Agenda cultural da Rio+20 é programa para cariocas e visitantes
15 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaEm um claro sinal de que a cidade já está plenamente no clima da Rio+20, a agenda cultural relacionada à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável promete ser o programa preferido deste fim de semana para milhares de pessoas, entre os cariocas e visitantes. São centenas de atividades, algumas delas iniciadas antes mesmo da abertura oficial do evento, no último dia 13, e que podem ser apreciadas tanto nos locais onde ocorrem as discussões sobre o futuro ambiental do planeta como em diversos espaços culturais do Rio e de outros municípios fluminenses.
Ancorada em dois locais da zona portuária da cidade, o Galpão da Cidadania e o Armazém 6 do Cais do Porto, agora batizado de Armazém da Utopia, a programação do Ministério da Cultura (MinC) foi aberta na noite do dia 13 pela ministra Ana de Hollanda. Espaço para a reflexão e o debate sobre a importância da cultura como eixo estratégico do desenvolvimento sustentável, o Galpão da Cidadania abriga até o próximo dia 22 uma programação variada: apresentações artísticas, exposições, seminários, oficinas, mostras de audiovisual e até gastronomia, com enfoque na sustentabilidade.
A agenda de shows, em dois horários, às 18h e às 21h, foi aberta na noite de quinta-feira (14) pela cantora Vanessa da Mata e terá até o dia 22 nomes como Frejat, Elba Ramalho, Mart’nália, Marcos Sacramento e Hamilton de Holanda. Os espetáculos são gratuitos e limitados à capacidade do galpão, de 1.500 pessoas.
Já o Armazém da Utopia foi concebido pelo MinC como espaço voltado para o exercício da criatividade, reflexão, trocas e diálogos, por meio de apresentações musicais, instalações visuais e performances. O destaque na programação é o Havana Café, às 19h, que procura recriar o clima dos cabarés alemães dos anos 20 do século passado, e que serviram de modelo e inspiração para o teatro de Bertolt Brecht. O espetáculo reúne atores e músicos interpretando os mais variados estilos musicais: mambos, rumbas e boleros, entre outros.
Ainda no Armazém da Utopia, o Drive-In Rio, às 21h30, é um evento de performances e instalações visuais em grande escala. São dez sucatas de carros organizados em linha de frente a duas telas de projeção, lembrando um cinema drive-in. Cada carro serve de plataforma para o trabalho de um artista plástico, do Brasil ou de outros países.
O Roteiro Cultural Museus Rio+20 é outra ação realizada pelo Ministério da Cultura para a conferência da ONU. Elaborado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), o roteiro lista 154 eventos em 55 instituições culturais do Rio e de mais 12 cidades fluminenses. Distribuído em versão impressa nos locais onde ocorrem os eventos da Rio+20, o roteiro está disponível em versão digital no site do Ibram – www.museus.gov.br .
O órgão, vinculado ao MinC, preparou um outro roteiro, o Circuito Verde de Museus, que propõe ao público um passeio pelos espaços verdes e pela arquitetura de nove de suas instituições no estado do Rio de Janeiro. O circuito começa no Museu do Açude, localizado no Parque Nacional da Tijuca, e segue até o bairro de Santa Teresa, onde se encontram o Museu Chácara do Céu e a Casa de Benjamin Constant, passando pelo Museu da República, no Catete, na zona sul da cidade.
Fora do município do Rio, integram ainda o circuito o Museu de Arqueologia/Socioambiental de Itaipu, em Niterói; o Palácio Rio Negro e o Museu Imperial, em Petrópolis, na região serrana, o Museu Casa da Hera, de Vassouras, na região centro-sul, e o Forte Defensor Perpétuo, de Paraty, no litoral sul.
O Espaço Humanidade 2012, uma estrutura montada no Forte de Copacabana, na zona sul do Rio, abriga uma exposição desenvolvida pela diretora e cenógrafa Bia Lessa, também gratuita e aberta ao público, diariamente, das 10h às 18h. Dividida em 16 módulos, a exposição une tecnologia, educação e cultura, em conjunto com os temas da Ri+20. O poder de transformação do ser humano é o destaque. “Nesse momento histórico, é necessário que a palavra humanidade se fortaleça e que possamos, juntos, dar um passo adiante”, diz a diretora.
Próximo aos locais de realização da Cúpula dos Povos, no Parque do Flamengo, o Museu de Arte Moderna (MAM) exibe a videoinstalação Brasil Cerrado, do artista plástico goiano Siron Franco. Criada especialmente para a Rio+20, a obra tem o objetivo de conscientizar as pessoas para a urgência da preservação das belezas do Cerrado brasileiro. A instalação, com entrada grátis, pode ser vista até o dia 23, das 11h às 19h.
No Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), está em cartaz desde o dia 29 de maio a exposição Amazônia – Ciclos de Modernidade, que pode ser vista de terça-feira a domingo, das 9h às 21h. Com curadoria do crítico Paulo Herkenhoff, a mostra usa recursos tecnológicos para envolver o público em uma viagem lúdica e simbólica pela cultura amazônica, do século 18 até os dias atuais.
Ainda no CCBB, o público pode participar de hoje (15) até o dia 21 do Forward+50 Rio, jogo interativo focado no desenvolvimento sustentável. Os jogadores poderão determinar o destino ambiental da cidade do Rio de Janeiro nos próximos 50 anos, em decisões tomadas individual ou coletivamente. O CCBB tem também em seu cardápio a mostra Cinesul Ambiental, com 15 filmes que abordam temas como mineração, povos indígenas e uso de agrotóxicos.
Grupo de Articulação da Cúpula dos Povos não acredita em consenso
15 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Nielmar de Oliveira
Os representantes da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), não acreditam na elaboração de um documento concreto por parte dos negociadores dos países que integram o evento oficial, que ocorre no Riocentro, na zona oeste da cidade.
Hoje (15), no Aterro do Flamengo, onde se realiza o encontro da Cúpula dos Povos, em entrevista coletiva concedida pelos representantes do Grupo de Articulação do Comitê Facilitador da Sociedade Civil (CFSC), o dirigente da Via Campesina, Luiz Zarref, disse que o grupo vem acompanhando com atenção o desenrolar das negociações no Riocentro, mas que não alimenta expectativas de que haja acordos concretos e consensuais em prol da definição de uma política de sustentabilidade.
“Até agora, as nossas expectativas são que não sairá nenhum documento a favor dos povos, do planeta e do meio ambiente. Ao contrário, o que está saindo é uma nova engenharia de um sistema capitalista que está em crise no seu centro principal – a Europa e a América do Norte – e que está tentando descobrir novas ferramentas para se apropriar dos territórios dos países do Sul, países que possuem povos e comunidades em espaços que não foram ainda totalmente dominados pelo capital”.
Na avaliação dos representantes da Cúpula dos Povos, os documentos do processo oficial já não inspiram confiança, o que leva ao avanço cada vez maior da leitura de que não sairá nada de positivo da cúpula oficial. “Se, na Rio92 [Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento], nós tínhamos disputa por posições distintas, uma vez que tinham países que ainda se preocupavam com a solidariedade dos povos, com o bem da humanidade, nesta cúpula isso já não ocorre. Há, sim, um ou outro país que ainda tem defendido a sua posição mais favorável aos povos, mas que ainda está em uma posição bastante isolada”, disse Zarref, sem, no entanto, citar o nome de países nessa situação.
Para Cindy Wiesner, do Grassroot Global Justice Alliance (GGJ), ativista dos Estados Unidos, está cada vez mais claro que o que está ocorrendo no Rio é o confronto simultâneo entre duas ideologias que, basicamente, vão ditar o futuro da humanidade e do planeta. “O que temos que ter claro é que esses dois pensamentos, essas duas filosofias, são práticas muito diferentes. Uma fala diretamente sobre as causas estruturais e as raízes dos problemas – não se atendo basicamente a soluções temporárias”.
Segundo Cindy Wiesner, enquanto na Cúpula dos Povos ocorre um processo que envolve discussões que englobam mais de 800 atividades autogestionadas, com plenárias em que se discutem soluções para as mudanças climáticas e os temas sociais, no encontro oficial, procura-se utilizar o tema do desenvolvimento sustentado como forma de justificar e salvar o capital.
Para o Grupo de Articulação, segundo ela, o que está claro é a total falta de confiança nos resultados do encontro entre os governantes. “Uma vez que os entraves ao desenvolvimento sustentável e a busca de uma solução real são exatamente os obstáculos colocados pelas empresas transnacionais e os governos que nada mais fazem do que defender os interesses dos capitalistas”.
Na entrevista, a moçambicana Graça Samo denunciou o avanço maciço do capital privado sobre as riquezas de Moçambique. “É um país que está sofrendo muito com os grandes investimentos e a influência cada vez maior das multinacionais. Eles estão invadindo a vida particular das comunidades e criando muito sofrimento entre as pessoas ao expropriarem as suas propriedades e, com isso, retirando o sustento das famílias, que provém basicamente da agricultura”.
Segundo ela, esta “invasão” capitalista está se dando sem que haja qualquer diálogo ou busca de alternativas de sobrevivência para as comunidades. “O fato é que há uma revolta muito grande por parte das populações afetadas, totalmente afastadas das suas terras e zonas de residência, muitas vezes para regiões onde não há condições básicas de sobrevivência – seja do ponto de vista do saneamento básico ou de condições adequadas de moradia”.
Edição: Lana Cristina
Jovem mudou a ideia de “melhorar para o futuro”, diz MEC
15 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Fora do Eixo
Para Claudia Pereira Dutra, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), do Ministério da Educação, os jovens não estão mais com o pensamento de que “esta geração deve melhorar a vida das gerações futuras”. Segundo ela, a juventude entende a necessidade urgente de mudanças no presente, e que precisam participar da transformação social e econômica de forma pró-ativa.
O Encontro da Juventude e Educação para a Sustentabilidade deve reunir cerca de 500 representantes de entidades do setor que irão discutir, até sábado (16), políticas de educação voltadas para a sustentabilidade.
Economia verde vai sobreviver à crise mundial, dizem empresários
15 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Vladimir Platonow
O conceito de economia verde vai sobreviver à grave crise econômica enfrentada atualmente, principalmente nos países europeus. A conclusão é de empresários ligados à Câmara Internacional de Comércio (ICC, em inglês), que representam o comércio e a indústria nas discussões dos chamados Major Groups, da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
A ICC representa milhares de empresas em mais de 120 países e desenvolveu um documento chamado Mapa da Economia Verde, divulgado hoje (15), com dez sugestões para equacionar o dilema gerado pelo aumento da competição econômica e a limitação do uso dos recursos naturais, além do aumento da população mundial para 9 bilhões de habitantes, previsto para ocorrer em 2050.
Para a executiva da empresa Dow Chemical Martina Bianchini, o conceito de economia verde ainda é muito recente, mas representa o futuro nos negócios, enquanto a crise atual é passageira. “A economia verde vai sobreviver à crise. O futuro será tornar os negócios mais verdes. Temos que fazer com que todas as empresas sejam sustentáveis. Isso começa com o uso dos recursos naturais de forma mais eficiente, com menor emissão de carbono e menos uso de água. Também é preciso aumentar o ciclo de vida dos produtos que fabricamos e aprendermos a fazer mais, usando menos materiais.”
O Mapa da Economia Verde aponta que 3 bilhões de pessoas subirão para a classe média mundial até 2030, gerando um grande aumento de demanda por serviços e produtos. Em função disso, o preço dos produtos primários, chamados de commodities, estão atingindo um vertiginoso aumento, com 147% de valorização desde o início deste século. Em contrapartida, o potencial de comércio da economia verde é calculado entre US$ 2,1 trilhões e US$ 6,3 trilhões nos próximos anos. O documento divulgado hoje pode ser acessado no link www.iccwbo.org.
Edição: Lana Cristina
Brasil se esforça para reduzir polêmicas em torno de texto
14 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Carolina Gonçalves e Renata Giraldi
O Brasil quer levar o mínimo de controvérsias para os chefes de Estado e Governo que vão examinar o documento em negociação na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) por representantes de mais de 190 países.
O secretário executivo da delegação brasileira na Rio+20, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, disse que, para buscar consenso nas negociações ainda repletas de pontos polêmicos, os articuladores intensificarão as reuniões para concluir o texto final até meia-noite desta sexta-feira.
“Há temas que requerem um esforço conciliador maior, como a questão dos meios de implementação e transferências de tecnologias [limpas]. Os tradicionais doadores se retraem. É natural que se queira um esforço maior e mais tempo”, disse Figueiredo, lembrando que, a partir de amanhã (16) os negociadores, liderados por brasileiros, farão consultas informais na tentativa de obter acordos gerais.
Segundo Figueiredo, não há obstáculos novos nas negociações, mas os ajustes podem ser feitos até o próximo dia 19, véspera da reunião de cúpula da conferência. Os chefes de Estado e Governo se reúnem na próxima semana, de 20 a 22. A expectativa brasileira é a de que o texto “progrida harmonicamente”. “Não é razoável que apenas parte do texto seja limpo, é natural que haja arrefecimento em certas áreas”.
Como terminam oficialmente hoje à noite as reuniões das delegações, o governo brasileiro não assume imediatamente a presidência do evento, mas a coordenação como país-sede do evento. A partir daí, a delegados brasileiros vão acompanhar as negociações informais que continuarão sendo conduzidas em quatro grupos. “Começaremos um processo de consultas informais. Será uma continuação do esforço conciliador com o objetivo de promover convergências nos pontos negociados. O Brasil não tem texto na manga, nem surpresa. Vamos continuar no processo”, garantiu Figueiredo.
O embaixador explicou que, a partir de agora, os negociadores terão que ser mais objetivos em relação ao texto. Não haverá mais tempo para mudar a forma, apenas o conteúdo. Segundo ele, a intenção é discutir apenas pontos imprescindíveis. “Não será mais hora de por texto na tela e mudar verbos. A ideia é que o prazo final seja dia 19. Não há por que esticar uma negociação. Vamos terminar a tarefa que temos pela frente”, acrescentou.
Edição: Lana Cristina
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