha formado este partido. Y por esas dos cosas tendremos que velar siempre: por la unidad y por la doctrina, porque son nuestros pilares fundamentales.
Asamblea de Balance del PCC en La Habana, 20 de marzo de 1974
Es nuestra ideología la que nos hace fuertes e invencibles. ¡Cuidemos por encima de todo su pureza, desarrollémosla con nuestras modestas experiencias, combatamos sin tregua y sin concesión alguna las ideas reaccionarias del imperialismo y el capitalismo en todas sus manifestaciones!
Informe Central al Primer Congreso del PCC, 17 de diciembre de 1975
A los que nos piden que nos fragmentemos en mil pedazos, les decimos: ¡No!
A los que nos piden que tengamos 25 partidos, les decimos: ¡No!
A los que nos piden que tengamos dos partidos les decimos: ¡No, porque con este es suficiente; este basta y es el que garantiza la unión, el futuro, la independencia de nuestro país!
Clausura de la Asamblea Provincial del Partido de La Habana, 23 de noviembre de 1996
Tenemos que levantar una montaña de acero, contra la cual se estrelle todo; tenemos que desarrollar un partido de acero; tenemos que asegurar la supervivencia de nuestra Revolución contra cualquier desvío, contra cualquier peligro, externo o interno, hoy, mañana y siempre. Me parece que esa es la idea clave, es el mensaje que quiero transmitirles hoy… Espero que estas ideas ustedes las conserven todo el tiempo posible, en especial dos de ellas: una, la que tiene que ver con los próximos años, la expliqué bien, convertir lo excepcional en regla; y otra, garantizar la unidad, los principios, los ideales y las condiciones que preserven siempre nuestra Revolución.
Clausura del V Congreso del Partido Comunista de Cuba, 10 de octubre de 1997
Que espécie de seres somos nós, os tais humanos?
11 de Agosto de 2017, 10:36 - sem comentários aindaEm que espécie de seres nos transformamos?
Acreditamos na mentira, chamando-a de pós-verdade.
Brigamos com os amigos, mas não temos coragem de lutar contra os inimigos.
Mesmo que insconscientemente, atacamos os pobres (humanos, trabalhadores e trabalhadoras) e defendemos os ricos (capital).
Desprezamos o que é nosso e cobiçamos o que é dos outros.
E fazemos um país onde canções escritas há décadas seguem atualíssimas como se nada tivessemos feito para mudar nossa realidade.
Que espécie de seres nunca deixamos de ser?
O Teatro dos Vampiros
Legião Urbana
Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto
E destes dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos
Esse é o nosso mundo
O que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres, nós não estamos
Vamos sair, mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa, envelhecemos dez semanas
Vamos lá, tudo bem, eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite, ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas, esperamos que um dia
Nossas vidas possam se encontrar
Quando me vi tendo de viver
Comigo apenas e com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei, não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo
Eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir
Vamos sair, mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa, envelhecemos dez semanas
Vamos lá, tudo bem, eu só quero me divertir
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas e mesmo assim
Não tenho pena de ninguém
Cadê o povão?
17 de Julho de 2017, 22:48No país da casa-grande e da senzala, falhou quem disse empenhar-se pela igualdade e não cumpriu a promessa. A maioria dos brasileiros ainda não alcançou a consciência da cidadania
Por Mino Carta, na CartaCapital
Fosse este país aquele que haveria de ser, os brasileiros teriam paralisado o Brasil desde a noite do dia 11, sem arredar pé das ruas e praças até o momento. Em um punhado de horas, o Senado enterrou a CLT, garantia de trabalho oferecida por Getúlio Vargas à classe operária, um tribunal inspirado nos ditames do Santo Ofício para sentenciar os hereges aos autos de fé condenou sem provas o presidente mais amado do Brasil.
Uma manifestação fluvial se esticaria do Oiapoque ao Chuí, cheia de som e fúria, significando tudo.O Brasil não é, porém, o país que mereceria ser por mil razões, a começar pelas infinitas dádivas recebidas da natureza. De fato, é terra de predação há cindo séculos, dos quais três e meio foram de escravidão.
E casa-grande e senzala continuam de pé, donde a facilidade de entender por que a maioria de um povo que ainda traz nos lombos a marca da chibata não lota ruas e praças e põe a tremer o solo pisado e o coração dos senhores.
É exatamente nesta inércia, nesta apatia, neste fatal alheamento, que a casa-grande aposta, na ignorância de quantos, repito, a maioria, não têm a consciência da cidadania. Daí haver explicações, mas não consolam. Além do mais, os senhores contam com porta-vozes munidos das melhores armas da comunicação, os pseudojornalistas da mídia nativa, assim como não hesitam em recorrer às soluções mais torpes, aos ardis mais velhacos, para impor seus interesses e garantir sua hegemonia.
Em 1964, apelaram para os generais, dispostos a comandar um exército de ocupação para o sossego da casa-grande e de Tio Sam. Agora, no estado de exceção a resultar do golpe de 2016, elegem à condição de jagunços os próprios poderes da República, entregues a quadrilhas mafiosas. Mesmo nos mais sombrios pesadelos, imprensado entre súcubos e íncubos, jamais imaginei que o País pudesse precipitar em uma situação tão aviltante, e vergonhosa para todos os cidadãos de boa vontade. E aqui, sim, refiro-me à minoria.
Ao longo da vida, expus à luz do sol minha fé de indivíduo e de jornalista, uma só, a bem da verdade. No final de 2005, ao entrevistar Lula no Palácio do Planalto em meio à crise do chamado mensalão, lá pelas tantas o presidente disse textualmente: “Você sabe, eu nunca fui de esquerda”.
Retruquei para evocar uma lição de Norberto Bobbio, a remontar à queda do Muro de Berlim, destinada a contestar quem pretendia decretar o falecimento das ideologias: ser de esquerda significa, antes de tudo, empenhar-se pela igualdade. E Lula corrigiu-se: “Se for assim, sou de esquerda”.
Quando nasceu o PT, 37 anos atrás, fiquei muito satisfeito, surgia, no meu entendimento, um bastião da luta pela igualdade, primeiro e maior problema a infelicitar o Brasil, um dos países mais desiguais do mundo, graças à inextinguível prepotência da casa-grande.
Imaginava um confronto de larga duração, direto e áspero, e longo porque sem esperança de conciliação, no Brasil possível somente entre os moradores da mansão senhorial por ocasião de divergências extemporâneas. Chance de negociar com a casa-grande só haveria depois de abrir os olhos do povo humilhado e prostrado, a começar pelos trabalhadores.É uma pressão popular cada vez mais consistente que leva os senhores a desguarnecer os dedos de alguns anéis. É evidente que nestes 37 anos nada mudou, ou melhor, mudou para pior, e muito.
Mantenho com Lula uma sólida amizade de quatro décadas e me orgulho de ter sido o primeiro jornalista a lhe perceber o extraordinário carisma e QI elevado. O único, autêntico líder popular brasileiro. Talvez surjam outros, embora seja grave que não tenham assumido até agora a ribalta. É hora, tal é minha visão de jornalista e de cidadão, de mergulhar em um profundo exame de consciência, desabrido e sincero, entre o fígado e a alma.
CartaCapital, leitoras e leitores sabem, apoiou Lula na eleição e na reeleição, e o apoiaria hoje, por ter sido, inclusive, o melhor presidente que o Brasil teve. Nem por isso deixei de escrever neste espaço que no poder o PT portou-se como todos os demais pseudopartidos brasileiros. E que não soube combater dignamente a batalha do impeachment de Dilma Rousseff.
E que, de modo geral, portou-se de forma tíbia nos momentos cruciais. O próprio Lula não enfrentou a ameaça da Inquisição com o peso da sua liderança, como não lhe percebesse a extraordinária dimensão, ou confiasse cegamente na negociação de bastidor.
Fico pasmo, hoje, ao me perguntar onde estão aqueles 90% de eleitores que choraram com Lula, quando, em companhia de Marisa, desceu pela última vez a rampa do Planalto para cair nos braços do povo aglomerado na Praça dos Três Poderes. E, na minha dolorosa perplexidade, pergunto aos meus botões: onde está o erro?É de uma regra transcendente caber a um partido de esquerda despertar o povo e ao sindicato defender seus representados até o derradeiro alento. Não foi o que se deu, donde a necessidade instransponível de um mea-culpa.
Na minha visão, insisto, de jornalista e cidadão, é hora de encarar a realidade, repensar em táticas e estratégias, voltar aos propósitos originais. É hora de autocrítica e renovação, para despir-se corajosamente da tola aposta em algum gênero de acordo com a casa-grande, a qual não é, definitivamente, de direita, é simplesmente o poder diante de uma nação ignara e aturdida. Por outro lado, com raras e honrosas exceções, quem se disse de esquerda mentiu.
Tempos atrás decidi parar de escrever o que repetia à exaustão, vencido pelo desalento. Os eventos me forçam ao retorno. Na selva imersa em negrume, dois raios de luz. Seis senadoras assumem à força as cadeiras da presidência na sessão do dia 11, encabeçadas pela nova presidente do PT, Gleisi Hoffmann: elas sabem que qualquer tentativa de negociar com os prepostos da casa-grande destina-se ao fracasso.
Dias antes, ouço da boca do presidente da CUT, Vagner Freitas, sentado na plateia do auditório paulista da entidade, a seguinte sentença: “O PT esteve no poder por 13 anos e meio, e não soube, ou não quis, aplicar a própria Constituição para domar a Globo e o resto da mídia”. Disse ainda ter às vezes pensado que o PT gostava mesmo era do Plim-Plim. É bom introito para uma desassombrada autocrítica.
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Copyleft no desabafo do Polaco: Até quando continuaremos com esta estratégia fadada ao fracasso?
16 de Julho de 2017, 21:00- Sim, eu sei que a indignação de parte da sociedade, principalmente a parte consciente da realidade que os cerca, se tornou insustentável.
- Sim, eu sei que o casório da Vicky Barros-borguetti, realizado no reduto mais underground da moçada progressista curitibana, celebrado na igreja 'dos pretos' e festejado no palacete dos anarquistas foi, no mínimo, uma provocação e a reação dos indignados não poderia ser diferente.
- Sei que o escracho aos golpistas que, dia sim dia não, só fazem retirar direitos e propiciar cada vez mais arrocho à classe trabalhadora é uma forma de luta.
- Sim, sei que as cenas que vemos diariamente são nada mais que o vislumbre do conflito de classes que marcha a passos largos para um iminente confronto de classes.
O que não sei e não entendo é:
De que servem o escracho e a promessa de mais chuvas de ovos em qualquer próximo evento público com a presença de golpistas?
Ora, os trabalhadores e trabalhadoras que a esta hora estão preparando a maionese do domingão, têm consciência a respeito deste conflito de classes em que estão inseridos e são sujeitos protagonistas?
Os operários da construção civil, operadores de telemarketing, motoristas do uber, diaristas, porteiros, auxiliares de serviços gerais, os seguranças terceirizados, motoboys, o pessoal do cafezinho, da limpeza , balconistas de lanchonete, vendedores de loja e tantas outras categorias sem representação organizada e atuante, sabem de fato os porquês do escracho e da chuvarada de ovos?
Todo este povaréu que agora está saindo da igreja ou do culto a caminho do almoço de domingo com a família em seu sagrado dia de descanso, não deve ter muita noção da realidade dos fatos.
Estão muito mais interessados no resultado do jogo de seu time logo mais. Vão assistir o faustão, o fantástico e amanhã, o Jornal Nacional e a novela.
E vão, na esmagadora maioria, condenar a chuvarada de ovos e se solidarizar com a noiva que teve seu 'dia mais que especial' manchado pela ação de baderneiros mortadelas.
A chuva de ovos, o escracho é uma manifestação legítima de indignação, mas continuará sendo inócua e até mais, continuará afastando o povão da realidade e das trincheiras do conflito de classes enquanto o povão continuar alienado em suas vidinhas normais e pacatas.
Fato é:
Enquanto continuarmos com textão em nossa bolha social das redes digitais, o povão continuará alienado e certo que não quer tomar parte deste jogo.
Até quando continuaremos com esta estratégia fadada ao fracasso apesar de repleta das mais nobres intenções?
O fim de mais um ciclo histórico no Brasil
12 de Julho de 2017, 19:03 - sem comentários aindaDigerindo...
Hoje a lava jato cumpriu o objetivo para o qual foi criada, condenar Lula.
Amanhã, moro não aparecerá mais nas manchetes e a força tarefa já foi desmantelada.
É isto o estancar da sangria premeditado por Jucá.
Vida segue em um país destruído por corruptos com a falsa premissa de 'combater a corrupção', mas que, de fato, sempre teve o objetivo de proteger os corruptos de sempre e colocar as coisas em seus devidos lugares. Ou seja: pré 2002 na política e pré 1947 não relações trabalhistas.
De junho de 2013 pra cá, culminando apoteoticamente ontem e hoje, o Brasil retrocedeu 100 anos em 4.
Reverter este caos não é missão para as próximas eleições nem para a próxima década. Não é nosso trabalho, nós, que do alto de nossa arrogância, nos julgamos progressistas, erramos demais, somos os principais responsáveis por nossa derrocada.
Nosso trabalho agora é de reorganização total.
Deixar o pragmatismo para quem é de pragmatismo, deixar a política partidária para quem é de política partidária.
Nós, os arrogantes senhores da verdade progressista, temos que descer do salto, descer do caminhão de som, descer do púlpito, descer da arrogância egocêntrica da contabilização de views e curtidas nas redes digitais e voltar a disputar espaço e voz no chão de fábrica, nas periferias, nas igrejas, nos escritórios, nas escolas e universidades.
Para isso, é preciso primeiro, antes de mais nada, formar lideranças.
Passamos os últimos vinte anos formando militância, uma militância que tem seus méritos, é aguerrida é combativa, mas lutou uma disputa desigual, sem armas nem ferramentas para enfrentar as armas, ferramentas e militância dos artífices do golpe.
É preciso pensar a longo prazo e não apenas focar nas próximas eleições.
Mas quantos entre nós estarão dispostos a dedicar uma parte de suas energias e economias, numa labuta de formação que só terá resultado de fato, daqui vinte ou trinta anos?
é pra pensar, pra mobilizar, recriar núcleos e redesenhar estratégias baseadas nos erros que cometemos e nos objetivos que precisamos reconquistar.
Não, Miriam, nós não lamentamos. Você nos deve desculpas
13 de Junho de 2017, 20:51 - sem comentários aindaNão, Miriam, nós não lamentamos. Você nos deve desculpas.
Nos deve desculpas, primeiro, por ter apoiado o golpe parlamentar, que tirou uma presidenta honesta do poder, deixando em seu lugar uma corja de ratos que está destruindo os direitos dos trabalhadores e acabando com a nossa soberania.
Nos deve desculpas por trair os mortos e torturados na ditadura que você própria foi vítima, aliando-se aos seus algozes.
Nos deve desculpas por disseminar ódio ao PT, fazendo com que nós, petistas, sejamos covardemente atacados e difamados diariamente, inclusive correndo risco de vida por agressões e por falta de atendimento médico, como já ocorreu com uma companheira em 2014 e nos tantos outros casos que devem existir e não vêm à tona.
Nos deve desculpas, também, por ter criado uma agressão que não ocorreu. Palavras de ordem são proferidas por nós a todo momento e por todos os cantos, sem precisar de vossa ilustríssima presença.
A verdade é dura, Míriam Leitão. Você sabe que a Globo apoiou a ditadura. Esta mesma Globo que você defende a ponto de se ofender por ela.
Você nos deve desculpa, senhora. Estamos esperando.
Em tempo: o povo não é bobo, abaixo à Rede Globo!
Coletivo Comunicação Popular - PT